Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZE A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, Monique Bezerra da.; BARBOSA, Jorge Luiz. As celebrações estéticas das Turmas de Fantasia e a re-invenção do carnaval
da metrópole. Revista Ensaios de Geografia, Niterói, vol. 8, nº 15, pp. 81-85, setembro-dezembro de 2021.
Submissão em: 23/09/2021. Aceite em: 14/10/2021.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons.
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SEÇÃO VISUALIDADES
AS CELEBRAÇÕES ESTÉTICAS DAS TURMAS DE FANTASIA E A RE-
INVENÇÃO DO CARNAVAL DA METRÓPOLE
THE AESTHETIC CELEBRATIONS OF THE FANTASY GROUPS AND THE
REINVENTION OF THE CARNIVAL OF THE METROPOLIS
Monique Bezerra da Silva
1
Universidade Federal Fluminense
moniquebezerradasilva@gmail.com
Jorge Luiz Barbosa
2
Universidade Federal Fluminense
jorge_barbosa@id.uff.br
JUSTIFICATIVA
Bate-bola ou Clóvis são brincantes de um festejo típico do carnaval da periferia
do Rio de Janeiro. Sua indumentária se caracteriza por alguns elementos peculiares desta
manifestação, tais como a máscara, o macacão, o casaco, o bolero, a bola e a sombrinha,
além de músicas e performances características que marcam e demarcam territorialidades
por eles corporificadas. As fantasias e acessórios podem variar de acordo com o estilo,
mas uma constante é o uso da máscara que deixa velada a identidade do brincante.
1
Doutoranda em Geografia na UFF. Mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ. Bacharela em
Produção Cultural pela UFF. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0001-7801-3483.
2
Professor Titular dos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia da UFF. Mestre em Geografia
pela UFRJ. Doutor em Geografia pela USP. Possui pós-doutorado pela Universidade de Barcelona. Orcid
iD: https://orcid.org/0000-0001-6890-2535.
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SILVA, Monique Bezerra da.; BARBOSA, Jorge Luiz. As celebrações estéticas das Turmas de Fantasia e a re-invenção do carnaval
da metrópole. Revista Ensaios de Geografia, Niterói, vol. 8, nº 15, pp. 81-85, setembro-dezembro de 2021.
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A expansão dos bate-bolas tem origem na zona oeste, mais especificamente em
Santa Cruz, se multiplicando pelos bairros dos subúrbios da Central e da Leopoldina.
Atualmente, estima-se quase mil turmas na Região Metropolitana. Suas fantasias são cada
vez mais vinculadas com estilos de moda, signos e ícones da cultura urbana
contemporânea. As turmas possuem enredos anuais associados a distintos personagens da
cultura de massa, desvelando uma produção carnavalesca para exibir sua magia em
algumas horas de desfiles nas ruas, avenidas e praças da periferia urbana. Apesar de ser
uma prática predominantemente masculina, a ascensão das turmas femininas cresce a
cada ano - as “bate-boletes” correspondem a cerca de 25% das turmas mapeadas
atualmente.
Uma questão preliminar e fundamental diz respeito à expansão das turmas de
fantasia em locais como bairros da nos subúrbios e periferias da cidade do Rio de Janeiro,
assim como na Baixada Fluminense e São Gonçalo, é a forte representatividade da
tradição popular da cultura bate-boleira em uma contínua atualização estética. Portanto,
é preciso superar a noção ainda corrente do popular (e da cultura popular) como expressão
da tradição ou de identidade essencialista de grupos e classes subalternizadas (HALL,
1992), para qualificá-la como uma relação de intersubjetividade que produz um modo de
mobilizar e utilizar imagens, objetos e linguagens que circulam na sociedade como um
todo, mas que são recebidos e elaborados em processos diversamente criativos
(CHARTIER, 1995).
A questão enunciada nos remete a investigação e desvelamento das estratégias e
táticas socioespaciais adotadas pelas turmas de fantasia para fazer valer sua presença no
Carnaval ao longo de quase um século testemunhando a criatividade da cultura popular.
Caminhamos, então, por uma vereda geográfica da cultura, sobretudo ao envolver
mobilizações de pertencimento de seus participantes para além do festejo propriamente
dito, mas do conjunto de ações no cotidiano dos sujeitos que permitem elaborar e realizar,
como o evento carnavalesco, tais como festas, churrascos, bingos, rifas, torneios
esportivos. É esse cotidiano de construção que transforma a potência criativa das Turmas
de Fantasia em atos de afirmação de sua presença no carnaval carioca.
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Aprendemos com esses brincantes que é preciso mobilizar a produção de símbolos,
linguagens e experiências de sujeitos inventivos da cultura, sobretudo quando se
considera que as existências sociais são construídas por significações contestadas,
inventadas e traduzidas em espacialidades de compartilhamentos sociais e culturais,
inclusive como resposta à despossessão da cidade vivida pelos grupos populares no atual
processo de produção mercantil do urbano.
Admiração popular das fantasias é particularmente expressiva entre as crianças
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Fogos de artifício e músicas são marcadores da saída dos Bate-bolas
As fantasias guardadas em segredo nas quadras das Turmas de Fantasia
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Referências
SILVA, M. B. As Espacialidades de Pertencimento e existência das turmas de fantasia no
carnaval da periferia carioca. In: Simpósio Nacional de Geografia Urbana, Vitória,
Milfontes, v.1, pp. 2864-2878, 2019.
CHARTIER, R. Cultura popular: revisitando um conceito historiográfico. Estudos
Históricos, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, 1995.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª edição. Rio de Janeiro:
DP&A Editora, 2006.