no-americanas, carregando em seus discursos o reconhecimento
crítico e autocrítico da arte pública. Assim também se vê represen-
tada a urgência do debate sobre os monumentos tradicionais e dos
contra-monumentos, em sua singular relação com as camadas de
organização espacial das cidades contemporâneas.
O artigo apresentado por Almerinda da Silva Lopes no IV Seminá-
rio GEAP LA (Cali, 2015) – O corpo do artista leva a arte à rua:
As performances e o ativismo político de Paulo Bruscky em plena
ditadura militar – traz um breve panorama da obra do artista per-
nambucano durante a ditadura militar, contextualizando-o entre a
geração de jovens artistas que emergia no período interessados em
refutar os valores estéticos tradicionais ao articular formas inusita-
das de experimentação que diluíam as fronteiras entre arte e vida e,
consequentemente, aproximavam arte e ativismo político. Bruscky
dedicou-se a ações performáticas e de intervenções urbanas em
espaços alternativos fora da instituição do museu. Seu trabalho,
de caráter volátil e efêmero, colocava o corpo em evidência como
linguagem, matéria e suporte da arte e requeria, justamente por sua
natureza momentânea, o registro das propostas performáticas e in-
tervenções públicas seja por processos fotográficos ou videográficos.
A autora destaca a importância de tal prática como forma de
subversão à censura em vigor no período, não só no Brasil, mas
também em grande parte da América Latina, que sofria sob inter-
venções de regimes ditatoriais. Tais registros circulavam de maneira
underground alimentado uma rede de arte correio sem levantar
qualquer suspeita dos militares. Além disso, a prática da documen-
tação e do registro das performances e intervenções também con-
tribuiu para a amplificação, diversificação e hibridização das lingua-
gens artísticas, formando um grande espectro de imagens híbridas
que constituem, hoje, um importante arquivo da arte contemporâ-
nea realizada no período de restrição dos direitos políticos, durante
a ditadura militar. Almerinda Lopes analisa algumas performances,
intervenções e obras do artista, dentre elas: Arte Cemiterial (1971),
Enterro Aquático I (1972), Enterro Aquático II (1973), Meu Cérebro
Desenha Assim (1979), Limpos e Desinfetados (1984), entre outros.
arte: lugar : cidade | volume 1, número 1, maio/out. 2024 | doi: 10.22409/arte.lugar.cidade.v1i1.62759arte: lugar : cidade | volume 1, número 1, maio/out. 2024 | doi: 10.22409/arte.lugar.cidade.v1i1.62759 18