Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
AZEVEDO, Rebeca da Rocha. O PET Geografia UFF/Niterói como Lugar: 25 anos de significados. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 10,
nº 23, e102301, 2024.
Submissão em: 05/06/2023. Aceito em: 09/10/2023.
ISSN: 2316-8544
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e no Brasil a renda é um obstáculo gigantesco para que as pessoas frequentem a
universidade em tempo integral, não é o único. A gente sabe que existem questões
raciais muito fortes, questões de gênero muito fortes, mas a renda é uma barreira sim!
Certo que existem pessoas que são voluntários no PET, são voluntárias porque
acreditam na proposta, porque se identificam com aquele grupo, mas penso que o ideal
era que nós tivéssemos bolsas para todos os estudantes que tivessem interesse em se
dedicar integralmente à universidade, e bolsas com uma remuneração suficiente para
que um jovem possa se sustentar (Amorim, PET-GEO: 25 anos, 2023).
A permanência dos discentes nas universidades é uma questão que merece atenção. A
possibilidade de ter uma formação complementar a partir da participação em um grupo como
um PET não deveria ser vista como um privilégio. As bolsas colaboram para isso, mas não
somente, elas funcionam como um reconhecimento do trabalho desenvolvido por cada um dos
membros que compõem e formam o PET.
Eu acho que as bolsas, elas são fundamentais para a gente se manter na universidade
para começar, e no grupo de pesquisa para permitir essa experiência mesmo. Eu acho
que as coisas têm que ser pagas. A gente, a pesquisa, ela tem que ser vista como
trabalho, ainda que não um trabalho, durante a graduação, de geógrafo, porque você
ainda está se formando, mas que seja vista tal como um estágio. Os estágios não são
remunerados? Quando você trabalha em empresa o estágio é remunerado, eu acho que
a pesquisa tem muita necessidade de ter esse vínculo não necessariamente
empregatício, mas ser remunerado no sentido de você tá fazendo a pesquisa, você tá
trabalhando, você tá gastando seu tempo, sua energia, seu aprendizado, e para muitos
estudantes se isso não for remunerado, isso é impeditivo de fazer pesquisa (Fernandes,
PET-GEO: 25 anos, 2023).
Fazer pesquisa é trabalhoso e custoso, mas necessário. Justamente por isso, a pesquisa
se apresenta como um dos pilares do PET. Mas pesquisar o quê? O PET Geografia tem a
autonomia como uma das suas principais características, por acreditar que o primeiro passo
para o desenvolvimento da ciência é o interesse na descoberta. Desde seu surgimento, o grupo
busca junto aos estudantes membros estabelecer os temas de interesse, como disse o tutor Sergio
Nunes no curta-documentário de 25 anos do grupo, recorrendo a Rubem Alves, “não basta
desejar fazer, precisa aprender a desejar”. Juntos no PET em alguns momentos como uma
unidade, em outros subdivididos em núcleos, nós estudantes buscamos desenvolver os temas e
a posteriori partilhá-los com o curso, escolas ou com quem possa interessar, fortalecendo os
outros pilares do Ensino e da Extensão.
Entre os temas que o PET Geografia deteve atenção nos últimos 25 anos, alguns se
tornaram recorrentes, como: Questões Raciais; Questão Urbana; Cinema/questão imagética;
Educação; Movimentos Sociais e Estudos de Comunidades. Estas são questões que se