Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
MAYRINK, Jayne Oliveira. UM RELATO DE EXPERIÊNCIA PARA PENSAR O DESENVOLVIMENTO REGIONAL A PARTIR DO
SETOR PRODUTIVO DE ROSAS: de Barbacena/MG ao mercado global de flores. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 10, nº 22, pp. 79-
104, setembro- dezembro, 2023.
Submissão em: 17/07/2023. Aceito em: 01/12/2023.
ISSN: 2316-8544
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SEÇÃO ARTIGOS
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA PARA PENSAR O DESENVOLVIMENTO
REGIONAL A PARTIR DO SETOR PRODUTIVO DE ROSAS:
de Barbacena/MG ao mercado global de flores
AN EXPERIENCE REPORT FOR THINKING ABOUT REGIONAL
DEVELOPMENT BASED ON THE ROSE PRODUCTION SECTOR:
from Barbacena/MG (BR) to the global flower market
UN INFORME DE EXPERIENCIAS PARA REFLEXIONAR SOBRE EL
DESARROLLO REGIONAL A PARTIR DEL SECTOR DE LA PRODUCCION DE
ROSAS. de Barbacena/MG (BR) al mercado mundial de la floricultura
Jayne Oliveira Mayrink1
Universidade Federal de Viçosa (UFV),
Minas Gerais, Brasil
e-mail: jayne.mayrink@ufv.br
Resumo
Através do acompanhamento cotidiano de uma loja de floricultura como atividade de estágio obrigatório, diversas
foram as movimentações acerca, principalmente, das principais datas de pico que intensificam a dinâmica do
mercado global de flores anualmente. Ao longo desse processo, a rosa aparece como a flor mais consumida nesse
ramo. Esta observação levou a uma investigação com o objetivo de desvendar e compreender as relações do setor
produtivo de rosas nas esferas de produção, distribuição, comercialização e consumo, revelando os atores
envolvidos, suas intencionalidades e os principais locais que contribuem para a inserção da rosa em uma Rede
Global de Produção (RGP). Para isso, a metodologia constou com um estudo bibliográfico e entrevistas
semiestruturadas com dois indivíduos integrantes do setor de produção de rosas de Barbacena, Minas Gerais.
Como resultado, esse relato de experiência concluiu que Barbacena, mesmo tendo perdido destaque histórico no
cultivo de rosas, ainda possui significativa importância no setor. Além disso, esse artigo pôde trazer discussões e
análises sobre dados e informações que evidenciam a importância do setor produtivo de rosas no desenvolvimento
regional através de abordagens da geografia econômica.
Palavras-chave
Rede Global de Produção; Desenvolvimento Regional; Mercado Global de Flores; Geografia Econômica.
1
Licenciada em Geografia pela Universidade Federal de Viçosa.
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Abstract
Through the daily monitoring of a florist's store as a compulsory internship activity, there were several movements,
especially around the main peak dates, that intensify the dynamics of the global flower market every year.
Throughout this process, the rose appears as the most consumed flower in this sector. This observation led to an
investigation with the aim of uncovering and understanding the relationships in the rose production sector in the
spheres of production, distribution, marketing and consumption, revealing the actors involved, their intentions and
the main places that contribute to the insertion of the rose into a Global Production Network (GPR). To this end,
the methodology consisted of a bibliographical study and semi-structured interviews with two individuals who are
members of the rose production sector in Barbacena, Minas Gerais. As a result, this experience report concluded
that Barbacena, despite having lost its historical prominence in rose cultivation, still has significant importance in
the sector. In addition, this article was able to discuss and analyze data and information that shows the importance
of the rose production sector in regional development through economic geography approaches.
Keywords
Global Production Network; Regional Development; Global Flower Market; Economic Geography.
Resumen
A través de mi seguimiento diario de una floristería como actividad obligatoria de las prácticas, he observado
mucho movimiento, sobre todo en torno a las principales fechas punta que intensifican cada año la dinámica del
mercado mundial de las flores. En todo este proceso, la rosa parece ser la flor más consumida en este sector. Esta
observación dio lugar a una investigación con el objetivo de desvelar y comprender las relaciones en el sector de
la producción de rosas en las esferas de la producción, la distribución, la comercialización y el consumo, revelando
los actores implicados, sus intenciones y los principales lugares que contribuyen a la inserción de la rosa en una
Red Global de Producción (RGP). Para ello, la metodología consistió en un estudio bibliográfico y entrevistas
semiestructuradas con dos personas integrantes del sector de producción de rosas en Barbacena, Minas Gerais.
Como resultado, este informe de experiencia concluyó que Barbacena, a pesar de haber perdido su protagonismo
histórico en el cultivo de rosas, sigue teniendo una importancia significativa en el sector. Además, este artículo
pudo discutir y analizar datos e informaciones que destacan la importancia del sector de producción de rosas en el
desarrollo regional a través de enfoques de geografía económica.
Palabras clave
Redes Globales de Producción; Desarrollo Regional; Mercado Global de Flores; Geografía Económica.
Introdução
Este trabalho parte de uma experiência de estágio obrigatório de bacharelado em
Geografia que se realizou numa floricultura localizada no município de Viçosa, na região da
Zona da Mata no estado de Minas Gerais. É sabido que o momento de estágio é etapa
fundamental para a formação universitária, pois estagiar é colocar em prática o conhecimento
teórico adquirido ao longo da graduação.
Inicialmente, para quem está à parte de aprofundamentos da ciência geográfica, pode
parecer incomum pensar em praticar a geografia estagiando em uma floricultura. No entanto,
desafios no fazer geográfico que exigem que o(a) geógrafo(a) amplie seus conhecimentos
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com base em sua carga conceitual, aplicando-a às análises espaciais, uma vez que o espaço é o
objeto central de estudos da geografia (Santos, 1996). Sendo assim, a delimitação da atividade
prática do estágio se encaminhou para a área da Geografia Econômica de forma que, antes de
apresentar o objetivo principal deste trabalho, apontam-se conceitos e referenciais teóricos
importantes para a análise do que foi investigado.
A Geografia Econômica tem seu início no século XIX, tendo por objetivo desenvolver
estudos sobre as potencialidades econômicas das regiões, algo que marcou a geografia
econômica clássica (Carvalho; Filho, 2017). Em Carvalho e Filho (2017) são apresentadas as
definições do recorte de estudos da geografia econômica a partir de alguns geógrafos clássicos,
dentre eles, o geógrafo alemão Alfred Rühl (1882-1935).
Rühl, citado em Carvalho e Filho (2017, p. 576), define a geografia econômica como
“uma disciplina fronteiriça entre a Geografia e as ciências econômicas a partir da distribuição
geográfica do trabalho e as diferenças na qualidade e quantidade da produção, do comércio e
do consumo de vários territórios”. Partindo para a temporalidade contemporânea, Paul Claval
(2012, p. 15, apud Carvalho; Filho, 2017, p. 574) destaca nos estudos da geografia econômica
o sistema de produção flexível, a globalização intensificada e a “Economia da Informação, da
Comunicação ou do Conhecimento”. Essa perspectiva ganha força a partir da definição de
Milton Santos (1996) sobre o espaço geográfico atual, sendo este um meio-técnico-científico-
informacional no qual a ciência, a técnica e a informação coordenam a produção de ações e
objetos que se espacializam geograficamente.
Nesse cenário, o âmbito econômico é um dos campos decisivos em regular as dinâmicas
espaciais, segundo Santos (1996, p. 238): “Essa união entre técnica e ciência vai dar-se sob a
égide do mercado. E o mercado, graças exatamente à ciência e a técnica, torna-se um mercado
global”.
Esses são fundamentos da geografia econômica que interessam ao(a) geógrafo(a) na
preocupação em analisar como ações e objetos podem se configurar na formação e
transformação do espaço geográfico em diferentes escalas. Assim, o objetivo deste trabalho é
compreender como o setor produtivo de rosas está inserido nas dinâmicas de uma Rede Global
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de Produção (RGP) e como isso é importante para identificar as potencialidades desse setor e a
sua contribuição ao desenvolvimento regional.
Para isso, foi consultado o trabalho desenvolvido por Bezerra (2021), o qual traz uma
introdução histórica do conceito de RGP e sobre sua organização e seu comportamento no
território a partir de dinâmicas que envolvem atores da esfera pública e privada. Outro trabalho
importante que deu base ao desenvolvimento deste artigo é o de Scholvin et al. (2022), o qual
apresenta a aplicação de RGP no setor de petróleo e gás brasileiro. Assim, tanto Bezerra (2021)
quanto Scholvin et al. (2022) reforçam que a RGP é pautada na busca por criação,
aprimoramento e captura de valor. Isso ocorre pelos interesses e orientações de empresas, do
Estado e da sociedade civil. Por fim, a RGP se configura no espaço geográfico a partir de redes
relacionais que contém uma complexidade exigente de análises minuciosas ao planejamento
regional.
Além do referencial teórico estudado, houve uma investigação sobre o setor produtivo
de rosas na Zona da Mata Mineira através de entrevistas com importantes agentes do respectivo
setor (tais como: produtores, comerciantes, entre outros), situados no município de Barbacena.
A investigação aqui realizada parte da dimensão escalar local-global, visto que advém de uma
experiência empírica observada em uma loja de floricultura localizada no interior do estado de
Minas Gerais, cuja demanda produtiva depende do mercado global de flores. Sendo assim, o
conceito de RGP é aplicado ao setor de produção de rosas através das esferas geoeconômicas
de produção, distribuição, comercialização e consumo, em uma dialética com as
territorialidades e os interesses dos agentes sociais envolvidos.
Metodologia
O objetivo do estágio era encontrar atividades capazes de colocar em prática os
conhecimentos geográficos adquiridos na graduação, assim como aprender novos. Portanto, foi
delimitada a geografia econômica como campo de estudo a fim de compreender o
funcionamento do mercado global de flores.
Para isso, se recorreu a uma leitura bibliográfica do campo da geografia econômica,
tendo sido encontrado o conceito de Rede Global de Produção (RGP), selecionado dos trabalhos
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de Bezerra (2021) de Scholvin et al. (2022). O primeiro autor referenciado faz uma abordagem
da RGP a partir de uma apresentação histórica do conceito e de sua relação com a geografia
econômica.
O segundo trabalho referenciado é resultado de um projeto de pesquisa sobre as cadeias
globais de mercadorias em cidades do sul global. Essa foi uma pesquisa realizada por autores
como: Sören Scholvin, Maurício Serra, Mariane Françoso, Paula Bastos, Patrícia Mello e
Adriano Borges, em Scholvin et al (2022). O trabalho dos(as) autores(as) conta com a aplicação
do conceito de RGP vinculado ao setor de petróleo e gás brasileiro.
Além desses dois trabalhos, a base referencial deste artigo conta com o fornecimento de
dados e informações do relatório sobre a participação da cadeia de flores e plantas ornamentais
no PIB brasileiro no ano base de 2017. Esse relatório foi realizado pelo Centro de Avanços em
Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), e pelo Instituto Brasileiro
de Floricultura (Ibraflor), no ano de 2022.
Ao longo do artigo, propõe-se um direcionamento mais crítico frente às análises sobre
as RGPs. Para isso, são usadas como base referencial obras do geógrafo Milton Santos (1996;
1999), visto que o autor apresenta profundas e completas observações sobre o comportamento
das redes e dos atores econômicos e não econômicos acerca do espaço geográfico, revelando
suas transformações ao longo do tempo através das técnicas.
A partir do estudo sobre o conceito de RGP, optou-se pela análise do setor de produção
de rosas frente à estrutura de organização e funcionamento da RGP, colocando como objetivo
principal compreender como o setor de rosas, através de sua participação na RGP, pode
contribuir para pensar o desenvolvimento regional.
Sendo assim, o desenvolvimento do artigo caminhou para um caráter empírico. Pois,
além da experiência na loja de floricultura acompanhando a dinâmica de chegada e saída das
flores pela distribuição e consumo , realizou-se entrevistas com dois importantes atores
do setor de rosas. As entrevistas foram do tipo semiestruturadas (Duarte, 2004), a fim de buscar
respostas e descobrir novas informações na investigação. Antes de ir a campo, criou-se um
roteiro prévio com as perguntas a serem feitas para os entrevistados e, como característico de
uma entrevista semiestruturada, as perguntas foram flexíveis, servindo como direcionamento
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para orientar a conversa mediada (Duarte, 2004). Assim, diferentes perguntas foram surgindo
ao longo das respostas obtidas a fim de coletar as informações mais relevantes para o objetivo
da pesquisa. Para a escrita do artigo, apenas algumas respostas foram selecionadas a fim de
serem analisadas de acordo com o conceito de RGP e com o objetivo central da investigação.
Além disso, houve edições quanto às informações transcritas, uma vez que entrevistas gravadas
podem ser editadas com o objetivo de correções quanto à coerência e coesão de acordo com a
língua portuguesa (Duarte, 2004).
O primeiro entrevistado é um produtor de rosas de Barbacena/MG, referenciado como
P1. O produtor em questão possui uma propriedade com tamanho de área produtiva de dois
hectares, na qual a produção de rosas se em ambiente fechado de estufas, totalizando uma
quantidade de doze estufas, e tendo em média uma produção de dez mil plantas por estufa. A
mão de obra empregada nessa produção é de doze funcionários, havendo uma divisão por
gênero sexual. As mulheres trabalham no beneficiamento das rosas, etapa na qual, segundo P1,
a flor passa por cuidados mais sensíveis. os homens trabalham nas estufas cuidando das
podas, adubação, irrigação e afins, o que ele descreve como serviços mais “pesados”. O contato
com P1 foi realizado presencialmente no dia vinte e dois de junho de dois mil e vinte e três, às
dezesseis horas. A entrevista foi gravada em áudio com permissão do P1.
A outra entrevista foi realizada com a proprietária de uma loja de floricultura,
referenciada como P2. A entrevista foi realizada por meio de mensagens de voz” da plataforma
online WhatsApp. A loja de floricultura de P2 está localizada no centro da cidade de Barbacena
desde 1999. Além disso, os diálogos transcritos no corpo do texto trazem a letra “J” para
referenciar as perguntas feitas pela pesquisadora. Por fim, as respostas obtidas pelos
entrevistados auxiliaram na compreensão da dinâmica do setor produtivo de rosas dentro da
RGP através das esferas de produção, distribuição, comercialização e consumo.
O Local de Produção
O produtor entrevistado possui sua área de produção no total de dois hectares, localizada
nas coordenadas geográficas 21º10'20'' sul e 43º45'29'' oeste. A localização faz referência a
Chácara Sagrado Coração, que está inserida na divisa fronteiriça entre Barbacena e o município
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de Alfredo Vasconcelos. O ambiente de produção das rosas tem altitude de 1.100 metros, algo
que proporciona um clima mais ameno, favorecendo as exigências do cultivo da flor. Abaixo
pode ser visto o mapa de localização da área de produção estudada.
Figura 1: Mapa de localização da produção de rosas
Elaborado pela autora (2023)
Este mapa foi realizado a fim de mostrar a organização espacial da produção a partir de
imagens de satélite. Podemos observar as estufas onde as rosas são cultivadas e alguns pontos
de captação e armazenamento de água que são tão necessários para a irrigação das flores. Ao
lado direito da imagem também podemos identificar um pequeno fragmento florestal em uma
área íngreme. A cobertura vegetal é fundamental para a diminuição dos riscos de erosão no
solo, além de manter o ambiente mais úmido devido a evapotranspiração das árvores. Estes são
aspectos importantes a serem considerados em uma área de cultivo.
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Segundo dados fornecidos pelo produtor entrevistado, sua produção no ano de 2022 foi
de 1.433.252 hastes de rosas vendidas, totalizando assim uma faturação de R$ 1.865.495,12
quase dois milhões de reais. Até o mês de novembro de 2023, o faturamento se aproximou do
mesmo do ano anterior. Esses dados nos indicam que o mercado de rosas na região de
Barbacena possui uma demanda considerável ao longo do ano. O produtor entrevistado
confirma que a produção e comercialização da rosa tem aumentado a partir de 2021, se
intensificando após o período de pandemia da Covid-19.
Dessa forma, essas são informações importantes para pensarmos o desenvolvimento
regional a partir do setor produtivo de rosas na região de Barbacena, em Minas Gerais. A
existência desses produtores merece atenção visto que suas produções indicam crescente
participação no mercado de flores, algo que consequentemente afeta a economia local. A seguir,
essa discussão será feita tendo como base uma leitura da geografia econômica sobre o conceito
de Rede Global de Produção.
A Rede Global de Produção (RGP): uma breve apresentação
A seguinte apresentação sobre as Redes Globais de Produção tem por finalidade tratar
esse conceito diante de sua importância para os estudos da geografia econômica, auxiliando nos
olhares sobre as modificações e necessidades regionais ao longo das intensas transformações
causadas por fenômenos da globalização. Para isso, busca-se compreender como a RGP se
organiza e se configura sobre os territórios a partir de suas dinâmicas em rede, controlada por
uma gama complexa de atores em diferentes dimensões escalares. Além disso, objetiva-se
também realizar uma análise sobre como as RGPs podem desencadear processos que resultam
em níveis de desenvolvimento regional de acordo com a participação de setores econômicos
locais em uma RGP.
O conceito de Rede Global de Produção (RGP) surge na Escola de Geografia Econômica
de Manchester, na Inglaterra, com o intuito de “compreender as geografias de desenvolvimento
da economia global” (Bezerra, 2021, p. 3). Seu interesse partiu do princípio de que a
organização do espaço econômico se dá por interações em rede através de uma diversidade de
atores econômicos e não econômicos (Bezerra, 2021). Nesse sentido, o termo “rede” evidencia
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a amplitude das relações e as formas nas quais elas se interconectam a partir da capacidade das
RGPs em ultrapassar fronteiras geográficas.
Portanto, na geografia econômica interessa compreender como as regiões em
diferentes níveis estão inseridas ou não em uma RGP. Para isso, é preciso analisar as
estruturas de setores econômicos de um determinado local a fim de entender como a
organização desse setor se fragmenta e se dispersa espacialmente, pois são essas as
características da RGP: “a fragmentação espacial dos processos econômicos significa que o
desenvolvimento regional depende de como as regiões se conectam às RGPs” (Scholvin et al.,
2020, p. 86). Mas por que é importante que uma região tenha setores econômicos inseridos em
uma RGP?
Primeiramente, porque os resultados dessa inserção levam à atração de investimentos
nacionais e internacionais em dada região e isso, mediante um planejamento regional, reflete
em políticas de desenvolvimento, tais como: infraestrutura, saúde, educação, tecnologia,
pesquisa, etc. Dessa forma, na RGP “a configuração econômica de uma região, ou seja, os
recursos humanos e não humanos disponíveis em locais específicos, deve corresponder às
necessidades das empresas transnacionais para que o investimento estrangeiro possa ser
desencadeado” (Scholvin et al., 2020, p. 86).
A seguir, é apresentada uma breve descrição da organização e da configuração das RGPs
a partir do trabalho de Bezerra (2021), que teve como base os estudos dos geógrafos Neil Coe
e Henry Yeung (2015). Nesse contexto, ao iniciar as abordagens sobre as RGPs, Bezerra (2021)
aponta que essas têm por finalidade criar, aprimorar e capturar valor. Assim, para alcançar esses
objetivos, suas dimensões de análise incluem valor, atores, redes e territorialidade (Bezerra,
2021).
O valor é entendido tanto pelo ponto de vista marxista da mais-valia quanto como outras
formas de renda. de se destacar que no processo de aprimoramento do valor, a inovação
tecnológica e o conhecimento são centrais” (Bezerra, 2021, p. 7). Agregar valor por inovação
tecnológica e conhecimento é fator central para impulsionar a entrada de produtos nas RGPs.
Segundo Bezerra (2021), os atores apresentados na organização da RGP são as empresas, os
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atores extrafirma e os atores intermediários. As empresas podem aparecer como empresas-
líderes, empresas fornecedoras e/ou empresas clientes.
Sobre as empresas na RGP, Bezerra (2021, p. 8) enfatiza que “todas desempenham
inúmeros papéis funcionais e têm graus específicos de expertise para adaptar sua atuação a
contextos geográficos particulares, operando parcerias ao invés de proceder no velho esquema
cliente-fornecedor”. A configuração das RGPs expõe uma complexidade frente às atuações de
seus múltiplos componentes e em suas múltiplas escalas geográficas, criando relações mais
diretas ou indiretas entre esses componentes, algo que é acentuado pela competitividade
econômica regional e pelos avanços tecnológicos, científicos e informacionais.
Desse modo, ao buscar esse entendimento configuracional, Bezerra (2021), a partir dos
estudos de Coe e Yeung (2015), tenta compreender a estrutura das RGPs, dividindo-as em dois
modelos: o de parceria estratégica e o centrado na empresa líder (Bezerra, 2021). A parceria
estratégica é quando uma empresa líder global assume o papel de parceiro estratégico, ou seja,
busca prover produtos e serviços para outras empresas. Já o modelo centrado na empresa líder
é quando uma única empresa controla toda a rede de produção, a qualidade e a distribuição dos
produtos. Além das empresas, existem os chamados atores extrafirma, que são: o Estado, as
organizações internacionais, os grupos trabalhistas e os grupos de consumidores. Por fim, há os
atores intermediários, representados por financiadores, provedores logísticos, entre outros.
Segundo Bezerra (2021), os atores que organizam a RGP têm como característica a plasticidade
e a multifuncionalidade, por isso estão intensa e expansivamente interconectados.
Dessa forma, essa dinâmica de conexões irá se expressar nos territórios através de uma
composição reticular.
As redes de produção contemporâneas caracterizam-se por sua maior complexidade e
extensão geográfica. Elas têm a capacidade de cruzar as fronteiras nacionais e criar
descontinuidades territoriais, ao mesmo tempo em que refletem especificidades locais
como formas de enraizamento (Bezerra, 2021, p. 6).
Nesse sentido, para ajudar a compreender o comportamento das RGPs no território, foi
consultado o trabalho de Scholvin et al. (2020) que também tem por base referencial as análises
de Coe e Yeung (2015). Assim, Scholvin et al. (2020) apresenta as “ligações estratégicas”,
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formuladas por Coe e Yeung (2015), que servirão de decisões para a participação ou não de
determinada região em uma RGP. Segundo os autores, existem as ligações endógenas,
funcional e estrutural,
[a] ligação endógena está relacionada aos processos de dentro para fora: as empresas
locais chegam de uma região para participar nas RPGs (ou então para criar novas).
Essas empresas são geralmente bastante autônomas e captam uma parcela
considerável do valor gerado nas respectivas RPGs. A ligação funcional diz respeito
às empresas de uma região que atendem às necessidades de uma RPG. Os graus de
autonomia e de captura de valor das empresas envolvidas neste tipo de ligação são
menores do que na ligação endógena, embora a ligação funcional não seja
necessariamente um processo de fora para dentro. a ligação estrutural capta os
processos de fora para dentro: as empresas externas vinculam a região à RPG por
causa dos ativos da região (Scholvin et al., 2020, p. 92).
A partir das ligações estratégicas, podemos fazer uma leitura mais completa sobre o
comportamento das RGPs no território ao longo da revelação de suas configurações, que servem
como produto de análise para pensar os níveis de desenvolvimento de uma determinada região.
Com isso, para trazer mais clareza ao conceito e ao funcionamento da RGP no território, temos
ainda uma abordagem de Henderson et al. (2002), apresentada também no trabalho de Scholvin
et al. (2020), dizendo que são três as categorias de análise para compreender como uma região
se conecta à RGP.
A primeira é sobre valor novamente, o objetivo principal das RGPs que estará
vinculado à criação (rendas financeiras, de marcas, etc.), aprimoramento (melhoramento de
produto e serviço) e captura (políticas públicas, leis de estrutura da propriedade e repatriação
de lucros). A segunda é o poder que se divide em corporativo, institucional e coletivo. Aqui
participam também, como apresentado anteriormente, as empresas, o Estado e a sociedade civil.
a terceira categoria de análise é sobre o nível de envolvimento de determinada região em
uma RGP, podendo ser em rede ou territorial.
Assim, quando em rede, os setores econômicos de uma região passam a criar relações
dinâmicas com outras empresas que também participam dessa rede, podendo elas estarem em
uma escala mais próxima ou mais distante. Quando em envolvimento territorial, significa a
fixação desses setores econômicos em locais específicos, muitas das vezes por dependerem do
mercado ou de recursos naturais que estejam próximos da produção (Scholvin et al., 2020).
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AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
MAYRINK, Jayne Oliveira. UM RELATO DE EXPERIÊNCIA PARA PENSAR O DESENVOLVIMENTO REGIONAL A PARTIR DO
SETOR PRODUTIVO DE ROSAS: de Barbacena/MG ao mercado global de flores. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 10, nº 22, pp. 79-
104, setembro- dezembro, 2023.
Submissão em: 17/07/2023. Aceito em: 01/12/2023.
ISSN: 2316-8544
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Sendo assim, o território em suas características físicas, econômicas e sociais, é bastante
influente para inserir certas regiões e setores econômicos nas RGPs, além de trazer o
entendimento de como e por que os locais produtivos são mais ou menos dependentes uns dos
outros. Essa concepção acompanha os estudos da geografia econômica desde o seu início. No
entanto, os processos de globalização vistos através da intensa competição entre empresas, na
fluidez das esferas de produção, distribuição e consumo, e no avanço tecnológico, tornam o
mercado global cada vez mais complexo, exigindo uma maior compreensão das ações por parte
dos atores envolvidos nas RGPs. Isso faz com que as características do território como os seus
recursos naturais, a sua infraestrutura e a sua distância física de outros locais o seja tanto
um empecilho na produção quanto em décadas anteriores.
Essas questões, mesmo que interfiram enormemente, precisam ser tratadas com
melhores planejamentos, visto que, como mostrado anteriormente, as ligações estratégicas
(Scholvin et al., 2020) são coordenadas e articuladas por agentes da esfera privada e pública e
isso envolve seus diferentes interesses. Dessa forma, pensando no poder público, suas ações
podem ser exercidas para a inserção e manutenção de uma região na RGP, como consequência
ativando seus níveis de desenvolvimento,
As autoridades públicas asseguram que os ativos regionais sejam moldados e forjados
para atender às necessidades dos investidores estrangeiros através, por exemplo, da
oferta de infraestrutura mais avançada ou de programas de educação e formação que
aumentem as capacidades das redes de fornecedores locais (Scholvin et al., 2020, p.
91).
Em função disso, analisa-se a seguir como a produção do setor de rosas em Barbacena,
Minas Gerais, se insere em uma RGP, participando da dinâmica do mercado mundial de flores
através das esferas de produção, distribuição, comercialização e consumo. No entanto, observa-
se também alguns desafios para manter essa participação diante do comportamento dos atores
envolvidos na RGP e de outras interferências nessa rede capaz de conectar a região de
Barbacena a outras localidades nacionais e internacionais.
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O setor produtivo de rosas na Rede Global de Produção
Analisar a produção de rosas envolve conhecimentos acerca de aspectos da geografia
física de cada local, pois é preciso considerar que determinados fatores e características naturais
irão influenciar diretamente no sucesso da produção a partir do cultivo da rosa. Alguns desses
aspectos estão relacionados ao clima, relevo, radiação solar, evapotranspiração, irrigação,
preparo do solo e controle de pragas e doenças (Galeriani et al., 2020). Além dessas questões
naturais, a produtividade do cultivo pode ser analisada pelo modo em que é feito, sendo a céu
aberto ou em ambientes fechados como estufas, a fim de controlar o balanço hídrico e de
radiação solar ideal (Alves et al., 2008). Também é necessário saber aplicar as técnicas
adequadas ao manuseio das mudas e das podas, a fim de multiplicar a quantidade de hastes em
boas condições para o mercado de flores. O fator tecnológico, o acesso aos insumos e a
pulverização com químicos no combate a pragas e doenças não apenas é essencial, como se
revela um dos principais desafios no cultivo de rosas em sua alta qualidade para as exigências
do mercado. Segundo informações na entrevista com o produtor 1 (P1), houve o seguinte
diálogo:
P1: A rosa é muito sensível a doenças fúngicas, somos uma das culturas que mais usa
fungicidas. O controle de doenças aéreas hoje em dia é complicado de controlar de
forma que não seja com uso de químicos.
J: As doenças na planta seriam um dos aspectos mais desafiadores no cultivo?
P1: Sim, principalmente. Porque o que a gente tem hoje em dia na pós-colheita como
principal problema é o Botrytis (Botrytis cinerea) que é uma doença fúngica. Para
controlar essa doença tem uso muito pesado de químicos. E precisa da pulverização
certa de acordo com a temperatura do tempo. Nosso produto seria melhor se houvesse
controle biológico desse fungo na pós-colheita da rosa.
O controle de pragas nas roseiras depende de produtos químicos que muitas vezes não
são produzidos no Brasil, por isso dependem de importações de outros países. Um desses
principais países exportadores é a Ucrânia (Nastari, 2022). O produtor entrevistado relata que,
com a atual crise entre Rússia e Ucrânia, esses produtos químicos e outros fertilizantes
começaram a faltar em território nacional. Dessa forma, químicos que são necessários para a
nutrição da planta, como fósforo, potássio e nitrogenados, podem chegar à escassez para a
produção da rosa, assim como de outros cultivos da agricultura.
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A partir dessa dependência de fertilizantes importados no cultivo da rosa em sua esfera
de produção, podemos pensar em uma das categorias de análise, que fala sobre como uma
região se conecta e se mantém conectada à RGP. Essa categoria é o poder que pode ser
exercido pelas corporações, pelo coletivo e pelas instituições (Scholvin et al., 2020). Dessa
forma, diante de cenários geopolíticos de crise e ao longo de suas outras dinâmicas de
transformações, devemos considerar os impactos que essa macroeconomia pode causar em uma
região e em seus setores econômicos a partir da configuração da RGP. Segundo Scholvin et al.
(2020, p. 90), o poder institucional é dado por órgãos governamentais, o qual “está
intrinsecamente relacionado ao exercício das autoridades subnacionais, nacionais e
internacionais no tocante às firmas, em que a determinação de um conteúdo local ou a garantia
do investimento estrangeiro são exemplos ilustrativos”.
Nesse sentido, podemos considerar que no que tange à produção do setor de rosas,
quando inserida em uma RGP, deve-se ter um entendimento e meios de lidar com a influência
direta ou indireta de outros atores que atuam em escalas nacionais e internacionais sobre a
configuração da RGP. Portanto, as características físicas do território, mesmo que muito
relevantes, não são os únicos fatores que irão conectar uma região às RGPs, devendo ser
pensado quais mecanismos podem ser criados para a manutenção dessa região e desse setor
econômico na RGP, trazendo autonomia e mais investimentos a serem escoados ao
desenvolvimento regional.
Podemos ampliar essa análise pensando na relação de outros importantes produtores
mundiais de flores que, como o produtor de Barbacena, também participam de uma RGP, no
entanto, exercendo um comando maior a partir das capacidades de criar, aprimorar e capturar
valor para seus produtos. Nesse sentido, o produtor entrevistado, quando questionado sobre o
papel de liderança da Colômbia na produção de rosas e se isso traz influencia a sua produção
regional, relatou que:
P1: Esse Dia dos Namorados que passou recentemente, a gente teve uma certa baixa
de oferta de flores vermelhas no mercado que é mais procurado nessa época. Tivemos
que importar rosas da Colômbia para suprir a necessidade da nossa loja de
floricultura. Isso porque no jogo do mercado, da cooperativa, quando a gente importa
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sai mais barato do que a gente tirar uma parte da produção para fornecer para ela
(a cooperativa).
Na resposta do produtor, podemos analisar que uma relação entre a produção em
Barbacena e a produção na Colômbia, algo que nos leva a mais uma confirmação de quais são
esses atores envolvidos na RGP a partir do setor de produção de rosas. Contudo, precisamos
trazer mais nomes que são fortes nesse cenário, a fim de ampliar as leituras analíticas através
das dinâmicas escalares.
Assim, o mercado global de flores, ao longo de muitas décadas, teve como liderança a
Holanda, entretanto, a RGP, pautada na busca cada vez maior por agregar valor às produções,
leva ao aumento da competitividade no mercado. Então, atualmente, outros países
contribuindo para o crescimento competitivo.
Especificamente, os novos competidores e potenciais ameaças à hegemonia
holandesa são países que compartilham uma característica relevante: situam-se
próximos à linha do Equador, onde condições favoráveis à horticultura, como a
Colômbia e o Equador, na América do Sul, e o Quênia e a Etiópia, na África (Cepea;
Ibraflor, 2022).
O território colombiano possui condições físico-geográfico propícias para o cultivo da
rosa. Isso, de certo modo, confluiu para que o mercado colombiano de flores obtivesse
reconhecimento internacional por sua alta qualidade (Granada et al., 2019). Os aspectos
naturais relativos à posição geográfica em relação à linha do equador viabilizam uma maior
quantidade de radiação solar ao longo das diferentes estações. Além disso, juntamente com a
altitude do relevo, o clima também se mostra propício para o sucesso da produção.
Além dos aspectos físico-territoriais que contribuem para a produção de rosas na
Colômbia em sua alta quantidade e qualidade, temos também, como apontado pelo produtor de
Barbacena, o mercado importador colombiano. Grande parte da produção de rosas colombianas
são exportadas para os EUA e para alguns países europeus, apesar de as produções de flores em
países africanos terem laços exportadores mais fortes com a Europa do que a Colômbia
(Granada et al., 2019). Isso porque devemos também considerar a logística no transporte de
flores, visto que a flor é um produto extremamente delicado, o que exige melhores mecanismos
logísticos para chegar sem danificações ao seu destino final.
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Sendo assim, para a produção de rosas colombianas, ter compradores como os EUA e
países europeus, coloca em jogo na RGP duas moedas dólar e euro , que se mantêm em alta
no mercado em comparação às outras. Isso faz com que essas potências econômicas, como
parceiros, agreguem mais valor às rosas, visto que a demanda por eles é maior em especial,
no mês de fevereiro com o Valentine’s Day nos EUA. Além disso, essa é uma parceria histórica:
“a busca dos produtores norte-americanos por melhores condições de desenvolvimento e baixos
custos de produção auxiliaram na mudança da indústria de flores de corte para a Colômbia no
início de 1970” (Grisotto, 2019, p. 20).
O mercado competitivo de flores em exportação mantém nomes como a Colômbia e a
Holanda no topo muito por conta da sua logística sofisticada e veloz. A entrega das flores é
capaz de ser feita em até 24 horas (Grisotto, 2019) graças ao uso de aviões com armazenagem
que mantém as flores em refrigeração de temperatura adequada. Nesse cenário, a presença dos
transportes de alta velocidade marca a formação de redes em sua potência moderna, na qual o
que prevalece é o cruzamento instantâneo de fronteiras continentais e além-mar. Essa é uma
característica-chave que deve ser analisada em uma RGP a fim de compreender as regiões que
conseguem se manter participantes ativas desse espaço reticulado que passa a coordenar a
dinâmica de distribuição dos produtos e de quem vai ou não os acessar.
Como vimos anteriormente, até mesmo os insumos básicos para a produção de flores,
como os fertilizantes, podem encontrar dificuldades para chegar aos lugares que mais dependem
desse produto. Isso porque, em uma RGP, os atores e seus interesses orientarão o
funcionamento dessas redes globais produtivas. Nesse sentido, os estudos do geógrafo Milton
Santos são indispensáveis para se analisar criticamente o papel das formações de redes na
constituição do espaço global.
As redes são, ao mesmo tempo, globais e locais. São globais porque cobrem todo o
ecúmeno e, na verdade, constituem o principal instrumento de unificação do Planeta.
Mas elas também são locais, que cada lugar, através de sua estrutura técnica e de
sua estrutura informacional, acolhe uma fração, maior ou menor, das redes globais.
No lugar, elas servem ao trabalho e ao capital (vivo) e determinam a sua natureza
(Santos, 1999, p. 14).
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A partir disso, podemos compreender como o global e o local se mantém em constante
interação, algo que tem se fortalecido pelos avanços tecnológicos e intensificado os efeitos da
globalização: “a partir do movimento privilegiado que desejamos iluminar, podemos descobrir
o movimento global através dos movimentos particulares” (Santos, 1999, p. 14). Alguns desses
efeitos, que afetam a “iluminação” de certos lugares, nos levam a perceber a desigualdade entre
os locais que conseguirão se manter em uma RGP, atraindo investimentos regionais e
projetando desenvolvimentos diversificados na esfera produtiva. Nesse sentido, pensemos
como Barbacena tem interagido com o mercado de flores brasileiro e o que parece ter
contribuído ou dificultado essas interações.
Nacionalmente, o município de Holambra, no interior do estado de São Paulo,
concentra boa parte do polo produtivo de flores do país. A cidade teve a presença de imigrantes
holandeses ao longo de sua formação, e isso contribuiu para a produção de flores herdadas pelo
município, sendo que, até os dias de hoje, as técnicas holandesas influenciam nas práticas
produtivas e comerciais da região de Holambra.
O produtor entrevistado traz informações interessantes quanto ao polo nacional de
flores:
P1: Barbacena é reconhecida historicamente como cidade das flores, mas acabou
perdendo esse posto para Holambra/SP nos últimos vinte anos, mais ou menos. Isso
porque Holambra tem uma proximidade muito grande com São Paulo. Então eles têm
acesso a mais tecnologia, mais informação. A nossa mercadoria transportada em
caminhão leva dez horas para chegar até a cooperativa. Os produtores de Holambra
estão do lado da cooperativa, então eles não têm esse custo de logística.
Notamos uma organização espacial onde prevalecem os potenciais locacionais para
explicar o avanço produtivo para determinada localidade, assunto diretamente ligado à
geografia econômica (Carvalho; Filho, 2017). Nesse caso, São Paulo, como sendo o maior
centro econômico e tecnológico do Brasil, possibilita escoar esses benefícios para seus
municípios vizinhos, algo que é facilitado pela distância geográfica, como bem aponta o
produtor entrevistado. Questões como a proximidade de localização, pontos de maior demanda
e oferta, acesso à tecnologia, informação e mão de obra especializada, são fatores que
contribuem para a formação de aglomerados produtivos, levando ao fortalecimento de atuações
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por todo território nacional. Entretanto, não é apenas a localização que influencia no processo
produtivo, segundo o produtor:
P1: Em Barbacena existia a ABAFLORES (Associação Barbacenense de Flores), a
cidade era muito famosa pelo cultivo de rosas [...] costumava acontecer a Festa das
Rosas, uma atração cultural que recebia até gente de outros estados. Os produtores
de Barbacena nunca tiveram uma ideia de união, era ao contrário, um querendo pisar
em cima da cabeça do outro. Então acabou a ABAFLORES, a prefeitura hoje em dia
também nem faz a Festa das Rosas.
O Estado é um dos principais atores na organização das RGPs (Bezerra, 2021). Suas
ações políticas de intervenção podem trazer incentivos no desenvolvimento socioeconômico
territorial, da mesma forma que a ausência desses investimentos pode influenciar no
enfraquecimento de produções locais. O relato dado pelo produtor de Barbacena exemplifica
esta questão ao apontar que a prefeitura, como um dos principais representantes de gestão do
território, não tem inserido em seu planejamento administrativo os produtores de rosas do
município buscando mecanismos que poderiam impulsionar esse setor na cidade e na região.
Outra forma de incentivo por parte do Estado pode ser a liberação de crédito (Bezerra, 2021, p.
8). O fornecimento de créditos pelo Estado chama a atenção por normalmente conter taxas
menores de juros em comparação com bancos privados. Quando questionado se já teve acesso
a créditos através de políticas de governo, o produtor responde que:
P1: Sim, a partir do BNDS. recorremos a linhas de crédito para financiamento
para produtores rurais. Algo que acontecia mais há alguns anos atrás.
O BNDS é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, criado pelo
governo na década de 1950, até hoje um dos maiores facilitadores de crédito para
empreendimentos no país, principalmente na área da agricultura. Segundo Bezerra (2021), o
Estado na RGP, “é um ator ativo e, frequentemente, uma figura preponderante na mobilização
do mercado, porquanto aporta vultosos recursos públicos em forma de crédito” (2021, p. 8).
Além da figura estatal, as grandes empresas privadas do mercado de flores interferem
direta e/ou indiretamente nas produções de rosas em diferentes localidades, como destaca
Bezerra (2021, p. 8): “as transnacionais o as principais formadoras da economia global”. O
investimento intenso em ciência e tecnologia é o principal fator para agregar valor ao produto,
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e, a partir de uma logística sofisticada, esse produto é capaz de expandir-se geograficamente,
demarcando o poder do país e a empresa-líder em territórios globais. Essa ação é o que Milton
Santos apresenta como a fluidez do mundo contemporâneo, marcada pelos rápidos meios de
transporte e de comunicação (Santos, 1996).
A importância da fluidez transparece como mecanismo necessário para fortalecer as
atividades das transnacionais, pois uma necessidade de fazer o produto circular: “[é]
indispensável pôr a produção em movimento. Em realidade, não é mais a produção que preside
à circulação, mas é esta que conforma a produção” (Santos, 1996, p. 275). No sentido de buscar
cada vez mais fluidez e velocidade, a competitividade é travada pelas grandes empresas em
regiões mundiais. No entanto, não somente seus produtos são inseridos nas redes globais de
produção, mas também o poder exercido através de seu capital direcionado a outros territórios
que acabam servindo para a produção de seus produtos.
O espaço é o teatro de fluxos com diferentes conteúdos, intensidades e orientações. O
espaço total é formado por todos esses fluxos e por todos os objetos existentes. Estes
são intermediários, formando redes desiguais e de características diversas, que se
superpõem, emaranhadas em diferentes escalas e níveis e se prolongam umas às
outras, desembocando em magmas resistentes à “resificação”. O todo constitui o
espaço banal, isto é, o espaço de todos os homens, de todas as firmas, de todas as
organizações, de todas as ações - em uma palavra, o espaço geográfico (Santos, 1999,
p. 14).
Os fluxos fortalecem e complexificam as RGP, por isso, para pensar em uma
participação das regiões que seja menos desigual nesse cenário, é preciso uma análise crítica
dos órgãos que projetam a gestão territorial, buscando uma aproximação maior com as
necessidades da sociedade civil, como exemplo dos pequenos produtores. Caso contrário, como
aponta Milton Santos, apenas os atores hegemônicos continuarão a se servir “de todas as redes
e de todos os territórios” (Santos, 1999, p. 15).
Uma das organizações socioeconômicas que visam horizontalizar as práticas produtivas
e comerciais são as cooperativas. As horizontalidades são uma das formas de segmentação do
espaço econômico, se dando por “extensões contínuas, formadas por pontos que se agregam
sem descontinuidade” (Santos, 1999, p. 12). Podemos entender a relação descontínua como
uma característica de mutualidade, sendo este um forte aspecto do cooperativismo. A
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cooperativa é formada por pequenos produtores que podem ser associados a partir de diferentes
localidades. Segundo Webering (2020):
As origens das cooperativas rurais e agrícolas encontram-se, em parte, relacionadas
às experiências coletivistas de ajuda mútua no campo e, em parte, às condições da
agricultura moderna, tendo se desenvolvido desde que a economia rural passou a estar
relacionada ao mercado seja pela necessidade de crédito, da aquisição de adubos,
sementes, entre outros, seja pela necessidade de comercialização da produção
(Webering, 2020, p. 570).
O cooperativismo é uma organização econômica forte no mercado de flores, mas é
válido considerar que esse mercado também se segmenta em outras formas de comercialização,
O mercado de flores e plantas ornamentais pode ser segmentado em: mercado
normatizado, composto por cooperativas de produtores, centrais de abastecimento
(CEASAs) e centrais privadas e; mercado não normatizado, que representa a parcela
informal da comercialização, composta por ambulantes, linheiros, venda direta de
produtores a consumidores finais, entre outros. De acordo com Sebrae (2015b), em
2013, o mercado normatizado respondia pela maior parcela (59,5%) da
comercialização no atacado, com destaque para o papel das cooperativas de
produtores (Cepea; Ibraflor, 2022).
A Cooperflora está localizada em Holambra/SP. Em São Paulo, além da Cooperflora,
a presença da cooperativa Veiling Holambra, ambas sendo as maiores do país (Cepea;
Ibraflor, 2022). No mercado internacional de flores, a maior cooperativa é a holandesa Royal
FloraHolland (Ahmed et al., 2018). O produtor entrevistado faz parte da cooperativa
Cooperflora. Segundo o produtor:
P1: “A distribuição da nossa produção de rosas é feita pela cooperativa. Então
nossa logística é facilitada por essa relação. Nem todos os produtores são
cooperados. Acredito que em Barbacena apenas dois produtores fazem parte da
cooperativa em São Paulo.”
J: “Quanto à Zona da Mata mineira, tem alguma cooperativa em atuação?”
P1: “Não. A maioria dos produtores, além de produzir, acabam fazendo a própria
distribuição. A cooperativa exige uma alta qualidade do produto, pois distribui para
todo o país.”
Esse relato chama atenção à ausência de uma cooperativa de flores na região da Zona
da Mata mineira, que contribuiria para o desenvolvimento desse setor aos pequenos produtores
locais. Pois, como não há uma cooperativa próxima, o produtor de Barbacena precisa lidar com
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os desafios logísticos na distância entre seu município e o município de Holambra, além de
outros incentivos que a relação com uma cooperativa proporcionaria, alimentando o comércio
regional, também de forma turística e cultural.
A ausência de uma cooperativa de flores na Zona da Mata também auxilia na
manutenção do estado de São Paulo com seu destaque no mercado nacional de flores, visto a
menor participação de outros estados. Outra observação é sobre a diversificação produtiva
quando comparamos o setor de flores com outros setores do agronegócio. O setor de alimentos
definitivamente se sobressai, pois é bastante evidente sua maior necessidade tanto ao mercado
nacional quanto ao internacional. No entanto, há de se pensar nos outros setores que também
contribuem com a economia, principalmente quando bem amparados em um robusto
planejamento no qual se envolve, em dinâmicas mais horizontais, os atores públicos e privados.
Voltando ao papel das cooperativas, reforça-se que este se centraliza na distribuição das
rosas junto às etapas de comercialização e consumo, principalmente na criação de marketing
para a venda do produto. Essa variedade de funções ressalta a plasticidade funcional dos atores
na RGP. No mercado de flores, um dos meios de comercialização mediado pelas cooperativas,
se dá através de leilões, dos quais as flores leiloadas podem ser compradas por valores abaixo
do praticado pelo mercado, seja presencialmente ou pela internet. Além das cooperativas, os
centros de abastecimento agrícola (como o CEASA, em Minas Gerais, e a CEAGESP, em São
Paulo) também são pontos de destaque na comercialização de flores. Já na esfera do consumo,
os atores participantes que normalmente consomem em grandes quantidades ao longo do ano
são decoradores(as) e donos(as) de lojas de floricultura.
A seguir, contribuindo para as análises da RGP a partir do setor de rosas e sua
participação no município de Barbacena, vejamos o caso de uma loja de floricultura situada na
cidade, a qual tem a rosa como o principal produto de venda do estabelecimento. Algumas
questões a respeito foram levantadas para a segunda entrevistada a fim de entender quais
práticas ela tem buscado, pensando no objetivo de agregar valor nas vendas das rosas.
J: “Você comentou que quando iniciou o trabalho na floricultura, nunca tinha
trabalhado no ramo. Onde você adquiriu o conhecimento e as técnicas que têm hoje
na área de arte floral?”
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SETOR PRODUTIVO DE ROSAS: de Barbacena/MG ao mercado global de flores. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 10, nº 22, pp. 79-
104, setembro- dezembro, 2023.
Submissão em: 17/07/2023. Aceito em: 01/12/2023.
ISSN: 2316-8544
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P2: “Com o tempo, eu percebi que para se manter no mercado eu precisava buscar
esse conhecimento, então eu encontrei um curso na cidade de Holambra/SP chamado
Enflor, e assim comecei a ficar um pouco mais profissional, comecei a ter mais
técnica para montar arranjos, buquês. é onde você realmente fica profissional
nesse ramo, é o polo das flores”.
A proprietária da loja de floricultura, através de seu relato, evidencia que pôde recorrer
aos instrumentos de aprimoramento de venda de flores no município de Holambra, mesmo
estando bastante distante da localidade de seu empreendimento (515km). Além disso, o evento
que ela cita, o Enflor, é o maior evento do nicho mercadológico de flores do país, voltado para
a exposição de produtos, técnicas e informações para quem está envolvido no negócio. Na
Holanda, ocorre um evento com as mesmas propostas na cidade de Aalsmeer, o chamado Trade
Fair Aalsmeer. Os dois eventos são realizados em centros econômicos de grande importância
para o país Aalsmeer é reconhecida como a Wallstreet das flores e se localiza apenas a quinze
quilômetros da capital da Holanda (Martins, 2020). A partir disso, há uma dialética e influência
entre estes dois pontos do mundo que, juntos, sustentam e movimentam um mesmo mercado, o
de flores. Nesse caso, não apenas na produção, importações ou exportações do produto, mas a
partir de novas ações que visam agregar valor ao produto através de sistemas de informação e
comunicação entre os grupos envolvidos na esfera do consumo.
J: “Você costuma atender clientes de localidades mais distantes do seu município? E
quanto ao uso das redes sociais, qual o impacto que isso traz ao seu negócio?”
P2: “Sim, atendo clientes aqui de cidades próximas e, inclusive esses dias atendi
pedidos da Holanda e dos EUA. E acho que a rede social acaba fazendo esse trabalho
por mim, pois é algo que usamos muito (Instagram, WhatsApp). E o maior público
que atingimos nas redes sociais é o público jovem. Acaba que eles nos encontram,
acham a loja no Instagram e tem o WhatsApp, então nos mandam uma
mensagem. Eu acho que hoje em dia a rede social é a que manda na empresa. Neste
ano, no Dia dos Namorados, me surpreendeu porque vendi muito mais pelas redes
sociais do que na loja física e com pagamento em dinheiro”.
Novamente analisemos o termo “rede, que parece orientar as dinâmicas de
intencionalidades e funcionamento de espaços geográficos (Santos, 1996), algo que vem
ocorrendo, como colocado anteriormente, pelo processo de globalização, e que notavelmente
se intensifica a par dos avanços tecnológicos e das técnicas de comunicação. Dentro dessas
técnicas comunicacionais, pode-se citar o marketing digital, aprimorado pelas publicidades e
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SETOR PRODUTIVO DE ROSAS: de Barbacena/MG ao mercado global de flores. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 10, nº 22, pp. 79-
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propagandas, além dos algoritmos que exercem o papel de entregar aos consumidores aquilo
que eles parecem desejar a partir de suas ações nas redes sociais.
A partir disso, a localidade física de um empreendimento, como aponta a entrevistada,
parece ter perdido sua relevância para as redes sociais e, mais recentemente, para as novas
formas de pagamento, como é o caso do PIX (meio de transferência monetária instantânea).
Esse é outro fator que explica o caráter de fluidez do mundo contemporâneo: “uma fluidez que
deve estar sempre sendo ultrapassada é responsável por mudanças brutais de valor dos objetos
e dos lugares” (Santos, 1996, p. 274). Assim também, segundo Santos (1999, p. 14): “a forma
mais acabada e eficaz de rede é dada pela atividade financeira graças à desmaterialização do
dinheiro e ao seu uso instantâneo e generalizado”.
Entretanto, é importante considerar, como coloca Santos (1996), que a fluidez é relativa,
nem todas as pessoas e nem todos os lugares possuem acesso e controle da fluidez, algo que é
refletido nas desigualdades econômicas e sociais. Por fim, podemos compreender a rosa como
objeto integrado a uma Rede Global de Produção que é capaz de revelar atores, suas
intencionalidades, seus lugares e as complexas dinâmicas que dão estrutura e movimento a essa
teia, que é formada por valores e espacialidades na mesma medida em que os forma e os
transforma.
Essa interpretação pode ser feita partindo de uma experiência local e, até mesmo, de um
único elemento, uma flor, levando a descobertas de uma complexa interação entre diferentes
agentes que são capazes de criar uma gama de relações em torno desse “simples” elemento. No
entanto, vimos que a rosa se transformou em um produto capaz de fazer parte de interações que
merecem atenção devido sua geração de rendas e investimentos, sendo, para isso, necessárias
orientações que busquem a potencialidade do setor de rosas assim como de outras flores ,
visando sua contribuição para o desenvolvimento regional mediado pelas dinâmicas das Redes
Globais de Produção.
Considerações Finais
A realização deste trabalho foi capaz de evidenciar um exercício muito caro à ciência
geográfica, que é partir de um elemento qualquer inserido em uma dada escala espacial e,
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através de seus conceitos e categorias de análise, interpretar esse elemento dentro de uma
complexidade escalar de diferentes extensões geográficas. Isso foi o que ocorreu a partir das
observações feitas em uma loja de floricultura localizada na Zona da Mata mineira, levando a
entender o comportamento do setor produtivo de rosas em um jogo de interações e influências
com as escalas local, regional, nacional e global.
Para tanto, o conceito de Rede Global de Produção cumpriu com essa dimensão
interpretativa na qual um conjunto de ações e objetos, em suas dinâmicas relacionais,
demonstrou análises de enorme utilidade para entender o mundo em sua integralidade,
revelando os mecanismos que nos proporcionam contínuos estudos para a compreensão das
transformações em diferentes escalas. Todo esse conhecimento é fundamental para a atuação
do(a) geógrafo(a) no auxílio à formulação de planejamentos regionais ao utilizar da concepção
crítica dos conceitos geográficos a fim de contribuir para um desenvolvimento diversificado e
menos desigual nos setores econômicos, sociais e culturais.
As pessoas entrevistadas revelaram informações fundamentais para pesquisas em torno
do mercado de flores no Brasil, expondo também relações com o cenário internacional. Os
dados e conhecimentos que podem ser obtidos a partir do entendimento dos atores que
participam do setor produtivo de rosas em suas esferas de produção, distribuição,
comercialização e consumo são as principais fontes para compreender as potencialidades,
necessidades e desafios desse ramo do agronegócio que é a floricultura. Assim, a partir desse
trabalho, fica evidente a necessidade de maiores investimentos em ciência, tecnologia e
sustentabilidade para o mercado de produção de flores no Brasil, em especial com as rosas, caso
se queira aumentar o valor agregado do produto e atender às exigências de qualidade do
mercado externo.
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