Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
MACHADO, Rodrigo Luciano Macedo; RODRIGUES, Jovenildo Cardoso; MENEZES, Paula Beatriz Rêgo. REESTRUTURAÇÃO
METROPOLITANA E USOS DO TERRITÓRIO: um estudo de caso sobre as territorialidades urbanas na Comunidade Quilombola do
Abacatal em Ananindeua-PA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 9, nº 20, pp. 155-186, janeiro-abril de 2023.
Submissão em: 19/02/2023. Aceito em: 28/04/2023.
ISSN: 2316-8544
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Por território entende-se geralmente a extensão apropriada e usada. Mas o sentido da
palavra territorialidade como sinônimo de pertencer àquilo que nos pertence... Esse
sentimento de exclusividade e limite ultrapassa a raça humana e prescinde da
existência de Estado. Assim, essa ideia de territorialidade se estende aos próprios
animais, como sinônimo de área de vivência e de reprodução [...] a existência de um
país supõe um território. Mas a existência de uma nação nem sempre é acompanhada
da posse de um território e nem sempre supõe a existência de um Estado. Pode-se
falar, portanto, de territorialidade sem Estado, mas é praticamente impossível nos
referirmos a um Estado sem território. (SANTOS; SILVEIRA, 2012, p. 19).
Logo, estas interações são extremamente relevantes para se compreender as dinâmicas
territoriais de grupos e comunidades e como estas se articulam de diferentes formas,
expressando a importância de se estabelecer e manter o território para a conservação das
relações e laços socioterritoriais, para que estas interconexões sejam concretizadas.
Por sua vez, ao discutirmos sobre metropolização do espaço, é necessário
caracterizarmos esta perspectiva a partir das ideias sobre a metropolização e não metropolização
do espaço, sendo importante averiguar os diferentes nuances, como uma visão sobre
metropolização do espaço que se constitui num processo socioespacial que metamorfoseia o
território (LENCIONI, 2013). Esta prerrogativa é cada vez mais evidente na Região
Metropolitana de Belém (RMB), visto que as transformações socioterritoriais são dinâmicas e
tomaram uma velocidade cada vez mais surpreendentes nos últimos anos, quando se trata da
instalação de infraestruturas, equipamentos urbanos, fluxos migratórios e de transporte, bem
como a crescente demanda por habitação e moradia.
Nesse sentido, a distinção de espaços metropolizados e não metropolizados pode se
dar de forma analítica, pois, segundo Lencioni (2013), pode se concretizar sem perceber as
nuances e graduações entre um e outro, e os mesmos não constituem uma dualidade espacial,
não são antagônicos, não são excludentes e nem contrapostos. Dessa maneira, podemos suscitar
que:
Os espaços metropolizados são espaços que assumem aspectos e características
similares, mesmo que em menor escala, aos da metrópole, quer dizendo respeito aos
investimentos de capital de capital ao desenvolvimento das atividades de serviços com
sua correlata concentração de trabalho imaterial; ou ainda, relacionadas ao
desenvolvimento das atividades de gestão e administração. Podem, também,
apresentar outros aspectos como a tendência ao desenvolvimento de vários centros
comerciais e de serviços, a forma de consumir e viver semelhante à da metrópole, bem
como uma densidade significativa de redes imateriais e a presença bastante visível
dos socialmente excluídos (LENCIONI, 2013, p. 19).