Sobre legitimidade, produtividade e imprevisibilidade: seletividade policial e a reprodução da ordem social no plano de uma certa “política do cotidiano”

Autores

  • Elizabete Ribeiro Albernaz Universidade Federal Fluminense, Departamento de Segurança Pública (DSP/UFF), Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA/UFF)

DOI:

https://doi.org/10.22409/conflu17i2.p448

Palavras-chave:

Segurança Pública, Polícia, Polícia Militar, Seletividade

Resumo

O presente artigo analisa a categoria “faro policial” como uma “política do cotidiano”, sua construção, operação e os modos complexos pelos quais ela pode exercer influência sobre a distribuição, manutenção ou transferência do poder. No Brasil, a ideia de “Estado” suscita um imaginário político tutelar e autoritário. A despeito de seu caráter desencarnado das práticas sociais, é com base nas ideias de “ordem” e “interesse público” que o “Estado” e seus operadores buscam legitimar as suas ações, construindo o fundamento retórico de sua autoridade. O cotidiano dos processos concretos de tomada de decisão operam segundo outras moralidades. A análise da categoria nativa “faro policial” é central para conhecermos as motivações alegadas por policiais militares do Rio de Janeiro, no exercício  do policiamento ostensivo. O desenvolvimento de um “faro” apurado é a forma como esses policiais decidem materializar suas suspeições em um determinado percurso de ação.



Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Elizabete Ribeiro Albernaz, Universidade Federal Fluminense, Departamento de Segurança Pública (DSP/UFF), Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA/UFF)

Doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense (PPGA/UFF), Mestre em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ). Professora Substituta do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (DSP/UFF) e Pesquisadora do Núcleo de Ensino Pesquisa e Extensão em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC/UFF).

Referências

ABRAMS, P. 1988 – “Notes on the difficulty of studying the state”. Journal of Historical Sociology, 1(1)58-89.

ALBERNAZ, Elizabete (2009). “Deus e o Diabo na terra do sol”: visões de espaço público, ética profissional e moral religiosa entre policiais militares evangélicos do Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado em Antropologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

ALBERNAZ, Elizabete Ribeiro (2010). "Na fronteira entre o bem e o mal”: ética profissional e moral religiosa entre policiais militares evangélicos cariocas. Caderno CRH 23.60.

BENSA, Alban (1998). "Da micro-história a uma antropologia crítica." Jogos de Escalas. A Experiência da Micro-Análise. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas Editora, pp. 43-66.

COHEN, Abner. 1979. “Political Anthropology: The Analysis of the Symbolism of Power Relations”. Man, New Series, Vol. 4, N. 2 (Jun., 1969), pp. 215-235.

COLSON, Elizabeth & SMITH, M.G. 1972 - “Political Anthropology” In: SILLS, David L., ed. International encyclopedia of the Social Sciences. New York/London, Collier/MacMillan, pp.189-202

DAS, Veena (1995), Critical Events: An Anthropological Perspective on Contemporary India. Nova York, Oxford University Press.

_____________. Life and Words. Violence and the descente into the ordinary. London, California Press, 2007.

GARAPON, Antoine; PAPADOPOULOS, Ioannis. Julgar nos Estados Unidos e na França: cultura jurídica francesa e common law em uma perspectiva comparada. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.

GEERTZ, Clifford. Centros, reis e carisma: reflexões sobre o simbolismo do poder. In: __________. O saber local. 7ª ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

GOFFMAN, Erving (2002). A representação do eu na vida cotidiana. 10ed. Petrópolis: Vozes.

LIMA, Roberto Kant. A polícia da cidade do Rio de Janeiro: seus dilemas e paradoxos. Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1994.

___________. Polícia e exclusão na cultura judiciária. Tempo Social, v. 9, n. 1, p. 169-183, 1997.

___________. Direitos civis, estado de direito e'cultura policial': a formação policial em questão. Revista Brasileira de Ciências Criminais, v. 11, n. 41, p. 241-256, 2003.

MATTA, Roberto da. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro, Rocco, 1979.

MERRYMAN, John Henry. The civil law tradition: an introduction to legal systems of western Europe and Latin America. Standford: Standford University Press, 1969.

MINER, Horace. Body ritual among the Nacirema. American Anthropologist, p. 503-507, 1956.

MUIR, Jr., K.W. Police: streetcorner politicians. Chicago, Chicago University Press, 1977.

MUNIZ, Jacqueline. Ser policial é, sobretudo, uma razão de ser. Cultura do cotidiano da polícia militar do estado do Rio de Janeiro, 1999.

MUNIZ, Jacqueline, and Domício Proença Jr. "Da accountability seletiva à plena responsabilidade policial." Polícia, Estado e Sociedade: Práticas de Saberes Latino-Americanos (2007): 21-73.

MUNIZ, Jacqueline. "Discricionariedade policial e a aplicação seletiva da lei na democracia." Algumas lições extraídas de Carl B. Klockars”, NEV-USP(2006).

MUNIZ, Jacqueline de Oliveira; DA SILVA, Washington França; DA PARAÍBA, Polícia Militar do Estado. MANDATO POLICIAL NA PRÁTICA: tomando decisões nas ruas de João Pessoa. Caderno CRH, v. 23, n. 60, p. 449-473, 2010.

PROENÇA JÚNIOR, Domício, and Jacqueline MUNIZ. "PONCIONI, Paula. Da governança de polícia à governança policial: controlar para saber, saber para governar." Revista Brasileira de Segurança Pública, ano 3: 14-50.

WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. Editora Cultrix, 2004.

Downloads

Publicado

2015-08-20

Como Citar

Albernaz, E. R. (2015). Sobre legitimidade, produtividade e imprevisibilidade: seletividade policial e a reprodução da ordem social no plano de uma certa “política do cotidiano”. Confluências | Revista Interdisciplinar De Sociologia E Direito, 17(2), 86-99. https://doi.org/10.22409/conflu17i2.p448

Edição

Seção

Artigos