Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
JÚNIOR, Arnóbio Rodrigues de Sousa. Uma análise crítico-reflexiva da educação ambiental em um livro didático do ensino
fundamental da escola pública. Revista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 7, nº 14, pp. 11-36, maio-agosto de 2021.
Submissão em: 28/03/2021. Aceito em: 11/07/2021.
ISSN: 2316-8544
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precisa dialogar incisivamente com a escola e, para além dela, articular um processo
rizomático de educação integradora e emancipadora, que permita ao estudante construir
sua autonomia intelectual.
No campo da docência, o professor deve questionar o currículo, não usar o
sumário do livro didático como guia de formação e reconhecer que a temática ambiental
está posta como um tema transversal. Brasil (1997) instiga o docente a pensar o meio
ambiente como uma crise ambiental ou civilizatória. Essa reflexão, dentre outras
pertinentes, permite que pensemos cotidianamente o ensino de educação ambiental,
reconsiderando as práticas pedagógicas e as ações cotidianas. Assim sendo, o docente
deve perceber a educação ambiental para além do aspecto natural, mas compreendendo,
também, faces históricas, culturais, sociais e políticas (ARRAIS; BIZERRIL, 2020).
Isso posto, cabe ao professor pensar o currículo e a pedagogia, pois o currículo
incide em um modelo de sociedade e de vida. É a partir do princípio da educação
ambiental crítica que iremos construir um outro modelo de sociedade que, inclusive, já se
avizinha.
Posta nesses termos, a educação ambiental crítica é bastante complexa em seu
entendimento de natureza, sociedade, ser humano e educação, exigindo amplo
trânsito entre ciências (sociais ou naturais) e filosofia, dialogando e
construindo pontes e saberes transdisciplinares. Implica igualmente o
estabelecimento de movimento para agirmos-pensarmos sobre elementos
micro (currículo, conteúdos, atividades extracurriculares, relação escola-
comunidade, projeto político pedagógico etc.) e sobre aspectos macro (política
educacional, política de formação de professores, relação educação-trabalho-
mercado, diretrizes curriculares etc.), vinculando-os. (LOUREIRO, 2007, p.
68).
Em vista disso, a educação ambiental crítica busca problematizar a realidade e
questionar o status quo. Essa vertente de educação exige do professor competência
técnica, política e humana. Isso porque o docente deve contribuir no processo de
conscientização dos estudantes, na construção de conhecimentos para uma compreensão
básica dos problemas ambientais e no desenvolvimento de habilidades que possam
permitir ao estudante ter uma participação ativa na sociedade.
É construir competências e habilidades voltadas para a emancipação social e não
para o mercado de trabalho em prol da exploração da natureza e acumulação de riqueza.
Cabe, então, à escola e ao professor articular a educação ambiental com uma compreensão
de totalidade e ligada à vida dos estudantes.