a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é
concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução
de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1986, p. 14).
Esta forma de pesquisa que muitas vezes é praticada por professores de maneira
cotidiana, geralmente na busca pelo reconhecimento dos conhecimentos prévios dos
estudantes ou da realidade de cada lugar, escola, turma, ou seja, faz parte de uma
estratégia do pesquisador de aprimorar seu olhar. Este olhar geográfico possibilita ao
professor-pesquisador a compreensão de espacialidades e de dinâmicas socioespaciais,
como os lugares onde ocorrem práticas esportivas masculinas ou femininas,
agrupamentos de determinado gênero para rodas de conversa, brincadeiras, podendo ser
inventadas pelos sujeitos escolares ou impostas através das regras da escola. Para tanto,
pretendemos aqui sugerir uma forma de transgressão em relação a tudo aquilo que
acreditamos ser castrador, precisa-se estabelecer uma discussão necessária sobre as
construções espaciais de pessoas excluídas socialmente, como os estudantes LGBTQIA+,
negros, PcD, mulheres etc.
Visões perpetuadas de estudos eurocentrados produzidos nos “centros” de
produção de conhecimento, e que são reproduzidos no seio da estrutura educacional
brasileira, na grande maioria das redes municipais de ensino. Deste modo, uma quebra de
paradigmas indica uma educação que vislumbra os preceitos decoloniais, assim como
coloca Maldonado-Torres (2016), ao considerar o campo dos estudos étnico-raciais como
lugares na academia que:
a. investigam de forma central as dinâmicas de exclusão das formas
hegemônicas de poder, ser, e conhecer para o qual b. usam conceitos de raça,
gênero, classe, e outros marcadores da diferença humana hierárquica e
naturalizada, e que além disso c. tomam como fonte de articulação de
problemas que se plasmam em variadas expressões de conhecimento e de
expressão criativa, incluindo o trabalho intelectual, o trabalho artístico, a
mobilização social e a vida “ordinária” de comunidades de cor e que d. denota
uma orientação emancipatória ou decolonizadora no sentido de que estão
enraizados não na atitude liberal das artes liberais cuja tendência principal é a
oposição ao dogmatismo e ao cultivo da tolerância frente à diversidade, senão
uma atitude decolonial que busca o desmantelamento das formas de poder, ser
e conhecer desumanizadoras e a criação do que Frantz Fanon nomeou como o
mundo do Tu (MALDONADO-TORRES, 2016, p. 78).
Assim, tipo de atitude, de objetivo ou propósito conduz à apropriação crítica do
uso de múltiplas disciplinas e métodos, sobretudo nas ciências humanas e nas ciências
sociais, e a construir novas categorias metodológicas, formas discursivas, práticas
pedagógicas e políticas e espaços, não devem ser constructos apenas no interior da
academia, devem sim, serem pensados e situados no Ensino Básico, expressos através das
práticas pedagógicas que busquem a emancipação de todos os indivíduos, o que pode
orientar um conjunto de mudanças sociais tão necessárias na contemporaneidade.