Cultura hip-hop e enfrentamento à violência: uma estratégia universitária extensionista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v31i_esp/29041

Palavras-chave:

violência, hip-hop, escuta, clínico-política, juventudes

Resumo

Os projetos de extensão e pesquisa das universidades precisam se haver com o racismo manifesto nas relações entre pessoas e nos dados estatísticos sobre morte dos brasileiros. O mapa da violência de 2016 explicitou mais uma vez o extermínio de jovens negros do sexo masculino. Como o luto é elaborado pelos familiares e quais as condições que freariam a violência? O objetivo do artigo é apresentar o projeto de extensão “Escuta Clínico-Política de Sujeitos em Situações Sociais Críticas”, que nasceu com o intuito de ouvir mães que perderam filhos em situações de violência de Estado e oferecer atividades para adolescentes e jovens em luta pela vida. Um dos métodos utilizados nas ações extensionistas foi a oferta de uma roda de conversa, “Hip-hop e o enfrentamento à Violência”, cujo resultado foi a emergência de três temas: cultura hip-hop como um sonho possível; manifestação cultural como ponto de ancoragem para os sujeitos; e arte como modo de ocupação dos espaços públicos. Assim, os autores convidam os psicólogos a criarem espaços de fala, escuta e ação que resistam ao racismo, à violação de direitos e problematizem as condições que geram a desigualdade social brasileira.

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Biografia do Autor

Jaquelina Maria Imbrizi, Universidade Federal de São Paulo, Santos, SP

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1984 -1988), mestrado e Doutorado em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997) e (2001) e pós-doutorado pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia: Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicanálise e Política (2013 - 2015). Professora Associada da Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista onde desenvolve atividades na graduação e nos Programas de Pós-graduação Stricto Sensu Ensino em Ciências da Saúde (Modalidade Profissional) e Interdisciplinar em Ciências da Saúde (Mestrado e doutorado acadêmicos). Membro do Laboratório de Psicanálise, Sociedade e Política (USP) e do Laboratório de Psicanálise da Unifesp - Campus Baixada Santista - Linha de Pesquisa: Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão: Psicanálise, Arte e Sociedade (PAS). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicanálise e Psicologia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: arte, cultura e sociedade; mal-estar e violência; narrativa de história de vida e grupo como dispositivo.

Eduardo de Carvalho Martins, Universidade Federal de São Paulo, Santos, SP

Professor-pesquisador da Universidade Federal de São Carlos no curso de Pós Graduação em Coordenação Pedagógica. Psicólogo do curso de Psicologia da Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista. Doutor em Epistemologia da Psicanálise pela Universidade Federal de São Carlos (2012). Especialista em Gestão Pública pela Universidade Federal do Tocantins (2012), Especialista em Psicologia Clínica pela Faculdade Jaguariúna (2014). Mestre em Ética pela Universidade Federal de São Carlos (2006). Possui graduação em Psicologia pela UFSCar (2002). Atua com os seguintes temas: Educação, Educação Popular, Educação Ambiental, Clínica ampliada, Psicanálise, Ética, Epistemologia, Direitos Humanos e Economia Solidária.

Marcela Garrido Reghin, Universidade Federal de São Paulo, Santos, SP

Atualmente mestranda do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo - campus Baixada Santista. Especialista lato sensu na modalidade Residência Multiprofissional em Saúde no Programa Rede de Atenção Psicossocial pela Universidade Federal de São Paulo - campus Baixada Santista em parceria com a Secretaria Municipal de Santos/SP (2015-2017). Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (2013).

Danielle Kepe de Souza Pinto, Universidade Federal de São Paulo, Santos, SP

Psicóloga formada pela Universidade Católica de Santos (2009), Especialista em Terapia de Casais e Famílias na abordagem Sistêmica Breve pela Faculdade Brasil (2015) e Mestre em Ensino e Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo. Com experiência na área clínica e institucional com enfoque em Psicologia Social. Experiência em trabalhos com violência, violação de direitos, crianças e adolescentes, famílias e Assistência Social. Membro da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) - Baixada Santista.

Daniel Péricles Arruda, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP

Pós-doutor em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); formando em Psicanálise pelo Instituto Langage; doutor em Serviço Social pela PUC-SP; mestre em Serviço Social pela mesma instituição como bolsista do Ford Foundation International Fellowships Program (Turma 2010-2012); graduado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atualmente, é membro do conselho editorial das revistas International Journal for Quality in Health Care (IJQHC) e Journal of Quality in Health Care & Economics (JQHE) e professor convidado do curso de pós-graduação em Instrumentalidade Profissional do/a Assistente Social, da Universidade de Taubaté (Unitau). Autor dos livros Constelação de Ideias (2011), Poéticas de um Estudante (2016), Quanto menos Informados, mais Dominados (2017) e Espelho dos Invisíveis: A Arte no Trabalho com Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa (2018). Supervisor institucional. Tem experiência com medidas socioeducativas; acolhimento institucional; atendimento à criança e ao adolescente em situação de violências e sistema prisional, com ênfase na estruturação e sistematização de serviços; no trabalho social com famílias; na questão étnico-racial; e na arte como mediação da prática profissional. Em sua trajetória juvenil, possui também experiência como coletor de materiais recicláveis; ajudante de pedreiro; pintor; datilógrafo; jogador de futebol; promotor de vendas; vendedor; e educador. É poeta e rapper conhecido como Vulgo Elemento. Portanto, este currículo é constituído por duas dimensões do conhecimento que se articulam: a arte e a ciência. www.vulgoelemento.com.br

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Publicado

2019-09-04

Como Citar

IMBRIZI, J. M.; MARTINS, E. DE C.; REGHIN, M. G.; PINTO, D. K. DE S.; ARRUDA, D. P. Cultura hip-hop e enfrentamento à violência: uma estratégia universitária extensionista. Fractal: Revista de Psicologia, v. 31, p. 166-172, 4 set. 2019.

Edição

Seção

Dossiê Psicologia e Epistemologias contra-hegemônicas