Raul Penteado Neto
Universidade de São Paulo, Brasil
José Joubert Lancha
Universidade de São Paulo, Brasil
Correspondências contemporâneas: diálogos
entre arquitetura portuguesa e a escultura do
País Basco
Contemporary Correspondences: Dialogues between Portuguese
Architecture and Sculpture from the Basque Country
Correspondencias contemporáneas: diálogos entre la arquitec-
tura portuguesa y la escultura del País Vasco
Trabalho submetido: 16/3/2024
Aprovado: 18/4/2024
Este documento é distribuído
nos termos da licença Creative
Commons
Atribuição - Não Comercial 4.0
Internacional (CC-BY-NC)
© 2024 Raul Penteado Neto,
Joubert Lancha
RESUMO
Este artigo revela alguns resultados e desdobramentos de uma pes-
quisa de doutorado recentemente concluída no IAU-USP, que analisou
um conjunto de obras produzidas por arquitetos portugueses. Explo-
ra o caráter transdisciplinar desta produção, tentando identificar en-
contros, convergências, intersecções e a utilização de estratégias de
outras disciplinas, principalmente de alguns escultores do País Basco
como referência para a arquitetura. Este presente recorte de estudo
propõe e apresenta possíveis correspondências entre um conjunto de
obras de arquitetura portuguesa produzidas por três estúdios e a obra
dos escultores Jorge Oteiza e Eduardo Chillida. O método utilizado
para tentar demonstrar o pressuposto é o de comparação de imagens
complementadas por uma breve revisão bibliográfica sobre as obras e
estúdios abordados. Este trabalho busca iluminar modos contemporâ-
neos de utilização de estratégias de outras disciplinas na produção da
arquitetura.
Palavras-chave: arquitetura portuguesa, transdisciplinaridade, arte-ar-
quitetura, Jorge Oteiza, Eduardo Chillida
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RESUMEN
Este artículo revela algunos resultados y desarrollos de una investigación doctoral recientemen-
te finalizada en el IAU-USP, que analizó un conjunto de obras producidas por arquitectos portu-
gueses. Explora el carácter transdisciplinar de esta producción, intentando identificar encuen-
tros, convergencias, intersecciones y el uso de estrategias de otras disciplinas, principalmente
de algunos escultores del País Vasco como referente de la arquitectura. Este estudio propone
secciones y presenta posibles correspondencias entre un conjunto de obras de arquitectura
portuguesa producidas por tres estudios y la obra de los escultores Jorge Oteiza y Eduardo
Chillida. El método utilizado para intentar demostrar el supuesto es la comparación de imágenes
complementada con una breve revisión bibliográfica de los trabajos y estudios abordados. Este
trabajo busca iluminar formas contemporáneas de utilizar estrategias de otras disciplinas en la
producción de arquitectura.
Palabras clave: arquitectura portuguesa, transdisciplinariedad, arte-arquitectura, Jorge Oteiza,
Eduardo Chillida
ABSTRACT
This article reveals some results and developments of a recently completed doctoral resear-
ch at IAU-USP, which analyzed a set of works produced by Portuguese architects. It explores
the transdisciplinary nature of this production, trying to identify meetings, convergences,
intersections and the use of strategies from other disciplines, mainly from some sculptors
from the Basque Country as a reference for architecture. This study section proposes and
presents possible correspondences between a set of works of Portuguese architecture pro-
duced by three studios and the work of the sculptors Jorge Oteiza and Eduardo Chillida. The
method used to try to demonstrate the assumption is the comparison of images comple-
mented by a brief bibliographical review of the works and studies covered. This work seeks
to illuminate contemporary ways of using strategies from other disciplines in the production
of architecture.
Keywords: Portuguese architecture, transdisciplinarity, art-architecture, Jorge Oteiza,
Eduardo Chillida
Raul Penteado Neto é arquiteto e urbanista pela FAU-PUC-Campinas (2001), mestre (2019) e doutor (2023) pelo
IAU-USP, ambos com coorientações pela FAUP, Portugal. Teve passagem pelos escritórios dos arquitetos portugueses
Álvaro Siza e José Carlos Nunes Oliveira. Professor de projeto de arquitetura na Unisal (SP). Responsável pela ideia origi-
nal, pesquisa e argumento do documentário Paisagem Concreta, produzido por Olé + Duo2 para o Canal Arte1 (2022).
https://orcid.org/0000-0002-5614-2193 | raulneto@usp.br
Joubert Lancha é arquiteto e urbanista pela FAU-PUC-Campinas (1985), com mestrado e o doutorado (1999) em Ar-
quitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo. Em 2008 obteve o título de Livre Docente junto a Universidade
de São Paulo com o trabalho intitulado “Os textos de Palladio”, e coordenou a primeira tradução para o português do I
Quatro Libri dell’Architettura de Andrea Palladio - São Paulo, Hucitec 2009. Professor associado da Universidade de São
Paulo atuando junto ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo onde exerce desde 2013 a presidência da Comissão de
Pesquisa. Fundador e membro do Núcleo de apoio à pesquisa – Estudos de linguagem em arquitetura e cidade (N.ELAC
– IAU-USP). Professor convidado do Politecnico di Milano no Dipartimento di Architettura e Studi Urbani (2014/2015).
https://orcid.org/0000-0002-1690-6857 | lanchajl@sc.usp.br
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1. Introdução
Este artigo tem o objetivo de apresentar resultados e desdobra-
mentos preliminares de uma pesquisa de doutorado concluída no
Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
(IAU-USP), vinculada ao Núcleo de Apoio à Pesquisa para os Estu-
dos de Linguagem em Arquitetura e Cidade (N. ELAC). Aproveita o
aprendizado obtido no período de bolsa sanduíche vivido em Portu-
gal, entre março e agosto de 2023, para propor o estudo da obra de
um grupo de arquitetos portugueses que, a partir do começo dos
anos 2000, tem proposto uma abordagem projetual que transcen-
de e transgride algumas certezas disciplinares e tradições regionais
construídas até então.
O estudo encampado pelo doutorado se ocupou do exame de um
conjunto de obras dos arquitetos portugueses Aires Mateus, com
o objetivo de clarificar a presença direta e indireta do arcabouço
teórico do Pensamento Complexo no modus operandi da dupla,
contribuindo para o estabelecimento de nexos surpreendentes com
abordagens de outros campos do saber.
A contribuição original deste artigo reside em iluminar a tentativa
de três ateliês de arquitetura portugueses em reatar ou reforçar
laços esquecidos com a arte. Aprofunda a investigação sobre os di-
álogos e correspondências entre um conjunto de obras dos ateliês
de Álvaro Siza (1933), Gonçalo Byrne (1941) e dos irmãos Francisco
(1964) e Manuel Aires Mateus (1963) com a escultura dos artistas
bascos Jorge Oteiza (1908-2003) e Eduardo Chillida (1924-2002).
Esta alusão assumida pelos arquitetos selecionados não fica apenas
na concepção formal das obras, mas principalmente no entendi-
mento mais aprofundado do tema fundamental da produção dos
dois escultores bascos: o vazio. Coloca ainda como a prática da
escultura, instalação, ou design, por alguns destes arquitetos estu-
dados, em alguns casos, pode impulsionar sua produção arquitetô-
nica, naturalmente, para caminhos transdisciplinares (Pombo, 2021).
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2. Breve contextualização histórica
No campo da arquitetura, em meados dos anos 1990, acelera-se um
processo de desprendimento progressivo dos valores revisionistas
tão presentes na década anterior, que ainda vivia sob o manto de
premissas historicistas e preservacionistas herdadas das discussões
teóricas dos anos 1960 e 1970, colocadas principalmente por Ro-
bert Venturi (1966, 1995), Aldo Rossi (1966,1995), Colin Rowe e Fred
Koetter (1978), caminhando para uma arquitetura mais livre de pa-
radigmas, baseada em uma prática mais reflexiva (Frampton, 2015).
Em Portugal, a formação universitária dos arquitetos em Escolas de
Belas Artes até o final dos anos 1980 contribuiu intensamente para
um olhar transversal, livre de preconceitos e com intimidade com as
estratégias utilizadas nos campos do saber paralelos à atividade da
arquitetura.
Quase todos frequentaram a Escola Superior de Belas Artes no
Porto ou em Lisboa. Nestas escolas, a arquitectura era ainda
compreendida como irmã da pintura e da escultura. A formação
era feita em classes conjuntas com a dos outros estudantes de
Belas-Artes, o que não só deu aos arquitectos profundos co-
nhecimentos de arte, mas também lhes criou um ambiente, no
qual estavam sempre presentes os métodos da arte contempo-
rânea. (Land et al., 2005, p. 13)
Álvaro Siza intensificará o experimentalismo em sua obra a partir de
meados dos anos 1990, em uma “escandalosa artisticidade” (Cos-
ta, como citado em Figueira, 2008, p. 33), a partir dos encontros,
experiências e estímulos proporcionados pelos projetos elaborados
para espaços de exposição entre 1988 e 1998. Siza estabelecerá em
sua arquitetura um franco diálogo com procedimentos da escultura
(Penteado Neto, 2019) e esta abordagem não passará desapercebi-
da pelas novas gerações de arquitetos portugueses.
A partir do zeitgeist internacional, em que os novos arquitetos
“deixam para trás o antigo ofício e se aplicam com fervor a construir
outra disciplina” (Galliano, 2000, p. 3, tradução nossa) e a partir do
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aprendizado com as transformações ocorridas na obra de Siza, as
novas gerações portuguesas irão também se arriscar em um diálogo
mais intenso com outros procedimentos, já a partir dos primeiros
anos da primeira década do século XXI.
3. A complexidade do vazio
Debaixo do guarda-chuva do arcabouço teórico da complexidade,
um grupo de arquitetos portugueses percebe que a arquitetura
deve, antes de tudo, ser dotada da máxima flexibilidade para aten-
der às demandas do usuário em um mundo cada vez mais incerto
e mutante, convertendo-se em um simples “contentor de vida”
(Byrne, como citado em Kamita & Nobre, 2019, p. 55). Esta plas-
ticidade ou adaptabilidade das edificações pode ser indutora de
uma maior durabilidade das obras, dotando-as da perenidade que
o planeta tanto carece, em tempos de quase extinção da espécie
humana (Kolbert, 2015). O arquiteto Gonçalo Byrne, ex-colaborador
de Nuno Teotônio Pereira (1922-2016) e de Nuno Portas (1934),
considerado há décadas um dos principais arquitetos em atividade
em Portugal, com obras e projetos em toda Europa, esclarece em
entrevista, como a complexidade poderia ser entendida como o
pano de fundo para uma (re) aproximação da arquitetura com os
procedimentos da arte:
nas minhas aulas dizia com muita frequência que o que toca fi-
nalmente a nossa forma de conhecimento é pensar, é imaginar,
com toda a cultura, com conhecimento do sítio, com conheci-
mento do utilizador e com a dimensão poética da arquitetura
por trás, que faz parte da própria teoria. Onde é que a arquite-
tura é uma arte? É uma boa questão. A arquitetura toca a vida
das pessoas e os arquitetos pensam, fazem, imaginam, dese-
nham o projeto, mas no fundo, produzem contentores de vida.
Quer seja um edifício, quer seja uma casa, quer seja um equipa-
mento, um cinema, um escritório, quer seja um espaço público,
quer seja uma paisagem. E, portanto, é aqui, que eu acho que
está a dimensão da arquitetura que convoca a complexidade.
(Byrne, como citado em Penteado Neto, 2023, p. 278)
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Byrne ainda avança em direção ao interesse específico dos arquite-
tos portugueses pelo tema do vazio e por tudo o que ele pode pro-
porcionar. O vazio, quando priorizado nas edificações, poderia ser
o conceito que proveria à arquitetura a tão desejada flexibilidade e
durabilidade, sucessivamente. O apreço pelo vazio como “poética
do nada” (Pueyo, 2020) teria sido aprendido a partir da observação
atenta da arte, com destaque para a obra dos escultores bascos
Jorge Oteiza e Eduardo Chillida:
O Oteiza é um místico da escultura e tem pensamentos so-
bre a escultura que são muito úteis à arquitetura. E o Chillida
também. Útil porque no fundo tem esta ideia de ‘arquitetura
escavada’, vem despertar no arquiteto um tema que é muito re-
cente e que o Manuel [Aires Mateus] para mim é talvez um dos
principais arquitetos portugueses por aí, a olhar para a cidade
e a olhar para o edifício não como uma construção, mas como
vazio [...] O que falta aqui no raciocínio, em minha opinião, é que
a descoberta do vazio é importante. Mas o vazio não é inerte
e este é que é o grande problema. O vazio faz sentido a partir
do momento em que contém vida. E a maneira como o vazio é
apropriado, a maneira como o vazio é vivido, quer numa casa,
quer no espaço público, é que é importante. (Byrne apud Pen-
teado Neto, 2023, pp. 297-300)
A ideia do vazio como espaço livre que oportuniza plena liberdade
de uso é a chave para entender o interesse destes arquitetos portu-
gueses pela obra de Oteiza e Chillida. Considerar a vida do usuário
mais importante que a arquitetura que o abriga, mesmo sendo
paradoxal, explica muito a respeito da produção destes arquitetos
destacados neste artigo.
4. Breves notas sobre Jorge Oteiza e Eduardo Chillida
Antes de abordar a produção dos arquitetos selecionados, serão
feitas algumas breves considerações a respeito do trabalho destes
dois importantes escultores do País Basco: Jorge Oteiza (1908-
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2003) e Eduardo Chillida (1924-2002). Artistas premiados ao longo
de toda a vida, Oteiza e Chillida, respectivamente, são reconheci-
dos por receberem o Diploma de Honra na IX e X Trienal de Milão
em 1951 e em 1954, além do Grande Prêmio Internacional de Escul-
tura na IV Bienal de São Paulo em 1957 e na XXIX Bienal de Veneza
em 1958. São considerados os principais escultores espanhóis já
no final da década de 1960, com trabalhos incluídos na mostra New
Spanish Painting and Sculpture, realizada no MoMA de Nova York
no ano de 1960, comissariada pelo poeta Frank O’Hara (Durana,
2022).
Fundadores do grupo de artistas denominado GAUR, criado em
1966, referência na cultura basca contemporânea, atuaram como
agitadores sociopolíticos decididos a “mudar as mentalidades so-
ciais” com a implementação de um modelo alternativo de organiza-
ção cultural no País Basco, segundo Durana (2022, p. 163, tradução
nossa).
Participaram em conjunto com outros artistas de exposição pa-
trocinada pela revista Nueva Forma, em 1967. Foram escultores
em diálogo e ajuda mútua em vida e em obra, entre os anos 1950
e 1960. Entretanto, acabaram por se desentender anos mais tarde,
reatando relações apenas poucos anos antes de morrer, em 1997.
Ambos começaram com obras figurativas e partiram, em parale-
lo e simultaneamente, para uma pesquisa que culminaria na ideia
de silenciamento da expressão, quietude do espaço aberto, vazio
metafísico (Manterola, 2006). Apresentam um esfoço comum em
subtrair a matéria, geometrizar o vazio, em busca de revelar o nada
que é tudo. São reconhecidos por uma prática experimental, inova-
dores em sua época. São considerados os fundadores da Escuela
Vasca de Escultura (Álvarez, 2008).
Em 2022, a Exposição Jorge Oteiza y Eduardo Chillida: Diálogo en
los años 50 y 60, patente no Museu San Telmo, em San Sebastián,
reaproxima a obra dos dois artistas décadas depois da sua morte
e escancara definitivamente o compartilhamento de interesses e
inquietudes criadoras em parte importante da sua produção: obras
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que homenageiam músicos, artistas e que tentam capturar o vazio
entre suas partes, como é possível verificar na sala dedicada aos ar-
tistas espanhóis no Museu Guggenheim de Bilbao e nas duas obras
emblemáticas dos dois escultores situadas às margens da baía de
La Concha, na cidade de San Sebastián, Espanha.
No museu de Bilbao, as peças dos artistas estão lado a lado. Em San
Sebastián, estão afastadas em quase quatro quilômetros, parcial-
mente avistadas uma da outra. No museu, o peso das peças em
pedra de Chillida contrasta com a leveza das peças recortadas em
aço de Oteiza. Ao ar livre, em frente a baía e com vista para o mar
cantábrico, Construção vazia (2002), de Jorge Oteiza, pode ser
entendida como uma reprodução em escala monumental de uma
das peças que ganhou a premiação da Bienal de São Paulo em 1957.
Mais próxima da praia e da cidade, Pente de vento (1977) de Eduar-
do Chillida, um conjunto de esculturas em ferro retorcido inscrus-
tado nas pedras, faz parte de uma série de peças produzidas desde
1952 (Bazal et al, 1986). É curioso pensar, apesar das formações das
obras serem tão marcantes e distintas, como o ponto comum entre
elas é o mesmo: o vazio que abraçam e evidenciam. A fotomonta-
gem a seguir tenta aproximar as obras e demonstrar o vazio limita-
do ou encarcerado por cada uma delas.
Fotomontagem com obras de Jorge Oteiza (à esquerda) e Eduardo Chillida (à direita).
Fonte: fotos dos autores, agrupadas e editadas pelos autores.
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5. Especulações, comparações e correspondências
O arquiteto português que parece inaugurar um diálogo mais franco
com estes escultores do País Basco é Álvaro Siza. Em diversos
textos, assume a admiração pela produção de Eduardo Chillida.
Siza conheceu o escultor durante o projeto para o jardim de São
Domingos de Bonaval, que fica contíguo ao Museu de Arte Galega
de Santiago de Compostela, entre o final dos anos 1980 e início dos
anos 1990 e, a partir daí, parece estabelecer uma aproximação com
os procedimentos e estratégias poéticas do autor basco.
Conheci Eduardo Chillida em Santiago de Compostela, quando
foi convidado para uma escultura a colocar no Parque Bona-
val, onde se construía então o Museu de Arte Contemporâ-
nea. Propusera-me uma visita conjunta, para escolha do local
apropriado [...]. Chamou-me ao fim do dia, para mostrar o local
que escolhera: uma plataforma à cota mais alta, dominando os
telhados e as torres da catedral e das muitas igrejas. Quando
descíamos as rampas e os degraus, seguindo o percurso em
ziguezague já traçado, parou de súbito e disse-me: “não sei se
escolhi bem; será melhor voltarmos amanhã.” Na manhã se-
guinte repetiu-se a visita e ao fim do dia um novo encontro. De
pé numa outra plataforma, agora a meia encosta – disse-me,
visivelmente entusiasmado: “É esse o sítio certo. Daqui vejo as
torres da catedral, mas vejo igualmente a nova construção – o
museu. É como se tomasse a matéria que falta aí (e apontou
um recuo do volume, no topo do edifício) e a repusesse em
frente, transformada em escultura.” Referia-se ao que viria a ser
a bela Porta da Música [...]. À sua visão não bastava uma forma
no espaço. Era um Organizador do Espaço e a Porta da Música
é a pedra de fecho do parque Bonaval, Rótula magnífica entre
o museu e o jardim. Guardo uma memória encantada daqueles
dois dias em Santiago (Siza, 2018, p. 85, grifo nosso).
Ana Silva, colaboradora do arquiteto Siza desde 2007 e envolvida na
prática da escultura do arquiteto português nos últimos anos, con-
firma Chillida como uma referência permanente: “A memória recente
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que eu tenho é principalmente o Chillida. Assim, com o peso que me
tenha ficado na memória, não me recordo de outros. O Chillida, com
certeza” (Silva, como citado em Penteado Neto, 2023, p. 311). Quan-
do perguntada sobre uma eventual contaminação da obra arquitetô-
nica de Siza pela atividade da escultura desempenhada pelo próprio
arquiteto, Ana acredita que seja possível haver uma relação indireta:
Aquilo que eu acho, neste momento, é que, havendo duas ativi-
dades a serem desenvolvidas alternadamente pela mesma pes-
soa, há de haver uma relação entre elas [...]. Não vejo que seja
uma relação direta... e agora falando mais do aspecto específico
da escultura, o Siza não se formou em escultura, mas ele gosta
de fazer escultura. Continua a fazer escultura. As ferramentas
que ele tem para fazer escultura são as ‘ferramentas arquitetô-
nicas’: a maquete, o autocad, o desenho técnico, o pedreiro, o
carpinteiro. Não é ele com as próprias mãos que está a fazer.
Portanto, há aqui uma metodologia arquitetônica que é aplicada
sobre as esculturas, porque ele não teve essa formação. Ele pró-
prio diz que [...] queria tentar fazer escultura quando era novo,
mas que era um desastre, porque sentia que não tinha meios
e então a ferramenta arquitetônica acabou por permitir que ele
fizesse escultura. (Silva apud Penteado Neto, 2023, p. 310)
Esta introjeção dos procedimentos de Chillida pressuposta na pro-
dução escultórica e arquitetônica do arquiteto Siza pode ser de-
monstrada na fotomontagem abaixo, que apresenta algumas obras
dos dois, lado a lado.
Decerto, é possível observar que em algumas arquiteturas de Siza,
mais especificamente na Capela do Monte (2016-18), em Lagos, e
na Oficina de Artes Manuel Cargaleiro (2000-2016), em Seixal (pre-
sentes na fotomontagem), os recortes ou subtrações de matéria e
as fragmentações dos volumes podem estar alinhados com alguns
procedimentos observados na obra de Eduardo Chillida. Nas escul-
turas de madeira apresentadas na exposição Queria ser Escultor:
Álvaro Siza (2023) na Cooperativa Árvore, no Porto, ou nas peças/
protótipos em desenvolvimento no ateliê do arquiteto Siza,
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chamam atenção os desmembramentos tubulares e a relação com o
espaço em que estão inseridas. É possível constatar eventuais conta-
minações mútuas entre arquitetura escultórica e escultura arquitetô-
nica, demonstrando outras direções possíveis para inovar e transcen-
der caminhos já trilhados anteriormente. As maquetes das esculturas
ao lado das maquetes de arquitetura nas mesas do ateliê do arquiteto
Siza, apresentadas na extremidade inferior direita da fotomontagem,
também revelam como talvez os procedimentos utilizados em uma
atividade transbordam naturalmente para a outra e vice-versa. Talvez
esteja aí um dos segredos do arquiteto Siza para revigorar e renovar
sua obra dia a dia, mesmo após tantos anos de trabalho.
Fotomontagem com obras de
Eduardo Chillida (à esquerda) e Álvaro
Siza (no centro e à direita). Fonte: fotos
dos autores, agrupadas e editadas pelos
autores.
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Na produção do arquiteto Gonçalo Byrne, admirador da obra de
Jorge Oteiza (Byrne, como citado em Penteado Neto, 2023), desta-
cam-se duas obras que podem guardar um diálogo intenso com os
procedimentos da escultura do País Basco, que tem no vazio o cen-
tro poético de sua produção. O apoio no vazio em Byrne ocorre em
variados sentidos: nas plantas livres descomprometidas com uma
funcionalização extrema, que abrem múltiplas possibilidades de uso
no interior das edificações e na desmaterialização ou subtração de
pedaços das volumetrias, com o objetivo de emoldurar, apontar ou
evidenciar a beleza dos lugares de implantação. Estas obras visita-
das in situ esclarecem como o vazio pode potencializar a liberdade
de uso e pode tornar a obra mais longeva e durável, dotando-a de
extrema flexibilidade.
Como colocado anteriomente, Oteiza tem a preferência de Byrne e
será com as suas obras que serão especuladas correspondências e
aproximações. Na obra do Centro de Controle de Tráfego
Marítimo, em Lisboa (1997-2001), o elemento vertical, predominan-
temente monomatérico, alude à inclinação dos artefatos marítimos
atracados às margens do Tejo. É quase um monumento dedicado
à observação do mar, uma espécie de farol, cuja porção superior é
“desmaterializada”: um vazio em aço e vidro, em diálogo com o céu.
Elemento enraizado, a torre insere-se na matriz simbólica de
outras construções congéneres que, ao longo da história, se
foram sedimentando na frente ribierinha [...]. À semelhança
dessas e delas colhendo a herança, ousa representar o tempo
e fixá-lo nessa margem. A sua natureza será sempre a de um
elemento de terra, de um objecto que progressivamente se
desmaterializa, nascendo da solidez da pedra, vestindo-se de
cobre, para se concluir na ligeireza e transaparência do vidro, e
finalmente nas ondas hertzianas que só as antenas percebem.
(Byrne, 2006, p. 4)
No Conjunto Estoril Sol Residence, em Cascais (2004-10), a grande
edificação, também predominantemente monomatérica, estabele-
ce uma mediação entre o Morro da Castelhana (atrás do edifício) e
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a Avenida Marginal (em frente ao prédio), com acesso e vista livre
para o mar (Byrne, 2010). Os volumes projetados em balanço e os
furos na edificação, respectivamente, evidenciam e emolduram a
beleza natural destes dois lugares. Na fotomontagem a seguir, po-
de-se notar que a dialogia entre forma e vazio são o ponto comum
nestas peças de Oteiza e nestes edifícios de Byrne. São todas obras
interessadas em abrigar o vazio entre suas partes integrantes.
Finalmente, os irmãos Manuel (1963) e Francisco Aires Mateus
(1964) perceberão o processo através do qual o arquiteto Álvaro
Siza vem promovendo uma importante renovação em seus procedi-
mentos, priorizando relações com a paisagem e território através de
enfeixamentos e projeções de elementos da volumetria em direção
ao vazio e, a seu modo, também em contextos rurais e peri-urba-
nos, em contato com grandes áreas vazias, realizarão obras em
diálogo mais franco com o campo da escultura. Não se descarta
também o longo período de experiência de trabalho com o arquite-
to Byrne como inspirador para uma visão ampla, sistêmica, holística,
sobre a arquitetura. Manuel Aires Mateus evidenciará sua busca
Fotomontagem com obras de Byrne (à esquerda) ao lado de Esculturas de Jorge Oteiza (à direita).
Fonte: fotos dos autores, agrupadas e editadas pelos autores.
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pelo diálogo com outras disciplinas em diversos momentos e Edu-
ardo Chillida terá destaque na entrevista ao arquiteto Fran Silvestre,
contida na revista TC Cuadernos n. 145 “Aires Mateus: Arquitectura
2003- 2020”, dedicada ao trabalho dos dois irmãos portugueses:
Também nos interessa a ideia de que na arquitetura se pode fazer
tudo com tudo. Não é preciso dizer que a influência da arquitetura
é a arquitetura. A influência da arquitetura é a vida. Muitas vezes
o cinema ou o balé podem ser a influência [...] Obviamente você
encontra isso na escultura. Seguimos muito Chillida, Serra, Richter,
etc. (Boronat, 2020, p. 26, grifo e tradução nossos)
Em entrevista, Manuel revela o que mais interessa na obra de
Chillida: o vazio e a subtração de matéria, que acabaram por se
tornar um tema fundamental na obra dos
arquitetos portugue
ses:
O Chillida tem uma condição que para mim era fundamental. Eu
tive uma paixão sempre enorme pela ideia da concepção do es-
paço como vazio, portanto, uma espécie de ideia de subtração
[...]. Esta ideia de desenhar a partir da ausência. (Mateus, como
citado em Penteado Neto, 2023, p. 206)
Na Casa em Mosaraz (2007-18), que concretiza pioneiramente o
procedimento de sulcar os volumes cúbicos promovendo vazios
esféricos, acaba sendo uma das obras mais importantes na tra-
jetória dos irmãos Aires Mateus. A subtração esférica estabelece
coincidências com a paisagem ondulante da região, assim como
com as estruturas megalíticas do sul de Portugal. Pode-se aludir a
um diálogo com algumas obras de Jorge Oteiza, Eduardo Chillida,
entre outros, que utilizam do mesmo artifício, escultores presentes
na biblioteca dos irmãos Mateus (Penteado Neto, 2023). De modo
paralelo, a Casa na Fontinha (2009-13), também repete a tentativa
de sulcar os volumes extraindo porções esféricas, criando pontas
em balanço com formatos inusitados e pontiagudos, evidenciando
a beleza da paisagem desabitada de Melides.
Promover sulcos com
contornos opostos ao do formato do volume aproxima estas duas
casas das estratégias empregadas por Oteiza e Chillida em algumas
das suas obras, cujo foco é o contraste geométrico em favor do vazio
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(Chillida, 2019; Dovale, 2020; Oteiza, 1988). Na fotomontagem a
seguir, pode-se notar correspondências entre obras de Oteiza e
Chillida com estas duas casas supracitadas projetadas pelos irmãos
Aires Mateus, principalmente no contraste e tensão entre as geo-
metrias do furo e do formato externo da peça.
Uma última especulação surge da eventual contaminação da
prática da escultura na arquitetura mais recente dos irmãos Aires
Mateus. É possível observar similitudes entre as aberturas e sulcos
presentes em uma das esculturas produzidas por Francisco Aires
Mateus para a Exposição Scarti (2023) na Galeria Appleton, em Lis-
boa, em uma obra recente de arquitetura, ainda em fase de projeto,
para um cliente no México. Salta aos olhos como o rasgo orgânico
que aparece em uma das esculturas reaparece na cobertura da casa
mexicana.
Obras do ateliê Aires Mateus (no topo) comparadas a peças de Jorge Oteiza (embaixo à
direita) e Eduardo Chillida (embaixo à esquerda). Fonte: fotos dos autores, agrupadas e
editadas pelos autores.
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Na maquete da casa ainda em fase de projeto fica clara a similitude
geométrica e a eventual recontextualização da ideia, evidenciando
uma maior liberdade dos arquitetos, se desvencilhando das formas
puras e platônicas, indo em direção a caminhos mais orgânicos.
Este transbordamento de estratégias da escultura para a arquite-
tura ilumina a transdiscipinaridade pressuposta na produção dos
arquitetos Aires Mateus.
6. Resultados e considerações
A partir desta revisão bibliográfica e comparação entre obras, foi
possível perceber que os arquitetos selecionados, talvez estimula-
dos pela atuação em terrenos com topografias únicas e paisagens
com visuais singulares, deixaram em segundo plano a referência
à cultura disciplinar arquitetônica para privilegiar questões trans-
disciplinares, testando procedimentos da escultura. Quando co-
missionados para elaborar um projeto em um lugar magnífico,
ligado a visuais surpreendentes, principalmente em frente à água
ou a declives em áreas rurais, se deixam seduzir pela linguagem de
outros campos, dando destaque para o vazio. Em outras palavras, a
transdisciplinaridade destas obras analisadas parece ser tributária
a um desejo de transcender o lugar e de transgredir as certezas do
passado da arquitetura portuguesa, reconhecidamente nostálgica e
tradicionalista.
Escultura (no centro) de Francisco Aires Mateus presente na exposição Scarti (à esquerda) e maquete de casa projetada
pelo Atelier Aires Mateus (à direita) Fonte: fotos dos autores, agrupadas e editadas pelos autores
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Neste sentido, o vazio protagonista nestas obras analisadas dota
as edificações de uma flexibilidade poética, que pode ser indutora
de uma maior durabilidade e longevidade. O vazio observado em
Oteiza e Chillida, transposto e guardado nos furos e subtrações dos
volumes das obras destes arquitetos portugueses, privilegia a liber-
dade dos usuários e, ao mesmo tempo, acentua a indivisibilidade
com a envoltória. De modo dialógico, massa e vazio se somam em
favor da liberdade e perenidade. Deste modo, talvez seja plausível
considerar que as obras analisadas neste artigo dialoguem com ou-
tros procedimentos, com destaque para as estratégias dos esculto-
res Jorge Oteiza e Eduardo Chillida.
Agradecimento
Meu agradecimento especial à Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que financiou e propor-
cionou o período coberto pelo Doutorado Sanduíche em Portugal
entre março e agosto de 2023, através do Edital nº 41/2017 CAPES/
PRINT, processo 8887.716706/2022-00.
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