CAPA
Praça do Arco do Triunfo, Barcelona, Espanha, fevereiro de 2020.
Victoria Ferreira Oliva
Vivacidade. Espontaneidade. Idealização. Mise-en-scène. Essas foram algumas
palavras que a professora do departamento de Geografia da Universidade
Federal Fluminense, Ester Limonad, usou para descrever a cidade de Barcelona
em seu artigo “Estranhos no paraíso (de Barcelona): impressões de uma
geógrafa e arquiteta brasileira residente de Barcelona”. Ester não poderia ter
sido mais certeira.
Experimentar a cidade de Barcelona é se entregar às surpresas que as ruas
ofertam. A cada esquina um enquadramento pitoresco, um músico de rua
rompendo com o ritmo acelerado da metrópole – ou até grupos de turistas
embananados correndo atrás de informações.
Semanas antes da pandemia se alastrar pela Espanha, vivi o que parece ser o
“típico” domingo no Arco do Triunfo de Barcelona. Com seu estilo Neomúdejar
– um movimento arquitetônico que buscava recuperar o estilo Múdejar,
praticado na Península Ibérica entre os séculos XII e XVI – o arco, construído
em 1888, dava início a um largo passeio até o parque da Ciutadella. Enquanto
caminhava, crianças e bolas de sabão, músicos cantando e tocando
instrumentos diferentes e piqueniques por todos os lados.
No final de fevereiro de 2020, quando estive lá, ninguém parecia acreditar que
aquela crise – que já acometia a Itália – chegaria no país em poucas semanas.
Não tardou para a Espanha instituir um rígido lockdown, inaugurando um
espírito avesso ao de Barcelona no país: o medo, a preocupação, a supressão da
experiência.
Na ausência de experimentações urbanas, Barcelona me ofereceu minhas
últimas memórias conhecendo e perambulando por uma cidade sem sentir
nenhum medo ou receio. Essa cidade do espetáculo ficou capturada no meu
imaginário assim como nessa foto: uma maneira pra lá de idealizada para
pensar no mundo antes da pandemia.
Fotografia analógica, filme Kodak Pro Image 100.
Victoria Ferreira Oliva
Licenciada em Geografia (UFF)
Contato: victoriafo@id.uff.br