Distopia na rima

Uma análise do tom pessimista no discurso do rap angolano

Autores

  • Francisco Carlos Guerra de Mendonça Júnior

DOI:

https://doi.org/10.22409/rcc.v1i15.48193

Resumo

O ritmo musical rap é considerado um dos principais meios de combate ao regime do MPLA, que governa o país desde 1975 e recebia pouco questionamento público até o desenvolvimento do rap. O ritmo surge em Angola entre o final da década de 1980 e início dos anos 1990, mas inicialmente não era uma música caracteristicamente interventiva. O quadro é modificado em 1999 com o surgimento do grupo Filhos D'ala Este, que lançou músicas apresentando críticas diretas ao regime local e clamando por revolução. Com isso, surgem diversos grupos com a mesma tendência e o partido no poder respondeu com represálias. A repressão ficou mais nítida a partir de 2003, quando o lavador de carros Arsénio Sebastião, o “Cherokee”, foi morto por soldados da Unidade de Guarda Presidencial (UGP), em praça pública em Luanda, por estar reproduzindo uma música do rapper MCK. Desde 2011, alguns rappers como Luaty Beirão e Carbono Casimiro passaram a atuar em manifestações sociais. Devido as constantes agressões, o grupo de manifestantes diminuiu as ocupações em praças públicas e passou a se reunir em locais fechados, o que não impediu as prisões de 17 ativistas em 2015. O discurso de crença em um futuro melhor é substituído em algumas músicas por um tom de desesperança, como resultado da crise econômica, das prisões dos ativistas e do controle estatal dos meios de comunicação. O objetivo desse trabalho é fazer análises de discurso das músicas “Te Odeio 2016”, de MCK e “O Apagar da Esperança”, de Kid MC, que ilustram essa mudança de tom, ao antecipar a continuidade dos problemas. As análises de discurso são feitas a partir das perspectivas de Orlandi (1999) e Borges (2002).

Palavras-chave: Angola, rap, intervenção, MCK, Kid MC, discurso.

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Publicado

2021-01-25