Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
ARAÚJO, Daniel Féo Castro de. Análise do Impacto da Pandemia da Covid-19 no Mercado de Etanol no Brasil. Revista Ensaios de
Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112416, 2024.
Submissão em: 26/05/2023. Aceito em: 06/07/2024.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons
1
SEÇÃO ARTIGOS
Análise do Impacto da Pandemia da COVID-19 no Mercado de Etanol no Brasil
Analysis of the Impact of the COVID-19 Pandemic on the Ethanol Market in Brazil
Análisis del Impacto de la Pandemia de COVID-19 en el Mercado de Etanol en Brasil
DOI: https://doi.org/10.22409/eg.v11i24.58613
Daniel Féo Castro de Araújo
1
Universidade de Brasília (UnB)
Distrito Federal, Brasil
e-mail: daniel.feo@gmail.com
Resumo
A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo no mercado de combustíveis, com uma queda temporária
na demanda durante o período de isolamento social, seguida por um aumento nas emissões com a retomada da
atividade econômica. O objetivo da pesquisa é analisar o impacto da pandemia no setor de biocombustíveis, com
foco no etanol. A metodologia utilizada será uma revisão bibliográfica, com a análise de documentos e relatórios
relevantes. As conclusões ressaltam a importância de políticas blicas para impulsionar uma descarbonização em
larga escala e uma retomada sustentável das atividades do setor.
Palavras-chave
Biocombustíveis; Etanol; COVID-19; Descarbonização; Emissões.
1
Doutor em Geografia Humana pela Universidade de Brasília (UnB).
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ARAÚJO, Daniel Féo Castro de. Análise do Impacto da Pandemia da Covid-19 no Mercado de Etanol no Brasil. Revista Ensaios de
Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112416, 2024.
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Abstract
The COVID-19 pandemic had a significant impact on the fuel market, with a temporary decrease in demand during
the period of social isolation, followed by an increase in emissions with the resumption of economic activity. The
objective of the research is to analyze the impact of the pandemic on the biofuel sector, with a focus on ethanol.
The methodology used will be a literature review, with the analysis of relevant documents and reports. The
conclusions highlight the importance of public policies to drive large-scale decarbonization and a sustainable
recovery of the sector's activities.
Keywords
Biofuels; Ethanol; COVID-19; Decarbonization; Emissions.
Resumen
La pandemia de COVID-19 tuvo un impacto significativo en el mercado de combustibles, con una disminución
temporal en la demanda durante el período de aislamiento social, seguida de un aumento en las emisiones con la
reanudación de la actividad económica. El objetivo de la investigación es analizar el impacto de la pandemia en el
sector de los biocombustibles, con un enfoque en el etanol. La metodología utilizada será una revisión
bibliográfica, con el análisis de documentos e informes relevantes. Las conclusiones destacan la importancia de
las políticas públicas para impulsar una descarbonización a gran escala y una recuperación sostenible de las
actividades del sector.
Palabras clave
Biocombustibles; Etanol; COVID-19; Descarbonización; Emisiones.
Introdução
A pandemia da COVID-19 pegou a sociedade de surpresa ao se espalhar rapidamente
pelos países, desencadeando uma crise sanitária sem precedentes. Esse cenário imprevisível
alterou a percepção da população sobre como lidar com uma crise abrangente no setor da saúde.
Com a propagação da doença, tornou-se clara a necessidade de medidas preventivas, tais como
o distanciamento social e o uso de máscaras, visando minimizar o impacto da pandemia
(Marcelino; Rezende; Miyaji, 2020). A crise destacou a importância da cooperação
internacional na abordagem de problemas globais como a pandemia da COVID-19. Através do
envolvimento conjunto de governos e organizações internacionais, foi possível mobilizar
recursos e desenvolver soluções para conter a disseminação da doença e proteger a população
mundial (Senhoras, 2020).
Diante do desafiador contexto pandêmico, torna-se imperativo que a sociedade
permaneça vigilante e comprometida com a observância das diretrizes dos profissionais da
saúde, visando assegurar o bem-estar coletivo. Nesse sentido, a atuação do Estado brasileiro se
revela importante na implementação de políticas públicas voltadas à mitigação dos impactos da
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COVID-19. Cabe ao Estado desempenhar um papel ativo na adoção de medidas de proteção
social, tais como programas de auxílio financeiro e assistência médica, com o intuito de garantir
o acesso a recursos básicos e cuidados de saúde adequados, evidenciando, assim, sua
responsabilidade na promoção do bem-estar da população.
Conforme apontado por Losekann et al. (2020), a indústria de biocombustíveis sofreu
impactos significativos em decorrência da pandemia do novo coronavírus, assim como outros
segmentos econômicos. Os desdobramentos desse contexto manifestaram-se de maneira
expressiva no consumo interno e no âmbito do transporte, no qual a demanda por etanol e
biodiesel para veículos leves é substancial. A restrição da circulação de pessoas ocasionou uma
redução significativa no consumo e na produção de biocombustíveis (Losekann et al., 2020),
acarretando, por conseguinte, a diminuição de receitas e o acréscimo da instabilidade financeira
no referido setor.
A crise sanitária ocasionou uma redução na procura por outros biocombustíveis, como
o bioquerosene empregado na aviação. Torna-se, assim, imperativo buscar soluções que
viabilizem a retomada das atividades no setor de biocombustíveis, seja por intermédio de
incentivos governamentais ou investimentos privados. Contudo, é imprescindível ponderar
sobre os impactos ambientais advindos da produção de biocombustíveis, uma vez que a
ampliação desse mercado pode acarretar riscos à preservação de áreas naturais.
O objetivo desta pesquisa é fornecer uma análise do impacto ambiental e
socioeconômico decorrente da pandemia da COVID-19 no campo dos biocombustíveis,
especialmente no que concerne ao etanol. A avaliação do impacto socioeconômico e ambiental
gerado pela pandemia da COVID-19 sobre os biocombustíveis, em particular o etanol, reveste-
se de relevância nos dias atuais.
Os procedimentos metodológicos adotados foram estruturados em três fases distintas.
Na etapa inicial, procedeu-se a um levantamento nas principais fontes de pesquisa, tais como
SciELO, BDTD e Google Acadêmico, com o intuito de obter referências de estudos
bibliográficos (livros, artigos, teses e dissertações) que embasaram as discussões teórico-
conceituais acerca do impacto da pandemia no setor de biocombustíveis, com enfoque no
etanol. A pesquisa fez uso das seguintes palavras-chave: Biocombustíveis, etanol,
COVID-19, Descarbonização, Emissões. Na segunda fase, concentrou-se na coleta e
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análise de dados secundários relativos à produção e exportação de etanol, disponibilizados pela
plataforma NovaCana, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Sistema de Estimativa de
Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores (ANFAVEA), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), a União Nacional da Bioenergia (UDOP), a Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Por fim, na terceira fase, procedeu-se à análise e organização dos dados
coletados para a elaboração de tabelas e gráficos, visando aprofundar o entendimento sobre o
impacto ambiental e socioeconômico decorrente da pandemia da COVID-19 no âmbito dos
biocombustíveis, particularmente o etanol.
O artigo está organizado de forma estruturada e sequencial, abordando diferentes
aspectos do impacto da pandemia da COVID-19 no mercado de etanol no Brasil. A seção
Transformações no setor de transportes durante a pandemia de COVID-19 tem como objetivo
avaliar as mudanças significativas que ocorreram no setor de transportes em decorrência da
pandemia. Durante esse período desafiador, as restrições de mobilidade, o distanciamento
social e as medidas de isolamento impactaram diretamente a forma como as pessoas se
deslocam e interagem com a mobilidade urbana. Essas transformações o apenas afetaram a
dinâmica dos sistemas de transporte, mas também tiveram repercussões na matriz energética
do país, levando em consideração os aspectos econômicos e sociais, bem como as implicações
para a sustentabilidade e a eficiência energética do setor.
A seção Emissões de GEEs e o impacto da pandemia de COVID-19 no Brasil analisa
o aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEEs) no país durante o período da
pandemia. Busca-se investigar como a crise sanitária impactou diretamente as emissões,
considerando fatores como mudanças no uso da terra, desmatamento e atividades econômicas.
O aumento significativo nas emissões de GEEs em 2020, em meio às restrições e mudanças de
comportamento impostas pela pandemia, evidencia a complexidade das interações entre saúde
pública, economia e meio ambiente.
Dos resultados das análises efetuadas na pesquisa, infere-se que o mercado de etanol
está intimamente vinculado às políticas de precificação da gasolina, as quais exercem influência
direta sobre o valor dos demais combustíveis disponíveis. Importa salientar que o Brasil figura
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entre os principais produtores de biocombustíveis globalmente, o que realça a necessidade de
compreender a importância de fomentar e priorizar esse setor por intermédio de políticas
governamentais pertinentes. Ao assim proceder, podemos contribuir de maneira significativa
para um porvir mais sustentável, reduzindo nossa dependência de combustíveis fósseis e
atenuando os efeitos adversos das mudanças climáticas.
Transformações no setor de transportes durante a pandemia de Covid-19
No âmbito da matriz energética brasileira no século XXI, tais transformações assumiram
proeminência, impulsionando alterações significativas na maneira pela qual a sociedade se
desloca e interage com a mobilidade urbana (Gama Neto, 2020). Nesta perspectiva, torna-se
imprescindível analisar as ramificações e os obstáculos enfrentados pelo setor de transportes
brasileiro ao longo desse período, levando em consideração não apenas os aspectos econômicos
e sociais, mas as repercussões para a matriz energética do país.
O Brasil assume um papel de relevo no mercado global de açúcar e etanol, destacando-
se como o maior produtor de cana-de-açúcar em escala planetária. O país abriga um
considerável contingente de usinas de cana-de-açúcar, totalizando 356, conforme dados da
NovaCana (2022). Tais instalações ostentam capacidade para gerar diariamente até 244,95
milhões de litros de etanol hidratado e 131,57 milhões de litros de etanol anidro, segundo a
União Nacional da Bioenergia (UDOP, 2022). O protagonismo da região Centro-Sul do Brasil
na predominante produção de cana-de-açúcar e seus derivados é digno de nota, conforme
evidenciado pelo Gráfico 1 apresentado nos dados da NovaCana (2022). A proeminência do
Brasil no setor sucroenergético é fruto de uma combinação de fatores, tais como clima
favorável, tecnologia avançada e elevada produtividade.
Desde o início das medidas de contenção da doença, como os lockdowns e as restrições
de mobilidade, tanto o transporte de passageiros quanto o de cargas foram profundamente
afetados (Rodrigues; Gonçalves; Miranda, 2021). Segundo a Organização Internacional do
Trabalho (OIT), o setor de transportes figura entre os mais impactados pela pandemia,
experimentando a perda de milhões de postos de trabalho e enfrentando desafios logísticos sem
precedentes. Os sistemas de transporte público sofreram drásticas reduções na demanda, ao
passo que os sistemas de entrega em domicílio testemunharam um aumento exponencial,
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impulsionado pelo crescimento das compras online. Tais alterações na demanda reverberaram
significativamente nos fluxos de tráfego, nos padrões de mobilidade urbana e na infraestrutura
de transporte.
Com os dados abertos disponibilizados pela ANP, observa-se um substancial aumento
no preço médio de revenda do etanol nos postos a partir do início da pandemia, conforme
ilustrado no Gráfico 1. Tal fenômeno é atribuído à elevação dos preços dos barris de petróleo
Brent, os quais se disseminaram no mercado durante o mesmo período, uma vez que a formação
de preços do etanol é majoritariamente influenciada pelo valor do barril de petróleo. Por meio
da utilização de softwares de consolidação e análises gráficas, como o Power BI, foi elaborado
um gráfico que evidencia essa correlação direta nos preços.
Gráfico 1 O preço médio de venda final do Etanol Hidratado no Brasil (2015 a 2022)
Fonte: ANP (2022) Org: Autor, (2023).
Conforme destacado pela geógrafa Tatiana Tramontani Ramos (2020), a segregação e a
precariedade dos espaços marginalizados constituem um ponto de referência fundamental para
compreender os impactos da pandemia da Covid-19 nas áreas periféricas do sistema capitalista.
As cidades, mais uma vez na história, emergem como um vasto laboratório dessa experiência,
abarcando diversas dimensões, extensões e durações. É inegável que a amplitude e a extensão
desse processo variam e são minuciosamente analisadas nesse estudo. O ambiente urbano
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metropolitano se encontra imerso de maneira significativamente mais complexa nos aspectos
de trabalho e moradia/habitação em comparação com o ambiente urbano não-metropolitano.
As atividades cotidianas, como abastecimento, trabalho, lazer e estudo, anteriormente
mediadas pelo deslocamento urbano, foram abruptamente interrompidas pela nova geografia
imposta pela pandemia, impactando significativamente nossa relação espaço-temporal (Ramos,
2020). Dois aspectos de suma importância para compreender o impacto da pandemia e as
medidas de controle tais como o isolamento e a paralisação de atividades são a vivência
do trabalho e a experiência de moradia/habitação na cidade (Ramos, 2020). Nessas duas esferas,
a cidade se configura como um espaço singular para contemplar o isolamento e suas
consequências, especialmente considerando que mais da metade da população mundial reside
em áreas urbanas.
Em relação à matriz veicular brasileira de combustíveis líquidos, os biocombustíveis
representaram 26% do total em 2019, conforme dados da Empresa de Pesquisa Energética
(EPE, 2020). Este dado evidencia o reflexo das políticas públicas implementadas no setor de
biocombustíveis. Torna-se relevante ressaltar os programas governamentais que têm oferecido
suporte aos biocombustíveis ao longo da história, tais como o Programa Nacional do Álcool
(Proálcool), iniciado na década de 1970, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel
(PNPB), criado em 2005, e a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), lançada em
2017. Ademais, observou-se uma significativa adoção da tecnologia flex nos veículos
brasileiros a partir de 2003 (Araújo, Araújo Sobrinho, 2020).
Conforme os dados organizados no Gráfico 2 e oriundos da EPE (2022), em 2021, a
demanda total de energia dos veículos leves movidos a gasolina registrou um aumento de 4,4%,
atingindo a marca de 52 bilhões de litros. Tal crescimento pode ser atribuído ao início do Plano
Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, o qual possibilitou uma
retomada parcial das atividades presenciais (EPE, 2022). Entretanto, a pandemia teve um
impacto negativo no mercado de gasolina C e etanol hidratado, os quais são utilizados
diretamente no transporte individual de passageiros.
Isso ocorreu devido a medidas de isolamento social, trabalho remoto e aumento das
entregas domiciliares. Como resultado, a participação do etanol hidratado na distribuição de
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combustíveis caiu de 27,9% para 23,6%, enquanto a gasolina A
2
aumentou de 52,5% para
55,2% (EPE, 2022). Essa mudança se deve principalmente à maior atratividade do açúcar no
mercado internacional e às variações no preço do petróleo Brent. A participação do etanol
anidro subiu de 19,6% para 21,2%, enquanto o etanol total carburante reduziu sua participação,
saindo de 47,5% em 2020 para 44,8% em 2021 (EPE, 2022).
Gráfico 2 Demanda do ciclo Otto e participação dos diferentes combustíveis
Fonte: EPE (2022) Org: Autor, (2023)
No contexto brasileiro, a média anual de preços do barril de petróleo em dólares
americanos, apresentada no Gráfico 3, desempenha um papel significativo na formação dos
preços do etanol, considerando a pandemia de COVID-19. Observa-se uma relação direta entre
a variação do preço do barril de petróleo ao longo dos anos e os preços do etanol no mercado
nacional. De acordo com o Gráfico 3, em 2015, o preço médio do barril de petróleo foi de
$53,60, seguido por $45,13 em 2016. Em 2017, houve um aumento para $54,75, enquanto em
2018 atingiu o valor de $71,69. No ano de 2019, o preço médio do barril de petróleo foi de
$64,16, caindo para $43,21 em 2020 devido ao impacto da pandemia. Em 2021, houve um
aumento para $70,95, e em 2022 o valor chegou a $101,96.
2
Gasolina tipo A é a gasolina produzida pelas refinarias de petróleo e entregue diretamente às companhias
distribuidoras. Não possui álcool etílico anidro em sua composição. O álcool etílico anidro é adicionado nas bases
das distribuidoras.
27,1
31,8
31,7
33,4
30,2
31,4
32,2
28,0
27,9
26,2
28,7
8,4
7,8
9,7
11,0
10,9
11,1
12,1
10,2
10,6
9,8
11,0
8,6
7,9
9,2
9,8
13,2
10,9
10,2
14,1
16,3
13,9
12,3
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Gasolina A Anidro Hidratado
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Essas flutuações nos preços do petróleo influenciam diretamente o custo de produção e
comercialização do etanol, uma vez que o etanol é produzido a partir da cana-de-açúcar, que
tem o seu preço influenciado pela competitividade com o combustível fóssil. Portanto, o
comportamento do preço do barril de petróleo tem um impacto significativo na formação dos
preços do etanol no mercado brasileiro.
Gráfico 3 Média anual de preços do barril de petróleo em dólares
Fonte: Elaboração própria com base em Investing, 2022
No contexto brasileiro, a demanda energética do setor de transportes no primeiro
semestre de 2019 e 2020, medida em mil m³, apresentou uma correlação direta com as restrições
sanitárias impostas pela pandemia de COVID-19 e suas consequências na mobilidade (EPE,
2020). No Gráfico 4, observa-se que no início de 2019 a demanda de energia para o setor de
transportes foi de 7.189 mil m³ em janeiro, seguida por 6.675 mil m³ em fevereiro e 6.874 mil
em março (EPE, 2020). Com a chegada das medidas restritivas e o impacto da pandemia em
abril de 2020, a demanda caiu para 7.045 mil m³, continuando a declinar em maio, com 7.257
mil m³, e junho, com 6.707 mil m³ (EPE, 2020).
No ano seguinte, em janeiro de 2020, a demanda registrou 6.936 mil m³, seguida por
6.761 mil m³ em fevereiro. Com a implementação das restrições sanitárias em março de 2020,
a demanda energética sofreu uma redução significativa, caindo para 6.343 mil m³ (EPE, 2020).
53,6
45,13
54,75
71,69
64,16
43,21
70,95
101,96
0
20
40
60
80
100
120
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
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Em abril de 2020, a demanda continuou em declínio, chegando a 5.122 mil m³, e registrou uma
leve recuperação em maio, com 5.687 mil m³, e junho, com 6.066 mil m³ (EPE, 2020).
Gráfico 4 Demanda energética do setor de transportes, 1º semestre de 2019 e 2020 (mil m³).
Fonte: EPE, 2020. Org: Autor, (2023)
A demanda energética do etanol hidratado no setor de transportes durante o primeiro
semestre de 2019 e 2020, medida em mil m³, apresentou uma correlação com as restrições
sanitárias impostas pela pandemia de COVID-19 e suas consequências na mobilidade (Gráfico
5). No início de 2019, a demanda de etanol hidratado foi de 2.444 mil m³ em janeiro, seguida
por 1.867 mil em fevereiro e 1.741 mil em março (EPE, 2020). Com o impacto da
pandemia e as medidas restritivas implementadas a partir de abril de 2019, a demanda
apresentou um aumento para 1.914 mil m³, seguida de um aumento adicional em maio, com
2.228 mil m³, e junho, com 1.669 mil m³ (EPE, 2020).
Em janeiro de 2020, a demanda de etanol hidratado registrou 1.900 mil m³, seguida por
1.729 mil em fevereiro (EPE, 2020). Com a implementação das restrições sanitárias em
março de 2020, a demanda energética sofreu uma queda significativa, chegando a 1.444 mil m³
(EPE, 2020). Em abril de 2020, a demanda continuou a diminuir, atingindo 1.174 mil m³, e
registrou um leve aumento em maio, com 1.463 mil m³, e junho, com 1.446 mil (EPE, 2020).
Esses dados evidenciam a relação direta entre as restrições sanitárias e a demanda de etanol
7.189
6.675
6.874
7.045
7.257
6.707
6.936
6.761
6.343
5.122
5.687
6.066
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
2019 2020
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hidratado no setor de transportes, refletindo os impactos da mobilidade reduzida durante o
período analisado.
Gráfico 5 Demanda energética do etanol hidratado no setor de transportes, 1º semestre de
2019 e 2020 (mil m³)
Fonte: EPE, 2020. Org: Autor, (2023)
Durante o primeiro semestre de 2019 e 2020, a questão energética da gasolina C no setor
de transportes evidenciou variações significativas, influenciadas pelas restrições sanitárias
impostas pela pandemia e as consequentes mudanças na mobilidade, como demonstrado no
Gráfico 6. No ano de 2019, observou-se uma relativa estabilidade na demanda, com pequenas
flutuações mês a mês. Os meses de maior demanda foram abril e maio, com 3196 e 3140 mil
metros cúbicos, respectivamente (EPE, 2020). Estes dados revelam a influência direta das
medidas restritivas relacionadas à pandemia nas oscilações da demanda de gasolina C no setor
de transportes durante o período analisado.
no primeiro semestre de 2020, o pleito apresentou uma tendência de queda acentuada
devido às medidas de isolamento social e restrições de mobilidade. A partir de março, mês em
que as restrições começaram a ser amplamente implementadas, a demanda diminuiu
consideravelmente, com abril registrando o menor valor de 2286 mil (EPE, 2020). Houve
uma ligeira recuperação em maio e junho, com valores de 2499 e 2766 mil m³, respectivamente,
mas ainda abaixo dos níveis de 2019 (EPE, 2020).
2444
1867
1741
1914
2228
1669
1900
1729
1444
1174
1463
1446
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Janeiro fevereiro março abril maio junho
2019 2020
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Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
ARAÚJO, Daniel Féo Castro de. Análise do Impacto da Pandemia da Covid-19 no Mercado de Etanol no Brasil. Revista Ensaios de
Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112416, 2024.
Submissão em: 26/05/2023. Aceito em: 06/07/2024.
ISSN: 2316-8544
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Esses números evidenciam a relação direta entre as medidas de combate à pandemia e
a redução na demanda de gasolina C, refletindo a diminuição da atividade econômica e a
restrição de deslocamentos no período analisado.
Gráfico 6 Demanda energética da gasolina C no setor de transportes, 1º semestre de 2019 e
2020 (mil m³).
Fonte: EPE, 2020. Org: Autor, (2023)
Entre 2016 e 2021, o consumo energético no setor de transportes passou por flutuações
e mudanças significativas, influenciadas pelas restrições sanitárias da pandemia relacionadas à
mobilidade. Ao analisar os dados de consumo de gasolina automotiva no Gráfico 7, observamos
uma tendência de crescimento até o ano de 2017, atingindo um pico de 24.816 mil metros
cúbicos (EPE, 2020). A partir de 2018, houve uma queda gradual no consumo, culminando no
valor mais baixo em 2020, com 20.136 mil metros cúbicos (EPE, 2020). Estes números
evidenciam a influência direta das medidas restritivas relacionadas à pandemia nas oscilações
do consumo de gasolina automotiva no setor de transportes ao longo do período analisado.
Em 2021, ocorreu um aumento no consumo de combustíveis no setor de transportes,
que atingiu 22.100 mil m³, valor ainda abaixo dos registros de anos anteriores (EPE, 2021).
Essa variação pode ser atribuída às restrições de mobilidade impostas pela pandemia, que
resultaram em uma redução na demanda por deslocamentos e afetaram diretamente o consumo
de combustíveis. Um exemplo disso é o consumo de etanol hidratado, que apresentou uma
3127
2957
3112
3196
3140
2956
3167
3084
2697
2286
2499
2766
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Janeiro fevereiro março abril maio junho
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queda entre os anos de 2018 e 2020. Em 2018, o consumo atingiu seu pico, totalizando 10.263
mil m³, mas diminuiu para 10.116 mil m³ em 2020 (EPE, 2021).
Em 2021, observou-se uma recuperação no consumo, alcançando 8.946 mil metros
cúbicos (EPE, 2021). Essa variação ainda pode ser atribuída às restrições sanitárias, as quais
influenciaram a demanda por combustíveis no setor de transportes. Estes dados destacam a
relação direta entre as medidas de combate à pandemia e o consumo energético no referido
setor. As restrições de mobilidade e a redução na atividade econômica tiveram um impacto
significativo no consumo de gasolina automotiva e etanol hidratado, refletindo as mudanças
nos padrões de deslocamento e comportamento dos consumidores.
Gráfico 7 Evolução do consumo energético no setor de transportes entre 2016 e 2021.
Fonte: EPE, 2020. Org: Autor, (2023)
Dos dados de consumo energético no setor de transportes entre os anos de 2016 e 2021,
considerando o contexto das restrições sanitárias da pandemia relacionadas à mobilidade, é
possível inferir uma clara influência dessas medidas nas demandas por gasolina automotiva e
etanol hidratado. Os números revelam uma queda geral no consumo de ambos os combustíveis,
particularmente acentuada nos anos de 2020, quando as restrições foram mais rigorosas.
Entretanto, é interessante observar que, mesmo com a retomada gradual das atividades em 2021,
os níveis de consumo ainda não se recuperaram completamente.
24181
24816
21558
21453
20136
22100
7953
7402
10263
11856
10116
8946
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
2016 2017 2018 2019 2020 2021
Gasolina Automotiva Etanol Hidratado
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Isso indica que as mudanças no comportamento dos consumidores e a adoção de
alternativas de transporte mais sustentáveis podem estar impactando a demanda por
combustíveis fósseis. Esses dados ressaltam a importância de se repensar os modelos de
mobilidade e promover soluções mais eficientes e ambientalmente amigáveis para o setor de
transportes, visando reduzir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar os impactos
ambientais relacionados às emissões de gases de efeito estufa.
Emissões de GEEs e o impacto da pandemia de COVID-19 no Brasil
O ano de 2020 marcou um aumento significativo de 9,55% nas emissões de gases de
efeito estufa (GEEs) no Brasil (SEEG, 2021). Esse aumento foi impulsionado principalmente
pelas mudanças no uso de terras e florestas, especialmente devido ao alarmante aumento do
desmatamento nas regiões Amazônica e do Cerrado. Comparando com o ano anterior, em que
as emissões de dióxido de carbono (CO2) totalizaram 1.972.322.902 toneladas, o ano de 2020
registrou um total de 2.160.663.754 toneladas de CO2, considerando os setores de Energia,
Processos Industriais, Agropecuária, Uso da Terra e Resíduos, conforme demonstrado no
Gráfico 8.
O papel desempenhado pelo Estado se mostra de suma importância nesse contexto, uma
vez que é incumbência do governo estabelecer regulamentações ambientais, fiscalizar o
cumprimento das leis e implementar políticas públicas voltadas à preservação do meio
ambiente. Contudo, durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro, foi evidenciada uma falta de
medidas efetivas para enfrentar o desmatamento e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Tal cenário gerou preocupações e críticas por parte da comunidade internacional e de
organizações ambientais, as quais ressaltaram a falta de engajamento do governo diante da
problemática ambiental. Para evidenciar a inércia governamental, o ex-secretário do meio
ambiente Ricardo Salles, posteriormente exonerado, fez menção à intenção de passar a
boiada, revelando uma postura negligente em relação às questões ambientais.
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Gráfico 8 Emissões de gases de efeito estufa no Brasil (GWP-AR5 de CO2 (t))
Fonte: SEEG, (2021)
Durante o ano de 2020, as medidas sanitárias adotadas em resposta à pandemia de
COVID-19 tiveram impactos significativos nas emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
Enquanto o setor de energia registrou uma queda de -4,55% nas emissões, em grande parte
devido à redução do consumo de combustíveis fósseis, os demais setores apresentaram um
aumento preocupante.
O setor de agropecuária, impulsionado pela criação bovina e pela emissão de metano,
viu suas emissões aumentarem em 2,49%, contribuindo para o aumento geral. Além disso, o
setor de uso da terra teve um aumento de cerca de 23,66% nas emissões, resultado do aumento
do desmatamento. Um exemplo disso é a região Amazônica, que sofreu um aumento
significativo no desmatamento durante o período em que o presidente Jair Bolsonaro governou.
A falta de medidas efetivas para combater o desmatamento e reduzir as emissões de gases de
efeito estufa contribuiu para esse cenário preocupante.
Houve uma diminuição da fiscalização e do controle sobre as atividades ilegais de
desmatamento, o que incentivou a expansão da fronteira agrícola e a exploração desenfreada
dos recursos naturais. A ausência do Estado em implementar políticas de conservação ambiental
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mais rigorosas e em promover o uso sustentável da terra contribuiu para o aumento do
desmatamento e das emissões de gases poluentes.
O setor de resíduos registrou um aumento de 4,26% em suas emissões devido ao
aumento da geração de resíduos sólidos durante o período da pandemia. Essas informações
estão resumidas na Tabela 1, que apresenta os valores absolutos e as variações percentuais
dessas emissões.
Tabela 1 Emissões estratificadas de GEE no Brasil entre 2019 e 2020 (GWP-AR5 de CO2
(t))
Setores
2019
(%)
2020
(%)
Variação 2019-
2020
Agropecuária
562987702
28,54%
577022998,5
26,71%
2,49%
Energia
412466746,8
20,91%
393705259,9
18,22%
-4,55%
Mudança de Uso da Terra e
Floresta
806996124
40,92%
997923295,5
46,19%
23,66%
Processos Industriais
99472615,86
5,04%
99964389,44
4,63%
0,49%
Resíduos
90399713,95
4,58%
92047811,61
4,26%
1,82%
Total Geral
1972322903
100,00%
2160663755
100,00%
9,55%
Fonte: Elaboração própria com base em dados de SEEG, 2021.
Esses dados revelam a complexidade da interação entre a pandemia e o setor ambiental.
Embora a diminuição das emissões no setor de energia seja um aspecto positivo, os demais
setores registraram aumentos preocupantes, com destaque especial para a agropecuária e o uso
da terra. O aumento da criação de gado e o desmatamento contribuíram significativamente para
o acréscimo das emissões no país.
O setor de resíduos registrou um crescimento considerável, evidenciando o desafio
enfrentado na gestão adequada dos resíduos sólidos durante a crise sanitária. Estes resultados
destacam a necessidade de políticas e ações efetivas para mitigar as emissões nos setores mais
impactantes e buscar soluções sustentáveis que promovam a recuperação verde.
Com base nos dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de
Efeito Estufa (SEEG, 2021), o setor de transportes desempenhou um papel significativo nas
emissões de CO2 do setor de energia no Brasil em 2020. Com uma emissão total de
185.373.055,25 toneladas de CO2, o setor de transportes representou 47,08% do total de
emissões nesse setor. Essa quantidade de emissões foi 5,65% menor em comparação com o ano
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anterior, quando o setor de transportes foi responsável por 47,63% das emissões de CO2 no
setor de energia em 2019, com um total de 196.473.758,29 toneladas de CO2. Quando
consideramos as emissões totais geradas no Brasil em 2020, o setor de transportes corresponde
a 8,58% do total.
Uma análise mais detalhada das emissões de CO2 no setor de transportes pode ser
observada no infográfico apresentado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (ANFAVEA 2021), que compara diretamente as emissões desse setor com outros
países, proporcionando uma perspectiva internacional. Essa comparação destaca a relevância
das emissões do setor de transportes no contexto global e evidencia a necessidade de ações
efetivas para mitigar essas emissões e promover uma transição para modos de transporte mais
sustentáveis e com menor impacto ambiental.
Por meio da implementação de políticas e incentivos apropriados, é viável fomentar a
adoção de veículos elétricos e investir em infraestrutura para transporte público eficiente, além
de incentivar práticas de mobilidade sustentável, como o uso de bicicletas e a criação de faixas
exclusivas para transporte coletivo. Ressalta-se a demanda por investimentos em energias
renováveis, como a energia eólica e solar, que têm conquistado crescente participação na matriz
energética brasileira.
De acordo com Silva (2022) o Brasil possui políticas de incentivo à energia renovável,
como a tarifa feed-in
3
e o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
(Proinfa). Essas políticas garantem preços fixos para a energia gerada por fontes renováveis e
incentivam a contratação de energia proveniente dessas fontes. Outrossim, o país tem buscado
parcerias internacionais para implementar projetos-piloto em energia fotovoltaica e eólica,
visando a diversificação da matriz energética e a redução das emissões de CO2 (Silva, 2022).
A participação da bioenergia sustentável na matriz energética exerce uma função enorme na
transição para um futuro mais limpo e resiliente.
3
Feed-in tariff (FIT) significa tarifa de incentivo feed-in e se trata de um benefício financeiro para que se utilize
mais fontes de energia renováveis, em vez das não renováveis.
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ARAÚJO, Daniel Féo Castro de. Análise do Impacto da Pandemia da Covid-19 no Mercado de Etanol no Brasil. Revista Ensaios de
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Figura 1 Emissões líquidas por setor
Fonte: Anfavea, 2022.
Essas informações ressaltam a relevância de abordar as emissões de CO2 provenientes
do setor de transportes, o qual desempenha um papel significativo no contexto das emissões de
gases de efeito estufa no Brasil. Torna-se imperativo a implementação de políticas e medidas
que visem à transição para um sistema de transporte mais sustentável, priorizando a redução
das emissões e a adoção de fontes de energia limpa.
A presença do etanol na matriz energética brasileira desempenha um papel relevante na
busca pela descarbonização e na redução das emissões de gases poluentes. Segundo a
ANFAVEA (2021), a forma como as emissões são aferidas pode influenciar na avaliação do
impacto ambiental do etanol. Em comparação com combustíveis fósseis, os resultados obtidos
em medições realizadas em 2019 indicam que o etanol apresenta uma menor emissão de dióxido
de carbono.
Conforme Araújo (2023), torna-se imprescindível a integração de diversas fontes de
energia renovável, tais como solar, eólica, biomassa, entre outras, com vistas à diversificação
da matriz energética e ao fortalecimento da resiliência do sistema energético. Ademais, o autor
ressalta a importância da implementação de políticas públicas apropriadas, englobando
incentivos financeiros e regulatórios, bem como o estímulo à pesquisa e desenvolvimento de
tecnologias limpas e eficientes. Destaca-se que essa abordagem se revela fundamental para a
consecução de um futuro mais sustentável e para enfrentar os desafios atinentes às mudanças
climáticas.
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É fundamental que os estudos sejam conduzidos com profundidade e rigor técnico,
considerando as particularidades do contexto brasileiro e as metas globais de
mitigação das mudanças climáticas. A transição para fontes de energia renovável é
uma necessidade premente, não apenas para reduzir as emissões de gases de efeito
estufa, mas também para promover a sustentabilidade a longo prazo, impulsionar a
economia e criar oportunidades de emprego. É imprescindível considerar a integração
de diferentes fontes de energia renovável, como solar, eólica, biomassa e outras, para
diversificar a matriz energética e aumentar a resiliência do sistema. Isso pode envolver
a implementação de políticas públicas adequadas, como incentivos financeiros e
regulatórios, e o fomento à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas e
eficientes (Araújo, 2023, p. 26).
Para a Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2021), o uso do etanol e do biodiesel
como substitutos dos combustíveis fósseis tem sido fundamental para a redução das emissões
de CO2. Segundo dados do gráfico 09, estima-se que esses biocombustíveis tenham evitado a
emissão de aproximadamente 66,9 milhões de toneladas de dióxido de carbono em 2021. Essas
emissões evitadas demonstram o impacto positivo do uso do etanol e do biodiesel na redução
das emissões de gases de efeito estufa e no combate às mudanças climáticas.
Gráfico 9 Emissões evitadas com biocombustíveis em 2021 - Brasil
Fonte: Elaboração própria com base em dados de EPE, (2022).
O futuro dos motores à combustão está sendo colocado em questão diante das
regulamentações internacionais cada vez mais rigorosas. As rotas apresentadas indicam um
caminho em direção a tecnologias mais limpas e sustentáveis, como os veículos elétricos e os
biocombustíveis. Tais mudanças não ocorrerão de forma imediata e que a transição para uma
MT CO2 eq
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mobilidade mais sustentável demandará tempo e investimentos significativos. Segundo o
relatório do Fundo Monetário Internacional (IMF) de 2022, as emissões de dióxido de carbono
e outros gases de efeito estufa apresentaram uma queda de 4,6% em 2020 em escala global,
devido aos bloqueios e restrições de mobilidade impostos pela pandemia da COVID-19.
Tabela 2 Rotas Tecnológicas ao médio e longo prazo no Brasil
COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
Gasolina
Combustível mais comum para
leves no Brasil.
Diesel
Combustível mais comum para
pesados no Brasil.
Gás Natural Comprimido (CNG)
Solução de gás natural mais antiga;
menor densidade.
Gás Natural Liquefeito (LNG).
Solução mais recente c/ maior
densidade de energia.
BIOCOMBUSTÍVEIS
Bioetanol
Misturado à gasolina ou
consumido individualmente
Biodiesel
Mistura do ao diesel brasileiro; não
substitui diesel
4
Diesel Renovável /Verde HVO
Pode ser utilizado em restrições em
motores atuais
5
Biogás/ Biometano
Combustível produzido pela
decomposição biológica
6
ELETRIFICADOS (XEV)
MHEV (Mild hybrid, 48V)
Motor elétrico de baixa voltagem c/
potência limitada
HEV (Hybrid)
Média potência, com suporte a
baixas velocidades
PHEV (Plug-in hybrid)
Alta potência, permitindo altas
velocidades; c/ carregador
BEV (Pure battery)
Solução puramente elétrica;
carregador externo
CÉLULA COMB.
Célula de combustível
Hidrogênio utilizado para gerar
energia elétrica
Célula de combustível com etanol
Etanol transformado em
hidrogênio para alimentar bateria
Fonte: Elaboração própria com base em dados da Anfavea (2022).
4
Por conta de glicerinas, não pode substituir completamente diesel fóssil atualmente~10% do diesel.
5
Moléculas iguais ao do óleo diesel mineral.
6
Decomposição biológica da matéria orgânica na ausência de oxigênio
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Essa redução temporária das emissões gerou expectativas de uma possível mudança
duradoura no cenário do aquecimento global. Os dados mais recentes frustraram essas
esperanças, uma vez que a retomada da atividade econômica e a flexibilização das restrições
resultaram em um novo aumento das emissões. As regulamentações mais exigentes e os
compromissos internacionais devem ser apoiados por políticas públicas consistentes e
incentivos para impulsionar a adoção de tecnologias sustentáveis no setor de transporte.
Somente assim será possível criar um futuro mais sustentável e reduzir de forma significativa
as emissões de gases de efeito estufa
Com base nas informações atualizadas do Painel de Indicadores de Mudança Climática
do IMF (2022), os setores de manufatura e energia foram os principais responsáveis pelos
recentes aumentos globais nas emissões de gases de efeito estufa. Esse painel, que reúne dados
fornecidos por organizações estatísticas nacionais e internacionais, tem como objetivo
monitorar a transição para um menor uso de carbono. Embora as emissões totais tenham
aumentado significativamente em relação aos veis pré-pandêmicos, os setores de transporte
e residências apresentaram aumentos mais suaves no ano passado devido ao impacto da
pandemia na mobilidade global.
A influência da variante ômicron, que surgiu no quarto trimestre de 2022, foi evidente
nesse contexto. As medidas de saúde pública adotadas em muitos países para combater a
propagação do vírus resultaram na redução das emissões nos setores residenciais e elétrico. É
preciso acompanhar de perto as emissões desses setores à medida que as economias reabrem
completamente, especialmente considerando os preços historicamente altos dos combustíveis
fósseis. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas destacou que, nos cenários
avaliados, é crucial que as emissões globais de gases de efeito estufa atinjam o pico até 2025,
no máximo, para limitar o aquecimento atmosférico a cerca de 1,5º C, um marco importante
para combater as mudanças climáticas.
Estes dados destacam o premente imperativo de implementar medidas eficazes para
reduzir as emissões nos setores de manufatura e energia. A transição para fontes de energia
mais limpas e renováveis, bem como a adoção de tecnologias e práticas sustentáveis, revelam-
se cruciais no enfrentamento das mudanças climáticas. Adicionalmente, a implementação de
políticas públicas e incentivos econômicos se mostra indispensável para impulsionar a
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descarbonização em larga escala. Urge ressaltar que o tempo se apresenta como um fator
crucial, visto que o alcance das metas estabelecidas pelo Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas demanda ação imediata e coordenada por parte dos governos, empresas
e sociedade de forma abrangente.
Considerações finais
O objetivo deste estudo foi analisar o impacto da pandemia no setor de biocombustíveis,
com enfoque no etanol, por meio de uma abordagem quantitativa que considerou as dimensões
econômicas e socioambientais relacionadas a essa temática. Durante a análise, foi delineado um
panorama do impacto da pandemia neste setor, evidenciando sua relevância na matriz
energética brasileira e seu potencial para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Adicionalmente, foram investigados os desafios enfrentados pelo setor, tais como as oscilações
de preços e a concorrência com combustíveis fósseis.
As projeções para o futuro apresentam perspectivas animadoras, especialmente para o
horizonte de 2030, com estimativas de um aumento significativo na produção de etanol,
podendo alcançar um crescimento de até 28,6% em relação ao volume produzido em 2021. Este
cenário evidencia a capacidade de expansão do setor e a relevância do etanol como uma
alternativa sustentável aos combustíveis fósseis. Tais projeções positivas são impulsionadas
pela crescente demanda por fontes de energia mais limpas e sustentáveis, bem como pelo
interesse na redução das emissões de gases de efeito estufa. O etanol se destaca como uma
opção viável, sendo um biocombustível renovável produzido a partir da cana-de-açúcar que
apresenta vantagens tanto ambientais quanto econômicas.
Os impactos ambientais positivos do uso de biocombustíveis como o etanol, se tornaram
claros diante dos dados apresentados. Apenas com o uso do etanol hidratado, foi possível evitar
a emissão de aproximadamente 19 milhões de toneladas de dióxido de carbono no ano de 2021.
Estes números destacam a importância crucial dos biocombustíveis na redução das emissões de
GEEs e no enfrentamento das mudanças climáticas. No contexto das diversas rotas tecnológicas
e dos planos de descarbonização, é vital que os programas de incentivo à ampliação do uso de
biocombustíveis estejam alinhados e em sintonia com as indústrias. A colaboração e a parceria
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ARAÚJO, Daniel Féo Castro de. Análise do Impacto da Pandemia da Covid-19 no Mercado de Etanol no Brasil. Revista Ensaios de
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entre os setores público e privado são fundamentais para o desenvolvimento e implementação
contínua de planos de ação focados na mitigação das emissões de GEEs.
Outro aspecto relevante é o desenvolvimento de tecnologias em parceria com os países
desenvolvidos na área de energia sustentável. A busca por soluções inovadoras e eficientes é
crucial para a evolução do setor do etanol. A capacidade de desenvolver e adotar tecnologias
que aprimorem a eficiência na produção e o desempenho dos veículos é essencial para assegurar
a competitividade do etanol no mercado nacional e internacional.
Para superar tais desafios, é imprescindível contar com incentivos fiscais e políticas
públicas que estimulem a ampliação da capacidade e utilização do etanol hidratado e dos demais
biocombustíveis em nossa matriz energética nacional. Reduzir a dependência dos combustíveis
fósseis e promover fontes renováveis e limpas de energia são elementos-chave para construir
uma nova matriz energética alinhada com os objetivos de desenvolvimento sustentável. O setor
produtivo do etanol no Brasil deve estar atento às oportunidades e desafios, buscando a
inovação, a eficiência e a colaboração entre todos os agentes envolvidos para impulsionar o
crescimento e o avanço do setor em direção a uma economia de baixo carbono.
Considerando a importância do tema abordado na pesquisa sobre o impacto da pandemia
da COVID-19 no mercado de etanol no Brasil, apresentam-se sugestões para a continuidade do
estudo. Um primeiro ponto consiste em investigar a eficácia das políticas governamentais de
incentivo ao uso de biocombustíveis e seu papel na redução das emissões de GEEs. Além disso,
propõe-se realizar uma análise comparativa entre o mercado brasileiro de biocombustíveis e o
de outros países, explorando as estratégias adotadas e os resultados obtidos. Outro ponto
relevante seria pesquisar sobre as inovações tecnológicas no setor de biocombustíveis,
abrangendo novas formas de produção, armazenamento e distribuição de etanol, com foco na
sustentabilidade e eficiência energética. Adicionalmente, um estudo de caso sobre a
implementação de programas de descarbonização em empresas do setor de biocombustíveis
poderia evidenciar boas práticas e desafios enfrentados. Por fim, uma análise do impacto
socioeconômico da transição para uma matriz energética mais sustentável se faz necessária,
considerando aspectos como empregabilidade, desenvolvimento regional e competitividade
global. Essas sugestões visam enriquecer o conhecimento e aprofundar a pesquisa acerca do
mercado de etanol e biocombustíveis diante das atuais questões ambientais em destaque.
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