Políticas linguísticas e historicização do Brasil: a escrita na construção vernacular

Autores

  • Anderson Salvaterra Magalhães Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

DOI:

https://doi.org/10.22409/gragoata.v17i32.33034

Palavras-chave:

políticas linguísticas, língua portuguesa, vernáculo, escrita

Resumo

Tradicionalmente a história do Brasil se conta do ponto de vista europeu colonizador, mais especificamente, da perspectiva do português, e a questão linguística desempenha importante função no modo como a brasilidade pôde e pode ser significada. Neste artigo, o objetivo é demonstrar como a escrita instaura uma arena de sentidos determinante para os discursos constitutivos do senso de vernáculo no e do Brasil. Para isso, foram selecionados dois documentos flagrantes da tensão estabelecida pela política linguística da Coroa Portuguesa: a) a Carta Régia declarando guerra contra os índios chamados botocudos e b) um texto editorial publicado no Correio Braziliense sobre tal Carta. A análise desses documentos destaca dois pontos fundamentais para a possibilidade de construção vernacular: 1) a política linguística portuguesa impôs uma ordem letrada e o saber por ela e nela referendado em detrimento da ordem regida pela oralidade e o saber por ela e nela valorado; 2) a escrita corroborava simultaneamente o valor e a reacentuação do valor da língua portuguesa no funcionamento cultural que se instituía, sendo instrumento de afirmação e questionamento de ideologias linguísticas. Assim, a escrita no Brasil mobilizou campos discursivos reguladores da relação entre língua e sociedade decisiva para a historicização do país.

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Biografia do Autor

Anderson Salvaterra Magalhães, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Doutor em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Letras e do Departamento de Letras Vernáculas, Universidade Federal de Santa Maria, RS. Coordenador do projeto de pesquisa “A recepção da teoria dialógica no Brasil: sujeitos, linguagens e culturas na construção de conhecimento”, apoiado pela FAPERGS. Membro/pesquisador do GP/CNPq/PUC-SP “Linguagem, identidade e memória” e do GP/CNPq/UFSM “Literatura, linguagem, memória”.

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Publicado

2012-06-30

Como Citar

Magalhães, A. S. (2012). Políticas linguísticas e historicização do Brasil: a escrita na construção vernacular. Gragoatá, 17(32). https://doi.org/10.22409/gragoata.v17i32.33034

Edição

Seção

Artigos de Linguagem