A interdisciplinaridade no bacharelado em gastronomia de universidades públicas brasileiras: percepção de professores sobre as relações entre currículo, saúde e cultura
DOI:
https://doi.org/10.22409/rcc.v1i19.58884Resumen
O artigo apresenta resultados de uma pesquisa de mestrado que objetiva analisar as percepções dos docentes de universidades federais sobre as relações entre currículo, promoção da saúde e cultura na formação em Gastronomia. Adotou-se uma abordagem qualitativa, com método em duas etapas: análise documental dos projetos político-pedagógicos dos bacharelados em Gastronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e entrevistas semiestruturadas com professores (N=14), sendo 7 de cada instituição. A análise dos dados seguiu a técnica da análise de conteúdo de Bardin (1977). Agruparam-se os resultados nas categorias de análise: i.Tensões entre a área de nutrição e o estabelecimento da Gastronomia como área de conhecimento interdisciplinar; ii. Formação de professores, desafios na construção dos PPPs e o seu desenvolvimento concreto na prática pelas universidades públicas; iii. Relações entre Gastronomia, conceito ampliado de saúde e promoção da saúde. Ao investigar como a Promoção da Saúde é trabalhada nos bacharelados, averiguou-se que parte dos docentes ainda têm uma visão de saúde atrelada ao conceito biomédico. Falta a compreensão de que são nos aspectos do gosto, da aparência, do enaltecimento da cultura alimentar e no respeito à terra e aos produtores que o gastrônomo pode promover saúde. Para que isso ocorra, é preciso que a formação seja efetivamente interdisciplinar e vá além da técnica, preparando os profissionais para a pesquisa e para atuar em outros espaços onde seu conhecimento pode impactar na qualidade de vida das pessoas, e não apenas nos restaurantes.