De casa para o meio-fio: pequenas histórias de uma residência terapêutica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v31i3/5665

Palavras-chave:

saúde mental, cotidiano, reforma psiquiátrica

Resumo

Estes escritos versam sobre figuras do cotidiano de ex-internos de um hospital psiquiátrico em uma residência terapêutica na cidade de Vitória-ES. Após anos de isolamento manicomial, seus moradores e parceiros criam caminhos comuns de uma vida em liberdade, abrindo-se à imprevisibilidade das relações sociais, temporais, afetivas etc., que se dão no espaço comunitário, bem como às lutas e resistências diante dos mecanismos biopolíticos de normalização. Foram utilizados registros em caderno de campo como ferramenta metodológica, inspirando a produção de pequenas narrativas, fragmentos de histórias, que compõem e ativam o fluxo de experiências associadas à reforma psiquiátrica e à luta antimanicomial, com o objetivo de contribuir para uma manutenção das conquistas desse campo e também para o avanço desses processos. Os resultados apontam para a produção de um cuidado em saúde mental indissociável de uma dimensão ético-estético-política, afirmando práticas de potencialização de liberdades, buscando afetações e trocas com outras formas de sociabilidade.

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Biografia do Autor

Mario Cesar Carvalho de Moura Candido, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ

Possui graduação em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (2008) e em Psicologia pela Faculdade MULTIVIX (2013). É mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional (PPGPSI) da Universidade Federal do Espírito Santo, com trabalho voltado para o campo da atenção psicossocial no âmbito da saúde mental, com ênfase na interface entre processos de subjetivação, cotidiano, exercício de políticas públicas e desinstitucionalização. Cursa doutorado no departamento de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), na linha de pesquisa Subjetividade, Política e Exclusão Social.

Maria Cristina Campello Lavrador, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES

Graduação em Psicologia pela Universidade Santa Úrsula, Especialização em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz, Mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutorado em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Professora Adjunta do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional/PPGPSI da Universidade Federal do Espírito Santo/UFES. Atua na área de Saúde com ênfase em Políticas de Saúde Mental: modos de subjetivação na contemporaneidade, reforma psiquiátrica, desinstitucionalização da loucura e atenção psicossocial.

Rafaela Gomes Amorim, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES

Graduada em Psicologia (2010) pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Mestra em Psicologia Institucional (2014) pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional da Ufes e Especialista em Gestão de Redes de Atenção à Saúde (2017) pela Escola Nacional de Saúde Pública ? Fundação Oswaldo Cruz (ENSP-Fiocruz). Militante na Saúde Mental pelo Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial do Espírito Santo. Conselheira do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Espírito Santo (CEDIMES) nas gestões 2012-2015 e 2015-2018, estando na função de março de 2014 a dezembro de 2017, representando o Sindicato dos Psicólogos do Espírito Santo (Sindpsi-ES), e a partir de janeiro de 2018, representando o Fórum de Mulheres do Espírito Santo.

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Publicado

2019-11-03

Como Citar

CANDIDO, M. C. C. DE M.; LAVRADOR, M. C. C.; AMORIM, R. G. De casa para o meio-fio: pequenas histórias de uma residência terapêutica. Fractal: Revista de Psicologia, v. 31, n. 3, p. 328-337, 3 nov. 2019.

Edição

Seção

Artigos