Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
OLIVEIRA, Bruna Gabrielle Araújo; VIANA, Antônio Kinsley Bezerra. A educação brasileira e o pensar geográfico: reflexões sobre
o ensino de Geografia e o Novo Ensino Médio. Revista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 8, nº 16, pp. 14-31, janeiro-abril de 2022.
Submissão em: 29/08/2021. Aceito em: 01/04/2022
ISSN: 2316-8544
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permeiam o sistema educacional brasileiro. Apesar do Estado brasileiro compreender a
educação como um dos agentes que fomentariam as mudanças necessárias para o
desenvolvimento da nossa sociedade (SAVIANI, 1999), ainda se encontram obstáculos
na educação, que vão desde o processo de ensino até a formação dos professores. De
acordo com Algebaile (2013) os déficits são muitos, e vão desde:
A falta de escolas ou de salas nas escolas existentes, a insuficiência de
professores para o atendimento das turmas constituídas, a alocação de turmas
em instalações inadequadas e provisórias, a falta de transporte escolar, a
irregularidade na realização das jornadas escolares e dos anos letivos, a
descontinuidade na oferta dos diferentes anos, etapas e níveis de ensino, são
alguns dos aspectos desse déficit [...]. (ALGEBAILE, 2013, p. 204).
A formação curricular do aluno na educação básica seria concebida de modo a
colaborar na construção de uma consciência cidadã, permitindo que esses
desenvolvessem uma capacidade analítica e crítica da realidade, bem como do conteúdo
escolar, fomentando, dessa forma, o surgimento de habilidades e competências capazes
de prepará-los para um mundo do trabalho dinâmico e globalizado, no qual os vários
setores da sociedade exigem profissionais competentes, proativos e versáteis em
diferentes áreas do conhecimento (BRASIL, 1997, p. 34).
A evolução da educação brasileira é percebida no desenvolvimento da geografia
escolar e na compreensão da sua importância para os educandos. Apesar da disciplina, no
início do século XX, ser vista como meramente descritiva, expondo as características
socioespaciais do território brasileiro, já era notório as mudanças que a Geografia deveria
realizar no âmbito escolar e a importância do professor e da sua formação acadêmica para
explorar o potencial da disciplina na formação do educando, a fim de superar um ensino
mecanizado, por exemplo. Tal fato fica demonstrado com a afirmativa de Pierre
Monbeing (1957):
A maior parte do público culto tem uma ideia mais ou menos exata do que são
a biologia, a geologia, a economia ou a sociologia, o mesmo público não
acompanha o progresso das ciências geográficas, quando não ignora a sua
existência. Para uns a geografia é confundida com narrativas dos viajantes; um
geografo é um explorador, a rigor um cartógrafo; traz das suas viagens
narrativas agradáveis de ouvir-se, sobretudo se tem a habilidade de ilustrá-las
com belas imagens. Para outros, talvez numerosos, a geografia é uma
lembrança extremamente penosa de sua infância. [...] Se são corretos esses dois
modos de ver, é claro que a geografia é inútil, quando não perigosa; é um