Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
ANDRADE, Leandro de. Espaço regional metropolitano: a ampliação da produção do espaço na Região Metropolitana de São Paulo
a partir do Rodoanel. Revista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 6, nº 12, pp. 30-58, setembro-dezembro de 2020.
Submissão em: 17/05/2020. Aceite em: 15/12/2020.
ISSN: 2316-8544
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ação dos agentes hegemônicos na redução do espaço a simples meio físico, à coisa, à
mercadoria.
Entretanto, a despeito das transformações locais, parece-nos que a (re) produção
do espaço metropolitano não se limita a ações na escala local. Leopoldo (2018), ao se
debruçar sobre a produção espacial de Alphaville, mostra-nos que estamos diante de uma
tendência mais complexa de metropolização: uma metropolização-financeira, que implica
a produção de espaços regionais metropolitanos. Na perspectiva do autor:
As formas geradas no âmbito do processo de metropolização do espaço, como
os shopping centers, hipermercados, loteamentos fechados, sistemas
integrados de transporte, distritos de negócios, etc. espalham-se na e para além
da metrópole e sua região metropolitana (...) O metropolitano acirrou a divisão
dos espaços do trabalho, do lazer e da vida privada, que o urbano precipitava,
visto que a vida do homem metropolitano cada vez mais se realiza em uma
rede de metrópoles, cidades e regiões, na policentralidade. Isto impõe longos
deslocamentos e redimensiona as distâncias. Entretanto, em outras situações,
a lógica metropolitana operou na integração desses espaços, como no caso dos
condomínios exclusivos e loteamentos fechados, chamados por Allen Scott,
John Agnew, Edward Soja e Michael Storper (2001, p.21) de “assentamentos-
fortaleza”, em que um mesmo lugar se circunscrevem os espaços do lazer, do
trabalho e da vida privada. (LEOPOLDO, 2018, pp. 137-138).
Essa reflexão ajuda-nos a perceber que a totalidade do processo não diz respeito
apenas à realização do capital global no espaço urbano local, mas também à produção de
um espaço regional metropolitano, o qual, tentar-se-á argumentar neste texto, também
está intrincado à relação dialética de produção de escalas. No ponto de vista de Lencioni,
estamos diante de uma nova determinação histórica:
[...] Esse processo é uma determinação histórica porque se coloca como
condição, meio e produto fundamental para reprodução social contemporânea.
A metrópole contemporânea, a que exprime o momento mais avançado da
urbanização, a que revela uma nova época, é condição para reprodução do
capital e, ainda, um produto do próprio capital. Nesse sentido, é precisamente
uma condição, meio e produto do momento de reprodução cuja determinação
reside no capital imobiliário e financeiro (LENCIONI, 2017, p.81).
Dessa maneira, pode-se assegurar que há, sob a égide da globalização, um
processo mais complexo de metropolização, o qual resulta em espaços regionais