Ensaios de Geografia Essays
of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
ALVES, Daniel Cardoso. As subjetividades do agir socioambiental no atual cenário político brasileiro. Revista Ensaios de
Geografia. Niterói, vol. 6, nº12, pp. 10-29, setembro-dezembro de 2020.
Submissão em: 27/02/2020. Aceito em: 24/10/2020.
ISSN: 2316-8544
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que o local, como parte do global, se explica por suas subjetividades. Assim, o local
pode também ser compreendido como o lugar de uma sociedade, considerando que
Todos os lugares são pequenos mundos: o sentido do mundo, no entanto,
pode ser encontrado explicitamente na arte mais do que na rede intangível
das relações humanas. Lugares podem ser símbolos públicos ou campos de
preocupação [...], mas o poder dos símbolos para criar lugares depende, em
última análise, das emoções humanas que vibram nos campos de
preocupação (TUAN, 1979, p. 421).
Mas, sabendo-se que é perceptível aquilo que o sentido da visão permite ver,
logo, aquilo que é concreto, como perceber os pequenos mundos que um lugar carrega?
Sobre isso, diversas reflexões vêm numa perspectiva da análise do perceptível e do
visível para além do que é visto, ou seja, para além do aparente morfológico da
paisagem que salta aos olhos. A paisagem, assim, deixa de ser apenas forma, pois ela
“não é só o mundo tal e qual, é também uma construção, uma composição e uma forma
de ver o mundo" (NOGUÉI FONT, 1986, p. 36). Semelhantemente, Santos (2008)
assim a define:
A paisagem é o conjunto de objetos que nosso corpo alcança e identifica. O
jardim, a rua, o conjunto de casas que temos à nossa frente, como simples
pedestres. Uma fração mais extensa de espaço, que a nossa vista alcança do
alto de um edifício. O que vemos de um avião que voa a mil metros de altura
é uma paisagem, como a que apreendemos numa extensão ainda mais vasta,
quando de uma altura maior. A paisagem é o nosso horizonte, estejamos onde
estivermos (SANTOS, 2008, p. 84).
Os estudos sobre paisagem, cada vez mais, se concentram na sua característica
de dualidade: real e simbólica, em que, “[...] indesvinculável da idéia de espaço, é
constantemente refeita de acordo com os padrões locais de produção, da sociedade, da
cultura, com os fatores geográficos [...]” (YÁZIGI, 1998, p. 123). As paisagens dos
lugares são, assim, além de formas geográficas, produtos do imaginário social e, por
isso, estão num constante refazer-se, pois “A cada instante, há mais do que o olho pode
ver, mais do que o ouvido pode perceber, um cenário ou uma paisagem esperando para
serem explorados” (LYNCH, 1997, p. 1)
A significância do lugar pela sociedade, materializada e perceptível no agir
social, está associada com a valoração ambiental desse lugar. A imagem ambiental
como “[...] resultado de um processo bilateral entre o observador e seu ambiente”
(LYNCH, 1997, p. 7), será o reflexo da significância social do lugar, em que “[…] se o