(Des)acolhimento institucional de crianças e adolescentes: aspectos familiares associados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v30i2/5496

Palavras-chave:

acolhimento institucional, infância, adolescência, pesquisa documental, análise de conteúdo

Resumo

A história tem revelado a necessidade de proteger crianças e adolescentes em situação de risco, tornando-se imperativo atentar-se às condições de desenvolvimento da infância. Buscou-se analisar as informações processuais relacionadas ao acolhimento institucional destes sujeitos, identificando quais aspectos relacionados à dinâmica familiar podem contribuir para o acolhimento e/ou o desacolhimento. Utilizou-se o método de pesquisa documental e análise de conteúdo; observou-se que o uso de álcool e/ou drogas pelos responsáveis é um dos principais fatores associados ao acolhimento (90,2%), podendo estar associado a outros motivos, tais como negligência dos pais no exercício da função parental (68,3%) e dos cuidados básicos (36,6%). Contudo, a frequência de contato e a regularidade da família com as crianças e adolescentes durante o período de acolhimento pode favorecer a reintegração. Conclui-se que investir em políticas públicas que fortaleçam os vínculos familiares e o protagonismo social se mostra fundamental para garantir o direito à convivência familiar.

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Biografia do Autor

Fábio de Carvalho Mastroianni, Universidade de Araraquara, São Paulo, SP

Psicólogo formado pela Mackenzie (2002) com Especialização em Dependência de Drogas (2004) e Mestrado em Ciências da Saúde (2006) pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Em 2018 iniciou o Doutorado em Educação Escolar pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) onde desenvolve pesquisa na linha de sexualidade, mas especificamente em relação ao tema violência sexual contra crianças e adolescentes. Atua como psicólogo clínico em consultório particular e já realizou intervenções com pacientes psiquiátricos em ambiente de ambulatório, internação e comunidade terapêutica. É docente dos cursos de graduação em Psicologia, Fisioterapia e Direito da Universidade de Araraquara (UNIARA) e supervisor de estágio em Psicologia Clínica e em Psicologia da Saúde pela mesma instituição. Exerce cargo de professor e orientador em cursos de Pós Graduação (Lato Sensu) em Dependência de Drogas e Psicologia Jurídica pela UNISÃOPAULO e UNIARA e, em conjunto a estas atividades, é funcionário público lotado no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) onde exerce o cargo de Psicólogo Judiciário (perito) nas Varas de Infância, Juventude, Família e Violência Doméstica. Possui interesse em pesquisas referentes aos temas: infância, adolescência e família relacionados as mais diversas formas de violência, assim como estratégias e medidas de prevenção e proteção.

Fernanda Roberta Sturion, Universidade de Araraquara, São Paulo, SP

Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Araraquara(2014). Atualmente é Psicologa Hospitalar da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Araraqu. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Hospitalar.

Flávia dos Santos Batista, Universidade de Araraquara, São Paulo, SP

Possui graduação em Psicologia pelo Centro Universitário de Araraquara (2014).

Karen Cristina Amaro, Universidade de Araraquara, São Paulo, SP

Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Araraquara (2014). Estudante de especialização em Psicologia do Trânsito pelo Centro Universitário Barão de Mauá (2017-2018)

Talita Bombarda Ruim, Universidade de Araraquara, São Paulo, SP

Bacharel em Psicologia pela Universidade de Araraquara (UNIARA), concluído em 2015. Concluiu o curso de extensão de psicoterapia de orientação psicanalítica em 2016, com duração de 2 anos, ministrado pela Dra. Suad Haddad de Andrade. Exerce psicologia clínica desde 2016, com ênfase em psicoterapia de orientação psicanalítica.

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Publicado

2018-07-19

Como Citar

MASTROIANNI, F. DE C.; STURION, F. R.; BATISTA, F. DOS S.; AMARO, K. C.; RUIM, T. B. (Des)acolhimento institucional de crianças e adolescentes: aspectos familiares associados. Fractal: Revista de Psicologia, v. 30, n. 2, p. 223-233, 19 jul. 2018.