posteriormente, com as contribuições dos estudos pós-estruturalistas, aquela torna-se a
Geografia do Gênero (BORGHI, 2015).
Sobre esta última, Borghi (2015), alega que o diferencial da Geografia do Gênero
é que esta passou a investigar também as epistemologias da própria Geografia com o
intuito de identificar conceitos, teorias, discursos, estudos aplicados, que permitissem
evidenciar a existência de uma epistemologia hegemônica e/ou sexista. Com efeito, a
Geografia do Gênero propôs outras categorias e/ou objetos analíticos, como a sexualidade
e o corpo (corporalidade). Para mais, começaram a surgir estudos que buscavam
compreender as relações de poder que são estabelecidas entre corpo, identidade sexual e
espaço, tais estudos, acabaram resultando em a um outro subcampo, a Geografia da
Sexualidade (BORGHI, 2015).
Essa ‘virada sexual’ em geografia foi possível graças à afirmação da teoria
queer. Os queer studies permitiram renovar o estudo das relações entre gênero,
sexualidade e espaço público. A partir dos anos 1990, esses estudos permitiram
que se abandonassem as lógicas binárias (masculino/feminino, homo/hétero) e
que se evidenciasse o gênero como paradoxo (BORGHI, 2015, p. 136-137).
No que tange à Geografia brasileira, tanto os estudos de gênero e sexualidade,
bem como os estudos queer, começaram aparecer na virada dos anos 1990 para os anos
2000 (FARIA, 2018). Entre as produções queer-geográficas, destacam-se os trabalhos
das geógrafas e dos geógrafos, Silva (1998), Silva (2007; 2010), Ornat (2007; 2008;
2010), Nabozny (2010), Souza e Ratts (2008; 2009), como referências nacionais na
temática gênero e sexualidade e estudos queer em Geografia.
Ao encaminhar um estudo sobre as potencialidades do uso do conceito de gênero
para as análises geográficas, Silva (2007) identificou na Geografia uma demanda no que
tange o fomento e/ou prática de uma “geografia paradoxal”, e que por meio desta seria
possível conceber também o “espaço paradoxal”, este, sendo uma proposta teórico-
metodológica instituída pela Geografia Feminista, e caracterizado por níveis de tensão e
de força. Destarte, a conjugação desses elementos, não só evidenciaria o discurso
geográfico hegemônico existente, como também as alternativas de subversão do mesmo.
Tal proposição de subversão dessa Geografia hegemônica orientou o nosso objeto
de estudo que se apresenta a partir da reflexão e/ou questionamento dos paradigmas que
ainda permanecem nos cursos de formação de professores-pesquisadores em Geografia.
Assim sendo, nossa investigação parte de um contexto local, mas, que é efeito de uma
produção de conhecimentos que legitimam um determinado modo de fazer ciência.
Dito isso, conduzimos um estudo exploratório com as/os discentes do curso de
Geografia da UEMS/CG, com vista a coletar posicionamentos a respeito das
possibilidades e/ou limitações que orientam e/ou podem orientar a articulação queer-
geografia, e assim, consolidar um fazer/saber queer-geográfico.