A INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Autores

  • Jesus Manoel Delgado-Mendez Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/BA
  • Douglas de Souza Pimentel UFF e UERJ/FFP
  • Daniela Custódio Talora Universidade Estadual de Santa Cruz, BA
  • Teresa Cristina Magro Lindenkamp Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP

Resumo

Enquanto a educação ambiental é definida como um processo, a interpretação ambiental (IA) é apresentada aqui como instrumento de gestão da visitação em unidades de conservação (UC), apoiando sempre as ações de conscientização presentes nas atividades educativas. O objetivo do presente artigo é destacar as características mais proeminentes da IA como uma eficaz ferramenta de gerenciamento do uso público de uma área protegida. Considera-se que o manejo das UC deve envolver as atividades de interpretação e educação ambiental, como instrumento político capaz de angariar os esforços da sociedade para a proteção desses ecossistemas. São dois dos melhores instrumentos de gestão previstos para todas as categorias do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Sabe-se, entretanto, que a educação é um processo, que demanda tempo e continuidade de ações para ser atingida. As visitas em UC geralmente são curtas e esporádicas, e não raramente, resumidas a um único período do dia do visitante. Assim, a IA, como ferramenta educativa e de gestão representa uma alternativa para sensibilizar os visitantes, na tentativa de aproximá-lo deste meio e finalmente torná-lo mais sensível às questões ambientais relevantes para a conservação da natureza. As UC brasileiras pertencem a um sistema único. A implantação de uma ferramenta como a IA pode contribuir num processo de sensibilização contínua dos visitantes, provocando pequenas mudanças de atitude a cada visita. Para tanto, é necessário um plano de gestão que integre as atividades de todas as UC. Além disso, propõe-se que se pense nas atividades Educativas e Interpretativas como um componente da gestão de áreas protegidas, integrado ao SNUC para que se viabilize uma ação complementar das ações nas diferentes UC do sistema.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jesus Manoel Delgado-Mendez, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/BA

Laboratório de Intervenção Socioambiental do CCAAB/UFRB

Douglas de Souza Pimentel, UFF e UERJ/FFP

Prof. do Departamento  de Ciências Biológicas da FFP/UERJ, e do Departamento de Geografia da UFF

Daniela Custódio Talora, Universidade Estadual de Santa Cruz, BA

Profª. do Depto. de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz, BA

Teresa Cristina Magro Lindenkamp, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP

Laboratório de Áreas Naturais Protegidas (LANP), Depto. de Ciências Florestais, ESALQ/USP. Profª do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP

Referências

AMEND S. & AMEND T. Habitantes em los Parques Nacionales: una contradicción insoluble? In: AMEND, Stephan e AMEND, Thora (coord.) Espacios sin Habitantes? Parques Nacionales de América del Sur. Caracas: Editorial Nueva Sociedad / UICN, 1992.

BLANGY, S. & WOOD, M.E. Desenvolvendo e implementando diretrizes ecoturísticas para áreas naturais e comunidades vizinhas. In: LINDBERG, KREG & HAWKINS, Donald E. (edit.) Ecoturismo - um guia para planejamento e gestão. 1 ed., Editora SENAC, São Paulo, 1995, p. 60-93.

BOO, E. O planejamento ecoturístico para áreas protegidas. In: LINDBERG, KREG & HAWKINS, Donald E. (edit.) Ecoturismo - um guia para planejamento e gestão. 1 ed., Editora SENAC, São Paulo, 1995, p.33-57.

BRITO, M.C.W.de. Unidades de Conservação: Intenções e resultados. São Paulo: Annablume: FAPESP. 2000. 230p.

CEBALLOS-LASCURÁIN, H. O Ecoturismo como um Fenômeno Mundial. In: LINDBERG, KREG & HAWKINS, Donald E. (edit.) Ecoturismo - um guia para planejamento e gestão. 1 ed., Editora SENAC, São Paulo, 1995, p.23-29.

DAVENPORT, L.; BROCKELMAN, W.Y.; WRIGHT, P.C.; RUF, K.; DEL VALLE, F.R.. Ferramentas de ecoturismo para parques. In: TERBORGH, J.; VAN SCHAIK, C.; DAVENPORT, L.; RAO M. (Org.). Tornando os parques eficientes: estratégias para a conservação da natureza nos trópicos. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2002. cap. 21, p. 305-333.

DELGADO-MENDEZ, J.M. Proteção de Áreas Naturais e Desenvolvimento Social: percepções de um conflito na gestão de Unidades de Conservação de Proteção Integral. USP/ESALQ, Tese de Doutorado, 2008. 204p.

DELGADO-MENDEZ, J.M. A interpretação ambiental como instrumento para o ecoturismo. In: CERRANO, S. A educação pelas pedras: ecoturismo e educação ambiental. São Paulo, Ed. Chronos, 2000, 190p.

DIAS, G.F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 8 ed. 550p. 2003.

DOUROJEANNI, M.J.; Bager, A. (Ed.). Análise crítica dos planos de manejo de áreas protegidas no Brasil. In: Áreas protegidas: Conservação no âmbito do cone sul. Pelotas., 2003. p.1-20.

BRASIL. Diretrizes para uma política nacional de ecoturismo/ Coordenação de Sílvio Magalhães Barros II e Desnise Hamú M. de La Penha. Brasília, EMBRATUR. 1994. 68 p.

FIGGIS, P. Prefácio. In: WEARING, S. & NEIL, J. Ecoturismo: impactos, potencialidades e possibilidades. EditoraManole Ltda., Barueri – SP, 2001, p. VII - IX.

HOEFFEL, J.L.; FADINI, A.A.B.; LIMA, F.B.; MACHADO, M.K. Moinhod’Água: Rural communities and environment – environmental education activities in an environmentally protected area. In: International Perspectives in Environmetal Education. Environmental Education, Comunication and Sustainability. Walter Leal Filho& Michael Littledyke (Eds.): Peter Lang. Hamburg. v.16. 2004.p. 247-258.

MACHLIS, G.E. The creation of usable knowledge for the detection of environmental change. In Annals: Detecting Environmental Change: Science and Society. Paper No. 36, London. 2001.

MACHLIS, G.E.; TICHNELL. D. 1985. The State of the World's Parks: An International Assessment for Resource Management, Policy, and Research. Boulder, Colo. Westview Press.

MAGRO, T.C. Impactos do uso público em uma trilha do parque Nacional do Itatiaia. (Tese de Doutorado) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. 1999, 135p.

MAGRO, T.C.; Bager, A. (Ed.). Percepções do uso público em UCs de proteção integral. In: Áreas protegidas: conservação no âmbito do cone sul. Pelotas, 2003. p.87-98.

PIMENTEL, D.S.; MAGRO, T.C. Múltiplos olhares, muitas imagens: o manejo de parques com base na complexidade social. GEOgraphia, Vol. 13, No 26. 2011.

PIMENTEL, D.S.; MAGRO, T.C. SILVA FILHO, D.F. Imagens da conservação: Em busca do apoio público para a gestão de unidades de conservação. Teoria e Sociedade. nº 19.2 - julho-dezembro de 2011.

PIMENTEL, D.S.; MAGRO, T.C. Indicadores para a gestão da inserção social dos parques. OLAM – Ciência & Tecnologia Ano XII, n. 1-2. 2012a, p. 254.

PIMENTEL, D.S.; MAGRO, T.C. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Rio Grande, Número Especial: 44-50, 2012b.

PORTAL BRASIL. Número de visitantes em Unidades de Conservação cresce 320% em 10 anos

http://www.brasil.gov.br/turismo/2016/02/numero-de-visitantes-em-unidades-de-conservacao-cresce-320-em-10-anos. Arquivo capturado em 24/06/2019.

SHARPE, GRANT W. An Overview of Interpretation. Chapter 1 In: Sharpe, G.W. (ed.), Interpreting the Environment. New York, New York, USA: John Wiley $ Sons. 1982.

TILDEN, F..Interpreting Our Heritage. Chapel Hill, North Carolina, USA: University of North Carolina Press. 1957.

VASCONCELLOS, J.M.de O. Interpretação ambiental. In: MITRAUD, S. (org.). Manual de ecoturismo de base comunitária: ferramentas para um planejamento responsável. WWF Brasil, Brasília, 2003. 470p. ok

UICN. Sustainable Tourism in Protected Areas: Guidelines for Planning and Management. IUCN-WCPA: Best Practice Protected Area Guidelines Series No. 8. EAGLES, P.F; McCOOL, S.F. & HAYNES, C.D. (ed). 2002. ok

WATSON, A.E. Opportunities for solitude in the Boundary Waters Canoe Area Wilderness. NJAF 12(1), pp.12-18. 1995a.

WATSON, A.E. Wilderness use in the year 2000: societal changes that influence human relationships with wilderness. USDA forest service proceedings RMRS, v.4, p.53-60, 2000.Ok

WATSON, A.E.; KNEESHAW, K. & GLASPELL, B. Understanding wilderness visitor experience at Wrangell-St.Elias National Park and Preserve in the Alaska regional context. Draft study plan, phase I, 2003.

WESTERN, D. Definindo ecoturismo. In: LINDBERG, KREG & HAWKINS, Donald E. (edit.) Ecoturismo - um guia para planejamento e gestão. 1 ed., Editora SENAC, São Paulo, 1995, p.15-21.

Downloads

Publicado

2018-12-31