Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, Marcus Vinícius dos Santos, MELO, Viviane Lúcia dos Santos Almeida de. AVALIANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS
AULAS DE GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE JOÃO ALFREDO – PERNAMBUCO, BR. Ensaios de
Geografia. Niterói, vol. 10, nº 22, pp. 151-174, set-dez de 2023.
Submissão em: 01/08/2023. Aceito em: 05/09/2023.
ISSN: 2316-8544
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conservação dos recursos naturais e/ou a sua adequada utilização, o que contribui para uma
melhoria da qualidade de vida, eliminação da extrema pobreza e do consumismo desenfreado
(Medina, 1999). Nos tempos correntes, a EA vem sendo ainda mais essencial para o
desenvolvimento de sujeitos com uma postura crítica e participativa em prol de uma
mobilização de caráter individual e coletivo no contexto das emergências e paradigmas
modernos, entre eles o desmatamento, as mudanças climáticas e a proliferação de doenças,
como resposta às alterações da natureza.
De tal modo, considerando os documentos que orientam a educação brasileira, verifica-
se que nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), nas Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCNs) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a EA é pautada como um tema
transversal, dado o seu caráter complexo que envolve valores sociais, éticos, econômicos,
culturais, científicos e outros. Nenhuma área mostra-se capaz de abordá-la plena e
integralmente, cabendo aos diversos componentes curriculares privilegiá-la a seu modo
(Branco; Royer; Godoi Branco, 2018).
No caso da BNCC, documento de caráter normativo que estabelece o conjunto orgânico
e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os educandos devem atingir ao longo da
educação básica (BRASIL, 2018), é dada uma ênfase maior à sustentabilidade relacionada ao
meio ambiente e ao uso dos recursos naturais (Branco; Royer; Godoi Branco, 2018). Contudo,
a EA, tal como é proposta pela BNCC, acaba marginalizando o tema e tornando a sua prática
esporádica, além de sua abordagem se tornar responsabilidade individual dos docentes (WINK,
2022), o que torna relevante a autonomia do professor para o uso da Geografia aliada a EA no
âmbito do ensino básico para o despertar da consciência ecológica.
No que concerne à BNCC, o termo “Educação Ambiental (EA)” aparece uma única vez,
na página 19, espaço dedicado à introdução do documento, não aparecendo mais ao longo do
texto. A EA é reduzida a um tema que deve ser contemplado nos currículos e nas propostas
pedagógicas, o que permite concluir que existe na BNCC um total sequestro da EA, inclusive
cedendo lugar para o termo “educação para o desenvolvimento sustentável” (Silva, Loureiro,
2019). Tal realidade não causa espanto, uma vez que existe uma espécie de camuflagem das
temáticas ambientais, que pode ser explicada pela EA ter um caráter crítico, emancipador, de