AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, Douglas Basílio da.; DIONISIO, Tiago. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES E RELAÇÕES
ÉTNICO-RACIAIS E ENSINO DE GEOGRAFIA: que espaço essa tríade ocupa nos periódicos da área de geografia?. Ensaios de
Geografia. Niterói, vol. 8, nº 17, pp. 143-164, jul. 2022.
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SEÇÃO
DOSSIÊ
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES E
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E ENSINO DE GEOGRAFIA:
que espaço essa tríade ocupa nos periódicos da área de geografia?
EDUCATION OF WORKING YOUNG AND ADULTS AND
ETHNIC-RACIAL RELATIONS AND GEOGRAPHY
TEACHING: what space does this triad occupy in geography
journals?
EDUCACIÓN DE JÓVENES Y ADULTOS TRABAJADORES Y
RELACIONES ÉTNICO-RACIALES Y ENSEÑANZA DE
GEOGRAFÍA: ¿qué espacio ocupa esta tríada en las revistas de
geografía?
Douglas Básilio da Silva
1
Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ),
Rio de Janeiro, Brasil.
E-mail: kllasdb@gmail.com
Tiago Dionisio
2
Secretaria de Estado de Educação do Rio de
Janeiro (SEEDUC/RJ), Rio de Janeiro,
Brasil.
E-mail: tiago_dionisio@hotmail.com.br
Resumo
1
Graduado em Geografia Licenciatura Plena pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), Especialista
em Informática Aplicada a Educação pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Especialista em Educação
Especial e Inovação Tecnológica pela (UFRRJ em parceria com Fundação CECIERJ), Mestre em Geografia pela
(UFRRJ) e Professor de Geografia da Rede Privada de Educação.
2
Graduado em Geografia (Licenciatura e bacharelado) pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em
Docência e Educação Básica pela UFF, especialista em Educação e Relações Raciais pela UFF, mestre pelo Programa
de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (PPGEduc/UFRRJ). Professor de Geografia da Secretaria de Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC/RJ).
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, Douglas Basílio da.; DIONISIO, Tiago. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES E RELAÇÕES
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O presente artigo traz para a discussão o tema da Educação de Jovens e Adultos e suas intersecções nos campos das
relações étnico-raciais e de classe, associando ainda ao ensino da Geografia. O objetivo aqui é apresentar um
levantamento das pesquisas acadêmicas realizadas sobre os temas centrais “Educação de Jovens e Adultos
Trabalhadores, Questão Racial e Ensino de Geografia”, usando como método a busca pelo Estado da Arte. Desse modo,
foram realizados amplo levantamento e análise das pesquisas acerca do tema no período entre 2006-2016 nas principais
associações e revistas especializadas. A partir dos resultados, ficou explícito que as pesquisas no campo geográfico
ainda negligenciam temáticas referentes a sujeitos invisibilizados ao longo do tempo, mas que sempre estiveram
presentes no espaço escolar.
Palavras-chave
Educação de Jovens e Adultos; Interseccionalidade; Relações Étnico-raciais; Ensino de Geografia.
Abstract
This article brings to the discussion the theme of Youth and Adult Education and its intersections in the fields of ethnic-
racial and class relations, also associating it with the teaching of Geography. The objective here is to present a survey
of academic research carried out on the central themes “Education of Working Young and Adults, Racial Issues and
Teaching of Geography”, using the search for the State of the Art as a method. In this way, an extensive survey and
analysis of research on the subject were carried out in the period between 2006-2016 in the main associations and
specialized magazines. From the results, it became clear that research in the geographic field still neglects themes
related to subjects made invisible over time, but that have always been present in the school space.
Keywords
Youth and Adult Education; Intersectionality; Ethnic-Racial Relations; Teaching Geography.
Resumen
Este artículo trae a discusión el tema de la Educación de Jóvenes y Adultos y sus intersecciones en los campos de las
relaciones étnico-raciales y de clase, vinculándolo también a la enseñanza de la Geografía. El objetivo aquí es presentar
un levantamiento de investigaciones académicas realizadas sobre los temas centrales “Educación de Jóvenes y Adultos
Trabajadores, Cuestión Racial y Enseñanza de la Geografía”, utilizando como método la búsqueda del Estado del Arte.
De esta forma, se realizó un amplio relevamiento y análisis de investigaciones sobre el tema en el período 2006-2016
en las principales asociaciones y revistas especializadas. A partir de los resultados, quedó claro que la investigación en
el campo geográfico aún descuida temas relacionados con temas invisibilizados a lo largo del tiempo, pero que siempre
han estado presentes en el espacio escolar.
Palabras-clave
Educación de Jóvenes y Adultos; Interseccionalidad; Relaciones Étnico-Raciales; Enseñanza de la geografía.
Introdução
O objetivo deste artigo é apresentar um levantamento das pesquisas acadêmicas
realizadas sobre os temas centrais de dissertação demonstrados no título “Educação de
Jovens e Adultos Trabalhadores, Questão Racial e Ensino de Geografia”. Nesse intento,
foi realizado amplo levantamento das pesquisas acerca do tema no período entre 2006-
2016 nas principais associações e revistas especializadas. Portanto, o que se pretendeu foi
mapear as pesquisas que envolvem as referidas temáticas.
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O recorte temporal (2006 a 2016) se justifica na medida em que, tendo passado 3
(três) anos da promulgação da Lei 10.639
3
, em janeiro de 2003, os resultados das novas
pesquisas em nível de pós-graduação (mestrado e doutorado) começaram a aparecer
em 2006, prazo para o fim das pesquisas iniciadas em 2003 e 2004. E, também, por supor
que, ao longo de três anos de existência da Lei, as reflexões, fruto das experiências de sua
aplicação, poderiam ter sido apresentadas nos Grupos de Pesquisas dos eventos
promovidos pelas principais associações ligadas ao ensino de Geografia, assim como nos
artigos das principais revistas que se dedicam à temática do ensino. Com isso, a
importância de pesquisas que precederam o período escolhido para análise não foi
desconsiderada, uma vez que existe ampla bibliografia produzida anteriormente ao ano
da promulgação da Lei 10.639, e que em muito contribuiu para a consolidação das
reflexões sobre as relações raciais.
Assim, dentro do referido decênio, foram analisados os trabalhos apresentados na
Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação (ANPED), mais especificamente
nos Grupos de Trabalho (GT) “18 - Educação de Pessoas Jovens e Adultas” e “21 -
Educação e Relações Étnico-Raciais”. Com a finalidade de aprofundar e completar a
análise, também foi inserida no escopo a Revista Brasileira de Educação (RBE)
4
. Na
tentativa de enriquecer e ampliar o propósito analítico, foram incluídos na pesquisa os
trabalhos apresentados nos GT relacionados ao processo de ensino/aprendizagem da
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE), e nas
edições da Revista Brasileira de Educação em Geografia. Entretanto, não foi possível
analisar os trabalhos apresentados na ANPEGE, pois não estava disponível a lista
relacional das apresentações nas edições de 2007, 2009 e 2011. Diante das lacunas, optou-
se por verificar os textos publicados na Revista da ANPEGE, buscando assim maior
efetividade no objetivo proposto no recorte temporal.
A partir da análise, foi construída uma cartografia das pesquisas sobre Educação
de Jovens e Adultos Trabalhadores, Questão Racial e ensino/aprendizagem de Geografia,
buscando a intersecção entre esses temas no sentido de refletir sobre
a interseccionalidade como estratégia teórico-metodológica e didático-pedagógica para
pensarmos as condições existenciais dos sujeitos centrais nesta pesquisa. Para realizar tal
estudo, inspirei-me em pesquisas que usaram como método o estado da arte, de acordo
com Norma S. de Almeida Ferreira (2002), que apresenta a seguinte definição sobre
referido conceito:
3
No ano de 2003, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) 9.394/96 sofreu alterações em seu
texto trazidas pela Lei 10.639/03, em seu Artigo 26-A, que determina a obrigatoriedade do ensino de “História e
Cultura Afro-Brasileira” nos currículos escolares brasileiros (BRASIL, 2003). Tal alteração define também os
conteúdos programáticos a serem ministrados “no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras”. E ainda: o Artigo 79-B da referida lei, por sua vez, estabelece
a inclusão, no calendário escolar, do dia 20 de novembro como o “Dia Nacional da Consciência Negra” (BRASIL,
2003).
4
Para este artigo, esta análise não será apresentada, uma vez que, priorizamos as análises dos periódicos da área de
geografia, visto que a Revista Ensaios de Geografia tem como principal objetivo divulgar pesquisas dos estudantes de
graduação e pós-graduação vinculadas à geografia.
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Nos últimos quinze anos tem se produzido um conjunto significativo de
pesquisas conhecidas pela denominação ’estado da arte’ ou ’estado do
conhecimento’. Definidas como de caráter bibliográfico, elas parecem trazer
em comum o desafio de mapear e de discutir uma certa produção acadêmica
em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que aspectos e
dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e
lugares, de que formas e em que condições têm sido produzidas certas
dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em periódicos e
comunicações em anais de congressos e de seminários. Também são
reconhecidas por realizarem uma metodologia de caráter inventariante e
descritivo da produção acadêmica e científica sobre o tema que busca
investigar, à luz de categorias e facetas que se caracterizam enquanto tais em
cada trabalho e no conjunto deles, sob os quais o fenômeno passa a ser
analisado (FERREIRA, 2002, p. 257).
Assim, o objetivo consistiu em quantificar e qualificar as pesquisas que tiveram
como eixos EJA-Raça-Ensino Aprendizado em Geografia, buscando compreender como
as temáticas foram abordadas individualmente, se intersecções entre elas, bem como
em que medida as discussões realizadas nos trabalhos contribuem para a prática
pedagógica na EJA. Contudo, é preciso pontuar que existem críticas sobre essa
metodologia, pois ela não está diretamente ligada à vivência na escola, ou seja, não tem
empiria no chão escolar, o que poderá fazer com que seja incompreendida e considerada
com pouca ou nenhuma contribuição para a área (SILVA; CARVALHO, 2014).
Nilma Lino Gomes (2011), amparada nas pesquisas de Gonçalves e Silva (2000
apud GOMES, 2011), defende investigações com recorte temático racial em suas
análises, principalmente na EJA, o que aponta a necessária construção analítica e teórica
desse campo, bem como a criação de estratégias teórico-metodológicas. A realização da
análise do estudo cartográfico se deu a partir da interseccionalidade para verificar se a
questão racial e de classe operam juntas nas pesquisas ou não, uma vez que o público da
EJA tem como características centrais esses marcadores sociais.
Portanto, buscamos compreender até que ponto as inúmeras pesquisas
desenvolvidas sobre essa modalidade de ensino conseguem dar conta dessa complexa
relação e/ou o quanto a fragmentação das análises enfraquece o referido campo. Gomes
(2011) aponta a necessidade de analisarmos como a questão da raça opera nessas
pesquisas, refletindo, assim, o racismo existente na sociedade brasileira, além de pontuar
como a raça está articulada com a exclusão social em um movimento que se autoalimenta,
pois falar de exclusão não é apenas falar de pobres, mas também de negros.
Não é mais possível que a situação dos estudantes da EJA seja encarada de forma
desconectada da situação social e racial na qual eles estão mergulhados. Portanto, a
questão fundamental é reconhecer que as experiências do campo racial não podem ser
enquadradas separadamente da experiência dos sujeitos que vivem essencialmente da
venda da sua força de trabalho. As situações precisam ser ampliadas conjuntamente para
que possamos abordar as questões de interseccionalidade que os sujeitos da EJA
enfrentam, visto que eles são hegemonicamente trabalhadores, e, em sua maioria, negros.
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A interseccionalidade é encharcada de vida, de experiência, de subjetividade e
objetividade. Parte do real, do concreto, dos fatores que atingem direta e indiretamente a
subsistência e a existência da vida humana. Logo, é a partir do contexto da vida das
pessoas que “a interseccionalidade oferece uma oportunidade de fazermos com que todas
as nossas políticas e práticas sejam, efetivamente, inclusivas e produtivas” (GOMES
2011, p. 16), impedindo, assim, a proliferação de fatores que geram a discriminação ou a
desigualdade.
Vale destacar que a não efetivação da interseccionalidade gera a super inclusão,
ou seja, quando a Educação de Jovens e Adultos é analisada somente pelo viés da classe,
a questão racial é absorvida sem que seja contestada, sem qualquer tentativa de
reconhecer o papel da referida problemática, assim como sua influência sobre a vida
desses sujeitos e acerca da sua trajetória escolar. Isso gera o enfraquecimento das políticas
públicas, uma vez que os esforços no sentido de remediar a condição ou abuso em
questão tendem a ser tão anêmicos quanto é a compreensão na qual se apoia a
intervenção” (CRENSHAW, 2002, p. 175).
Desse modo, partindo do fato de que negros e negras formam grande parte dos
jovens e adultos excluídos do processo educacional formal, foi proposta a realização desse
mapeamento das pesquisas sobre EJA de modo a articular as questões de classe, de raça
e as possíveis contribuições da Geografia para esse debate, uma vez que os sujeitos da
EJA carregam duas marcas centrais: são trabalhadores das classes populares/subalternas
e, em sua grande maioria, negros.
Revista da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia
(ANPEGE) e a Revista Brasileira de Educação em Geografia qual o diálogo com a
Educação de Jovens e Adultos e com a questão racial?
A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE)
congrega os programas de Pós-Graduação em Geografia, professores, estudantes de pós-
graduação e profissionais que se dedicam à pesquisa em Geografia nos mais de 60
programas distribuídos pelo território nacional. Ela promove também a reunião bienal
dessa comunidade sob o título do Encontro Nacional da ANPEGE (ENANPEGE) e,
diferentemente da ANPEd, existem poucas informações sobre a referida Associação, bem
como sobre seus encontros.
Até 2015, os artigos que versavam sobre o processo do ensino/aprendizagem da
Geografia eram reunidos em um único GT Ensino de Geografia , mas, a partir do
referido ano, foi criado mais um GT o de Formação de professores de
Geografia. A TABELA 1 apresenta a quantidade de artigos apresentados em cada edição,
quantos deles tratavam sobre EJA e/ou questão racial. Entretanto, por dificuldade de
encontrar as informações sobre os artigos nas edições 2007, 2009 e 2011, o foi possível
realizar tal amostra, pois os resultados ficariam incompletos. Assim, não foi possível
seguir a lógica da análise adotada anteriormente.
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Entretanto, para que possamos compreender como estão inseridas as temáticas
EJA e a questão racial no campo geográfico, optou-se, então, por analisar a revista da
ANPEGE em substituição aos artigos apresentados nas edições dos ENANPEGE e,
posteriormente, por investigar a Revista Brasileira de Educação em Geografia, pois
compreendemos que, nesses dois veículos, estão congregadas inúmeras publicações
resultantes de pesquisas dos mais diversos pesquisadores distribuídos pelo Brasil, além
de compilar tanto a Geografia Acadêmica quanto a Geografia Escolar.
A Geografia tem um papel central na compreensão desses novos sujeitos e nesse
novo projeto de sociedade, mas, para tanto, é necessário pensar e construir ações
de interseccionalidade, pois considerar somente um aspecto, uma dimensão da luta, não
é mais possível. Sendo assim, Pontuschka (2005) aponta o tamanho do desafio a ser
enfrentado e a responsabilidade da academia dentro desse processo:
Não existem respostas mágicas para essas questões, a universidade tem um
papel importante na análise do contexto da educação atual do país a ser
realizada junto com os professores das escolas do ensino fundamental e médio.
Esse esforço conjunto tem que ser feito mesmo considerando as dificuldades
de interação entre duas instituições com ritmo de trabalhos e objetivos
diferentes, porque enquanto a universidade tem como a preocupação, em nosso
caso específico, formar o profissional de geografia, seja ele geógrafo ou
professor de geografia, essa disciplina escolar no ensino fundamental e médio
precisa formar uma criança e um jovem que deverão se movimentar bem no
mundo de hoje, com a complexa realidade deste final de milênio, e ainda,
prepará-los para enfrentar outras transformações que estão por vir. A escola da
fábrica do século passado ainda está e não conta da formação desse jovem.
Há que se pensar em um ensino que forme o aluno do ponto de vista reflexivo,
flexível, crítico e criativo. Não é uma formação para o mercado de trabalho
apenas, mas um jovem preparado para enfrentar as transformações cada vez
mais célebres que certamente virão. A escola, particular ou pública, precisa ser
repensada para formação desse novo jovem. Pesquisas conjuntas devem ser
realizadas com urgência (PONTUSCHKA, 2005, p. 112).
Assim, partindo do pressuposto da importância da articulação entre a Geografia
Universitária e a Geografia Escolar, foram analisados 18 volumes da Revista da
ANPEGE, distribuídos em 18 números ao longo do recorte temporal indicado. Nesse
período, foram publicados 201 artigos, dentre os quais buscou-se identificar quantos
estavam dentro do campo da Geografia Escolar. Após a primeira análise, concluí que
somente 9 artigos, ou seja, cerca 5% do total de artigos publicados, atendiam a esse
critério. Considerando que nenhum desses nove artigos no campo da Geografia Escolar
discutiam sobre a EJA e/ou a questão racial no campo educacional, concluo que há uma
importante lacuna de pesquisa dentro do âmbito da Geografia sobre essas duas dimensões,
uma vez que, ao analisarmos os 201 artigos publicados na Revista da ANPEGE e
buscarmos pesquisas geográficas sobre as relações raciais, encontramos somente dois
trabalhos que articulam os eixos.
O artigo de Diogo Marçal Cirqueira e Gabriel Siqueira Corrêa (2014), Questão
étnico-racial na geografia brasileira: um debate introdutório sobre a produção acadêmica
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nas pós-graduações”, aborda a influência do movimento negro nas discussões sobre as
questões étnico-raciais no Brasil. Os autores objetivam construir um levantamento para,
posteriormente, analisar as dissertações e teses produzidas nos programas de Pós-
Graduação em Geografia no Brasil acerca da questão étnico-racial no intuito de
compreender como a geografia acadêmica se insere no referido debate. Os autores
destacam a irrisória produção de pesquisa sobre a temática e apontam quatro tendências
teórico-metodológicas de abordagem sobre o tema: o negro e a geografia; identidades e
territorialidades negras; a geografia de países africanos; e, por último, território e
manifestações culturais e religiosas.
o artigo de Rafael Sanzio Araújo dos Anjos (2011), “Cartografia da diáspora
África Brasil”, leva em conta que as questões estruturais sobre a cultura africana no
Brasil merecem ser investigadas, pois está “relacionada aos aspectos historiográficos e
geográficos da formação e distribuição da população de ancestralidade na África do
território brasileiro” (ANJOS, 2011, p. 261). Partindo desses pressupostos, o objetivo do
autor consistiu em resgatar as principais referências da diáspora África-América-Brasil e
a configuração espacial da população afro-brasileira contemporânea, visto que o
preconceito e o desconhecimento sobre essa parcela da população brasileira, e também do
que se refere ao continente africano, são obstáculos estruturais para uma efetiva
democracia racial, bem como para a implementação de políticas públicas articuladas e
eficazes no sentido de acabar com o racismo.
Anjos (2011) destaca a importância central da Geografia na discussão do debate
como uma estratégia poderosa da diluição do mito da democracia racial no Brasil, uma
vez que:
A geografia é a ciência do território e este componente fundamental, a terra, o
terreiro num sentido amplo, continua sendo o melhor instrumento de
observação do que aconteceu, porque apresenta as marcas da historicidade
espacial; do que está acontecendo, isto é, tem registrado os agentes que atuam
na configuração geográfica atual e o que pode acontecer, ou seja, é possível
capturar as linhas de forças da dinâmica territorial e apontar as possibilidades
da estrutura do espaço no futuro próximo (ANJOS, 2011, p. 262).
Nesse sentido, o autor lança mão dos mapas, que os considera ferramentas
importantes e eficazes para a leitura do mundo real, possibilitando, assim, inúmeras
interpretações reais do território em análise a partir dos arranjos e rearranjos sociais e
naturais. Anjos (2011) afirma que
Os mapas, por sua vez, são as representações gráficas do mundo real, se firmam
como ferramentas eficazes de interpretação e leitura do território,
possibilitando revelar a territorialidade das construções sociais e feições
naturais do espaço e, justamente por isso, mostram os fatos geográficos e os
seus conflitos. Estes possibilitam revelar graficamente o que acontece na
dinâmica do espaço e tornam-se cada vez mais imprescindíveis, por
constituírem uma ponte entre os níveis de observação da realidade e a
simplificação, a redução, a explicação e de pistas para a tomada de decisões e
soluções dos problemas. Não podemos perder de vista que um mapa não é o
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território, mas que nos produtos da cartografia estão as melhores possibilidades
de representação e leitura da história do território (ANJOS, 2011, p. 262).
Apesar de os dois artigos sobre a Geografia e a questão racial apontarem para o
papel central dessa área do saber no debate sobre raça e de trazerem contribuições teórico-
metodológicas importantes, consideramos que ainda estamos engatinhando nesse sentido.
Porto-Gonçalves (2007, p. 9) aponta que “as ciências humanas, inclusive as ciências
híbridas como a Geografia, não estavam preparadas para a emergência desses
movimentos”. Santos confirma tal situação:
Dentro do amplo conjunto de temas e enfoques que vêm construindo novas
tendências e ramos na Geografia (Cultural, da Religião, da Saúde, do Turismo,
etc.), chamamos aqui a atenção para o interesse de alguns (ainda poucos)
geógrafos na produção de uma (re)leitura de dimensões espaciais das relações
raciais na sociedade brasileira (SANTOS, 2007, p. 21).
Assim, dentro da Geografia Universitária, aqui representada pelos artigos
publicados pela Revista da ANPEGE, observamos que o espaço para pesquisa sobre a
Geografia Escolar ainda é ínfimo. Paralelamente, quando se trata das relações raciais
sobre ou no espaço geográfico brasileiro, a situação não muda. Compreendemos que a
análise da revista é uma pista, um indício da situação das pesquisas geográficas, porém
não podemos ser levianos ao afirmarmos categoricamente que essa situação representa
fielmente o cenário das pesquisas desenvolvidas nos Programas de Pós-Graduação em
Geografia no Brasil, tampouco considerar de forma panorâmica as pesquisas
desenvolvidas por professores das instituições de Ensino Superior, pois entendemos que
a Revista possui um limite quantitativo para publicações, além de outros fatores
limitadores. Mas, não podemos desprezar esses dados e refletir sobre eles, como o
fazem Cirqueira e Corrêa (2014):
Podemos encontrar abordagens acerca da questão étnico-racial e a formação
do território brasileiro no discurso geográfico produzido durante o século XIX
e XX (MORAES, 1991a, 1991b). Contudo, ao tempo em que a Geografia se
institucionaliza com o surgimento das universidades brasileiras notamos
que o tema se torna rarefeito como objeto de análise; debates em torno dessa
temática presentes na Antropogeografia de Ratzel (1882) e nos escritos
de Élisée Reclus sobre Escravidão nos Estados Unidos (1860) não são
apropriados pela intelligentsia geográfica, a não ser em obras isoladas e sem
expressão (CIRQUEIRA; CORRÊA, 2014, p. 33).
Com o propósito de cartografar as pesquisas no âmbito da Geografia Escolar,
lançamos mão da análise das publicações da Revista Brasileira de Educação em
Geografia, lançada em 2011. Publicada eletronicamente a cada semestre, a Revista está
no seu volume e possui 12 números. A cada edição constitui-se como importante
veículo de divulgação científica de pesquisas sobre a Educação em Geografia no Brasil e
no exterior, sobretudo em países ibero-americanos, por incentivar e fomentar práticas e
reflexões realizadas em espaços formais e não formais de educação.
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SILVA, Douglas Basílio da.; DIONISIO, Tiago. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES E RELAÇÕES
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Como podemos observar na TABELA 1, foram analisados 6 volumes, 12
números, desembocando num total de 134 trabalhos. Seguindo a mesma tendência
verificada na Revista da ANPEGE, o número de trabalhos sobre a EJA e a questão racial
é muito reduzido. No universo dos trabalhos analisados, somente dois tomam a EJA como
tema, e apenas um trata da questão racial.
Tabela 1: Ocorrência de artigos sobre EJA e questão racial na Revista Brasileira de
Educação em Geografia no decênio 2006-2016
VOLUME
NÚMERO
ANO
AUTORIA
TÍTULO
06
12
2016
-
-
06
11
2016
-
-
05
10
2015
-
-
05
09
2015
QUEIROZ, Thiago Augusto
Nogueira de.
O TEMA
ÁFRICA E A
GEOGRAFIA
ESCOLAR: uma
experiência no
Ensino
Fundamental II
04
08
2014
-
-
04
07
2014
-
-
03
06
2013
-
-
03
05
2013
-
-
02
04
2012
ROSSI,
Rafael;ROTTAFURLANET
TI, Maria Peregrina de
Fatima.
PODER,
CULTURA E
TERRITÓRIO: a
educação de
jovens, adultos e
idosos como luta e
resistência em
Presidente
Prudente SP
02
03
2012
-
-
01
02
2011
-
-
01
01
2011
SANTOS, Enio José Serra
dos.
O mundo do
trabalho na
geografia a ser
ensinada na
educação de
jovens e adultos
Fonte: Revista Brasileira de Educação em Geografia
Elaborada pelos autores (2022).
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Após identificarmos nos títulos os trabalhos que provavelmente
teriam interseccionalidade entre a EJA, a questão racial e o Ensino de Geografia,
seguimos a metodologia adotada anteriormente, isto é, a leitura dos resumos dos três
trabalhos apontados na tabela acima. Por se tratar especificamente de trabalhos cujo
objetivo é a Geografia Escolar, diferentemente do que ocorreu nos artigos sobre EJA na
RBE, lemos também o conteúdo de cada um dos artigos para extrair deles as possíveis
contribuições do ensino de Geografia nos campos de interesse desta pesquisa: a EJA e a
questão racial.
O artigo “África e a geografia escolar: uma experiência no Ensino Fundamental
II”, de Thiago Augusto Nogueira de Queiroz (2015), é um trabalho publicado na seção
de práticas educativas da Revista Brasileira de Educação em Geografia. Trata-se de uma
experiência pedagógica, fruto do estágio supervisionado desenvolvido no ensino
fundamental, mais especificamente no tocante à formação de professores, em que o autor
compartilha a experiência vivenciada com a turma do ano da Escola Estadual Nestor
Lima, em Natal (RN), quando trabalhou a formação e ressignificação do conceito de
África. Ao narrar e problematizar o planejamento das aulas, Thiago Queiroz (2015) traz
também elucidações conceituais sobre a Geografia Escolar e a utilização dos livros
didáticos no processo de ensino/aprendizagem. O autor toma como recorte teórico-
metodológico a construção de conceitos geográficos a partir de Cavalcanti (1998) e de
Vygotsky (1987) (apud QUEIROZ, 2015), tendo como pano de fundo dessas questões o
objetivo do estágio supervisionado na formação do futuro professor de Geografia.
o artigo de Rafael Rossi e Maria Peregrina de Fatima Rotta Furlanetti (2012),
intitulado “Poder, cultura e território: a educação de jovens, adultos e idosos como luta e
resistência em Presidente Prudente (SP)”, teve como objetivo refletir sobre as
dificuldades no alcance da meta por uma educação formal e de qualidade para as pessoas
jovens, adultas e idosas. O texto apresenta reflexões sobre o ambiente institucional
escolar como território restrito que exclui e impede o acesso dessas três faixas etárias à
educação formal. No sentido de construir uma ação contrária, os autores apontam a
necessidade de recorrer à cultura popular, pois, através dela, o sentimento de coletividade
fortalece as reivindicações, “a fim de que possam prosperar ações de agentes preocupados
com uma educação com maior justiça social e patamares mais efetivos de democracia”
(ROSSI; FURLANETTI, 2012, p. 65).
Para tal análise, os pesquisadores lançam mão de teóricos que discutem a questão
do território, tais como: Gregory et al (2009), Raffestin (1993), Foucault (1982), Wolf
(1990), Sack (1986). No que se refere à cultura popular, o estudo se baseia
em Dagnino (2000) e nos Intelectuais orgânicos, de Gramsci (1985) (apud ROSSI;
FURLANETTI, 2012). Rossi e Furlanetti (2012) defenderão como uma estratégia para o
fortalecimento da EJA os seguintes pontos: a valorização da cultura escolar, o
engajamento, tanto por parte dos pesquisadores da EJA, quanto dos sujeitos envolvidos
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diretamente com essa modalidade de ensino, a construção do sentimento de coletividade
com o fim de potencializar as reivindicões e, assim, diluir os problemas em torno da
demanda de aberturas de salas de EJA demanda que, segundo os autores, não é atendida
pelos gestores públicos.
Por último, o artigo do professor Enio José Serra dos Santos (2011), O mundo
do trabalho na geografia a ser ensinada na educação de jovens e adultos”, reflete sobre o
conhecimento escolar de geografia presente em propostas curriculares oficiais elaboradas
para o Ensino Fundamental, na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA). O autor
constrói sua análise a partir das Coleções ProJovem e Cadernos de EJA, materiais
produzidos pelo Governo Federal para essa modalidade de ensino, distribuídos para as
escolas públicas, bem como disponibilizados no site do MEC. Santos indica que nos
materiais analisados são evidenciados processos de reelaboração didática de
conhecimentos geográficos, tendo como foco os conteúdos relativos ao mundo do
trabalho. Sobre o trabalho, o autor destaca que
procura-se, assim, compreender os sentidos atribuídos a tais conteúdos quando
convertidos para o contexto da escolarização de jovens e adultos trabalhadores.
A análise é feita buscando relacionar os processos de reconstrução do
conhecimento escolar de geografia à lógica das recentes políticas curriculares
de EJA, que redundaram, entre outras ações da esfera federal, na produção dos
materiais didáticos aqui examinados (SANTOS, 2011, p. 24).
Santos (2011) aponta, ainda, os limites e avanços desse material, sinalizando para
o fato do mundo do trabalho ser o eixo estruturante das propostas, mas também para a
existência de incongruências no sentido de que os conteúdos são tratados de forma
diferenciada em cada proposta. Por seu caráter extremamente prescritivo, o material
didático do ProJovem Urbano enrijece as possibilidades de ação do professor. Os
Cadernos de EJA, por sua vez, cujos caráter e forma de organização são outros,
apresentam-se com grande potencial inovador no que diz respeito ao atendimento da
especificidade do aluno trabalhador. Entretanto, o autor reconhece que, mesmo mediante
essas incongruências, a EJA sai ganhando, pois com material próprio se torna reconhecida
como modalidade de ensino e ganha discurso pedagógico, possibilitando críticas, análises
e novos contornos.
Os três artigos da Revista Brasileira de Educação em Geografia, sendo dois com
foco na EJA, apesar de trazerem reflexões importantes para os problemas enfrentados
pela modalidade de ensino, não têm na sua abordagem a interseccionalidade das
características que coexistem nos sujeitos que usufruem desse modo de educação.
O artigo de Queiroz (2015), por sua vez, que discute a África no Ensino
Fundamental, ainda que traga pistas teórico-metodológicas importantíssimas de como
reconstruir conceitos tão enraizados na consciência dos nossos estudantes, parte da
situação de que é um conteúdo a ser recontextualizado, mas não debate o modo como essa
temática reverbera na vida dos nossos estudantes. Com isso, não pretendemos aqui negar
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relevância das pesquisas realizadas no decênio analisado; porém, vale considerar a
dificuldade de construir uma Geografia que esteja associada à grande parte da população
brasileira, que é negra e ficou invisibilizada ao longo do tempo. Quando, no entanto, é
trazida para o centro de alguma questão, é sempre pelo viés da negação, da ausência, da
precariedade.
É aqui que reside o grande desafio, ao longo da cartografia realizada nos trabalhos
da ANPEd e de publicações como a RBE, a Revista da ANPEGE e da Revista Brasileira
de Educação em Geografia: observamos que o campo da interseccionalidade ainda se
encontra em construção, por muitas vezes fragilizado. A existência de pesquisas sobre a
questão racial na EJA não garante que as categorias classe e raça estejam operando
conjuntamente nas análises, mas sim que em alguns momentos uma estará no foco da
questão mais do que a outra, gerando a superinclusão e/ou subinclusão de determinadas
categorias.
Na perspectiva trazida por este trabalho a relação Geografia Universitária e a
Geografia Escolar, assume contornos relevantes ao balizar reflexões não apenas acerca
do exercício docente, mas, sobretudo, das especificidades da Geografia Escolar, na qual
devem confluir, necessariamente, as bases epistemológicas e didáticas da Geografia.
Contudo, é preciso apontar que a relação entre as vertentes acadêmica e escolar se
constitui num dos principais desafios a serem superados no âmbito das licenciaturas em
Geografia, com desdobramentos diretos e indiretos na prática docente e, por
consequência, no chão da escola com seus diversos sujeitos que ali estão.
Ressaltamos, portanto, que a Geografia enquanto ciência e disciplina escolar e,
sobretudo, suas interlocuções, implica, fundamentalmente, em analisar e (re)dimensionar
o papel da formação e da prática docente em Geografia na contemporaneidade,
especialmente no que tange a inclusão coerente e consciente dos sujeitos por décadas
invisibilizados pela desigualdade social, racial entre outras.
Nesse sentido, Pontuschka (2010) propõe, nesse sentido, maior articulação entre
a formão inicial dos docentes e as práticas escolares e ainda sugere que “os vínculos
entre as disciplinas escolares e a formação universitária sejam revistos, tanto em relação
às “ciências de referência”, quanto em relação às ciências da educação”
(PONTUSCHKA, 2010, p. 457).
As questões, acima apontadas por Pontuschka, sejam talvez um dos maiores
desafios e pontos de tensão, no âmbito das licenciaturas. A relação a ser contemplada
entre a formação específica e a pedagógica é parte indispensável ao longo da formação
inicial docente e, muitas vezes, negligenciada, tornando deficitária a formação dos
professores. Especificamente sobre as licenciaturas em Geografia e os desafios da relação
entre suas dimensões acadêmica e escolar, Cavalcanti (2012) esclarece:
[...] parto de um entendimento de que a ciência geográfica se estrutura em, pelo
menos, duas modalidades práticas, que são a Geografia acadêmica e a
Geografia escolar. A Geografia acadêmica é o conjunto de conhecimentos
formulados por geógrafos investigadores, na maior parte ligados à academia,
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que, tendo como referência a história dessa ciência e os cânones do
conhecimento científico em suas diferentes matrizes teóricoepistemológicas,
vão construindo, dentro de suas inúmeras linhas de trabalho (as especialidades
tradicionais e as novas/renovadas), teorias, postulados, sistemas e
classificações, com o intuito de aprimorar mais e mais a compreensão e análise
do mundo, na perspectiva espacial. A Geografia escolar, por sua vez, abriga
um conjunto de conhecimentos que são estruturados e veiculados na prática
docente dos professores em escolas de diferentes níveis de ensino, com o
objetivo de compor o objeto da formação escolar de seus alunos. Para sua
estruturação, as referências são, de um lado, os conhecimentos geográficos
acadêmicos (Geografia acadêmica e didática da Geografia), e, de outro, saberes
escolares da tradição, destacando-se a própria Geografia escolar já constituída
(CAVALCANTI, 2012, p. 372).
Os futuros docentes precisam ter clareza acerca das especificidades da geografia
acadêmica e escolar, mas, sobretudo, de sua intrínseca relação. Sua formão deve se
pautar em referenciais teóricos da epistemologia geográfica, se articulando, contudo, às
especificidades e demandas do ambiente escolar. Essa articulação, por consequência,
deve permitir aos licenciandos, condições suficientes para a prática de uma Geografia
escolar que alcance na educação básica, seus objetivos de formação.
O reconhecimento das especificidades e demandas inerentes ao ambiente
escolar e, especificamente, ao ensino da Geografia na educação básica, coloca
para as licenciaturas dessa área, diversos questionamentos: [...] as formulações
teórico-metodológicas da Geografia têm a ver com seu ensino? Ou seja: as
mudanças na Geografia acadêmica, na pesquisa científica de conteúdos
geográficos específicos, acarretam alterações nos conteúdos escolares? Como
ocorrem essas alterações? Quais as bases teórico-metodológicas da Geografia
Escolar? O que fundamenta a construção do discurso geográfico na sala de
aula? (CAVALCANTI, 2010, p. 373).
Diante desse cenário, sublinha-se a validade do significante prática docente por
meio dos sujeitos por tanto tempo invisibilizados no espaço escolar, que impõem uma
intensa mobilização e indispensáveis interlocuções entre a geografia acadêmica e a
geografia escolar, possibilitando assim, aos professores em formação inicial e um
exercício profissional com autonomia e criticidade para o alcance de uma Geografia capaz
de desenvolver o raciocínio geográfico includente.
Considerações finais
Nesta reflexão poderiam ser agregados outros exemplos e até haver o
questionamento por não considerar as demais dimensões que atingem esse público, em
específico. Entretanto, para o limite espacial de um artigo, uma análise sobre a
diversidade dos sujeitos da EJA de forma profunda não é possível, caso contrário
cairemos em pseudoanálises e avaliações superficiais, que pouco contribuiriam para o
referido campo de pesquisa. Além disso, como foi exposto, a EJA é uma educação para
e da classe trabalhadora, uma vez que foi a desigualdade econômica que impediu esses
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estudantes, quando ainda crianças, de estudarem. Forçados a ingressar precocemente no
mundo do trabalho, esses sujeitos buscam a manutenção de suas condições mínimas de
sobrevivência. Essa situação atingiu, em sua grande maioria, a população negra desde os
primórdios da história deste país até aos dias atuais.
Ressaltamos que o paradigma da interseccionalidade, enquanto recorte teórico e
metodológico, nos impõe um grande desafio, pois nos faz refletir como são pensadas,
analisadas, contextualizadas e interpretadas as teorias e mobilizadas as categorias sociais
de gênero, raça, classe, orientação sexual, entre outras. Sob uma perspectiva
interseccional, as referidas categorias, mais do que identidades que podem ser adotadas,
rejeitadas ou impostas, são analisadas como construções sociais aglutinadas, sobrepostas
e conciliadas, ou seja, são produzidas a partir do contexto de complexas relações de poder
e de desigualdade socioeconômicas, políticas e culturais. Isso implica em um novo modo
de conceituar e mobilizar as categorias sociais, que gera um forte impacto no acesso de
todas/os à igualdade de direitos e à não discriminação. Tal situação precisa, no entanto,
passar pelo chão da sala de aula, pelas práticas pedagógicas, pelos conteúdos escolares,
enfim, pela cultura escolar. Assegurar estes direitos implica, necessariamente, a criação e
aplicação de políticas sociais mais justas e inclusivas que reconheçam os sujeitos que se
situam na interseção de vários eixos de desigualdade sobrepostas.
Nesse sentido, a Geografia apresenta-se com tendo um papel central na
potencialização da interseccionalidade, uma vez que o ensino dessa ciência se dá a partir
das experiências, percepções e vivências que os estudantes adquiriram no mundo onde
estão inseridos. Considerando que esses estudantes são encharcados de vivências em uma
sociedade complexa e contraditória, é preciso que o professor se porte como um mediador
entre esse mudo extraescolar e o mundo escolar do conhecimento sistematizado,
construindo pontes entre eles e assim enriquecendo o fazer pedagógico sem desconsiderar
ou supervalorizar os saberes.
Então, para a pesquisa aqui apresentada, pensamos em um ensino de Geografia na
Educação de Jovens e Adultos Trabalhadores, contexto em que os sujeitos são
hegemonicamente trabalhadores e em sua grande maioria negros. A partir daí, sugerimos
uma interseccionalidade didático-pedagógica que contemple as categorias de classe e
raça, uma vez que esses sujeitos estão imersos social, cultural e politicamente nessas
categorias e elas, por sua vez, deságuam no chão da sala de aula.
Observamos que ainda são tímidas e iniciais as reflexões por parte da Ciência
Geografia sobre repensar o seu próprio ensino numa perspectiva interseccional, uma vez
que consideremos que, na Revista ANPEGE, dos 201 artigos publicados, somente nove
discutiam o ensino da Geografia, e que, entre esses mesmos 201 artigos, somente dois
tinham a questão racial como foco de análise.na Revista Brasileira de Educação em
Geografia, a situação não é tão diferente, haja vista que, dos 134 artigos analisados,
somente um discutia a questão racial e dois discorriam sobre a EJA.
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Ao voltar suas análises para temáticas como a formação de professores, currículo,
trabalho de campo, práticas pedagógicas e livros didáticos, a Geografia valoriza o
tradicionalismo temático, deixando muitas vezes de se questionar sobre quem são esses
sujeitos foco do ensino da Geografia e de colocar perguntas chave como: quais são suas
culturas? Em que perspectivas políticas os estudantes estão imersos? Quais são suas
condições de existência? Como eles inventam e reinventam os seus modos de vida? Quais
são suas representações sociais, suas lutas políticas, suas reivindicações sociais E como
isso chega até a escola?
Portanto, se faz urgente e necessário a inclusão de novas temáticas em pesquisas
no campo da geografia e uma maior articulação entre a Geografia Universitária e Escolar,
em um sistema que se auto alimenta, desvendando, de fato, as máscaras sociais inclusive
do espaço escolar.
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AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, Douglas Basílio da.; DIONISIO, Tiago. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES E RELAÇÕES
ÉTNICO-RACIAIS E ENSINO DE GEOGRAFIA: que espaço essa tríade ocupa nos periódicos da área de geografia?. Ensaios de
Geografia. Niterói, vol. 8, nº 17, pp. 143-164, jul. 2022.
Submissão em: 14/01/2022. Aceito em: 11/06/2022.
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ENSAIOS DE GEOGRAFIA
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