Aspectos do autoritarismo brasileiro: formação social, dependência e neoliberalismo.
DOI:
https://doi.org/10.22409/rcc.v2i20.58786Resumo
A atual ofensiva autoritária brasileira, em curso desde o acirramento político nas eleições presidenciais de 2014 e o “golpe branco” de 2016 contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, consolida-se com a ascensão do projeto de extrema-direita ultraneoliberal nas eleições de 2018. Combinando neoliberalismo com chauvinismo ultrarreacionário, têm raízes no período de refluxo ou estagnação que vai da redemocratização a partir dos anos 1980, conforme as organizações de resistência às ditaduras militares instauradas nas décadas de 60 e 70 se estabelecem como interlocutores dos trabalhadores e setores populares, opondo-se a agenda neoliberal que caracteriza a década seguinte. Com exceção de Cuba, esse processo atravessa a América Latina como um todo, sobretudo, a parte sul-americana do continente, dominada no pós-revolução cubana por ditaduras militares de extrema-direita apoiadas pelo imperialismo norte-americano no bojo da Guerra Fria. Após esse período, o autoritarismo ressurge no continente latinoamericano com a crise econômica global desencadeada nos Estados Unidos a partir de 2008, restabelecendo o neoliberalismo como reação à onda progressista-desenvolvimentista que se consolida após a década neoliberal de 1990. Dito isto, essa reflexão propõe no âmbito do capitalismo dependente e periférico, apontar as especificidades do autoritarismo brasileiro combinado à recente ofensiva neoliberal, enfatizando a nossa formação social e modo de produção típicos diante do processo histórico latinoamericano.