Ensaios de Geografia
Essays Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZE A SEGUINTE REFERÊNCIA:
PEREIRA, Joselaine Raquel da Silva. A pedagogia das mulheres zapatistas como expressão de sua epistemologia: práticas de
insurgência, subversão e resistência. Revista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 8, nº 15, pp. 31-46, setembro-dezembro de 2021.
Submissão em: 23/07/2021. Aceite em: 15/12/2021.
ISSN: 2316-8544
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aprimorar seu sistema de autogoverno anticapitalista, com foco em emancipar-se das
quatro rodas do capital: exploração, despojo, repressão e desprezo através de uma
aprendizagem criativa e libertadora.
Paulo Freire, em sua obra Pedagogia da autonomia (1996), afirma o dever de a
educação institucional respeitar os saberes construídos socialmente na prática
comunitária, e a necessidade do reconhecimento e da assunção da identidade cultural do
educando e da educanda, além de reiterar a importância das experiências informais, nas
ruas, nas praças e em qualquer outro ambiente onde ocorrem interações sociais.
O mesmo autor também destaca o lugar fundamental das emoções e da afetividade
entre educador/a e educando/a para a cognoscibilidade, afirmando que a raiva, por
exemplo, pode ser um combustível para protestar contra as injustiças sociais e se tornar
uma motivação para a luta pela transformação social através de uma rebeldia legítima. A
curiosidade epistemológica aparece então como provocadora de uma criticidade essencial
para gerar esperança, vendo a História como tempo de possibilidade e não de
determinação, sendo assim Paulo Freire (1996) propõe que, através da alegria e da
humildade (diferente de submissão), deve ser feita a problematização do futuro, que só
assim poderá ser transformando.
Sempre recusei os fatalismos. Prefiro a rebeldia que me confirma como gente
e que jamais deixou de provar que o ser humano é maior do que os
mecanicismos que o minimizam. A proclamada morte da História que
significa, em última análise, a morte da utopia e do sonho, reforça,
indiscutivelmente, os mecanismos de asfixia da liberdade. Daí que a briga pelo
resgate do sentido cia utopia ele que a prática educativa humanizante não pode
deixar de estar impregnada tenha de ser uma sua constante. Quanto mais me
deixe seduzir pela aceitação da morte da História tanto mais admito que a
impossibilidade do amanhã diferente implica a eternidade do hoje neo-liberal
que aí está, e a permanência do hoje mata em mim a possibilidade de sonhar.
Desproblematizando o tempo, a chamada morte da História decreta o
imobilismo que nega o ser humano (FREIRE, 1996, p. 59).
A pedagogia zapatista possui alguns pontos afim com as ideias de Paulo Freire,
principalmente ao propor que todo mundo pode ensinar e que a todo momento estamos
aprendendo, e ao afirmar a importância da educação para transformar socialmente o