Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
MATTOS, Lucas Nascimento de; ROSALIN, João Paulo; FRANCO, Fernando Chamone; BEZERRA, Rafael Freitas; SANTOS, Leandro
Luís Lino dos; FERREIRA, Jonathan. Esporte, Cidade e Geografia: entrevista com o professor Dr. Victor Andrade de Melo. Ensaios de
Geografia. Niterói, vol. 9, nº 19, pp. 196-210, set-dez de 2022.
Submissão em: 08/11/2022. Aceito em: 18/11/2022.
ISSN: 2316-8544
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nas ANPUR”, não sei se você já conhece
esse trabalho. Antes de ter o nosso
simpósio, que vai fazer 20 anos agora, o
Simpósio da História do Esporte, eu fui
pegando todos os anais da ANPUR pra ver
onde aparecia o esporte na ANPUR. Até
que a gente tem o nosso simpósio. E aí, no
início, cara, era igual na gente. Era 80% de
futebol e 20% das vezes era só eu mesmo
que gosto do século XIX, e o século XIX não
tem futebol. Quer dizer, o futebol estava
começando em São Paulo. Acho que eu
escapei de estudar futebol porque gosto
mais do XIX que do XX, então, deve ter sido
mais ou menos por isso. E aí,
paulatinamente, o futebol ainda é
importante. Talvez o futebol hoje ocupe um
espaço de 30 a 40%. O que é lógico, o
futebol é um esporte importantíssimo,
fascinante. Mas a gente ganhou muito,
cara, quando a gente diversificou as
modalidades. Eu sempre acho assim,
diversificar é muito saudável para um
campo acadêmico. Se a gente já faz história
cultural do esporte e fica todo mundo meio
que repetindo coisas muito parecidas,
então é legal quando alguém faz história
política, história social, história
comparada, história econômica. Se a gente
vai ficar estudando a identidade, que foi um
tema que era moda, ou torcida organizada,
fica tudo meio que já pré-concluído. O
esporte é uma das ferramentas que as
mulheres mais utilizaram para ter maior
protagonismo social lá no século XIX e
início do século XX. Primeiro como público
e depois como participante, como atletas.
Então, eu sempre acho que a gente ganha
pra caramba quando a gente diversifica. Eu
acho que para o movimento da história do
esporte, foi muito saudável que hoje a gente
só tenha entre 30 e 40 por cento, o que já é
bastante, mas o que tem que ser, porque o
futebol é um espaço de relevância, sim, mas
tem tantos outros olhares que a gente pode
dar para a sociedade... Por que, pra quê a
gente estuda o esporte? Para entender o
mundo, né? O esporte é a nossa chave para
entender a sociedade, o que não significa
que a gente não possa entender o esporte
também. Eu acho que se a gente tem vários
olhares a partir do esporte, a gente pode
entender também a olhar o mundo de forma
mais diversa, mais múltiplo e talvez até
mais completa na soma desses estudos.
Quais foram as suas últimas publicações
e se você tem projetos futuros nessa área
de esporte e cidade?