Moda, dataficação, inteligência artificial e colonialismo digital: reflexões introdutórias
DOI:
https://doi.org/10.22409/rcc.v1i21.64904Resumo
O presente trabalho parte de uma abordagem fenomenológica, com fontes bibliográficas e
documentais, e propõe uma reflexão sobre a relação entre moda e colonialismo digital. A moda é o
que torna nossos corpos vestidos e ornamentados, culturalmente visíveis; organiza pulsões tangíveis
e intangíveis. Por meio do vestir, a moda articula o corpo com a territorialidade nas práticas do
cotidiano. Compreendemos que a moda atuando no campo do sensível e na constituição subjetiva
do sujeito, junto à indústria da moda, originada no Norte global, acaba que agindo como dispositivo
colonizador, por onde atua. Já a moda sistematizada ou a indústria da moda é entendida em uma
perspectiva ampla, como organização econômica, que contempla não apenas as tendências no ramo
do vestuário, mas também seu processo produtivo e ideológico. A moda sistematizada serve de
estrutura social de divisão de classes. O colonialismo digital está diretamente relacionado a uma
fase do modo de produção capitalista, que objetifica e mercantiliza as relações sociais, como mais
uma forma de opressão e controle, que expropria corpos, recursos naturais e o tempo, por meio da
tecnologia dataficada. Articulando-se as duas temáticas, é possível refletir que ambas têm a
capacidade de excluir pessoas conforme sua raça, etnia, classe social, gênero, dentre outros
marcadores sociais. Abordamos neste trabalho, ainda incipiente, não apenas os impactos da
dataficação e do colonialismo digital na moda, mas também as possibilidades de resistência por
meio de movimentos hacktivistas.