Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
OLIVEIRA, Laysa Camilla Brant; PEREIRA, Anete Marília. A GEOGRAFIA DAS REDES DE SUPERMERCADO: considerações
sobre o Norte de Minas Gerais. Revista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 7, nº 14, pp. 52-78, maio-agosto de 2021.
Submissão em: 24/02/2021. Aceito em: 08/06/2021.
ISSN: 2316-8544
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SEÇÃO ARTIGOS
A GEOGRAFIA DAS REDES DE SUPERMERCADO:
considerações sobre o Norte de Minas Gerais
LA GEOGRAFÍA DE LAS REDES DE SUPERMERCADO:
consideraciones sobre el Norte de Minas Gerais
Laysa Camilla Brant Oliveira
1
Universidade Estadual de Montes Claros
brant2121@gmail.com
Anete Marília Pereira
2
Universidade Estadual de Montes Claros
anete.pereira@unimontes.br
Resumo
Nas cidades médias e pequenas a atração de novos empreendimentos econômicos ligados ao consumo,
como os supermercados, potencializam a compreensão da produção do espaço urbano na
contemporaneidade. Torna-se importante analisar as decisões locacionais desses empreendimentos e as
transformações espaciais que eles acarretam. Nessa perspectiva, o presente artigo tem por objetivo refletir
sobre a instalação de supermercados, integrantes de redes reconhecidas em nível estadual ou nacional, no
Norte de Minas Gerais. Para tanto, utilizou-se uma metodologia baseada em análise bibliográfica sobre a
dinâmica urbana-regional e a estratégia locacional; pesquisa de dados secundários em sites das redes de
supermercados; uso do Google Earth para identificar os estabelecimentos e elaboração de mapas. Como
resultado, verificou-se que esses supermercados ao se instalarem em determinado local buscam atrair
consumidores intra e interurbanos, promovendo maior conexão entre municípios.
Palavras-chave
Comércio; Espaço Urbano; Empreendimentos.
Resumen
En ciudades medianas y pequeñas, la atracción de nuevos desarrollos económicos vinculados al consumo,
como los supermercados, potencian la comprensión de la producción del espacio urbano en la época
contemporánea. Es importante analizar las decisiones de ubicación de estos desarrollos y las
transformaciones espaciales que conllevan. En esta perspectiva, este artículo tiene como objetivo
1
Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros UNIMONTES. ORCID id:
https://orcid.org/0000-0003-2108-0073
2
Doutora em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia UFU. Professora do Departamento de
Geociências, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social e do Programa de Pós-Graduação
em Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. ORCID id:
https://orcid.org/0000-0001-7084-7109
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reflexionar sobre la instalación de supermercados, integrantes de cadenas reconocidas a nivel estatal o
nacional, en el Norte de Minas Gerais. Para ello, se utilizó una metodología basada en el análisis
bibliográfico sobre la dinámica urbano-regional y la estrategia de localización; investigación de datos
secundarios en sitios de cadenas de supermercados; uso de Google Earth para identificar establecimientos
y elaboración de mapas. Como resultado, se encontró que estos supermercados, cuando se instalan en una
determinada ubicación, buscan atraer consumidores intra e interurbanos, promoviendo una mayor conexión
entre los municipios.
Keywords
Negocio; Espacio Urbano; Empresas.
Introdução
A descentralização de determinadas atividades comerciais nas cidades, em função
de deseconomias de aglomeração, altera a dinâmica urbana, possibilitando a valorização
de novas áreas. Desse modo, bairros periféricos se tornam atuais nichos de mercado,
caracterizando uma nova espacialidade urbana. Também geram dinâmica em fluxos
econômicos, expandem o nível de influência espacial, possibilitam o surgimento de novas
centralidades um conjunto formado por comércio, prestação de serviços e ocupação
populacional. E “[...] o comércio, enquanto uma atividade urbana, tem uma característica
que lhe é peculiar: ele possui a capacidade de transformar não apenas a função, mas
também o significado dos lugares” (CLEPS; SILVA, 2009, p.7).
Harvey (2005) discute a teoria espacial em relação ao capital, considerando
determinantes que identificam espaços como ideais para produção e investimento, como
a logística, o acesso a meios de informação e a localização estratégica. A mobilidade de
empresas pode ocasionar a valorização do espaço urbano, assim como construir uma nova
configuração em seu entorno, de caráter populacional, ou comercial, atingindo a
população intra e interurbana.
As atividades terciárias como o comércio e prestações de serviço são valorizadas
quando “[...] novas formas de produção e reprodução interagem com o espaço, implicam
e engendram novas formas urbanas que se caracterizam pela ampliação dos fluxos
financeiros, do comércio, da informação, formam redes [...]” (CLEPS, 2005, p.28-29).
Para compreender o processo do comércio e sua disseminação pelo território
brasileiro é relevante lembrar as antigas feiras livres realizadas em vias públicas, como
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avenidas e praças, que eram pontos de encontros entre comerciantes e consumidores. Para
acomodar os feirantes, os Mercados Municipais foram construídos, ofertando espaços
cobertos e com estrutura para os comerciantes que antes atuavam em vias públicas. As
vendas em feiras livres eram comuns tanto no varejo como no atacado. O espaço para o
atacado também se tornou pequeno nos mercados e foram criadas áreas conhecidas como
Centrais de Abastecimento - CEASAs .
Um dos tipos de comércio que vem contribuindo para essa transformação do
espaço urbano são os supermercados. Nesse comércio o cliente tem acesso ao
autosserviço - escolhe seu produto sem limitações de balcões e realiza o pagamento nas
saídas desses empreendimentos por meio de check-outs (caixas).
O setor do comércio tem exercido a função de unir o consumidor final ao
fornecedor, sendo potencialmente um gerador de emprego e renda. Em 2018 empresas
comerciais do varejo e atacado foram responsáveis por contribuir em 44,9% da receita
operacional líquida de R$3,7 trilhões (diferença entre receita quida e deduções). Os
supermercados e hipermercados corresponderam a 13,2% desse total de receita
operacional líquida (IBGE, 2018).
É válido discutir possibilidades de modificação do espaço urbano a partir da
distribuição de supermercados que fazem parte de redes em cidades da região Norte de
Minas nos últimos anos, assim como refletir sobre a importância desses supermercados
em cidades médias ou pequenas e sua dinâmica econômica e sócio-espacial. Nessa
perspectiva, o objetivo desse artigo consiste em refletir sobre a instalação de
supermercados, integrantes de redes reconhecidas em nível estadual ou nacional, no Norte
de Minas Gerais.
Materiais e Métodos
Foi realizada inicialmente discussão teórica abordando a dinâmica do espaço
urbano, o comércio de supermercados e hipermercados, e sobre estratégias locacionais.
Utilizou-se de autores como Carlos (2018), Secchi (2006), Alves (2011), Cleps (2004),
Pintaudi (1981), Salgueiro (1989), entre outros.
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Para identificar as redes atuantes na região em estudo foram consultadas fontes
como Associação Brasileira de Supermercados ABRAS e Associação Mineira de
Supermercados AMIS. Devido ao quantitativo diversificado desse tipo de comércio,
procurou-se filtrar e concentrar a análise em redes de grande porte. A partir dos seguintes
critérios: 1. A rede constar entre os 50 primeiros supermercados e hipermercados em
níveis nacional e regional, no ranking da ABRAS e da AMIS, em 2020; 2. A rede não ser
de origem local; 3. A rede não ter sede instalada na região. Sendo esses critérios basilares,
as redes que se encaixam no perfil presentes na região são: Cencosud Brasil Comercial
Ltda. Rede Bretas que ocupa, em nível nacional, o lugar em 2020; Rede
Supermercados BH, ocupando lugar no ranking nacional e lugar no ranking mineiro
em 2020; Rede Mart Minas em nível nacional, ocupa o 10º lugar e, no ranking mineiro,
o lugar em 2020; e CEMA - Central Mineira Atacadista Ltda. - Rede Villefort -
ocupando o 26º lugar no âmbito nacional e o lugar no ranking mineiro, em 2020
(NUNES FILHO, 2020).
Também foram considerados supermercados de redes presentes na região e que
não atenderam exatamente a todos os critérios anteriores, mas que são representativos em
cidades pequenas da região, como é o caso da rede Smart. De caráter associativista, a rede
Smart se distribui por quase todos os estados do Brasil e foi considerada, em 2019, pela
ABRAS, a 13ª melhor entre 300 lojas no segmento de varejo. Outra rede de
supermercados importante é a Cordeiro que também faz parte das principais 300 maiores
empresas, estando no ranking de 2016, ocupando a posição 290 e tendo um crescimento
de venda considerável de 12,46% entre 2015 e 2016 (SBVC, 2017).
Foi feita consulta em sites das redes citadas, o que possibilitou identificar as
cidades em que estão presentes. Dessa forma, foi produzido o mapeamento da distribuição
dos supermercados no Norte de Minas e a quantidade de supermercados dessas redes em
cada cidade.
Dinâmica econômica do espaço urbano: considerações sobre o Norte de Minas
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A cidade como resultado de um processo de produção coletiva, simultaneamente,
é um espaço de realidades díspares, por isso heterogêneo. Carlos (2007) discute a
produção e reprodução do espaço por meio das ações humanas, de sua apropriação e uso
ao longo do tempo. Na cidade capitalista, o que mais salta aos olhos é a sua
heterogeneidade. [...] resultado do uso diferenciado do solo urbano, que se produz e se
reproduz de forma desigual, [...] resultado das desigualdades sociais presentes em nosso
país.” (CARLOS, 1992, p. 23).
A cidade é o espaço que está em constante formação, os novos usos do espaço
urbano representam os “[...] novos itinerários privilegiados, de novos lugares de
comércio, de lazer, de comunicação e de interação social, de uma nova geografia de
centralidades, [...] (SECCHI, 2006, p.91). O espaço urbano tem se transformado em
campo para transformações capitalistas e forças produtivas.
Cleps (2004) afirma que existem várias formas de apropriação por meio de
diferentes segmentos da economia. Em suas palavras
Através da presença quase maciça de supermercados e hipermercados, de
shopping centers, de empresas multinacionais de fast food, de redes de
franquias, de novos sistemas viários que dão acesso aos grandes
estabelecimentos comerciais, geralmente localizados às margens de grandes
avenidas, surgiram diferentes formas de apropriação do espaço. (CLEPS, 2004,
p. 118)
O espaço urbano é complexo em suas várias formas e se modifica constantemente,
pois novas configurações e adaptações que surgem, a partir da necessidade dos agentes
sociais, e da população que ali vive. É heterogêneo e passa por processos de
transformação de forma desigual, portanto ocorre que algumas cidades são mais
concentradoras de investimentos e se desenvolvem mais que outras. Os setores da
economia (primário, secundário e terciário) contribuem para o desenvolvimento dos
espaços urbanos. Por exemplo, o setor terciário tem como categorias o comércio e a
prestação de serviços, que podem modificar o espaço em que se inserem assim como
reorganizá-lo. No caso do comércio, Silva (2014) afirma que:
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[...] as diversas formas que o comércio vem criando ao longo das últimas
décadas é relevante para os estudos geográficos, pois o padrão territorial de
localização, suas estratégias e o modo de consumo que estas formas induzem,
revelam parte das dinâmicas da sociedade atual (SILVA, 2014, p. 161).
O comércio varejista e atacadista vem ganhando espaço principalmente no
autosserviço de supermercados e hipermercados, atendendo a população intra e
interurbana. Tal fato implica estratégias locacionais que vão definir onde esses
estabelecimentos comerciais vão se instalar para atingir o maior número de clientes
possível. Para entender a dinâmica e estrutura de supermercados e hipermercados, é
necessário compreender as diferenças entre mercados de vizinhança, supermercados e
hipermercados. São tipos de comércio criados para atender a população local, de uma
região ou de uma cidade inteira. Ofertam produtos variados no intuito de atender as
necessidades da população local.
Pintaudi (1981) afirma que supermercados são espaços concentradores de
território e capital, dão acesso a um grande conjunto de produtos para a população,
facilitando que não haja a necessidade de se deslocar para comércios especializados em
cada tipo de mercadoria.
Para Salgueiro (1989) existem três formas de comércio alimentício, o
minimercado - evoluiu das mercearias, comerciante com menor capital; o supermercado
- faz parte de uma cadeia produtiva e atende o consumidor final; e os hipermercados -
agregam volume financeiro e estão sujeitos a atender empresas de médio e pequeno porte.
No estado de Minas Gerais, os supermercados que compõem redes têm sido cada
vez mais comuns nas diversas regiões, independentemente do porte das cidades. Redes
supermercadistas como Smart, BH, Cordeiro, Villefort, Bretas e Mart Minas são
exemplos dessa disseminação pelo território mineiro. Tem-se o caso da rede de
supermercados Mart Minas, fundada em 2001, na cidade de Contagem (MG), que possui
40 lojas em cidades consideradas polo, com lojas amplas, estacionamento próprio,
atendendo o atacado e varejo
3
.Em 17 anos a rede está presente em todas as regiões de
Minas Gerais, e no ano de 2018 tinha 30 lojas operando, seguindo em expansão em
3
Informações disponíveis em: <https://br.linkedin.com/company/mart-minas-atacado-e-varejo>.
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2019 com geração de mais de 1.500 empregos diretos e 1.000 indiretos (GÔNDOLA,
2019).
Existem diferentes regionalizações elaboradas por instituições federais e estaduais
que atuam no estado de Minas Gerais, cada uma delas baseada em critérios e objetivos
específicos. No caso desse artigo, utilizou-se a divisão do estado estabelecida pela antiga
Secretaria do Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN), hoje Secretaria de
Planejamento e Gestão (SEPLAG), que contempla dez Regiões de Planejamento: Alto
Paranaíba com 31 municípios, Central com 158 municípios, Centro-Oeste de Minas com
56 municípios, Jequitinhonha/Mucuri com 66 municípios, Mata com 142 municípios,
Noroeste de Minas com 19 municípios, Norte de Minas com 89 municípios, Rio Doce
com 102 municípios, Sul de Minas com 155 municípios e Triângulo com 35 municípios
4
.
Segundo a Associação Mineira dos Municípios - AMM (2014) na região Norte de
Minas (figura 1) vive 8,2% da população mineira, a maioria em área urbana, sendo a taxa
de urbanização de 69,4%. Historicamente, a formação dessa região se deu por meio da
expansão pecuária extensiva, atividade econômica que deu origem a núcleos urbanos
distantes uns dos outros, configurando uma rede urbana pouco densa (PEREIRA;
SOARES, 2005). Essa atividade econômica não foi o suficiente para impulsionar o
desenvolvimento regional.
4
Informações disponíveis em: <https://www.mg.gov.br/conteudo/conheca-minas/geografia/regioes-de-
planejamento>. Acesso em: 09 dez. 2021.
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Figura 1: Localização região Norte de Minas Gerais
Fonte: Elaborado pelos autores, 2020
Na década de 1960 a região foi inserida na área de atuação da Superintendência
de Desenvolvimento do Nordeste SUDENE, cujos incentivos foram destinados à
modernização do campo (pecuária bovina, irrigação e reflorestamento) e à
industrialização. Os investimentos na indústria também foram um dos motivos principais
de atração populacional, organização espacial e crescimento econômico de alguns
municípios.
Em análise mais recente, entre os anos de 2010 e 2017, segundo a Fundação João
Pinheiro (FJP,2020), os setores econômicos e o Valor Adicionado Bruto - VAB total da
região sofreram alterações. Em 2010, a agropecuária correspondia a 10% e, em 2017, caiu
para 8,1%. Essa é uma atividade econômica tradicional na região, portanto, ainda segue
presente na economia regional. Também houve queda da produção industrial entre os
anos de 2010 e 2017, sendo que, em 2010, representava 21% e, em 2017, correspondeu a
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15,6%. A FJP (2020) atribui essa queda dos setores agropecuário e industrial à crise
econômica no triênio de 2014-2016
5
.
Essa desindustrialização atingiu os principais municípios da região, no entanto, o
setor de serviços apresentava, em 2010, um total de 40,2% e, em 2017, teve alta de 5,3%.
Em momentos de crise, algumas atividades sobressaem mais que outras, principalmente
pela necessidade de se buscarem novas alternativas econômicas. O restante da
percentagem foi atribuído à administração pública que, em 2010, correspondia a 28,8%
e, em 2017, subiu para 31% (FJP, 2020). Os municípios que mais contribuíram com o
PIB da região, entre os anos de 2010 e 2017, estão listados na (Tabela 1).
Tabela 1: Participação do município no PIB de Minas Gerais (2010 - 2017)
Municípios
2010 (%)
2017 (%)
Montes Claros
1,4
1,6
Pirapora
0,3
0,3
Janaúba
0,1
0,2
Bocaiúva
0,1
0,1
Várzea da Palma
0,2
0,1
Januária
0,1
0,1
Jaíba
0,1
0,1
Salinas
0,1
0,1
São Francisco
0,1
0,1
5
Para compreender melhor sobre essa crise ver Holanda Filho (2017).
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Taiobeiras
0,1
0,1
Buritizeiro
0,1
0,1
Porteirinha
0,0
0,1
Francisco Sá
0,0
0,1
Brasília de Minas
0,0
0,1
Grão Mogol
0,1
0,0
Demais
0,9
1,1
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP, 2020). Elaborado por autores.
Alguns municípios também contribuem no balanço de exportação, como Montes
Claros, Pirapora, Riacho dos Machados, Janaúba, Capitão Enéas, Várzea da Palma e
Bocaiúva. Geralmente os produtos de exportação são: hidrogênio, gases raros, elementos
não metálicos, produtos farmacêuticos, ouro, ferro fundido, ferro e aço, carnes, soja,
resíduos de extração de óleo de soja, calçados, madeira, carvão vegetal e obras de
madeira, partes e acessórios de automóveis. Os municípios que além de Montes Claros se
destacam em produtos da exportação são: Pirapora
6
que exporta gases industriais, ferro-
ligas e soja; Riacho dos Machados que exporta apenas ouro; Janaúba se destacou com
carnes de bovinos; Várzea da Palma com ferro-ligas, gases industriais e carvão vegetal; e
Bocaiúva se destaca com peças de automóveis, ferroligas e magnésio.
6
O Terminal Integrador TI de Pirapora (MG) é um importante ativo de integração da VLI. O TI Pirapora
é responsável pela captação de cargas em importantes regiões produtoras agrícolas, como Minas Gerais,
Bahia e Goiás. Principais Produtos: Soja e milho. Quanto à estrutura, são 5 silos de armazenagem, com
capacidade estática de 44 mil toneladas; sistema de alta performance em modelo de pera para carregamento
e descarga ferroviária; carregamento ferroviário de grãos e descarga rodoviária de grãos. Disponível em:
<https://www.vli-logistica.com.br/conheca-a-vli/terminais/ti-pirapora/>. Acesso em: 09 out. 2020.
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Quanto ao crescimento populacional urbano, em 1991, a população da região era
de 1.359.049 habitantes e, em 2000, eram 1.492.715 habitantes e taxa de crescimento
de 9,84%. De acordo com o Censo Demográfico do IBGE, em 2010, a população total da
região passa para 1.610.413 habitantes, com aumento da população urbana para 1.118.294
habitantes, enquanto que a rural era de 492.119 habitantes. (IBGE, 2010)
A referida região é caracterizada no contexto estadual pelo baixo desenvolvimento
econômico e pela pobreza. Pereira e Souza (2018) apresentam alguns indicadores, com
base no censo de 2010, que comprovam essa situação como: a taxa de analfabetismo de
27,66%; a população com renda domiciliar per capita inferior a R$140,00 representa
33,79%. Acrescentam que a taxa de urbanização do Norte de Minas, em 2014, era de
58,29%, muito inferior à média das outras regiões do estado. Cabe ressaltar que a região
não é homogênea, havendo municípios com indicadores melhores.
Montes Claros é o município que mais se articula com outras cidades importantes
dentro e fora do estado; sendo esse um dos fatores relevantes que ajudam a compreender
o papel que a cidade exerce em sua região. São vários os estudos que tratam dessa
centralidade regional como os de Amorim Filho, Bueno e Abreu (1982), Amorim Filho e
Abreu (2000); Arruda e Amorim Filho, (2002); Pereira e Lemos (2004), bem como as
pesquisas sobre as Regiões de Influência das Cidades (REGIC) produzidos pelo IBGE
7
.
Pereira (2007, p. 275) ressalta que:
Em todos esses estudos a cidade de Montes Claros surge como um centro
regional que comanda as áreas do seu entorno e os municípios com menor
diversidade de funções. Abriga fluxos regulares de mercadorias, pessoas,
informação, interagindo com a capital estadual (que a polariza) e com
municípios vizinhos.
Cabe acrescentar que em 2012, Montes Claros contribuiu sozinha com 33,06%
do PIB regional, o que reforça seu papel-chave na promoção do desenvolvimento social
regional [...].” (FIEMG, 2017, p. 62). A industrialização inseriu maior dinâmica no espaço
7
Publicado em 2020, o REGIC 2018 apresenta a cidade de Montes Claros como Capital Regional A que
polariza os Centros Sub-Regionais B: Janaúba/MG, Pirapora-Buritizeiro/MG e Januária (MG); os Centros
de Zona A: Bocaiúva (MG), Salinas (MG) e Taiobeiras (MG); os Centros de Zona B: Brasília de Minas
(MG), Mato Verde (MG), Montalvânia (MG), Monte Azul (MG), Porteirinha (MG), São Francisco (MG),
São João do Paraíso (MG), Várzea da Palma (MG) e Varzelândia (MG) e os demais 72 municípios que
compõem a região.
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urbano, promoveu a aceleração da urbanização; a economia agropecuária inicialmente
provedora do desenvolvimento regional desacelerou e o comércio se fortaleceu. Assim, o
setor terciário se disseminou pelo espaço urbano, atendendo demandas da população local
e regional.
O comércio se expande pela área central, amplia-se, e espaços antes residenciais
começam a servir para diversos tipos de comércio (MOURA, 2008). O crescimento
urbano foi se desenhando para além da área central e o comércio foi ocupando também
áreas mais periféricas da cidade. Assim, o centro não é a única área concentradora do
comércio (de vestuário, farmacêutico, autopeças; floriculturas; sapatarias;
eletrodomésticos; papelarias; óticas; joalherias; supermercados; autopeças etc.).
Esse fenômeno de concentração comercial também ocorreu em cidades de menor
porte do Norte de Minas, porém, alguns comércios podem ser instalados tanto em regiões
centrais como periféricas das cidades, dependendo de variáveis: localização, tamanho,
formato, etc. A seguir serão analisadas as redes de supermercados presentes na região.
Resultados
O comércio em supermercados têm dominado a área urbana, representado por
grandes redes, também presente por meio de associativismo e empresariado
independente. Disseminados pela área urbana, têm proporcionado uma nova geografia
para as regiões de planejamento; modificam o espaço em que ocupam a partir de sua
estrutura física, mobilizam a articulação do tráfego, buscando atingir consumidores de
vários cantos da cidade. É notável a quantidade significativa de algumas redes de
supermercados que dominam o comércio nesse setor.
São empreendimentos que em alguns casos necessitam de ocupar grandes áreas,
podem ofertar estacionamento próprio, geram emprego para a população local e se
diversificam entre a comercialização de produtos no atacado e varejo. Alguns ofertam a
restaurantes para maior comodidade do cliente, lojas de conveniência, postos de gasolina,
etc. As redes em questão são: Smart, Cordeiro, Bretas, BH, Mart Minas e Villefort.
Supermercados da rede associativa Smart estão distribuídos em várias cidades do
Brasil; pequenos e médios empresários locais optam por serem representados por uma
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AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
OLIVEIRA, Laysa Camilla Brant; PEREIRA, Anete Marília. A GEOGRAFIA DAS REDES DE SUPERMERCADO: considerações
sobre o Norte de Minas Gerais. Revista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 7, nº 14, pp. 52-78, maio-agosto de 2021.
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marca existente. A bandeira Smart foi inaugurada na cidade de Uberlândia no ano de
2000, uma criação do Grupo Martins Comércio e Serviços de Distribuição S/A (no
mercado desde 1953, com origem na cidade de Uberlândia - MG). Em 2013, foi
considerada a maior rede de supermercado por associação do Brasil pela ABRAS. Entre
2017 e 2018, seu Centro de Distribuição foi inaugurado no estado de Goiás, e no ano de
2019 começou a trabalhar com vendas on-line, uma nova opção para comodidade dos
clientes. Essa rede teve destaque em 2019 como a 13ª melhor em desempenho no varejo
entre as 300 melhores empresas, em nível nacional. Tem mais de 500 lojas filiadas, em
400 municípios, estando presente em cerca de 20 estados brasileiros e contabiliza
aproximadamente 20 mil empregados
8
.
No Norte de Minas está presente em: Brasília de Minas (2), Buritizeiro (1),
Capitão Enéas (2), Icaraí de Minas (1), Jaíba (1), Janaúba (2), Lontra (1), Luislândia (1),
Manga (1), Montalvânia (1), Montes Claros (8), São Francisco (2), Ubaí (1), Varzelândia
(1) num total de 25 lojas.
No mercado desde o ano de 1993, a rede Cordeiro foi idealizada por João
Cordeiro. A primeira loja fundada na cidade de Diamantina (MG) no Vale do
Jequitinhonha, como Mercearia Cordeiro, de porte pequeno. Em 1997, inaugurou uma
loja de porte maior na mesma cidade, passando a ser a matriz da rede. Em 2006, construiu
um supermercado de porte maior no centro da cidade de Diamantina. Em 2010, inaugurou
uma loja em Curvelo (MG); em 2011, passou a concentrar a parte administrativa,
centralizando operações por uma questão de localização estratégica no estado. Em 2012,
ganhou destaque regional pela revista Gôndola; em 2015, inaugurou sua terceira loja em
Diamantina. Em 2016, estava na posição 290 entre as principais 300 empresas do
segmento de varejo e entre as maiores empresas; nesse mesmo ano, foi classificada na
posição 138 com apenas seis lojas; tendo entre os anos de 2015 e 2016 um crescimento
de venda considerável de 12,46%. Está no formato “atacarejo” desde 2019 nas cidades de
Araçuaí (MG) e Curvelo. Tornou-se um grupo que atua com, aproximadamente, 1.500
colaboradores nas regiões Central e Norte de Minas
9
. Expande-se para a região do Norte
8
Informações disponíveis em: <https://smartsupermercados.com/quem-somos/>.
9
Informações disponíveis em: <https://supercordeiro.com.br/quem-somos/>.
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de Minas, desde 2002; inicialmente, em Pirapora, e, em 2008, a segunda loja na mesma
cidade. Em 2017, foi inaugurada uma loja na cidade de Montes Claros, a sétima da rede.
Em 2020, inaugurou mais uma loja em Salinas, num total de quatro lojas presentes nas
cidades do Norte de Minas. Em Taiobeiras, previsão de instalação em 2021, porém
sem data de inauguração programada.
A rede Bretas tem 81 lojas entre os estados de Minas Gerais e Goiás. Criada em
1954 no estado de Minas Gerais, na cidade de Santa Maria de Itabira, onde Nilo Bretas
atuava como comerciante, fornecendo produtos no atacado. Era uma empresa familiar
entre irmãos, pais e filhos. A primeira filial em Timóteo (MG) se expandiu na década de
1980, era a primeira experiência no autosserviço (LOPES, 2012). No ano de 1999, a rede
construiu sua primeira sede e, em 2006, o Centro de Distribuição; ambas em Goiânia
(GO). Criou células regionais para atender melhor e administrar as lojas em cada cidade
em que estava presente.
Em 2010, passou a fazer parte do grupo varejista latino-americano, o Cencosud,
que atua na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru, e possui escritório comercial na
China. A rede também trabalha com postos de combustíveis, num total de 12 lojas em
Goiás e Minas Gerais. Como forma de pagamento, além das demais, trabalha com seu
próprio cartão Ceconsud. Em 2016, mudou seu Centro Administrativo de Contagem
(MG) para Goiânia (GO)
10
. Segundo a revista Gôndola (2019), a rede Bretas é uma das
principais redes supermercadistas do Brasil e se mantém no páreo competitivo da
América Latina, estando presente, em 2019, num total de 35 cidades brasileiras (28 lojas
no estado do Goiás e 50 lojas em Minas Gerais). No Norte de Minas está presente desde
o ano de 1992, na cidade de Montes Claros (CARVALHO, 2007). Atualmente, tem cinco
lojas nessa cidade, bem como unidade uma Janaúba e uma Pirapora, totalizando, no Norte
de Minas, sete lojas.
10
Tendo à frente o presidente e fundador Horst Paulmann, a Cencosud emprega diretamente mais de
140.000 pessoas em mais de 940 estabelecimentos comerciais, entre super e hipermercados, lojas de
materiais de construção, shopping centers, lojas de departamento, entre outros formatos do varejo. No
Brasil, a Cencosud adquiriu as bandeiras Bretas, GBarbosa, Mercantil Rodrigues, Perini e Prezunic, e hoje
conta com mais de 360 estabelecimentos distribuídos em oito estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas
Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e Sergipe). Independente do negócio, a Cencosud tem grande prestígio
e reconhecimento entre os consumidores latino-americanos e se destaca pela qualidade dos produtos e
serviços oferecidos, seguindo a filosofia de oferecer aos seus clientes sua melhor experiência de compras.
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A rede de supermercados BH se desenvolveu a partir do empreendedor Pedro
Lourenço de Oliveira que iniciou suas atividades comerciais em uma mercearia no ano
de 1996, na região metropolitana de Belo Horizonte. Atuando 25 anos no mercado
supermercadista, a rede predomina em Minas Gerais, estando em 69 cidades, com
aproximadamente 222 lojas
11
.
Segundo Fonseca (2020a), no ano de 2007, era a terceira maior empresa no
ramo supermercadista de Minas Gerais, ocupando a 15ª posição no país, faturando R$860
milhões em 78 lojas. Em 2019, o faturamento foi de R$6,99 bilhões, um crescimento de
16,5%, perdendo apenas para empresas multinacionais. A rede também criou sua própria
transportadora, facilitando a logística de transporte de mercadorias.
No ano de 2019, a rede iniciou seu trabalho com o formato “atacarejo”, e sua
primeira loja desse tipo foi inaugurada em Januária e a segunda no ano de 2020 em
Bocaiúva, ambas na região do Norte de Minas. Segundo a Gôndola (2020), as cidades do
Norte de Minas que possuem o BH instalado, além de Montes Claros (9), são: Bocaiúva
(2), Januária (2), Buritizeiro (1), São Francisco (1), Janaúba (1) Pirapora (1) e Várzea da
Palma (2), totalizando 19 lojas na região.
A rede Mart Minas, fundada em 2001 na cidade de Contagem (MG), possui 40
lojas em cidades mineiras, consideradas cidades polo, com lojas amplas, estacionamento
próprio, atendendo o atacado e o varejo. Em 17 anos, a rede está presente em todas as
regiões de Minas Gerais e, no ano de 2018, tinha 30 lojas operando; seguindo em
expansão em 2019, gerando mais de 1.500 empregos diretos e 1.000 indiretos.
(GÔNDOLA, 2019) Em 2014, foi inaugurada, na região Norte de Minas, sua primeira
loja em Montes Claros.
A Rede Villefort está presente no estado mineiro desde 1988; há 32 anos atuando
com o atacado e o varejo, com 24 lojas distribuídas nas cidades de Belo Horizonte,
Contagem, Ribeirão das Neves, Montes Claros, Divinópolis, Juiz de Fora, Santa Luzia,
Coronel Fabriciano, Itabira e Jataí - GO
12
. De acordo com a revista Gôndola (2019), a
rede implantada no Pavilhão 10 no CEASA de Contagem, foi ampliada em 1991 com o
11
Disponível em: <https://www.supermercadosbh.com.br/institucional/>.
12
Disponível em: <http://www.villefort.com.br/o-villefort>.
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objetivo de atender pequenos supermercados, mercearias, hotéis etc. A rede tem seu
centro de distribuição para operar na logística desde o ano de 2005. São mais de 15 lojas
distribuídas pelo Estado.
Se posiciona bem, como a sexta maior em Minas Gerais, com faturamento de
R$1,499 bilhão. Em 2019, a rede inaugurou sua primeira loja fora do estado mineiro, em
Jataí (GO). Em Minas, está presente nas cidades de Belo Horizonte, Contagem,
Divinópolis, Itabira, Juiz de Fora, Montes Claros e Santa Luzia (FONSECA, 2020b). Na
região, os supermercados da rede Villefort estão em funcionamento desde o ano 2000 em
Montes Claros; atualmente, são cinco lojas distribuídas na cidade.
Dentre os supermercados apresentados, os de maior porte são o BH, o Mart Minas,
o Cordeiro, o Villefort e o Bretas, com um mix de mais de 10 mil produtos; em sua
maioria, as lojas ofertam estacionamento próprio, principalmente quando são instalados
em terrenos maiores. Alguns também trabalham com seus próprios produtos, como é o
caso da rede Bretas, BH e Villefort.
A figura 2 mostra como se a distribuição dessas redes pelos municípios do
Norte de Minas.
Figura 2: Distribuição de supermercados de redes pela região Norte de Minas Gerais
Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.
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Ao analisar a distribuição de supermercados nos municípios norte mineiros, nota-
se uma concentração de supermercado de maior porte em municípios próximos de Montes
Claros. Talvez por uma questão estratégica, houve a instalação da rede Cordeiro em
Salinas, visando ampliar sua influência em uma área onde não tem outro supermercado
que compõe a rede. Próximo a Salinas, Taiobeiras também terá um supermercado
Cordeiro, que já se encontra em obras.
A tabela 2 mostra a população estimada em 2020 e a renda per capita de cada um
desses municípios que possuem supermercados de redes em sua área urbana.
Tabela 2: Redes de supermercado em municípios do Norte de Minas MG
Cidade
População
estimada (2020)
Rede de Supermercado
Bocaiúva
50.256
BH
Brasília de Minas
32.405
Smart
Buritizeiro
28.121
Smart, BH
Capitão Enéas
15.313
Smart
Icaraí de Minas
12.097
Smart
Jaíba
39.388
Smart
Janaúba
72.018
Smart, Bretas, BH
Januária
67.852
BH
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69
Lontra
9.714
Smart
Luislândia
6.718
Smart
Manga
18.226
Smart
Montalvânia
14.747
Smart
Montes Claros
413.487
Smart, Cordeiro, Bretas,
BH, Mart Minas e
Villefort
Pirapora
56.640
Cordeiro, Bretas, BH
Salinas
41.699
Cordeiro
São Francisco
56.477
Smart, BH
Ubaí
12.599
Smart
Várzea da Palma
39.803
BH
Varzelândia
19.305
Smart
Fonte: IBGE (2018, 2020). Elaborado pelos autores.
Nota-se que Montes Claros se destaca por ter uma quantidade mais expressiva de
supermercados de grandes redes que em outros municípios, o que pode ser justificado
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pelo seu tamanho demográfico, que representa maior clientela. A renda per capita
também pode ser outro fator que justifica a escolha desse local para instalação. A relação
da proximidade entre determinadas cidades também traduz a polarização de redes
supermercadistas no intuito de atrair a população intra e a interurbana, concentrando,
assim, um volume considerável de clientes que buscam por produtos tanto no atacado
como no varejo.
É mais comum a presença de supermercado de grandes redes em cidades com
mais de 20 mil habitantes. Cidades pequenas, com menos de 20 mil habitantes, terão
supermercados menores, como no formato da rede Smart.
É importante destacar que cada empreendimento de uma dessas redes ao se
instalar nas cidades citadas provoca alterações no âmbito social, econômico e espacial.
Sposito (2007) considera que as mudanças ocorridas a partir de fatores como a
centralização econômica, a desconcentração espacial de empreendimentos, consumo,
prestações de serviços, entre outros, repercutem em cidades médias. Essas cidades
escolhidas por diferentes empresas tanto comerciais como industriais são identificadas
como referência para a descentralização de atividades produtivas e expansão de suas
redes. A influência regional implica o maior uso do espaço dessas cidades médias por
empreendimentos comerciais externos, cuja instalação produz vários impactos e contribui
para a modificação do espaço urbano.
A localização importa principalmente porque empreendimentos dependem de um
sistema logístico que funcione. Essa logística se associa aos eixos de desenvolvimento,
conforme explica Sposito (2015), e a partir desses eixos o território é configurado e ganha
novas formas. Em cidades médias a instalação de atividades econômicas industriais,
comerciais e de serviços estabelece padrões locacionais distinguindo uma área de outra.
Alguns dos supermercados analisados, por exemplo, se encontram próximos de
rodovias, o que caracteriza uma estratégia locacional, que atende a população local e
flutuante, envolve a questão logística para reabastecimento e escoamento de mercadorias,
e o fato de estar em uma região em expansão de desenvolvimento urbano, comercial, entre
outros fatores.
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Realizou-se uma comparação a partir de imagens de satélite dos anos de 2002 e
2020 de áreas onde foram instalados supermercados na cidade de Montes Claros (figura
3) e Bocaiúva (figura 4), no propósito de verificar alterações espaciais.
A análise da figura 3 mostra que houve mudanças no espaço urbano após a
instalação do supermercado Mart Minas em Montes Claros. Esse supermercado, um
atacarejo, foi construído em 2014 numa área de acesso a BR 365, possui uma área de
venda e estacionamento relativamente grande em relação a outros presentes na cidade.
Podem ser verificadas no entorno desse supermercado alterações como novos
loteamentos, construção de casas, de espaço de eventos, de outro supermercado da rede
BH, além de adequação da via pública para melhor acesso ao supermercado.
Figura 3: Alterações espaciais: Supermercado Mart Minas em Montes Claros
(2002 2020)
Fonte: Google Earth, 2021. Elaborado por autores.
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Objetivando atingir cidades adjacentes como Engenheiro Navarro, Glaucilândia,
Diamantina, Olhos D’Água, Carbonita, Turmalina, Botumirim, Itacambira, Guaraciama
e Claro dos Poções
13
os supermercados BH se instalaram na cidade de Bocaiúva (figura
4).
Figura 4: Alterações espaciais: Supermercado BH em Bocaiúva (2002 2020)
Fonte: Google Earth, 2021. Elaborado por autores.
Os supermercados BH foram instalados na cidade de Bocaiúva próximos da
rodovia BR135, o que viabiliza compras da população principalmente flutuante, é o caso
13
Informações disponíveis em:
<https://www.supermercadosbh.com.br/novidades/2020/04/supermercados-bh-inaugura-sua-primeira-
loja-atacarejo-em-bocaiuva/>. Acesso em: 10 jan. 2021
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do atacarejo que foi instalado em 2020. Após a instalação desses supermercados notam-
se novos loteamentos, empreendimentos diversos e adensamento urbano.
Pequenas cidades com menos de 20 mil habitantes, em sua maioria, têm a presença
da rede Smart que não mobiliza grandes redes, mas depende de empresários locais para
representar essa bandeira. São supermercados de estrutura física que não necessitam de
grandes terrenos, como no caso do BH, Cordeiro, Mart Minas e Villefort, que já têm uma
estrutura física padrão na maioria das cidades em que se instalam.
A lógica espacial do comércio se fundamenta em fatores determinantes, como
localização, infraestrutura, acesso viário, tamanho do terreno, parcerias público-privadas,
entre outros. São alguns exemplos de condicionantes para que determinados
investimentos se interessem pelo espaço.
A presença desses supermercados caracteriza algumas possibilidades que podem
vir a ocorrer após sua instalação como: geração de empregos, valorização da área em que
se instalam, variedade de produtos em um só lugar, uma quantidade maior de checkouts,
o que torna mais eficiente e rápido o processo de pagamento dos produtos, também pode
vir a ser um fator atrativo da população rural e de cidades menores adjacentes.
Quanto aos supermercados locais e de menor porte, não se garante que serão
fechados ou que diminuirão a clientela. Entende-se que o espaço urbano, mesmo de
pequenas cidades, pode ser dinâmico e atender vários tipos de clientes, o que evidencia a
presença de grandes redes de importância nacional presentes nessas cidades,
principalmente aquelas com população com mais de 20 mil habitantes.
Conclusões
Dentre os 89 municípios da região Norte de Minas, 19 municípios possuem
supermercado que integram redes, sejam associativistas ou de grupos maiores. Montes
Claros é a cidade polo da região e tem uma concentração maior de supermercados de
redes. Outras cidades como Bocaiúva, Várzea da Palma, Januária e Pirapora possuem
mais de um supermercado de uma mesma rede.
Diante do exposto, pode-se inferir que as atividades econômicas dinamizam-se
em áreas que apresentam melhores vantagens competitivas. As estratégias locacionais
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dos supermercados levam em conta a área polarizada por determinado centro urbano, no
propósito de atingir não uma população intraurbana, mas também comerciante e
consumidor final interurbanos. A proximidade de rodovias denota essa preocupação em
ampliar a clientela, tanto a que reside próximo dos supermercados, ou ainda, a população
flutuante; assim como a questão logística que articula a entrada e saída de mercadorias.
A distribuição geográfica dos supermercados nas cidades é um fator relevante
para a compreensão da dinâmica urbana. Nota-se em Montes Claros, por exemplo, que
não uma concentração específica dos supermercados em apenas uma área da cidade,
mas uma distribuição em diversos bairros, principalmente nas vias urbanas que dão
acesso a rodovias.
Referências
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