Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SANTOS, Anderson Felipe Leite dos.; REINALDO, Lediam Rodrigues Lopes Ramos.; BURITI, Maria Marta dos Santos. Abordagem teórico-
metodológica do componente físico-natural solo na formação continuada e a construção da prática docente na educação básica. Ensaios de
Geografia. Niterói, vol. 9, nº 18, pp. 12-40, maio-agosto de 2022.
Submissão em: 31/05/2021. Aceito em: 24/05/2022
ISSN: 2316-8544
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nos outros: “[...] trata-se de uma designação especial para uma dada unidade espacial, que
abriga diversas escalas temporais e espaciais” (NAKASHIMA et al., 2017, p. 32).
A paisagem é o que vemos, sentimos, e até mesmo aquilo que percebemos. Ela tem uma
estrutura composta por camadas horizontais, ou seja, limites espaciais. Além disso, a paisagem
tem também seus processos funcionais, como os fluxos de matéria, de energia e de informações.
O conceito de paisagem é fundamental para a ciência geográfica, pois assume um papel
relevante para a evolução dessa ciência: “[...] muito mais que uma justaposição de detalhes
pitorescos, a paisagem é um conjunto, uma convergência, um momento vivido, uma ligação
interna, uma ‘impressão’ que une todos os elementos” (DARDEL, 2015, p. 30).
Sendo assim, além de ser um componente inserido na paisagem, o solo é um recurso
físico-natural que pode interagir com outros aspectos da paisagem. Nesse contexto, precisa-se
compreender que o solo é produto da interação com diversos elementos. Esta, por sua vez,
produzirá outros componentes com características próprias e dinâmicas. Então, na medida em
que se muda a intensidade da troca de informações de matéria ou de energia de acordo com o
contato entre esses elementos, altera-se a característica de alguns deles, ou mesmo mantém-se
essas particularidades ao longo do tempo. Nesse sentido, o solo irá assumir características
distintas.
Dessa forma, o componente se torna o “agente-síntese” da paisagem, ou seja, a partir do
estudo dele, é possível entender o clima, a Geologia, o relevo, a vegetação, a fauna, etc.
(NAKASHIMA, et al., 2017). No entanto, frequentemente, o solo é considerado um elemento
desconectado da paisagem. Como relata Lepsch (2011), deixamos de reconhecê-lo como parte
de todo um sistema natural dinâmico do planeta e passamos a vê-lo como um composto estático
e isolado da paisagem.
Assim, compreende-se que o solo é um dos agentes de grande importância na sintetização
da paisagem. Ademais, esse recurso físico-natural é um produto do clima; então, se houver
condições mais úmidas ou mais secas, temperaturas mais altas e mais baixas, materiais parentais
ou de origem distintas, tudo irá conduzir para que haja solos com particularidades diferentes
(LANDAU; SANS; SANTANA, 2008). O relevo também irá condicionar de forma expressiva