Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
GUIGUES, Ana Luiza de Sá. VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO NA CIDADE DE ANGRA DOS REIS/RJ: NÚMEROS, DISPERSÃO
GEOGRÁFICA E IMPACTOS. Revista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 7, nº 13, pp. 11-30, abril de 2021.
Submissão em:25/04/2020. Aceito em: 21/02/2021.
ISSN: 2316-8544
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VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO NA CIDADE DE ANGRA DOS REIS/RJ:
NÚMEROS, DISPERSÃO GEOGRÁFICA E IMPACTOS
VIOLENCE AND EDUCATION IN THE CITY OF ANGRA DOS REIS/RJ:
NUMBERS, GEOGRAPHIC DISPERSION AND IMPACTS
Ana Luiza de Sá Guigues
1
Universidade Federal Fluminense
analuizaguigues@gmail.com
Resumo
O presente artigo visa abordar o aumento da violência urbana no município de Angra dos Reis/RJ, além de
sua dispersão geográfica pelos bairros da cidade e os impactos da mesma na educação do município. Nesse
sentido, a violência aqui abordada será aquela referente ao tráfico de drogas e às formas de crime que dele
decorrem, uma vez que tal fenômeno, nos últimos dez anos, apresentou um forte crescimento na região e
se mostra como a maior expressão de violência na cidade em detrimento de outras. O fenômeno, no entanto,
não se expressa de maneira uniforme na geografia da cidade, bem como seus impactos nas escolas do
município e no cotidiano dos moradores. Nesse contexto, através de consultas à, principalmente, dados
estatísticos disponíveis no Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro e à pesquisa do Projeto de
Extensão do IEAR/UFF DIAGNÓSTICO DE SEGURANÇA PÚBLICA E SOCIAL DO MUNICÍPIO DE
ANGRA DOS REIS, pôde-se comprovar essa desigual distribuição geográfica dos crimes, concentrados
majoritariamente em áreas mais pobres da cidade e assim, atingido com maior intensidade as escolas e
cidadãos localizados no entorno destas.
Palavras-chave
Angra dos Reis; violência; escola; tráfico de drogas.
Abstract
This article aims to address the increase of the urban violence in the city of Angra dos Reis/RJ, in addition
to its geographical dispersion throughout the city’s neighborhoods and its impacts on education in the town.
In this sense, the violence addressed here will be the one related to drug trafficking and the crimes that
result from it, since such phenomenon, in the last ten years, had a strong growth in the region and has been
the greatest expression of violence in the city to the detriment of others. The phenomenon, however, does
not express itself in a uniform way in the city’s geography, as well as its impacts in the schools of the town
and in the daily lives of its residents. In this context, through consultation from, mainly, statistics data
available on the Public Security Institute of Rio de Janeiro and from the research PUBLIC SECURITY AND
SOCIAL DIAGNOSIS OF THE CITY OF ANGRA DOS REIS - realized by the Extension Project from
IEAR/UFF- it could be verified this unequal geographic distribution of the crimes, concentrated mainly in
poor areas of the city and in this way, affecting more intensively the schools and the lives of the ones located
nearby.
Keywords
Angra dos Reis; violence; school; drug trafficking.
1
Graduanda em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói, RJ.
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GUIGUES, Ana Luiza de Sá. VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO NA CIDADE DE ANGRA DOS REIS/RJ: NÚMEROS, DISPERSÃO
GEOGRÁFICA E IMPACTOS. Revista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 7, nº 13, pp. 11-30, abril de 2021.
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Introdução
Ao longo dos últimos 10 anos, no período entre 2009 e 2019, a cidade de Angra
dos Reis, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, viu sua imagem na mídia
234
mudar
de forma abrupta. Se antes era conhecida e famosa por sua exuberante beleza natural - a
Mata Atlântica nas encostas da Serra do Mar e praias com águas cristalinas espalhadas
pelo continente e nas 365 ilhas - atraindo milhares de turistas todos os anos, agora as
referências à cidade se dão, em grande parte, pelo aumento severo da violência urbana no
cotidiano do município.
Dentro desse contexto, a violência que mais se faz presente é aquela ligada ao
tráfico de drogas, fenômeno que cresceu juntamente – e muito provavelmente é o fio
condutor dessa – com a violência na cidade de um modo geral. As inúmeras ocorrências
de tiroteios, derivadas de confrontos com a polícia e demais forças do Estado e entre
facções rivais são um dos traços mais marcantes desse cenário, mas não o único. O alto
número de homicídios dolosos – em grande maioria decorrentes de armas de fogo - o
número de roubos à residências e estabelecimentos comerciais, a apreensão de drogas por
tráfico, o registro de ocorrência de ameaças e o número de mortes por agentes do Estado
são outros parâmetros que por vezes sofreram um aumento ao longo dos anos de 2009 a
2019, evidenciando assim, o cenário infernal agora vivido pela cidade, que outrora era
considerada paradisíaca.
Assim como os demais estabelecimentos, órgãos e entidades da cidade que sofrem
constantemente com esse aumento da violência, as escolas do município têm implicações
cotidianas com a expansão desse fenômeno social. Com a intensificação das atividades
criminosas e sua expansão pelos bairros da cidade - e cabe aqui ressaltar que a maioria se
2
DE SOUZA, R. N. Destino turístico, Angra dos Reis pede socorro ao governo federal por causa da
violência. Jornal Extra, Rio de Janeiro, 23 dez. 2019. p. 1-1. Disponível em:
<https://extra.globo.com/casos-de-policia/destino-turistico-angra-dos-reis-pede-socorro-ao-governo-
federal-por-causa-da-violencia-24155173.html>. Acesso em: 15 nov. 2020.
3
RECORDTV. Guerra entra traficantes ameaça destino turístico de Angra dos Reis (RJ). RecordTV, 22
dez. 2019. Disponível em: <https://recordtv.r7.com/domingo-espetacular/videos/guerra-entra-traficantes-
ameaca-destino-turistico-de-angra-dos-reis-rj-22122019>. Acesso em: 15 nov. 2020
4
GALDO, R. Turistas e moradores de Angra vivem em meio a disputas de três facções, e homicídios
crescem. O GLOBO, Rio de Janeiro, 11 dez. 2017. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/rio/turistas-
moradores-de-angra-vivem-em-meio-disputas-de-tres-faccoes-homicidios-crescem-22174393>. Acesso
em: 15 nov. 2020
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concentra em áreas de favelas, ou pelo menos, de “morros”, como são chamados a maioria
dos aglomerados subnormais da cidade pelos próprios cidadãos – as escolas nas
adjacências, assim como seus alunos, professores e servidores, se tornam vítimas da nova
configuração urbana e social.
A este artigo - elaborado a partir de um projeto de pesquisa independente, ainda
em fase de desenvolvimento – cabe, portanto, identificar de que maneira tais violências
se dão na cidade, quais ocorrências são mais presentes geograficamente e quais seus
impactos nas escolas do município. Para tal fim, foram utilizados e analisados,
principalmente, dados estatísticos do Instituto de Segurança Pública do RJ e análises e
levantamentos presentes no DIAGNÓSTICO DE SEGURANÇA PÚBLICA E SOCIAL DO
MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS, pesquisa realizada pelo Projeto de Extensão do
IEAR/UFF, a serem discutidos a seguir.
Indicadores Estatísticos de Violência
Na intenção de demonstrar o aumento da violência em Angra dos Reis, tão
repercutido nas mídias e em manchetes de jornais, utiliza-se dados recolhidos do Instituto
de Segurança Pública (ISP/RJ) e do site Observa Angra, ao longo de um período de
aproximadamente 10 anos (2009 – 2019). Os parâmetros escolhidos são ocorrências
criminosas mais relacionadas ao tráfico de drogas, por considerar que tal fenômeno é o
maior vetor do aumento da violência geral em Angra dos Reis e também por considerar
que “a sensação de insegurança estaria profundamente marcada pela ação de traficantes
de drogas em comunidades locais” (RODRIGUES et al., 2017, p. 50).
Cabe ressaltar que, ao mesmo tempo que o tráfico aumenta tais violências, só é
possível reconhecer a presença marcante desse tipo de organização criminosa através dos
índices de violência que ele próprio alimenta e, portanto, tais violências, ao mesmo tempo
que são incentivadas pelo tráfico, são também amparadas e sustentadas por ele. Trata-se,
portanto, de um círculo vicioso de violência urbana, tornando então sua presença ainda
mais opressora, seu entendimento mais complexo e sua eliminação completa mais difícil.
Sendo assim, os índices escolhidos foram: (a) apreensão de drogas – tráfico de drogas;
(b) homicídio doloso; (c) morte por intervenção de agente do Estado; (d) registro de
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ocorrência de ameaças na 166 DP; (e) roubo à residência e ao comércio; (f) total de
registro de furtos e (g) total de registro de roubos.
(a) Apreensão de Drogas – Tráfico de Drogas
Gráfico 1: Apreensão de Drogas por Tráfico de Drogas (2010-2018)
Fonte: Observa Angra
No gráfico, é identificado um aumento da apreensão de drogas por tráfico ao longo
dos anos de 2010 a 2018, com o ano de 2018 apresentando a maior taxa no período, com
valores próximos de 300 apreensões.
(b) Homicídio Doloso
Gráfico 2: Homicídio Doloso (2009-2019)
Fonte: ISP-RJ.
Elaborado pela autora.
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No gráfico, é apresentado um aumento nas ocorrências de homicídio doloso durante
os anos de 2009 a 2019, sendo esse último ano o de maior número registrado, com valores
próximos de 140 ocorrências.
(c) Morte por Intervenção de Agente do Estado
Gráfico 3: Morte por Intervenção de Agente do Estado (2003-2018)
Fonte: Observa Angra
No gráfico, é identificado o número de mortes por intervenção de agentes do Estado
durante o período de 2003 a 2018, sendo o ano de 2018 o de maior número de casos, com
valores acima de 40 registros. Nota-se também que não houve registros para o ano de
2010.
(d) Registro de Ocorrências de Ameaças na 166 DP.
Gráfico 4: Registro de Ocorrências de Ameaças na 166 DP (2009-2019)
Fonte: ISP-RJ.
Elaborado pela autora.
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No gráfico, são identificados os registros de ocorrência de ameaças ao longo de
2009 a 2019, sendo o ano de 2013 o que obteve maior número de registros, ultrapassando
6000 casos.
(e) Roubo à Residência e ao Comércio
Gráfico 5: Roubo à Residência e ao Comércio (2010-2018)
Fonte: Observa Angra.
No gráfico, são expostos os dados de roubo à residência e ao comércio durante os
anos de 2010 a 2018, sendo o ano de 2013 o que apresenta maior número de casos,
atingindo quase 125 ocorrências.
(f) Total de Registro de Furtos
Gráfico 6: Total de Registro de Furtos (2009-2019)
Fonte: ISP-RJ.
Elaborado pela autora.
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No gráfico, são apresentados valores para o total de registro de furtos durante os
anos de 2009 a 2019, identificando uma queda nas ocorrências durante os 10 anos e com
o ano de 2019 com o menor valor, próximo de 400 registros.
(g) Total de Registro de Roubos
Gráfico 7: Total de Registro Roubos (2009-2019)
Fonte: ISP-RJ
Elaborado pela autora.
No gráfico, é exposto o total de registro de roubos durante os anos de 2009 a 2019,
com aumento significativo e tendo o ano de 2019 o maior número de registros, acima de
700.
Apesar de nem todos os índices apresentarem um aumento constante até o ano de
2019, fica claro que no período compreendido houve um incremento de boa parte do
registro das ocorrências criminosas relacionadas ao tráfico de drogas e suas respectivas
violências. Há ainda, também, eventuais tiroteios na cidade, em diversos bairros e
morros/favelas em decorrência de confrontos com a polícia e demais agentes do Estado e
facções rivais. Não há, no entanto, um agrupamento oficial de registros de tal ocorrência
como há dos demais índices, e por esta razão, até o momento de elaboração deste artigo,
não é possível quantificar o número e as estatísticas das trocas e disparos de tiros, apenas
constatar que elas se fazem presente no território angrense.
Desse modo, através do aplicativo colaborativo para celular “Onde Tem Tiroteio”,
que monitora em tempo real - através de informações fornecidas pelos próprios usuários
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- os disparos e tiroteios no Rio de Janeiro e em demais cidades, com Angra dos Reis
inclusa, é possível ter uma breve noção dessa realidade no município (figuras 1 a 6).
Figura 1: Informe de Tiroteio em Angra dos Reis (1)
Fonte: print screen do app “Onde Tem Tiroteio”. Acesso em 11 nov. 2019.
Figura 2: Informe de Tiroteio em Angra dos Reis (2)
Fonte: print screen do app “Onde Tem Tiroteio”. Acesso em 11 nov. 2019.
Figura 3: Informe de Tiroteio em Angra dos Reis (3)
Fonte: print screen do app “Onde Tem Tiroteio”. Acesso em 11 nov. 2019.
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Figura 4: Informe Tiroteio em Angra dos Reis (4)
Fonte: print screen do app “Onde Tem Tiroteio”. Acesso em 11 nov. 2019.
Concentração Geográfica da Violência
Assim como na cidade do Rio de Janeiro, a concentração de ocorrências
criminosas em Angra dos Reis se faz mais presente em bairros mais pobres, menos
atendidos pelos serviços públicos e com maior presença do tráfico de drogas, cabendo
ressaltar que tal organização criminosa - assim como também ocorre na capital do estado
– se faz mais presente em bairros com aglomerações subnormais. Tal conceito foi
utilizado pela primeira vez no Censo Demográfico do IBGE do ano de 1991, e caracteriza,
de forma generalizada, unidades habitacionais carentes de serviços básicos/essenciais e
distribuídas de forma densa e desordenada em terrenos de propriedade alheia (particular
ou pública).
A pesquisa realizada por docentes e graduandos do IEAR/UFF do curso de
Políticas Públicas, através do Projeto de Extensão DIAGNÓSTICO DE SEGURANÇA
PÚBLICA E SOCIAL DO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS explicita tal semelhança
ao constatar que as operações de repressão ao tráfico são mais constantes em bairros como
Japuíba/Campo Belo, Frade, Sapinhatuba (I, II e III), Camorim, Belém,
Mambucaba/Perequê e Bracuhy/Santa Rita (MONTEIRO, et al. 2018) e que em pelo
menos 5 desses, há presença de favelas. O Atlas de Angra dos Reis - Aspectos gerais,
elaborado pelo Grupo de Estudos da Baía da Ilha Grande (GEBIG), pertencente ao curso
de Geografia do IEAR/UFF, apesar de não os nomear, cita que há 37 aglomerados
subnormais em Angra dos Reis, nos quais vivem aproximadamente 60 mil pessoas (36%
do total do município), de acordo com o Censo de 2010.
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Figura 5: Mapa de Aglomerados Subnormais (favelas) em Angra dos Reis
Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2010)
Michael Chetry e Leonardo Vieira (2018)
Atlas de Angra dos Reis – Aspectos Gerais.
A pesquisa do Projeto de Extensão também identificou a ocorrência de tipos de
criminalidades por bairro, podendo, dessa forma, traçar uma relação com o domínio do
tráfico de drogas nos morros/bairros. Os resultados obtidos revelam que, para o índice de
homicídios dolosos (2006 -2016), os bairros com maior número de casos são
Japuíba/Campo Belo; Mambucaba/Perequê; Bracuhy/Santa Rita; Belém; Frade e
Sapinhatuba (I, II e III) e menciona ainda que
[...] os bairros com maior incidência de homicídios são também aqueles
associados, por ampla maioria dos entrevistados, a uma maior penetração do
tráfico de drogas na vida cotidiana da população. Os homicídios decorreriam,
em parte, de disputas entre facções criminosas, "acertos de contas" e
confrontos em operações policiais. (MONTEIRO et al., 2018, p. 33).
Para a tentativa de homicídio, “os bairros com maior incidência seriam aqueles,
teoricamente, mais afetados pelo tráfico de drogas” (MONTEIRO et al., 2018, p. 33) e os
três que apresentam as maiores taxas são Japuíba/Campo Belo com 118 registros, Frade
com 60 e Bracuhy/Santa Rita com 56. A atividade policial, restrita neste artigo a apenas
apreensão de drogas e morte por agentes do Estado, constata que os bairros com maiores
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registros da primeira atividade são Balneário, Belém e Bracuhy/Santa Rita e que “a taxa
de pessoas mortas por ação de agentes do Estado por 100.000 em Angra é superior àquela
observada no estado do Rio de Janeiro desde o ano de 2015” (MONTEIRO et al., 2018,
p. 49).
É evidente, portanto, que o tráfico de drogas e demais ocorrências violentas à ele
associadas se fazem presente no cotidiano angrense, e principalmente, daqueles que
habitam as favelas tomadas pelo crime organizado. É nesse contexto que se fundamenta
a parte final deste artigo, reservada a abordar os impactos do aumento das violências
anteriormente mencionadas nas escolas da cidade de Angra dos Reis.
Impacto nas Escolas da Cidade
Aulas são suspensas e unidades de saúde ficam fechadas em Angra após intenso
tiroteio.
5
é a manchete do jornal O Dia publicada em 10 de maio de 2019. No dia 19 de
novembro de 2019, o jornal local Tribuna Sul Fluminense publicou manchete semelhante:
Aulas em escolas são suspensas após confronto entre facções em Angra.
6
Ambas as
reportagens noticiam uma situação agora rotineira na cidade e o desespero que tal cenário
provoca naqueles que são vítimas, sejam eles estudantes, professores, pais ou servidores.
A reportagem do jornal O Dia informa que, após intenso tiroteio, as escolas do
bairro Sapinhatuba (I, II e III) tiveram as atividades suspensas para o dia seguinte, e que
a causa teria sido um confronto entre criminosos e policiais durante uma operação do
Batalhão de Polícia de Choque da PMERJ. Já a reportagem do Tribuna Sul Fluminense
informa que a direção de uma unidade escolar do bairro Areal decidiu suspender as aulas
do dia seguinte à uma noite de intenso tiroteio entre facções rivais no bairro e que, durante
o tiroteio, havia alunos e funcionários presos na escola.
“- Ficamos presos na escola. Os disparos foram tão fortes que parecia que o
tiroteio era no pátio da escola. Fechamos as grades e ficamos no corredor.
5
AULAS são suspensas e unidades de saúde ficam fechadas em Angra após intenso tiroteio. O Dia. Rio de
Janeiro, 10 maio 2019. Disponível em: <https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2019/05/5641189-aulas-sao-
suspensas-e-unidades-de-saude-ficam-fechadas-em-angra-apos-intenso-tiroteio.html>. Acesso em: 16 nov.
2020.
6
AULAS em escola são suspensas após confronto entre facções em Angra. Tribuna Sul Fluminense. Volta
Redonda, 19 nov. 2019. Disponível em: <https://tribunasf.com.br/aulas-em-escola-sao-suspensas-apos-
confronto-entre-faccoes-em-angra/>. Acesso em: 16 nov. 2020.
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Como foi uma invasão, sempre há uma retaliação, e por isso não haverá aula –
disse um funcionário da escola.” (Apud Jornal Tribuna Sul Fluminense, 2019).
Figura 6: Alunos e professores abaixados em escola durante tiros em Angra
Fonte: O Dia (maio/2019)
Outro caso, noticiado pelo jornal local A Voz da Cidade, reporta sobre ameaças
sofridas por uma professora da rede municipal de educação numa escola no Bracuhy,
além de recorrentes invasões da escola por indivíduos envolvidos com o tráfico e a
dificuldade dos professores de desviarem a atenção dos alunos para outros assuntos senão
as organizações criminosas presentes na cidade.
“- Paredes pichadas, ameaças de morte aos funcionários espalhadas pelas
paredes, sala dos professores revirada. [...] As invasões tem acontecido há 3
anos. Já as ameaças são inéditas! [...] Ainda segundo o professor, o tipo de
conversa que os alunos têm alterou com a violência. – Disputamos atenção
com o baile do tráfico.” (Apud Jornal A Voz da Cidade, 2018).
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Figura 7: Ameaça à professora em Angra dos Reis
Fonte: A Voz da Cidade (2018)
Mariana de Mello Reis, graduada em Pedagogia pelo IEAR/UFF, abordou
previamente a questão em sua monografia, ainda em 2014, ao relatar a suspensão de aulas
na E.M. Mauro Sérgio da Cunha, no bairro Campo Belo.
“Na semana passada nós tivemos que suspender as aulas por conta da violência
do tráfico. Eu já estava sabendo que um determinado bandido do Promorar
havia sido morto na Japuíba. Ele foi morto por um bandido da Tararaca. Então
o Promorar veio meio que com uma rixa, querendo retaliação. Eu dou aula no
segundo turno, então quando foram umas 16h, chegou a avó de um aluno aqui
desesperada dizendo que ia levar o neto porque teria um tiroteio, e os bandidos
mandaram fechar tudo. E ela levou. Dez minutos depois recebemos um
telefonema anônimo mandando fechar a escola. Aí todos foram embora,
fechamos a escola apavorados. No dia seguinte fomos trabalhar movidos pela
tensão. Quando se aproximou o horário das 10h, as mães começaram a vir
buscar os filhos. Por volta de 11h ligaram para a escola perguntando ‘Porque
a escola abriu? Não mandamos a escola abrir, era pra ter fechado.’ Segundo as
novas informações, era pra escola abrir só na sexta-feira. As crianças foram
dispensadas, em meio a muito reboliço das mães desesperadas. E o que fica
disso tudo é que estamos à mercê deles: hoje pode ter aula, amanhã pode não
ter. No outro dia eu pude dar aula, porque o tráfico deixou. Até hoje as crianças
comentam.” (gravação feita em 23 set. 2013, apud REIS, 2014, p. 26).
Dessa maneira, fica evidente que um dos maiores impactos nas escolas do
município se dá através do cancelamento e interrupção das aulas, comprometendo assim
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Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
GUIGUES, Ana Luiza de Sá. VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO NA CIDADE DE ANGRA DOS REIS/RJ: NÚMEROS, DISPERSÃO
GEOGRÁFICA E IMPACTOS. Revista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 7, nº 13, pp. 11-30, abril de 2021.
Submissão em:25/04/2020. Aceito em: 21/02/2021.
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a rotina – para mencionar apenas os impactos mais superficiais – de todos aqueles
envolvidos.
Nesse sentido, devido à proximidade de algumas escolas com as comunidades
angrenses - e considerando que muitas estão sob comando de facções criminosas - há
grande probabilidade de, primeiramente, os disparos, tiros, e balas perdidas atingirem as
escolas (e num pior cenário, em horário de aula) e em segundo lugar, que os alunos
acabem por se envolver com o tráfico de drogas e demais atividades criminosas. Nesse
aspecto, essa dinâmica se insere na lógica proposta por Lenon Suhett
7
sobre efeito-favela,
a qual o autor faz uma alusão intencional aos “efeitos do lugar”, de Pierre Bourdieu.
Assim, seu próprio conceito “denota a forma como a exclusão se configura no âmbito
escolar na favela como espaço segregado, numa reflexão muito bem construída sobre
cidadania, solidariedade e direitos humanos” (SUHETT, 2019, p. 62).
Essa lógica é discutida em seu artigo UM DEBATE GEOGRÁFICO SOBRE A
RELAÇÃO ESCOLA-ENTORNO NA PERIFERIA (2019), o qual argumenta que escolas
situadas na periferia, especialmente aquelas em favelas violentas, sofrem efeitos
específicos decorrentes de sua inserção nesses ambientes segregados dos demais.
Segundo o autor “a escola possui uma dimensão espacial própria, e que necessita ser
apreendida no debate sobre as desigualdades educacionais” e que
Ao enfatizarmos esta dimensão, damos relevo a uma série de práticas, conflitos
e territorialidades que se materializam dentro das escolas periféricas, sobretudo
nos espaços favelizados, que se encontram no cerne destas assimetrias
educacionais. Assim sendo, compreendemos que o contexto das favelas
violentas interfere nas escolas para além dos desempenhos acadêmicos dos
alunos, o que sugere também a modificação de elementos de seu próprio
ordenamento espacial (SUHETT, 2019, p. 60).
No que tange às interferências para além do desempenho acadêmico, o autor menciona
que há “condicionalidades que têm a capacidade de subverter as regras e as formas de
funcionamento do espaço escolar” (SUHETT, 2019, p. 62) e cita como exemplos:
[...] (a) eventos violentos que coíbem a escola de abrir [...] (c) a dificuldade do
controle dos fluxos de pessoas por constrangimento em tráfico e até mesmo (d)
a subversão de arranjos espaciais escolares que são alterados adaptando-se a
uma lógica externa (SUHETT, 2019. p. 62).
7
Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É professor de ensino fundamental
e médio. Tem experiência em educação não formal e ênfase na área de Geografia Urbana.
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Assim como para Suhett, considera-se que abordar o assunto do impacto da
violência nas escolas em Angra dos Reis a partir das perspectivas intra-escolares - ou
como o próprio autor chamou in loco
8
- é algo necessário, uma vez que um olhar mais
aproximado da escola, mais próximo do chão da escola
9
permite “compreender melhor
as implicações espaciais advindas da relação dialética entre o espaço escolar e o seu
espaço circunvizinho” (SUHETT, 2019, p. 62) além de alargar as compreensões da
Geografia da Educação, um campo ainda em construção no Brasil.
Esse novo subcampo, de acordo com Suhett é “[...] onde o espaço da escola tem
assumido uma centralidade, tendo a sua própria dialética entendida como um reflexo e
um condicionante das práticas educativas.” (2019, p. 61) e também um campo que
procura “[...] compreender os processos educacionais a partir de seus elos espaciais ao
valorizar o espaço escolar como lócus de materialização preferencial desses processos
[...]” (2019, p. 55).
Assim, a questão em Angra dos Reis - por se tratar de uma nova realidade que
impacta à todos e não somente aos moradores do município - pode (e deve!) ser abordada
dentro dos espaços escolares da cidade, e portanto, porque não propondo uma reflexão
aos próprios alunos dessas escolas? Nesse contexto, uma professora de geografia da rede
estadual de educação do Rio de Janeiro propôs como atividade para turmas do primeiro
ano do ensino médio da escola do município C.E. Arthur Vargas um questionário acerca
do assunto.
8
Ver SUHETT, L. Um debate geográfico sobre a relação escola-entorno na periferia, GIRAMUNDO, RIO
DE JANEIRO, V. 6, N. 12, 2019. p.62.
9
Idem.
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Figura 8: Questionário sobre a violência em Angra dos Reis (1)
Foto cedida à autora através da própria professora.
Figura 9: Questionário sobre a violência em Angra dos Reis (2)
Foto cedida à autora através da própria professora.
A reflexão e abordagem do tema proposto pela professora é de extrema
importância, não apenas por se tratar de um impacto negativo na cidade como um todo,
mas também por fazer pensar em como a violência ameaça as escolas das mais variadas
formas, seja atingindo o patrimônio material das instalações, seja suspendendo aulas por
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diversos dias, ou seja, afetando pais, alunos e servidores com ameaças e aliciamentos por
parte do crime organizado.
No que diz respeito à localização de tais ocorrências, apesar da questão não estar
exposta na atividade proposta, não é difícil imaginar que tal debate eventualmente venha
a surgir, e deve surgir. Entender por qual razão Angra dos Reis se encontra atualmente
imersa num cenário de violência proveniente do tráfico de drogas, e por qual razão é este
o tipo de violência que se manifesta em detrimento de outras (como a ocorrência de
milícias, por exemplo) é necessário, e mais ainda, identificar e entender por qual motivo
a concentração ocorre em bairros e comunidades específicas e não na cidade de uma
maneira uniforme.
Para estudiosos e autores do assunto, são inúmeras as razões para esse tipo de
violência se concentrar na cidade, e mais ainda, em determinados bairros/localidades.
Uma das hipóteses, citada no Conjuntura Costa Verde Ano 2, considera que
[...] esse fenômeno pode estar mais relacionado à dinâmica de alianças e
rupturas entre facções criminosas na disputa por territórios estratégicos para
refino e comercialização de drogas que à pressão provocada pela nova
modalidade de policiamento da capital (UPPs) (RODRIGUES et al, 2017, p.
55).
Já outra, abordada no DIAGNÓSTICO DE SEGURANÇA PÚBLICA E SOCIAL DO
MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS indica que
Consolida-se, durante a década de 1990, um processo de desconcentração
econômica que origina a emergência de novos polos, que atraem
investimentos, trabalho e migrações. Somado a esse processo, as deficiências
e insuficiências do aparelho do Estado e da Segurança Pública contribuem para
a atração da criminalidade e da violência nesses novos polos (MONTEIRO et
al., 2018, p. 10).
Angra dos Reis se insere nesse contexto uma vez que teve seu crescimento urbano
e socioeconômico mais recentes atrelados à períodos de concentração de novos polos
industriais, emprego e migrações, e posteriormente, a momentos de inchaço populacional
e desemprego, sendo estes problemas que o governo municipal se mostrou incapaz de
resolver. Essa condição é explicitada por Monteiro et. al ao dizer que
Identificamos uma tendência à manutenção do ritmo de crescimento da
população, uma tendência à concentração urbana, acompanhadas, porém, de
flutuações significativas na disponibilização dos postos de trabalho [...]
(MONTEIRO et al., 2018, p. 8).
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Somado a isso, há também a geografia da cidade, um município espremido entre
a Serra do Mar e o oceano Atlântico, com pouco espaço plano para seu crescimento, não
restando maiores opções senão “subir morro acima” em busca de espaço para a construção
de habitações. Assim como ocorre na capital, e como foi verificado anteriormente nesse
artigo, a presença de tráfico de drogas e domínio de facções nessas áreas está ligada a
essa condição geográfica, não cabendo a esse artigo, no entanto, examinar as razões para
tal relação.
Ainda que estudada, a questão da violência em Angra dos Reis está longe de ser
encerrada. Uma vez que a cidade ainda apresenta altos níveis de ocorrências criminosas
e seus efeitos continuam a impactar moradores, escolas, turismo e todo o município de
uma forma geral, é necessário que os estudos já existentes deem continuidade a seus
trabalhados e que outros - como este artigo - possam surgir.
Conclusão
O aumento da violência urbana no município de Angra dos Reis/RJ, além de sua
dispersão geográfica pelos bairros da cidade, apresenta implicações no espaço escolar
específico de escolas localizadas na periferia e na educação no município como um todo.
Ainda que flutuantes, sem uma homogeneidade entre si, os índices apresentados aqui
demonstram esse aumento e sua relação com a ocorrência opressora do crime organizado
na cidade. Sua ocorrência não se faz presente no território de Angra dos Reis de forma
generalizada, está dispersa por certos bairros/áreas, sendo estes geralmente localidades
mais pobres e com presença de favelas, acentuando assim as já existentes desigualdades
entre regiões do município.
O impacto nas escolas, por sua vez, e especialmente nas escolas situadas nessas
regiões mais vulneráveis e desfavorecidas, acaba sendo de forma ainda mais opressoras.
Tiroteios, ameaças, aliciamentos, domínio, acabam por fazer parte do novo cotidiano
dessas escolas, aumentando também suas desigualdades em relação às demais redes de
ensino de Angra. No entanto, por serem as escolas as fundadoras e disseminadores de
conhecimento, além de terem o propósito de formarem cidadãos críticos e conscientes de
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si próprios e do meio em que vivem, o debate acerca da atual realidade angrense é de
grande valor.
Logicamente não cabe aos educadores e muito menos aos alunos elucidarem e
solucionarem a questão por conta própria, mas o entendimento da questão de uma forma
clara e crítica, a partir das próprias escolas, permite que não somente o corpo estudantil,
como também a população do município de forma geral, desenvolvam melhores maneiras
de enfrentar, ou pelo menos resistir, ao novo cenário caótico da até então paradisíaca
cidade.
Referências
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de ameaças. A Voz da Cidade. Angra dos Reis, 4 set. 2018. Disponível em:
<https://avozdacidade.com/wp/professores-do-bracui-disputam-atencao-com-o-trafico-
e-sao-alvos-de-ameacas/>. Acesso em: 25 nov. 2019.
CHETRY, M.; VIEIRA, L. Atlas de Angra dos Reis - Aspectos gerais. Angra dos Reis:
Universidade Federal Fluminense, 2018.
ISP Dados Abertos: Visualização. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em:
<http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/index.html>. Acesso em: 19 nov. 2019.
MONTEIRO, F. D. et al (org.). Diagnóstico de Segurança Pública e Social do Município
de Angra dos Reis. Angra dos Reis: Universidade Federal Fluminense, 2018.
Observa Angra: Segurança Pública. Angra dos Reis, 2019. Disponível em:
<http://observa.angra.rj.gov.br/observatorioindicadores.asp?oi=7>. Acesso em: 19 nov.
2019.
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tiroteio. O Dia. Rio de Janeiro, p. 1-1. 10 maio 2019. Disponível em:
<https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2019/05/5641189-aulas-sao-suspensas-e-
unidades-de-saude-ficam-fechadas-em-angra-apos-intenso-tiroteio.html>. Acesso em:
25 nov. 2019.
REIS, M. de M. As Práticas Alfabetizadoras E As Classes Populares: Contextos, Relatos
E Imagens. 2014. 53 f. Monografia (Especialização) - Curso de Pedagogia, Universidade
Federal Fluminense, Angra dos Reis, 2014.
RODRIGUES, A. et al (org.). Conjuntura Costa Verde: Relatório executivo. 2. ed. Angra
dos Reis: Universidade Federal Fluminense, 2017.
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SUHETT, L. S. M. Um debate geográfico sobre a relação escola-entorno na
periferia. Giramundo, Rio de Janeiro, v. 6, n. 12, p. 53-64, jul. 2019.
TRIBUNA SUL FLUMINENSE. Aulas em escola são suspensas após confronto entre
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em: <https://tribunasf.com.br/aulas-em-escola-sao-suspensas-apos-confronto-entre-
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