A VIOLÊNCIA ESTRUTURAL DOS CONFLITOS PÓS-COLONIALISTAS DESCONSIDERADA PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA

REFUGIADOS À DERIVA NO MAR EUROPEU

Autores

  • Debora Regina Pastana Universidade Federal de Uberlândia (UFU

DOI:

https://doi.org/10.22409/rcj.v4i9.184

Palavras-chave:

Direitos Humanos, Meios de Comunicação de Massa, Refugiados/ Keywords, Human Rights, Mass Communication, Refugees/ Palabras-clabe, derechos humanos, Medios de comunicación en masa, Refugiados.

Resumo

O objeto de análise desta reflexão é o tratamento midiático dado ao aumento de refugiados oriundos dos conflitos pós-colonialistas em países como Líbia e Síria. Nesses países tensões oriundas dos novos arranjos de poder decorrentes do processo de descolonização produzem, por razões de sobrevivência, uma recente e dolorosa diáspora. Contudo, partimos da hipótese de que a informação desse tipo de deslocamento forçado é muitas vezes revestida apenas de caráter humanitário e associado a temas como pobreza, segurança nacional e diplomacia, desconsiderando, por sua vez, sua conotação política, historicamente permeada por conflitos e domínios imperialistas. Em uma perspectiva teórico-metodológica que busca dialogar com as reflexões sociológicas de Rodney Benson e Stuart Hall, entre outros, o presente artigo objetiva oferecer um enfoque crítico às reflexões sobre o hegemônico tratamento midiático direcionado à violência estrutural sofrida no momento atual pelos imigrantes à deriva.

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Biografia do Autor

Debora Regina Pastana, Universidade Federal de Uberlândia (UFU

Professora adjunta  do Instituto de Ciências Sociais (INCIS/UFU) e do corpo permanente de docentes do Programa de Pós-Graduação em Direito Público da UFU.

Coordenadora científica do Grupo de Estudos sobre Violência e Controle social (GEVICO). www.gevico.sociais.ufu.br.

Autora dos livros: Cultura do medo: reflexões sobre violência criminal, controle social e cidadania no Brasil, São Paulo: Editora Método, 2003; e Justiça Penal no Brasil atual: discurso democrático — prática autoritária. São Paulo: Editora UNESP, 2010. 

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Publicado

2017-12-09 — Atualizado em 2021-03-31

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