Apresentação
DOI:
https://doi.org/10.22409/rcc.v2i20.62792Resumen
Com muita alegria lançamos o vigésimo número da Revista Convergência Crítica. Essa edição é livre, ou seja, recebemos os mais variados trabalhos, abordando diversas temáticas, a partir de diferentes perspectivas e áreas do saber.
Abrindo a edição, temos o trabalho intitulado “Anarchism and the History of Social Movements in Slovenia” [Anarquismo e a História dos Movimentos Sociais na Eslovênia], de autoria de Daša Tepina, pesquisadora da Escola de Humanidades da Universidade de Nova Gorica (Eslovênia). Nele, a autora lança luz sobre um aspecto historicamente marginalizado nos estudos sobre movimentos revolucionários eslovenos, que é a grande influência neles exercido pela tradição anarquista e seu conjunto de práticas e ideias. Movida por esse objetivo, a autora decide consultar uma vasta bibliografia sobre o tema e procura desbravar acervos de vários arquivos locais e inúmeros periódicos cobrindo todo o século 20 e início do 21. Ao fim do empreendimento, Tepina conclui que “podemos falar sobre fragmento de eventos e grupos históricos que estavam conectados e irmanados com ideias anarquistas em várias práticas conectadas com princípios anarquistas”.
O segundo artigo trata dos movimentos sindicais nos Estados Unidos a partir da análise do documentário ''Deadline for Action'', de 1946. As autoras, Sthefaniy dos Santos Henriques e Eduarda Jardim Monteiro, esmiuçam como a produção trata da relação entre crescentes lucros das gigantes do setor elétrico (no caso, a General Electric) e a “estagnação dos salários dos trabalhadores da indústria elétrica após a Segunda Guerra Mundial”.
A seguir temos o minucioso estudo de Filipe Tavares, que através de “O que pensam os Afropessimistas? Notas introdutórias ao Pensamento Negro Radical” se debruça sobre a Teoria Afropessimista na visão de seus/suas intelectuais: Orlando Patterson, Frank Wilderson III, Saidiya Hartman, Sylvia Wynter e Denise Ferreira da Silva. Tavares tem como principal objetivo discutir o “papel da negritude, racismo, antirracismo, violência sistêmica e do “pacto da branquitude” na construção do conhecimento histórico e sociológico”. Uma das conclusões desse instigante estudo diz respeito às “críticas à homogeneidade da categoria ‘sujeito’”, que foi “produzida para ser aplicada a contextos europeus e a pessoas brancas, em especial, ocidentalizadas”.
Em outro artigo, “Análise do livro didático de História para o Ensino Fundamental: um estudo sobre os desafios e possibilidades de utilização em turmas do sexto ano”, de Daiana Junqueira Moreira, encontramos uma detalhada análise sobre como esse tipo de material é construído e estruturado, e como ele pode ser trabalhado na “interrelação entre conteúdo curricular e História Regional”.
O quinto artigo, “A Importância da Linguagem na religião: A conexão entre o sagrado e as expressões religiosas”, de autoria de Vitor Emanoel Correa de Mesquita, aborda a “importância da língua nas cerimônias religiosas transcende fronteiras culturais e confissões religiosas, desempenhando um papel unificador que é digno de uma exploração mais profunda”.
Depois, temos um trabalho que trata da questão da utilização do teatro pelos abolicionistas campistas em sua luta pelo fim da escravidão entre 1884 e 1888. Eis o tema de “Teatro Oitocentista e Manifestações Abolicionistas em Campos dos Goytacazes (1884-1888)”, escrito por Danielle Tavares da Rocha.
A seguir, Fabiana Alves Dantas e Fernando Romão Oliveira de Assis analisam em “Acontecimentos traumáticos e memória local” questões traumáticas a partir da memória de um acidente ocorrido em 13 de maio de 1974 em Currais Novos/RN, revelando como “sua inserção na memória local se deu associada a um discurso de coesão identitária, nesse caso, uma identidade relacionada às tradições cristãs-católicas predominantes na cidade”.
No oitavo artigo, Mario Junior desenvolve uma importante reflexão em “Aspectos do autoritarismo brasileiro: formação social, dependência e neoliberalismo”. Ele demonstra como a combinação entre neoliberalismo e chauvinismo ultrarreacionário se apresenta “no período de refluxo ou estagnação que vai da redemocratização a partir dos anos 1980” e então ressurge “no continente latino-americano com a crise econômica global desencadeada nos Estados Unidos a partir de 2008”. Nesse cenário conjuntural, o autor explicita as “especificidades do autoritarismo brasileiro combinado à recente ofensiva neoliberal, enfatizando a nossa formação social e modo de produção típicos diante do processo histórico latino-americano”.
Finalizando a presente edição, temos o artigo escrito por Daniel Paulino Filho, intitulado “Aos Brancos, os Direitos Humanos, aos Negros, Nada: considerações acerca do julgamento do Habeas Corpus 208.240 sobre perfilamento racial”. Ele tece importantes considerações sobre o Habeas Corpus 208.240, julgado no âmbito do STF. Com base nos conceitos de zona do ser (“atributos exclusivos do grupo social dominante, a branquitude”) e zona do não ser (“constituída como inferior e naturalmente perigosa”), Paulino Filho conclui que a “violação de direitos e garantias fundamentais, por parte dos agentes de segurança pública em abordagens policiais, mesmo que observadas, não são consideradas plausíveis para anular o processo criminal”.
Na esperança que tais trabalhos encorajem novas reflexões e pesquisas, desejamos uma boa leitura a todos, todas e todes!
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