Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
PEQUENO, Victor Dantas Siqueira. CRIAÇÕES CORPO-ESPACIAIS POÉTICAS EM MALECÓN, HAVANA: aproximações com a
geografia humanista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 9, nº 20, pp. 187-203, janeiro-abril de 2023.
Submissão em: 28/11/2022. Aceito em: 28/02/2023.
ISSN: 2316-8544
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SEÇÃO ARTIGOS
CRIAÇÕES CORPO-ESPACIAIS POÉTICAS EM MALECÓN, HAVANA
1
:
aproximações com a geografia humanista
BODY-SPACE POETIC CREATIONS IN MALECÓN, HAVANA:
approaches to humanist geography
CREACIONES CUERPO-ESPACIALES POÉTICAS EN EL MALECÓN, LA
HABANA:
enfoques de la geografía humanista
Victor Dantas Siqueira Pequeno 2
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS),
Mato Grosso do Sul, Brasil
e-mail: victorpequenogeo@gmail.com
Resumo
O presente artigo contempla o debate da Geografia Humanista ao mobilizar uma prática engajada com um devir
geográfico que se pretende corpo-espacial. Proponho uma discussão sobre os usos e/ou sentidos da categoria corpo
para com as experiências urbanas. Para tanto, apoio-me teoricamente nos estudos geográficos vinculados a
fenomenologia, e metodologicamente na observação-participante e técnica fotográfica no intento de elaborar
composições corpo-espaciais e geopoéticas tendo como campo a Avenida Malecón, localizada em Havana, Cuba.
Conceber a cidade-corpo e/ou mobilizar corpografias urbanas são atos criativos frente à despersonalização do
espaço público.
Palavras-chave
Geografia Humanista; Corpo-espaço; Urbano; Havana; Fotografia.
1
O presente trabalho foi realizado com apoio da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul através do
Programa Institucional de Apoio Financeiro à Mobilidade Nacional e Internacional (PIAFmob - UEMS).
2
Licenciado em Geografia pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS/UUCG) com período
sanduíche na Facultad de Geografía de Universidad de La Habana (2022.2). Membro do Grupo de Pesquisa em
Tecnologia, Território e Redes (GTTER/UEMS - CNPq).
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Abstract
This article contemplates the debate of Humanist Geography by mobilizing a practice engaged with a geographic
becoming that intends to be body-spatial. I propose a discussion about the uses and/or meanings of the body
category in relation to urban experiences. For that, I rely theoretically on geographical studies linked to
phenomenology, and methodologically on participant-observation and photographic technique in an attempt to
elaborate body-spatial and geopoetic compositions, having as a field the Malecón Avenue, located in Havana,
Cuba. Conceiving the city-body and/or mobilizing urban corpographies are creative acts in the face of the
depersonalization of public space.
Keywords
Humanist Geography; Body-space; Urban; Havana; Photograph.
Resumen
Este artículo contempla el debate de la Geografía Humanista al movilizar una práctica comprometida con un
devenir geográfico que pretende ser cuerpo-espacial. Propongo una discusión sobre los usos y/o significados de la
categoría cuerpo en relación a las experiencias urbanas. Para ello me apoyo teóricamente en los estudios
geográficos ligados a la fenomenología, y metodológicamente en la observación participante y la técnica
fotográfica en un intento de elaborar composiciones cuerpo-espaciales y geopoéticas, teniendo como campo la
Avenida Malecón, ubicada en La Habana, Cuba. Concebir la ciudad-cuerpo y/o movilizar cuerpografías urbanas
son actos creativos frente a la despersonalización del espacio público.
Palabras-clave
Geografía Humanista; Cuerpo-espacio; Urbano; Habana; Fotografía.
Introdução
É do e no corpo que emergem sensações, sentimentos, afetos e experiências. É com/no
corpo que expressamos e/ou experimentamos nossos desejos e/ou vontades. É com o corpo que
exercitamos nossa individualidade e/ou coletividade. Em todas essas situações o corpo participa
em um espaço e em um tempo específico. E são estes que qualificam aquelas. Discutir o corpo
demanda, portanto, a discussão espaço-tempo.
É reconhecido que após os avanços epistemológicos difundidos pela Geografia Crítica
em meados dos anos 1970, o espaço geográfico tornou-se objeto primário de toda e qualquer
investigação geográfica, espaço este que é constituído por uma historicidade e intermediado
pelas relações sociais:
Ao nosso ver, a questão a colocar é a da própria natureza do espaço, formado, de um
lado, pelo resultado material acumulado das ações humanas através do tempo, e, de
outro lado, animado pelas ações atuais que hoje lhe atribuem um dinamismo e uma
funcionalidade (SANTOS, 2006, p. 69).
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Tendo isso em vista, se o corpo é possível existir espacialmente e a Geografia é a
ciência que estuda o espaço geográfico, logo, o corpo deveria ser concebido como categoria
analítica nos estudos geográficos assim como ocorre com as categorias consagradas como
território, região, lugar e paisagem. Contudo, não é isso que se observou ao longo das últimas
décadas, haja vista que geógrafas e geógrafos denunciaram o paradigma da racionalidade
herdada do positivismo que persistiu nas distintas correntes filosóficas que foram aderidas na
Geografia.
Em decorrência disto, o corpo e as corporeidades foram valorizados como categorias
analíticas nos estudos geográficos somente na década de 1990 com os estudos da Nova
Geografia Cultural, e posteriormente, com o surgimento das Geografias feministas e a
Geografia queer.
O movimento dos anos 1990, que dissocia a pretensa ordem linear entre sexo, gênero
e desejo e, as transformações sociais e biotecnológicas dos finais do século XX, como
o controle da fertilidade e reprodução humana, as intervenções cirúrgicas estéticas, a
invenção das próteses de vários tipos, as cirurgias de transgenitalização e o
crescimento de doenças como a AIDS, trazem o corpo, seus atributos, sexualidades,
sensações e desejos para o centro do interesse das ciências sociais e também da
Geografia, embora com menor intensidade. Isso porque o corpo esteve relacionado
durante muito tempo à esfera do espaço privado, e este último foi preterido pelas(os)
geógrafas(os) (SILVA, 2010, p. 44).
No presente artigo proponho uma reflexão sobre a categoria corpo e como as
corporeidades podem inspirar experiências urbanas criativas, poéticas, concebendo assim, uma
cidade-corpo (HISSA; NOGUEIRA, 2013) e/ou corpografias urbanas (JACQUES, 2008). Para
tanto, oriento-me teoricamente pelos pressupostos da Geografia Humanista, mais
especificamente, aqueles que articulam o método fenomenológico com a corrente de
pensamento pós-estruturalista. Na discussão final, são apresentadas algumas composições
fotográficas e geopoéticas da Avenida Malecón localizada na capital cubana, e que foram
elaboradas durante a Mobilidade Internacional (setembro à novembro de 2022) na Facultad de
Geografía de la Universidad de La Habana.
Corporizando a cidade
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Realizar uma leitura fenomenológica da cidade significa colocar em evidência a
potência criativa dos agentes que a (re)constroem, ou seja, sublimar os níveis individuais e
coletivos (eu-nós) uma vez que estes/as dispõem à cidade sentidos e/ou significados, tornando-
a uma obra de arte. Obra de arte que nunca será finalizada. Ser e espaço fundem-se, e assim
passamos a sentir-se cidade.
A experiência de sentir a cidade, ou melhor, sentir-se cidade, deve ser empreendida
como forma de romper com o olhar pragmático voltado aos paradigmas de uma cidade
funcional e ir ao encontro de uma cidade formadora. À luz da Fenomenologia e da
imaginação criadora, vamos ao encontro de uma cidade poética, abrindo-se sendas
para a novidade [...] (ARAUJO; MOURA, 2021, p. 52).
Ao sentir-se cidade estamos também (re)afirmando a cidade-corpo. Ao sentir-se cidade
estamos também assumindo as posições de transformadores da cidade e transformados pela
cidade. O sentir-se na cidade, portanto, demanda uma relação de interdependência material-
imaterial, sentimento-pensamento.
A vida urbana é feita das relações corpo-cidade, espaço-movimento, afeto-ação. A
cidade-terreno é a cidade no nível da rua, produzida por corpos e movimentos, do que
está sendo feito da vida urbana. O corpo experimenta a cidade. A cidade vive por meio
do corpo dos sujeitos. A cidade é cidade-corpo (HISSA; NOGUEIRA, 2013, p. 56,
grifo dos autores).
Nesse mesmo horizonte teórico, ao eleger a categoria corpo como significante das
experiências urbanas, Paola Jacques (2008) utilizou da expressão corpografias urbanas ao
compreender que:
A cidade é lida pelo corpo como conjunto de condições interativas e o corpo expressa
a síntese dessa interação descrevendo em sua corporalidade, o que passamos a chamar
de corpografia urbana. A corpografia é uma cartografia corporal (ou corpo-
cartografia, daí corpografia), ou seja, parte da hipótese de que a experiência urbana
fica inscrita, em diversas escalas de temporalidade, no próprio corpo daquele que a
experimenta, e dessa forma também o define, mesmo que involuntariamente [...]
(JACQUES, 2008, p. 3).
Todavia, que ressaltar que na contemporaneidade a estima por tais aspectos e/ou
valores humanistas diante dos moldes de produção de capitalista, tendem a ser desprezados, e
quando são “reconhecidos” se apresentam em forma de mercadoria, ou seja, objeto de consumo
para garantia da ampliação do capital.
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Experiências cotidianas, como caminhar, imaginar, sonhar ou mesmo despertar nossa
atenção para o mundo, deixar-se encantar, parecem incoerentes e teis em uma
sociedade que aprendeu a supervalorizar a razão e o tecnicismo. [...] quando a
experiência de ser cidade é privada, ou seja, quando se ofusca a geograficidade e o
espaço vivido, o sujeito não consegue experienciar além do sentido funcional ofertado
pelos espaços (ARAUJO; MOURA, 2021, p. 51).
Consoante com tal pensamento, Cássio Hissa e Maria Nogueira (2013) baseando-se na
obra de Milton Santos argumentaram que o racionalismo e/ou tecnicismo legitimam a cidade
hegemônica qual seja, a cidade da pressa, o subjetivismo consiste no significante da cidade
lenta. Sobre os usos e apropriações desta última:
Milton Santos afirma que, aos pobres, que não experimentam a cidade da pressa, resta
a invenção. Os homens lentos desconhecem ou desconsideram as regras inscritas
no cotidiano urbano e, justamente por isso, para eles, sua memória é inútil. Em seus
ritmos lentos, produzem novos sentidos na cidade; encaminham novos significados à
cidade-corpo. Os homens lentos exploram diferentes e imprevisíveis experiências [...]
(HISSA; NOGUEIRA, 2013, p. 59, grifo dos autores).
De todo modo, tanto a cidade da pressa quanto a cidade da lentidão, ainda que
antagônicas, demandam experiências urbanas individuais e/ou coletivas coexistentes que se
manifestam na trama diária citadina.
As experiências urbanas são distintas, cada qual a vive e a ressignifica de modo
diferente. No entanto, todas criam em si um imaginário, histórias e aprendizados.
inúmeros estímulos que tornam as experiências urbanas poéticas e formadoras. Ao
caminhar pela cidade, esta vai se revelando a nós. Aliás, muito mais em caminhar
do que simplesmente andar [...] (ARAUJO; MOURA, 2021, p. 53).
Ao destacar a prática de caminhar pela cidade, as autoras estão considerando-a como
um ato inventivo e/ou criativo. Nesse sentido, é sugerido que o corpo que caminha irradia
sentidos, significados e apropriações para com os espaços citadinos. O corpo que caminha está
sempre condicionado ao novo, o imprevisível. E ainda que esse corpo caminhe, por exemplo,
por uma mesma rua todos os dias e nos mesmos horários, o caminhar ocorre sempre no “agora”:
Entre os encontros inesperados que ocorrem na caminhada urbana, incluem-se os que
se expressam em múltiplas linguagens verbais, escritas, gestuais, sonoras,
performativas, arquitetônicas etc. Os seus significados são também variados e podem
incluir o confronto de visões do mundo conflitantes ou existências e copresenças
aleatórias, que tanto podem gerar compromissos e solidariedades como podem
provocar diversão, ou disputas de sentidos e conflitualidade, violência ou racismo
(FORTUNA, 2018, p. 147).
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Outrossim, corpo que caminha experimenta e/ou reconhece lugares-territórios:
[...] O corpo é o lugar de onde vemos o mundo, que faz o mundo vibrar e nos faz ver
o universo de determinada forma: o modo como vivemos o corpo. O corpo é o
território de onde dizemos o mundo. No mínimo, o corpo é um instrumento de ação.
O corpo olha, é, sente; o corpo pensa. É o corpo que sente, pensa e diz a cidade e, ao
dizê-la, transforma-se nela. O inverso: a cidade marca a sua existência por meio do
corpo dos sujeitos do mundo que, nos lugares-territórios, experimentam a vida
(HISSA; NOGUEIRA, 2013, p. 61).
Ao tomar como referência as cidades contemporâneas, especialmente as metrópoles,
quais estão subordinadas ao império dos automóveis, conformadas em ruas largas e calçadas
estreitas projetadas por um urbanismo higienista e anti-pedestre (leia-se trabalhadores/as,
crianças, juventudes, idosos/as), o caminhar nestas apresenta-se como uma prática contra-
hegemônica.
O automóvel promove, sobretudo, experiências marcadas pelo privado. O privado se
insinua não apenas no que diz respeito ao capital, tão evidente na cidade, mas,
também, no que parece se colocar como elemento compositor de um modo
hegemônico da experiência subjetiva: privar-se do outro, do risco da alteridade; da
política, como possibilidade do dissenso; viver o temor da heterogeneidade, a busca
pelo gozo constante e pela segurança, na sociedade de consumo imperativo; privar o
outro de movimentar-se nessa sociedade; deixar enrijecida a dinâmica social. Deste
modo é que se acoplam determinados sentidos à subjetivação, sentidos previstos, e
produção da identidade descolada da vida (HISSA; NOGUEIRA, 2013, p. 69, grifo
dos autores).
Em tais circunstâncias, faz-se necessário utilizar da nossa corporeidade para estabelecer
e/ou ressignificar as relações espaciais, e por meio destas recuperar a cidade, aquela construída
por e para citadinos/as:
[...] A experiência urbana, à luz da fenomenologia da imaginação, além de
potencializar o processo de formação do ser, pela quebra da monotonia, no despertar
para o novo, para o ato de ressignificar, contribui, significativamente, com a
geograficidade ou a essência de ser-e-estar-na-cidade (ARAUJO; MOURA, 2021, p.
61).
Diante das aproximações conceituais e na tentativa de colocar em prática um devir
citadino poético, apresento a seguir, algumas composições fotográficas e geopoéticas
resultantes do meu caminhar por Malecón em Havana, Cuba. Tais produções foram realizadas
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durante o período (setembro a novembro de 2022) de intercâmbio estudantil na Facultad de
Geografía da Universidad de La Habana.
Assim sendo, trata-se de experiências vividas por um jovem que assume pela primeira
vez a condição de sujeito-estrangeiro. Jovem este que utilizou da caminhada e da fotografia
para inspirar-se poeticamente, bem como sentir-se pertencente nos lugares-territórios habaneros
(re)conhecidos.
Corpo-fotografando em Malecón, Havana: enquanto caminho, conheço(me)
A Avenida Malecón, consiste atualmente numa via rápida de mão dupla com extensão
de 8 km. Trata-se de um lugar de encontros entre cubanos/as e estrangeiros/as. Lugar que
apresenta uma centralidade no cotidiano habanero, em que práticas (pescaria, caminhadas,
corridas, ciclismo) e/ou manifestações (feiras artesanais, festividades tradicionais) são
produzidas por distintos grupos (juventudes, adultos, idosos, etc). A orla é banhada pelas águas
do oceano atlântico norte, e no seu horizonte apresenta-se a ponta sul (Flórida) dos Estados
Unidos da América.
Sua construção iniciou no início do século XX logo após a intervenção dos Estados
Unidos da América em 1901, e sua finalização ocorreu após 45 anos, mais precisamente, no
segundo período constitucional do Governo de Fulgencio Batista (1952-1958). Assim sendo,
Hermosa e Maldonado (2018) ao proporem um estudo histórico diante da conjuntura político-
econômica que envolveu a construção de Malecón afirmaram que a mesma se deu em quatro
etapas.
A primeira etapa ocorreu em 1901 e encerrou no ano seguinte em razão do término da
intervenção estadunidense, e dos eventos climáticos oriundos do Golfo do México. A segunda
etapa ocorreu durante o Governo Mário Menocal, e teve duração de seis anos (1913-1919):
A responsabilidade da continuação da construção de Malecón foi solicitada, nesta
segunda ocasião, aos representantes imobiliários Arellano e Mendoza, estes que
garantiram mediante a licitação o direito de dar seguimento com a obra estimada em
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$ 2.000.101 milhões de pesos (HERMOSA; MALDONADO, 2018, p. 5. Tradução do
autor)
3
.
A terceira etapa de construção iniciou no Governo Gerardo Machado, e teve duração de
oito anos (1925-1933): Nesta etapa a obra foi estendida até a rua 23, localizada no meio do
bairro Vedado(HERMOSA; MALDONADO, 2018, p. 7. Tradução do autor)
4
. Por fim, a
quarta e última etapa da construção da Avenida Malecón ocorreu durante os dois mandatos do
Governo Fulgencio Batista (1933-1958), resultando, portanto, em uma avenida amuralhada de
8 quilômetros orientada leste-oeste partindo desde o Castillo de San Salvador de la Punta até o
túnel da Avenida Línea no bairro Vedado.
Feito este breve resgate histórico-político em que a Avenida Malecón foi construída, a
discussão segue com as criações geopoéticas
5
que tal lugar inspirou. Metodologicamente
apliquei a observação-participante e fiz uso da técnica fotográfica (câmera de celular) para
coletar os registros visuais, considerando que:
A análise das imagens fotográficas, como de outras fontes visuais, leva em conta a
diferenciação entre forma e conteúdo, ou seja, as escolhas técnicas e estéticas
realizadas pelo fotógrafo enquadramento, iluminação, posicionamento da câmera,
entre outros e os motivos fotografados paisagens, pessoas, ruas e avenidas, festas,
acontecimentos (POSSAMAI, 2008, p. 259).
3
No original: La responsabilidad de la continuación del Malecón se delegó, en esta segunda ocasión, a la firma
de contratistas Arellano y Mendoza, quienes ganaron mediante licitación el derecho al seguimiento de la obra por
$2 000 101 millones de pesos”.
4
No original: “En esta etapa la obra se concretó hasta la calle 23, ubicada en medio del barrio Vedado”
5
Todos os poemas são de autoria do próprio autor.
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Figuras 1 e 2: Conga
Fonte: arquivo pessoal (2022).
Primeiro domingo em Havana
Decidi caminhar por Malecón
Fui até a Avenida Paseo
E então, me deparei com um festejo
Roupas coloridas
Vestiam os corpos das mulheres, crianças e jovens
Corpos sorridentes que encantavam toda gente
Corpos dançantes em coreografias criativas
A tarde de domingo se enchia de vida
Conga
Victor Pequeno, 4 de setembro de 2022
As figuras 1 e 2 capturam uma manifestação cultural e artística que ocorre por toda
Cuba. A Conga é uma das danças que constituem o carnaval cubano, e tem como berço a cidade
de Santiago de Cuba, localizada na região oriental da ilha. Ademais, trata-se de uma herança
dos povos africanos que foram traficados para as antilhas durante o período colonial.
Nos bailes de conga uma pessoa levanta alternadamente as pernas, um golpe de
cintura, move o corpo, e se desloca junto da cintura, dos ombros ou dos cotovelos da
pessoa que está na frente. Há coreografias de congas que são feitas em correntes, em
retas, em círculos, em ziguezague, ou em forma de caracol, diamante, serpente, cobra,
moinho, leque ou estrela. O ato de ir bailando e cantando atrás dos congueiros
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constituindo chamamos de “caminhada” ou “enrolar” [...] (ROACH; LAMAR;
CRUZ, 2020, p. 76. Tradução do autor)
6
.
Figuras 3 e 4: Voyeur
Fonte: arquivo pessoal (2022).
Teria eu, um desejo voyeur?
Entre as nuvens
Setas ofuscantes
Ela e ele passaram por mim
Como nunca antes
Quando se conheceram?
De quem foi o primeiro “eu te amo”?
Será que perceberam que os estava apreciando?
Não importa
Segui caminhando
Teria eu, um desejo voyeur?
Voyeur
Victor Pequeno, 21 de outubro de 2022
6
No original: En los bailes de conga uno levanta alternadamente las piernas, da un golpe de cintura, mueve el
cuerpo, y se desplaza agarrado de la cintura, los hombros o codos del que está adelante. Hay coreografías de congas
que se hacen en cadena, en línea, en círculo, en zigzag, o en forma de caracol, rombo, serpentina, culebra, molino,
abanico, o estrella. Al ir bailando y cantando detrás de los congueros le llamamos “paseo” o “arrollar” [...]”
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Nas figuras 3 e 4 está sendo representada uma das práticas mais recorrentes nas tardes
e noites em Malecón, a reunião e/ou encontro de casais que se dirigem diariamente à orla para
contemplar o pôr do sol e a brisa do oceano.
Figuras 5 e 6: O mar
Fonte: arquivo pessoal (2022).
O vai e vem
Numa imensidão azul
Uma inquietude
Com um frescor vibrante
Uma fórmula
Que revela o começo
O sentir da brisa
Que traz aconchego
O ser que está
Ao anoitecer e ao raiar
O mar
O mar
Victor Pequeno, 21 de outubro de 2022
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Nas figuras 5 e 6, os movimentos das ondas traduzem simbolicamente o ciclo da dos
oceanos, estes quais oscilam diariamente entre maré baixa e maré alta. Dependendo das
condições do tempo, as ondas invadem Malecón, dificultando assim a circulação das pessoas,
uma vez que deixam o calçadão escorregadio.
Figuras 7 e 8: Amarelo
Fonte: arquivo pessoal (2022).
O azul se prepara
Minutos para iniciar
A despedida do amarelo
E a chegada do luar
O vai e vem
Faz um convite
Os casais estão presentes
Os pescadores se aproximam
Malecón se enche de gente
(Quem era ele?)
É como uma dança
Cada um realiza um ato
O entardecer
Torna-se um espetáculo
Amarelo
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PEQUENO, Victor Dantas Siqueira. CRIAÇÕES CORPO-ESPACIAIS POÉTICAS EM MALECÓN, HAVANA: aproximações com a
geografia humanista Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 9, nº 20, pp. 187-203, janeiro-abril de 2023.
Submissão em: 28/11/2022. Aceito em: 28/02/2023.
ISSN: 2316-8544
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Victor Pequeno, 24 de outubro de 2022
Sem dúvidas, a atração principal em Malecón é o pôr do sol, contemplado diariamente
por cubanos/as e estrangeiros/as. O período do intercâmbio coincidiu com as estações de verão
e outono do hemisfério norte que são marcadas pelo prolongamento da incidência solar até as
19:00 horas.
Figura 9: Trombone
Fonte: arquivo pessoal (2022).
Os acordes soavam
Conforme as ondas dançavam
Ele com seu trombone
Encantava quem passava
Imaginei qual seria seu nome
Se o trombone foi comprado
Ou um presente
Quando aprendeu a tocar?
E quando toca
O que sente?
Nesse dia não teve pôr do sol
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
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O céu, as nuvens nublavam
Mas, ele com seu trombone
Encantava quem passava
Trombone
Victor Pequeno, 01 de novembro de 2022
O fato de muitos casais utilizarem a orla como atividade de lazer, atrai também a
presença de músicos independentes (figura 9) que oferecem seus serviços (canções românticas,
poesias cantadas, etc.) para os mesmos. Aparentemente naquele momento o músico estava
ensaiando.
Figuras 10 e 11: A entrega
Fonte: arquivo pessoal (2022).
Mais uma entrega
Para realizar
Para onde vai agora?
Há muito que pedalar
Cansada ou descansando?
O horizonte a frente
Que somente ela
Está contemplando
Lá vai o sol
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Deitar no mar
Registro o momento
Está vindo o luar!
Mais uma entrega
Victor Pequeno, 10 de novembro de 2022
Por ser uma avenida de trânsito rápido, é comum observar a circulação de
trabalhadores/as (figuras 10 e 11) de serviço delivery que a utilizam para minimizar o tempo da
entrega.
Figura 12: Bandeira
Fonte: arquivo pessoal (2022)
Vermelho, branco e azul
Na bandeira hasteada
Em frente a Malecón
Contemplo-a na caminhada
Ao fundo a Avenida de Los Presidentes
Com suas famosas estátuas
Jardins com belas flores
E um trânsito recorrente
O vento que dá ritmo
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Ao balançar da bandeira
As ondas que irrompem
Encontram a barreira
Bandeira
Victor Pequeno, 23 de novembro de 2022
Em Havana, é muito provável que ao caminhar pelas ruas encontraremos inúmeras
bandeiras do país e/ou da Revolução Cubana de 1959. A bandeira estampa não somente as
varandas das casas, como as vestimentas, e obviamente, os equipamentos públicos da cidade
(avenidas, praças, escolas, universidades, setores políticos, mercados, etc.). E em Malecón não
ocorre diferente (figura 12). Um símbolo do patriotismo cubano apreciado por locais e
estrangeiros/as.
Considerações finais
O presente artigo consistiu num exercício individual do pensar, imaginar e do elaborar
composições geopoéticas na medida em que meu caminhar se revelou, pela primeira vez, como
um ato criativo. Um ato deliberado com intenção de conhecer o espaço estrangeiro que vivi e
convivi durante três meses.
Malecón, um lugar-território ocupado diariamente por corpos que se movimentam,
corpos que desejam, corpos que sentem, corpos que dançam e encantam. Corpos que inspiraram
o meu devir geográfico, durante as caminhadas e as situações vivenciadas. Corpos com os quais
eu interagi.
Considero que o meu caminhar nas tardes e noites em Malecón, transformou a minha
estrangeiridade num elemento constituinte das respectivas espacialidades, uma vez que ao
mesmo tempo que minha nacionalidade me distanciava, o meu sentir me aproximava do sentir
delas/es, afinal, estávamos todos/as colorindo uma única tela, no aqui e no agora: Malecón.
Para não encerrar o debate convido para o exercício da observação, para o uso da
fotografia e/ou outros instrumentos e disposição para invenções geopoéticas aquelas/es
engajadas/os num devir geográfico que assim como o meu se pretende corpo-espacial.
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