Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 1
SEÇÃO ARTIGOS
Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do Município
de Santo Antônio de Jesus - BA
Spatial Circuits of the Cashew Nut Production Chain Around the Municipality of Santo
Antônio de Jesus - BA
Circuitos Espaciales de la Cadena de Producción de Anacardos en Torno al Municipio
de Santo Antônio de Jesus - BA
DOI: https://doi.org/10.22409/eg.v11i24.59563
Anderson Oliveira Lima1
Universidade do Estado da Bahia (UNEB),
Bahia, Brasil
e-mail: landerson.01@outlook.com
Rocio Castro Kustner 2
Universidade do Estado da Bahia (UNEB),
Bahia, Brasil
e-mail: crocio73@yahoo.com.br
Resumo
O presente artigo tem como objetivo analisar os circuitos espaciais da produção marcados pela cadeia produtiva
da castanha de caju no entorno do município de Santo Antônio de Jesus BA. Como procedimentos
metodológicos, primeiramente foi realizado um levantamento bibliográfico e documental. No segundo momento,
no Trabalho de Campo, foram realizadas observações e entrevistas semiestruturadas aos agentes que compõem a
referida cadeia produtiva. Foi constatado que a cadeia nem sempre se inicia nem finaliza apenas em Santo Antônio
de Jesus, mas que a feira livre da cidade ocupa uma centralidade no seu circuito espacial. A castanha in natura
comercializada é advinda de outros municípios do Recôncavo e região, enquanto as torradas de modo industrial
são compradas nas agroindústrias localizadas em outras partes da Bahia e do Nordeste. Também se observou que
essa cadeia produtiva não é nutrida de tecnologias adequadamente, e falta apoio do poder blico da região, assim
como cooperativas e/ou associações de produtores e comerciantes da castanha.
Palavras-chave
Castanha de caju; Cadeia produtiva; Circuitos espaciais da produção.
1
Licenciado em Geografia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus V. É membro do Grupo de
Pesquisa As Cidades e o Urbano, desde 2019. Entre 11 de fevereiro de 2020 e 02 de fevereiro de 2022, atuou como
Vice-Coordenador do Centro Acadêmico Milton Santos (CAGEO), do Campus V da UNEB. Possui experiência
na produção de mapas por meio do software de uso livre QGIS.
2
Possui graduação em Licenciatura em Psicologia - Universidad Complutense de Madrid (1981) e doutorado em
Antropologia Social Sobre a América Latina - Universidad Complutense de Madrid (1996). Atualmente é
Professora Efetiva da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus V.
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 2
Abstract
This article aims to analyze the spatial circuits of the cashew nut production chain around the municipality of Santo
Antônio de Jesus - BA. As methodological procedures, a bibliographic and documentary survey was first carried
out. In the second moment, in the Fieldwork, observations and semi-structured interviews were conducted with
the agents that make up the referred production chain. It was found that the chain does not always begin or end
only in Santo Antônio de Jesus, but his local market has a centrality in its spatial circuit. The in natura chestnut
marketed comes from other municipalities of the Recôncavo and surrounding region, while the industrially toasted
ones are bought in the agroindustries located in other parts of Bahia and the Northeast. It was also observed that
this production chain is not nourished by technologies properly, since part of the production process is carried out
manually and there is lack of support from the public power of the region and cooperatives and / or associations
of producers and traders of nuts.
Keywords
Cashew nuts; Production chain; Spatial circuits of production.
Resumen
Este artículo tiene como objetivo analizar los circuitos espaciales de la cadena de producción de anacardos en
torno al municipio de Santo Antônio de Jesus - BA. Como procedimientos metodológicos, se realizó primero una
investigación bibliográfica y documental. En el segundo momento, en el Trabajo de Campo, se realizaron
observaciones directas y entrevistas semiestructuradas con los agentes que conforman la referida cadena
productiva. Se constató que la cadena no siempre comienza o termina solamente en Santo Antônio de Jesus, pero
el mercado local ocupa una centralidad en su circuito espacial. La castaña in natura comercializada proviene de
otros municipios del Recôncavo y de la región, mientras que las tostadas de manera industrial se compran en las
agroindustrias ubicadas en otras partes de Bahía y el Nordeste. También se observó que esta cadena productiva no
se nutre de tecnologías propiamente dichas, y hay falta de apoyo del poder público de la región y cooperativas y/o
asociaciones de productores y comerciantes de frutos secos.
Palabras clave
Anacardos; Cadena productiva; Circuitos espaciales de producción.
Introdução
No contexto global, o Brasil é um dos maiores produtores agrícolas, principalmente
porque possui vasta extensão territorial, condições climáticas que possibilita a exploração de
diferentes tipos de lavouras e intensificou os investimentos em tecnologias e pesquisas a partir
da Revolução Verde, entre as décadas de 1960 e 1970. A partir desse período, o setor agrícola
brasileiro passou a ter um modelo de produção industrial e se estabeleceu em cadeias
produtivas. Apesar disso, uma parcela de agricultores familiares ainda enfrenta desafios para
produzir, pois a referida modernização foi orquestrada de modo conservador, ou seja, os
grandes latifúndios permaneceram e a mecanização ainda o é uma realidade em muitos
lugares marcadamente agrícolas.
Atualmente, existem diferentes tipos de cadeias produtivas no território brasileiro, como
é o caso da que envolve a castanha de caju. Para o Banco do Nordeste do Brasil (2009), essa
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 3
cadeia produtiva compreende-se em um conjunto de atividades que resulta em muitos produtos,
a exemplo da amêndoa da castanha. Do seu processamento deriva um líquido ácido denominado
líquido da casca da castanha de caju (LCC), destinado às indústrias de materiais de fricção e
química. Do pedúnculo, são produzidas algumas bebidas, alimentos e ração para animais. Por
fim, um dos destinos do caju juntamente com a castanha são as feiras livres.
Grande parte dos pequenos produtores de castanha de caju realiza toda a produção de
maneira manual, o que reflete na capacidade produtiva de cada um deles. Certamente, com a
introdução de tecnologias apropriadas iriam desfrutar de inúmeros benefícios como o aumento
da produtividade e economia do tempo demandado para produzir. Um outro desafio diz
respeito às condições de comercialização do produto, que quase sempre é vendido pelos
produtores aos intermediários e comerciantes (Souza Filho et al., 2010).
No município de Santo Antônio de Jesus BA, localizado no Território de Identidade
Recôncavo
3
(Figura 1), essas atividades se intensificam entre os meses de setembro e março,
que correspondem ao período de colheita. A área territorial deste município é de
aproximadamente 261 km². Em 2010, a sua população era de 90.985 pessoas, sendo que destas
79.299 moravam no espaço urbano, enquanto 11.686 no espaço rural. Contudo, em 2022, essa
população atingiu 103.055 pessoas (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010; 2022).
3
Os Territórios de Identidade são uma das regionalizações do estado da Bahia, que passou a ser adotada a partir
do ano de 2007. Sendo assim, atualmente, existem 27 Territórios cuja processo de construção envolveu diferentes
aspectos: culturais, geoambientais, político-institucionais, econômicos, dentre outros (Bahia, 2021).
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 4
Figura 1 Localização do município de Santo Antônio de Jesus BA, 2019
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Os produtores e intermediários, sobretudo dos municípios circunvizinhos como
Conceição do Almeida, Dom Macedo Costa, Varzedo e Muniz Ferreira, deslocam-se até o
referido local para vender e/ou revender a castanha in natura aos comerciantes da feira livre
(situada na Praça Duque de Caxias, Centro) centro de abastecimento que atende a população
local e de parte do Recôncavo que possui uma centralidade importante ao atrair atravessadores
de todo o país para comprar os produtos picos da região e revendê-los nas grandes cidades
(Peixoto et al., 2012). A produção e circulação da castanha é uma oportunidade para alguns
produtores e comerciantes obterem uma renda complementar durante os meses de colheita, que
depende do valor cobrado/pago pelo quilograma da castanha in natura e assada.
Levando em consideração estes aspectos, apresenta-se o seguinte questionamento: como
se configuram os circuitos espaciais da cadeia produtiva da castanha de caju no entorno do
município Santo Antônio de Jesus? Assim, a presente pesquisa tem como objetivo analisar os
circuitos espaciais da produção marcados pela cadeia produtiva da castanha de caju em torno
ao município de Santo Antônio de Jesus. Desse modo, partir deste estudo, a relevância da
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 5
Universidade e da Geografia para a sociedade pode ser evidenciada, haja visto que apresenta
resultados que podem ser utilizados como referência para a realização de futuras pesquisas
sobre a castanha de caju, como também para auxiliar à gestão pública municipal de Santo
Antônio de Jesus no desenvolvimento e implementação de políticas públicas territoriais que
contemplem os diferentes agentes envolvidos nesta cadeia produtiva.
Metodologia
Como procedimentos metodológicos, no primeiro momento foi realizada uma revisão
bibliográfica para compreender o conceito de cadeia produtiva com base em autores como
Castro (2001), Batalha e Silva (2014) e Stein (2019); e, assim como sobre a produção de
castanha de caju, autores como Leite (1994), Souza Filho (2010), Macedo (2015), dentre outros.
Por outro lado, também foi empreendido um levantamento documental, especialmente para
obter dados sobre a produção e a circulação da castanha de caju no Brasil. Portanto, foram
analisados documentos de órgãos, a exemplo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBGE (2010; 2017; 2020; 2022) e da Companhia Nacional de Abastecimento CONAB
(2023).
No segundo momento, no Trabalho de Campo, de caráter qualitativo, foram realizadas
observações diretas e entrevistas semiestruturadas, seguindo um conjunto de questões
previamente definidas e adicionais, necessárias para elucidar as respostas que não estavam
claras ou ajudar a recompor o contexto da entrevista (Quaresma, 2005). As entrevistas foram
realizadas com: 1) dois funcionários de armazéns (Armazéns 1 e 2) que comercializam a
castanha de caju in natura na feira livre de Santo Antônio de Jesus; 2) dois intermediários do
Armazém 1 um residente de São Felipe e o outro de Dom Macedo Costa; 3) dois produtores
de castanha in natura um de Santo Antônio de Jesus e uma natural de Valença; 4) quatro
comerciantes de castanha assada de Santo Antônio de Jesus, somando um total de 10
entrevistados. Houve dificuldades de entrevistar mais intermediários dado o fato de grande
parte deles serem de outros municípios, presentes em Santo Antônio de Jesus com mais
frequência durante o período de safra.
O critério da definição da amostra, assim como as perguntas realizadas foram baseadas
na necessidade de entender como funciona a cadeia produtiva da castanha de caju no município
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 6
de Santo Antônio de Jesus. Por isso, foram elaborados quatro roteiros com perguntas em
comum: um para os comerciantes da castanha in natura, um para os intermediários, um para os
produtores de castanha in natura e um para os comerciantes da castanha assada. Por exemplo,
foi questionado a todos os entrevistados se consideravam o preço pago pelo quilograma da
castanha in natura como o de mercado, se recebem apoio do poder público, e se existe alguma
cooperativa e/ou associação de produtores de castanha no Recôncavo.
Por fim, no tratamento dos dados coletados, as gravações das entrevistas efetuadas (por
meio de um smartphone) foram transcritas no Word, para serem analisadas juntamente com as
observações, e alguns dos registros fotográficos realizados foram selecionados. Uma parcela
desses dados foi transformada em quadros e figuras, como mapas (elaborados a partir do
software de uso livre Qgis).
Cadeia produtiva versus circuitos espaciais da produção
Cadeia produtiva é o processo completo de produção desde a criação à venda de um
produto ou bem de consumo, envolvendo um conjunto de elementos que interagem uns com os
outros como os fornecedores de insumos, produtores rurais, as agroindústrias de processamento
e transformação, agentes de distribuição e comercialização e os consumidores finais. Nesse
sentido, é imprescindível entender o papel de cada agente (Castro, 2001).
Autores como Batalha e Silva (2014) apontam que os fornecedores de insumos são
responsáveis por abastecer os agricultores com alguns tipos de mercadorias determinantes para
a boa produtividade e qualidade do produto final: sementes e mudas, as quais estão sendo cada
vez mais geneticamente modificadas, buscando aumentar a produtividade; adubos e corretivos,
que podem ter origem vegetal, animal ou mineral voltados para melhorar, principalmente a
fertilidade e diminuir a acidez do solo; defensivos agrícolas, popularmente conhecidos como
agrotóxicos, que são usados especialmente para combater e controlar pragas e doenças nas
lavouras, podendo ser químicos, físicos ou biológicos; e os mecânicos, que são os maquinários
utilizados para trabalhar com a terra, a exemplo dos tratores e sistemas de irrigação.
Os produtores rurais são responsáveis por produzir a matéria-prima e/ou até mesmo o
produto final. Atualmente no Brasil, existem dois principais tipos de produtores rurais que se
distinguem em vários aspectos: os que fazem parte do agronegócio e os que estão vinculados à
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 7
agricultura familiar. Os pertencentes ao primeiro grupo têm todo um aparato tecnológico e
políticas públicas ao seu favor para produzir em larga escala, mas os constituintes do segundo
grupo não desfrutam das mesmas políticas públicas desenvolvidas pelo Estado, tendo que lidar
com inúmeros problemas por falta de assessoramento/acompanhamento técnico. Contudo, em
alguns casos, conseguem se organizar em cooperativas ou associações, passando a produzir,
transformar e comercializar matérias primas e produtos finais, aumentando os seus lucros (Vial;
Sette; Sellitto, 2009).
Por sua vez, as agroindústrias são responsáveis por processar e transformar as matérias-
primas em produtos acabados ou semiacabados que chegam à mesa do consumidor, devendo
seguir normas rígidas de segurança e controle de qualidade estabelecidas geralmente pelo
Estado. Grande parte das agroindústrias estão instaladas nas fazendas onde as matérias-primas
são produzidas, aumentando o espaço ocupado pelos produtores rurais nas cadeias produtivas
(Batalha; Silva, 2014).
os distribuidores e comerciantes são responsáveis por adquirir os produtos dos
fabricantes e estocarem para a posterior distribuição e comercialização no mercado composto
por um “conjunto de indivíduos e empresas que apresentam interesse, renda e acesso a produtos
disponíveis” (Castro, 2001, p. 64). Assim, esses agentes econômicos regulamentam os preços
dos produtos de acordo com a lei da oferta e da procura. A comercialização pode ocorrer de
maneira atacadista, ou seja, em grande escala, tendo como principal público-alvo as empresas
e pessoas jurídicas; e varejista, quando a comercialização de produtos se em pequena
quantidade, objetivando atender as pessoas físicas.
Por último e não menos importante, os consumidores finais são aqueles que determinam
as características dos produtos, porque toda a cadeia produtiva funciona em prol de atender às
suas necessidades, afetando direta e indiretamente os demais componentes. Todos os agentes
da cadeia produtiva estão sujeitos às influências dos ambientes institucional e organizacional.
O institucional engloba uma legislação que abrange um conjunto de leis trabalhistas, ambientais
e comerciais. o organizacional diz respeito, principalmente, como a cadeia e os agentes estão
organizados e planejam as suas estratégias (Batalha; Silva, 2014).
Todo este processo tem um impacto no território que, por sua vez, não deixa de
determinar também a dinâmica produtiva e os fluxos que delineiam os circuitos espaciais da
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 8
produção, definidos assim pela circulação de bens e produtos. O conceito “circuito espacial da
produção” é uma redefinição realizada por Milton Santos do conceito “circuito regional
produtivo” desenvolvido, a partir de Marx, pelo Centro de Estudios del Desarrollo (CENDES)
da Universidade Central da Venezuela no seu Projeto Metodologia para o Diagnóstico Regional
(MORVEN), com o objetivo de “estudar a segmentação dos espaços nacionais e a ação dos
diferentes agentes produtivos sobre o espaço nos países do Terceiro Mundo” (Santos, 1986
apud Castillo; Frederico, 2010, p. 463). Para Santos, “o espacial” contempla melhor que “o
regional” o imperativo de uma mesma lógica global sobre diferentes lugares e o diálogo entre
lugar e mundo.
Enquanto a cadeia produtiva se refere às etapas do processo produtivo visando a
competitividade das empresas, o estudo dos circuitos espaciais de produção foca no espaço
geográfico onde várias empresas trabalham com uma atividade produtiva dominante em
diferentes escalas: local, regional e/ou internacional. Nesse contexto, Castillo e Frederico
(2010) sugerem que para identificar adequadamente um circuito espacial da produção é
necessário analisar a atividade produtiva dominante, os agentes envolvidos, a logística e as
formas de uso e organização do território.
No caso dos principais agentes envolvidos é importante não perder de vista que as etapas
da produção geralmente são fragmentadas. A logística permite examinar, sobretudo, o
ordenamento dos fluxos que transcorrem os circuitos espaciais produtivos. Por fim, a
organização e o uso do território envolvem a organização interna dos subespaços, o uso seletivo
dos sistemas técnicos e o estabelecimento das relações entre os subespaços de uma localidade.
Para entender o território é preciso captar o movimento, a circulação de bens e produtos que
conformam os circuitos espaciais da produção (Castillo; Frederico, 2010).
Diferente da ideia de cadeia produtiva que “surge no âmbito da administração de
empresas e da busca por maior racionalidade econômica, visando ganhos de competitividade
de agentes e de setores” (Castillo; Frederico, 2010, p. 468), a abordagem proposta pelo circuito
espacial se preocupa com as implicações socioespaciais da atividade produtiva no território,
como também com o papel ativo do espaço geográfico nesta atividade e na dinâmica de seus
fluxos. Mas ambas as abordagens contemplam as diversas etapas do processo produtivo
produção, distribuição, comercialização e consumo e os diversos serviços associados à
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 9
distribuição, armazenamento e comercialização do produto (Castillo; Frederico, 2010), na
presente pesquisa analisados no caso da castanha de caju no entorno do município de Santo
Antônio de Jesus.
O processo produtivo da castanha de caju no Brasil
O cajueiro é uma árvore nativa do Brasil, cujos pedúnculo e castanha eram utilizados
pelos indígenas como alimentos quando os colonizadores chegaram no século XV. Entretanto,
as agroindústrias processadoras de castanha começaram a se desenvolver apenas em 1941,
quando houve uma demanda pelo líquido da casca desse produto por parte dos Estados Unidos,
na Segunda Guerra Mundial, que procurou a Brasil Oiticica S.A. (BOSA), empresa
tecnicamente especializada na fabricação de alguns tipos de óleos vegetais como o de oiticica
e mamona, e terminou se consolidando como uma das principais empresas produtoras do LCC
e da sua amêndoa (Leite, 1994).
Atualmente o cultivo de caju, a extração e o processamento da sua castanha são
caracterizados pela instabilidade da renda do produtor, que depende de três fatores, como é
apontado por Leite (1994): o tecnológico, as secas e os preços. O tecnológico é mais empregado
pelas agroindústrias e grandes produtores, porém os pequenos ficam sujeitos a uma produção
“remota”, sem o aparato tecnológico demandado pela cultura, o que é determinante para a boa
produtividade. As secas, estão mais ligadas ao viés natural, logo, os produtores não têm muito
o que fazer, a não ser se ancorar nas diferentes tecnologias. E, os preços podem variar de região
para região e de safra para safra conforme será discutido neste item.
Os produtos comercializados e consumidos na cadeia produtiva da castanha estão
disponíveis in natura ou torrada. Assim, os consumidores podem se deslocar até os locais onde
cada tipo de produto é comercializado de acordo com o(s) seu(s) objetivo(s), visto que enquanto
na propriedade agrícola o produto geralmente estará na sua forma natural, nas minifábricas e
grandes unidades industriais estará processado (Castro; Lima; Cristo, 2002).
O processamento da castanha de maneira artesanal que é realizado pelo pequeno
produtor atende à demanda de um mercado local em uma menor escala. O produto artesanal
tende a possuir características distintas do industrializado, desde a coloração até o sabor, o que
determina a escolha do consumidor. Segundo Leite (1994) as principais características são em
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 10
relação a integridade, tamanho, cor e o sabor das amêndoas, sendo o ideal que estejam inteiras,
com coloração clara com algumas manchas marrom, tamanho médio e grande, e sabor
característico (natural).
Ademais, no caso do setor que envolve a industrialização do cajueiro existem ao menos
dois segmentos: a indústria de beneficiamento da castanha e a indústria de transformação do
pedúnculo. No primeiro, a castanha passa por um processo de produção que pode envolver
várias etapas, sendo o principal produto final a amêndoa, pronta para ser consumida. no
segundo segmento, o pedúnculo, erroneamente considerado por muitas pessoas como o fruto
do cajueiro, pode ter vários fins, a exemplo de sucos, doces e geleias (Leite, 1994). Em ambos
os segmentos, os produtores têm dificuldades com a estocagem dos produtos in natura, porque
são de alta perecibilidade. No caso da castanha, Souza Filho (2010) explica que ela pode ser
estocada até por um ano, sendo os maiores custos relacionados à perda de peso, que o produto
possui umidade.
Nas minifábricas a utilização de mão de obra é mais intensiva, favorecendo melhor
rendimento de amêndoas inteiras. Já nas grandes unidades industriais as etapas de produção são
mecanizadas, sobretudo a de corte, resultando em melhor aproveitamento do LCC. Portanto,
quando comparados, o modelo do sistema produtivo de cada uma possui vantagens e
desvantagens (Banco do Nordeste do Brasil, 2009).
Para o Banco do Nordeste do Brasil (2009), a castanha de caju in natura é produzida
nas propriedades rurais, na sequência é separada do pedúnculo, secada ao sol e é vendida para
os intermediários ou diretamente pelos grandes produtores para as agroindústrias de
processamento. Após chegar nas agroindústrias, tomando como base Paiva et al. (2006), a
castanha primeiramente passa por um processo de limpeza, seleção, secagem, classificação (em
grandes, médias, pequenas, miúdas e cajuís), e, por fim, são armazenadas. No segundo
momento (de processamento), passam pelo processo de cozimento, decortificação, estufagem,
umidificação, reestufagem, seleção e classificação final, fritura, embalagem e armazenamento.
A castanha processada tem dois destinos: o mercado interno brasileiro e o externo, conforme
pode ser observado na Figura 2.
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 11
Figura 2 Cadeia produtiva da castanha de caju no Brasil
Fonte: Banco do Nordeste do Brasil (2009).
Para Figueirêdo Junior (2006), a castanha, assim como a sua amêndoa, apesar de serem
exportadas para outros países, não se trata de commodities, já que não fazem parte da Bolsa de
Valores do Brasil, pois até então não foi possível estabelecer preços de mercado internacional,
levando em consideração os riscos comerciais do setor. Também, os preços não podem ser
facilmente acompanhados, porque variam nos diferentes países e estados brasileiros.
Dentre as principais unidades federativas produtoras do Brasil em 2021, destacaram-se
o Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, os quais juntos geraram cerca de 430,6 milhões de reais,
tendo como quantidade produzida aproximadamente 98,9 mil toneladas, com um rendimento
médio de 831 kg por hectare, conforme pode ser observado no Quadro 1. O estado da Bahia,
que ocupa a quinta posição, conseguiu gerar 16,9 milhões de reais, sendo que o seu maior
município produtor foi Euclides da Cunha (IBGE, 2021). Em 2017, existiam 4,9 mil
estabelecimentos agropecuários e cerca de 1,2 mil pés de cajueiro (IBGE, 2017).
Quadro 1 Valores da produção de castanha de caju in natura das principais unidades
federativas do Brasil em 2021
Valor da produção (x
1000 R$)
Quantidade
produzida (t)
Área colhida (ha)
CE
295.681
62.977
271.066
PI
73.068
19.020
72.327
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 12
RN
61.907
16.920
50.325
BA
16.959
3.954
15.439
MA
8.190
3.610
10.880
PE
14.861
2.625
2.165
Fonte: IBGE (2021).
O Brasil até março de 2023, em conformidade com a CONAB (2023), produziu cerca
de 123 mil toneladas de castanha in natura. Os principais destinos da castanha beneficiada (sem
casca) exportada foram Estados Unidos (32,7% da quantidade), Países Baixos (13,4% da
quantidade) e Argentina (9,3% da quantidade).
Por fim, em relação aos preços, Leite (1994) esclarece que eles variam de acordo com
cada período da safra. Habitualmente, no início o preço do produto in natura costuma ser de
um patamar mais elevado, enquanto no meio cai e no final volta a subir, sobretudo porque
muitas empresas não conseguem formar um estoque capaz de durar até a próxima colheita.
Porém, isso não significa que os valores automaticamente são corrigidos entre os diferentes
agentes da cadeia, em especial para os produtores. Embora não exista um mecanismo formal de
diferenciação de preços da castanha, os intermediários costumam rejeitar ou optam em pagar
um valor mais baixo pelo quilograma do produto quando os carregamentos contêm impurezas
e excesso de umidade (Souza Filho et al., 2010).
Segundo a CONAB (2023), o preço médio do quilograma da castanha in natura em
janeiro de 2023 no Ceará foi de 4,33 reais, no Piauí foi de 3,00 reais e no Rio Grande do Norte
foi de 4,18 reais. Nos anos de 2021 e 2022, a exportação da castanha beneficiada gerou
aproximadamente 187 milhões de dólares. Sendo assim, a cadeia produtiva da castanha de caju
ajuda a movimentar a economia brasileira, especialmente das principais unidades federativas
produtoras como o Ceará, principal destino da castanha no seu circuito espacial da produção
iniciado em torno de Santo Antônio de Jesus.
Resultados e discussão: o circuito espacial da cadeia produtiva da castanha de caju em
torno ao município de Santo Antônio de Jesus
Se apresenta neste item a continuação da análise do Trabalho de Campo seguindo a
sequência implícita no objetivo da pesquisa: analisar os circuitos espaciais da produção
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 13
marcados pela cadeia produtiva da castanha de caju em torno ao município de Santo Antônio
de Jesus.
Referente aos agentes, na Figura 3, pode ser observado que a cadeia produtiva da
castanha de caju em torno a Santo Antônio de Jesus inicia-se com os produtores de castanha in
natura, seguido dos intermediários, comerciantes de castanha in natura, comerciantes de
castanha assada, agroindústrias processadoras de castanha e consumidores finais. Isto pode ser
melhor entendido a partir da leitura das subseções deste item.
Figura 3 Agentes dos circuitos especiais da cadeia produtiva da castanha de caju no entorno
do município de Santo Antônio de Jesus, 2023
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Foi constatado que alguns dos agentes entrevistados além de exercerem um papel
principal dentro da cadeia produtiva, ao mesmo tempo desempenham outras funções como ser
produtor e comerciante de castanha assada; intermediário e produtor de castanha in natura;
comerciante de castanha assada, produtor e comprador de castanha in natura; entre outras
funções que são apresentadas no Quadro 3.
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 14
Quadro 2 Funções dos agentes entrevistados dos circuitos especiais da cadeia produtiva da
castanha de caju no entorno do município de Santo Antônio de Jesus, 2023.
Produtor(a)
Intermediário
Compra a
castanha in
natura
Comerciante
de castanha in
natura
Comerciante
de castanha
assada
Funcionária do
Armazém 1
X
X
Funcionário do
Armazém 2
X
X
Comerciante de
castanha assada 1
X
Comerciante de
castanha assada 2
X
X
X
Comerciante de
castanha assada 3
X
X
X
Comerciante de
castanha assada 4
X
X
X
Intermediário 1
X
X
X
Intermediário 2
X
X
X
Produtor 1
X
X
Produtora 2
X
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
A seguir, primeiramente será explicado o papel desempenhado pelos produtores,
responsáveis por dar início à cadeia produtiva da castanha. Na sequência, será analisado o papel
desempenhado pelos demais agentes, bem como a logística e o uso do território.
Produtores de castanha in natura
Em Santo Antônio de Jesus e no seu entorno existem pessoas que possuem cajueiros
na(s) propriedade(s) que residem, as quais podem ser chamadas de produtoras de castanha de
caju. No entanto, existem pessoas que não possuem cajueiros na propriedade em que habitam,
mas, ainda sim, coletam a castanha em cajueiros de terceiros gratuitamente. Neste caso, podem
ser identificadas como coletores. Na pesquisa de campo nenhum indivíduo que se enquadrasse
neste último grupo foi localizado.
No caso dos produtores, coletam a castanha nos cajueiros localizados em grande parte
no espaço rural, posteriormente colocam no sol para secar e vende aos intermediários ou
diretamente para os armazéns situados na feira livre da cidade de Santo Antônio de Jesus. Mas
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 15
existem casos de produtores não venderem a castanha aos armazéns ou aos intermediários,
como o produtor 1, que realiza a coleta da castanha, assa e leva para vender na feira, porque
desta forma ganha mais rendimentos.
Os produtores 1 e 2 possuem entre 25 e 30 cajueiros, que nasceram de forma natural e
foram plantados a partir da semente. Durante a safra, eles conseguem coletar cerca de 250
quilogramas. A coleta é realizada de maneira manual, fato que aumenta o risco de serem
mordidos/picados por animais peçonhentos.
A respeito dos preços pagos pelo quilograma da castanha in natura, o produtor 1 relatou
que “é muito barato”, e a produtora 2 descreveu que “às vezes colocam o preço que querem”.
Também, os comerciantes de castanha in natura e de castanha assada entrevistados consideram
o preço injusto, principalmente porque o processo de coleta é trabalhoso, como relatado pela
funcionária do Armazém 1:
Nem sempre o preço é justo, porque tem todo um processo e o trabalho da pessoa que
colhe para trazer para a gente. Não é colhendo 10 castanhas que vai dar 1 quilograma.
Nem sempre o de caju é do lado da casa, do lado da estrada para pegar um carro
para trazer. Então tem todo um trabalho. Tem gente que anda muito nas fazendas
tentando colher essas castanhas e até chegar em casa tem todo um sacrifício
(Funcionária do Armazém 1).
Como exposto anteriormente, segundo a CONAB (2023), o preço médio do
quilograma recebido pelo produtor de castanha in natura em janeiro de 2023 no Ceará foi de
4,33 reais, no Piauí foi de 3,00 reais e no Rio Grande do Norte foi 4,18 reais. Mas, segundo
alguns comerciantes da castanha in natura, neste mesmo período em Santo Antônio de Jesus,
foi pago entre 2,0 e 2,50 reais pelo quilograma do produto. A funcionária do Armazém 1
advertiu em sua entrevista que “seguem o que a agroindústria determina. Às vezes as pessoas
responsáveis pelas agroindústrias vêm visitar a gente para ver como a castanha está. Quando a
castanha está úmida tem o abatimento do valor”. Por sua vez, o intermediário 1 respondeu que
o preço que ele paga aos produtores é o mesmo pago nos armazéns, ou seja, o de mercado.
Contudo, o intermediário 2 explicou que inicialmente ele determina o preço, mas quando os
armazéns informam, acaba aderindo ao valor indicado.
Ao ser questionado como avalia o papel desempenhado pelos intermediários e
comerciantes de castanha de caju in natura, foi expresso pela produtora 2 que se trata de “um
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 16
papel importante, porque compram a castanha”, ou seja, por causa desses agentes, têm a quem
vender. Por outro lado, no seguinte depoimento pode ser constatado uma visão contrária:
O trabalho maior é da gente. O trabalho desempenhado pelos armazéns é importante,
porque quem cata muito tem a quem vender, mas eles também aproveitam para ganhar
em cima. Isso porque a gente tem uma quantidade e traz. Aí eles compram mais barato
e vendem mais caro (Produtor 1).
Este relato torna evidente que no contexto da cadeia produtiva da castanha de caju, um
dos agentes mais explorado são os produtores, haja vista que, muitas das vezes, vendem a
castanha sem ter a certeza de que o valor pago pelos intermediários e/ou comerciantes é o de
mercado. Ou seja, para muitos produtores a única opção viável é vender mesmo tendo
consciência que podem estar sendo explorados.
Segundo o funcionário do Armazém 2 e os intermediários 1 e 2, o perfil dos produtores
de castanha é de homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos de baixa renda que fazem
a coleta em cajueiros nas propriedades que habitam e/ou nos que nasceram de maneira natural
nos pastos das fazendas. Eles não conseguem gerar renda significativa com a produção do
citado produto durante os meses de colheita. Logo, dependem de outras fontes de renda para
sanar as necessidades financeiras básicas. Alguns trabalham, por exemplo, com atividades do
espaço rural, como o cultivo de mandioca, limão e laranja, e na feira livre de Santo Antônio de
Jesus, comercializando frutas e verduras.
Intermediários
Os intermediários compram a castanha nas mãos dos produtores, colocam as úmidas no
sol, as armazenam em um depósito até formar uma quantidade razoável e vendem diretamente
aos donos dos armazéns, que recebem a castanha na feira livre de Santo Antônio de Jesus e/ou
vão até a residência dos intermediários para adquiri-las. Isto é relatado no seguinte trecho de
uma das entrevistas:
Tenho um pequeno depósito, onde boto as castanhas. Aí quando faz aquela quantia, o
pessoal vai buscar de caminhão ou levo de carro [...]. As castanhas quando estão
úmidas a gente não coloca juntas com as outras. Passamos no sol, e ver aquelas que
estão de primeira, para vender. Eu coloco em cima de um recipiente de metal no sol,
de noite eu pego e coloco no saco. Faço isso durante uns dois dias, até ficar boa.
(Intermediário 1).
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 17
Sobre os fatores positivos e negativos de trabalhar com a castanha de caju in natura, o
intermediário 2 revelou que o lado bom de trabalhar com esse produto é porque a produção
ocorre em um período em que as outras culturas são sensíveis às altas temperaturas e aos
períodos de escassez de chuva, tal como grande parte das hortaliças. o intermediário 1
afirmou que “o lado bom é quando faz sol, mas quando é tempo de chuva não fica muito bom,
porque a castanha não gosta muito da chuva. Ela gosta muito do sol. Quando estão úmidas, não
querem comprar”. Isso acontece porque em conformidade com a funcionária do Armazém 1:
A preferência é de castanha seca, porque não temos espaço nem secadora para ela,
pois não somos uma indústria. A gente é um intermediário para mandar para a
indústria ou para as pessoas que compram na nossa mão em varejo. Se ela estiver
úmida não tem como comprar porque sabemos que vai armazenar e quando chegar na
indústria vai estar podre (Funcionária do Armazém 1).
Como já analisado por vários autores (Barros et al., 1984 apud Leite, 1994; Frota et al.,
1985 apud Leite, 1994), o cajueiro é sensível à baixas temperaturas e geadas, ou seja, para o
seu melhor desenvolvimento e produtividade é necessário o regime de altas temperaturas, sendo
a faixa tolerável aproximadamente 22 a 35 °C. Esta planta precisa de uma estação seca para
frutificar de maneira normal, tendo em vista que a diferenciação floral ocorre geralmente no
final da estação chuvosa, enquanto o florescimento ocorre durante o verão. Caso as condições
climáticas não sejam ideais, a produção é afetada, especialmente por causa do aparecimento de
doenças fúngicas e a castanha ficar úmida.
O intermediário 1, utilizando um automóvel e animais, compra a castanha no espaço
rural de Dom Macedo Costa, em comunidades como Jangada, Tintureiro, Dom Vital e Três
Bocas, para vender no Armazém 1. Já o intermediário 2, compra a castanha especialmente no
espaço rural de municípios como São Felipe, Conceição do Almeida, Cruz das Almas,
Maragogipe, Nazaré e São Roque do Paraguaçu. Como no caso dos produtores de castanha 1 e
2, ambos não trabalham apenas com a comercialização deste produto. O primeiro intermediário
também é produtor rural e feirante em Santo Antônio de Jesus, comercializando laranja,
abóbora, banana e aipim, todavia o segundo trabalha com a comercialização de carros, casas,
terrenos, mandioca, inhame, entre outros.
Os intermediários entrevistados levam a castanha para revender ao Armazém 1.
Somente o intermediário 2 transporta as castanhas para outros locais como a cidade de Feira de
Santana, onde comercializa em varejo para as pessoas que trabalham com a venda do produto
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 18
assado. Por conseguinte, ponderam que o papel desempenhado pelos produtores é importante,
que por causa deles, tem uma renda significativa durante o período de colheita e clientes para
comprar a castanha.
Comerciantes de castanha in natura
Em Santo Antônio de Jesus existem três armazéns que compram a castanha de caju in
natura: o Armazém do Antônio, Armazém do Campo e Armazém São Jorge, como pode ser
visto na Figura 4. Apenas foi possível ter acesso a dois desses armazéns, que recebem a castanha
na feira livre vendidas tanto pelos produtores quanto pelos intermediários; ou vão até a
residência dos intermediários para comprar e na sequência repassar em varejo para os feirantes
que trabalham com a castanha assada ou em atacado para as agroindústrias.
Figura 4 Armazéns compradores de castanha in natura em Santo Antônio de Jesus, 2023
Fonte: Trabalho de Campo (2023) e Google Earth (2023).
O Armazém 1 controla as compras e vendas de castanha. A funcionária desse
estabelecimento comercial esclareceu que a castanha de caju in natura comprada por eles é de
municípios como Amargosa, Presidente Tancredo Neves, Dom Macedo Costa, Conceição do
Almeida, Nazaré, Valença, São Felipe e Cruz das Almas. No Armazém 2, a castanha é adquirida
em alguns desses mesmos lugares.
A partir dessas informações, a Figura 5 foi elaborada com o intuito de dimensionar
cartograficamente os municípios que compõem a cadeia produtiva da castanha de caju in natura
em Santo Antônio de Jesus. Portanto, é importante destacar que tais municípios não se
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 19
restringem aos circunvizinhos e/ou ao Recôncavo, ou seja, envolve outros Territórios de
Identidade, como Baixo Sul e Vale do Jiquiriçá.
Figura 5 Municípios que compõem a cadeia produtiva da castanha de caju in natura em
Santo Antônio de Jesus, 2023
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Segundo a funcionária do Armazém 1, o estabelecimento comercial é intermediário das
agroindústrias Amêndoas do Brasil e Usibras, que por sua vez depende dos intermediários
locais para adquirir a castanha dos produtores, quando não são estes mesmos que entregam o
produto ao armazém. O Armazém um adiantamento em dinheiro para a realização da compra
do produto. Mas a comercialização ocorre somente durante o período de colheita.
A respeito das potencialidades da cadeia produtiva da castanha e os seus desafios, a
funcionária do Armazém 1 mencionou que a parte positiva de trabalhar com ela é o fato de as
agroindústrias reembolsarem os impostos pagos durante o transporte do produto e firmar
acordos para manter um determinado valor pelo quilograma do produto durante certo período,
mesmo que ele diminua durante a entrega. Esses fatores contribuem para que os armazéns
tenham noção de quanto irão lucrar a cada entrega. Em relação aos preços, foi explicado que:
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 20
Nem sempre quando tem muita castanha, ela é valorizada e nem sempre quando tem
menos é também valorizada, porque quando a castanha fica muito molhada [...] não
fica valorizada. Quando não tem em Fortaleza, nesses lugares, o preço aqui fica bom,
porque eles compram tudo na Bahia, mas quando a safra é grande, eles vão baixando
o preço e a gente perde preço aqui. (Funcionária do Armazém 1).
Também, foi ressaltado pelos funcionários dos Armazéns 1 e 2, que grande parte dos
produtores de castanha não possuem grandes plantações de cajueiro, diferente do caso do cacau
que envolve toda uma dinâmica de cuidado por parte do produtor. À vista disto, o papel
desempenhado pelos intermediários é considerado importante, porque segundo a funcionária
do Armazém 1, eles prestam importante serviço no transporte da castanha, uma vez que não
seria possível comprar no espaço rural de todos os municípios que compõem a cadeia produtiva.
Agroindústrias processadoras de castanha
De acordo com a funcionária do Armazém 1, a empresa em que trabalha repassa a
castanha para duas agroindústrias: Usibras e Amêndoas do Brasil. A primeira foi fundada em
1979, como uma empresa de origem familiar. Atualmente, possui sedes em Aquiraz Ceará,
Mossoró Rio Grande do Norte, Ghana África e Camden Estados Unidos. Os produtos
fabricados são a castanha assada (principal), pellets (combustível biodegradável, feito a partir
de resíduos de biomassa vegetal) e LCC. A segunda agroindústria foi fundada em 1992,
possuindo atualmente sedes localizadas em Fortaleza-CE. Trabalha com a produção de
amêndoas da castanha assada, a farinha e a pasta deste produto.
Comerciantes de castanha assada
Foi observado que em Santo Antônio de Jesus existem ao menos dois tipos de
comerciantes de castanha assada: o que vende somente a castanha industrializada e o que vende
apenas a castanha artesanal. O primeiro tipo compra a castanha assada nas agroindústrias e
comercializa na feira livre e em outros locais da cidade. Já no segundo tipo, na maioria das
vezes, coleta a castanha e/ou compra nos armazéns, nas mãos dos produtores do município e de
intermediários de outras unidades da Federação (Ceará, Pernambuco e Piauí), em seguida faz
uma seleção das castanhas consideradas boas, passa no sol durante um certo tempo, assa
utilizando um recipiente metálico e um pedaço de madeira (usado para mexer as castanhas),
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 21
parte de maneira manual, despela as amêndoas, embala e leva para comercializar na feira livre
(Figura 6). Isto é explicado pela comerciante de castanha assada 2:
Eu compro a castanha no armazém, levo para casa, depois faço a seleção tirando as
limpas das estragadas, asso ela, coloco as meninas para partir, aí quando é a noite eu
me sento para despelar e deixar toda limpinha para trazer para a feira para vender. Eu
pago para as pessoas partirem as castanhas. Elas partem, daí no final da semana eu
ajeito com elas. Cada litro partido custa 2,0 reais. É por produção. Pago a três pessoas
por litro, para me ajudar. Eu produzo muita castanha durante a semana. Asso uns 200
litros (Comerciante de Castanha Assada 2).
Figura 6 Ilustração do processo produtivo artesanal da castanha de caju em Santo Antônio
de Jesus, 2023
Fonte: Trabalho de Campo (2023).
No tipo de produção artesanal, o produtor consegue controlar toda a sua produção, pois
pode obter mais rendimentos, sem ser explorado pelos demais agentes dos circuitos espaciais
da cadeia produtiva. Mas esse tipo de produção é extremamente trabalhoso, porque cada etapa
exige habilidades e esforços diferentes. Por exemplo, quem assa a castanha tem que enfrentar
a alta temperatura gerada quando pega fogo, necessitando de vestimentas adequadas; e quem
parte precisa lidar com o LCC, que pode provocar queimaduras nas mãos. Segundo o
comerciante de castanha assada 2, “é um processo muito trabalhoso porque precisa acordar às
04:00 horas da manhã para assar as castanhas. Tem que ter muito cuidado com vestimentas
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 22
adequadas, protegendo as pernas e braços para não se queimar”. Para a comerciante de castanha
assada 4, “é um processo trabalhoso porque a castanha solta uma resina que causa queimaduras
nas mãos”.
Além disso, existem as despesas com a compra da castanha in natura, com o transporte
de carga, para partir e com os materiais para embalar as amêndoas assadas. A comerciante de
castanha assada 2 informou que paga 2,0 reais por cada litro partido, o comerciante de
castanha assada 3, paga 60 reais pela diária, para cada pessoa. Em 2023, ambos chegaram a
pagar entre 4 e 6 reais pelo quilograma do produto in natura. o quilograma do assado de
maneira artesanal estava sendo vendido entre 60 e 70 reais (Figura 7) e o industrializado por 67
reais (Figura 8).
Figura 7 Comercialização da castanha assada de modo artesanal na feira livre de Santo
Antônio de Jesus, 2023
Fonte: Trabalho de Campo (2023).
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 23
Figura 8 Comercialização da castanha assada de modo industrial na feira livre de
Santo Antônio de Jesus, 2023
Fonte: Trabalho de Campo (2023).
Consequentemente, alguns comerciantes conseguem gerar renda significativa com a
produção e/ou comercialização da castanha assada durante os meses de colheita, como é o caso
das comerciantes de castanha assada 2 e 4, mas depende da safra. Apesar disso, existem outros
que não conseguem, a exemplo dos comerciantes de castanha assada 1 e 3, que trabalham em
outras atividades. O primeiro além de trabalhar na feira de Santo Antônio de Jesus, é garçom
de eventos e o segundo é motorista da prefeitura de Santo Antônio de Jesus. Essa realidade é
ilustrada no seguinte trecho de uma das entrevistas:
O valor hoje que ganho não é muito porque as coisas ficaram difíceis. As despesas
aumentaram demais. Meu sustento vem da feira. Pago a escola dos meus filhos, os
alimentos da casa a partir da feira. Sem ela, não sei nem o que seria da gente. A renda
não é suficiente, porque a gente sempre fica no vermelho, mas fazemos uma coisa e
outra para desembolsar as coisas. (Comerciante de castanha assada 1).
Sobre o papel desempenhado pelos intermediários e comerciantes de castanha de caju
in natura, os comerciantes de castanha assada 1, 2, 3 e 4 opinaram que os intermediários e
comerciantes de castanha in natura aproveitam para tirar as maiores fatias de lucro no contexto
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 24
da cadeia produtiva. Com isso, acreditam que o consumidor final é quem acaba arcando com
as despesas geradas em cada etapa dos circuitos espaciais da cadeia produtiva, que são
descontadas no valor final do produto.
Por fim, foi constatado que alguns dos comerciantes preferem trabalhar com a castanha
artesanal devido à diferença no sabor em relação à industrializada. Isso porque o primeiro tipo
possui um sabor mais característico. Essa diferença acontece porque ambos os tipos passam por
processos diferentes de produção. Portanto, alguns consumidores finais não querem comprar a
castanha industrializada, como grande parte dos clientes da comerciante de castanha assada 2.
Mas, existem comerciantes que preferem comercializar a industrializada porque fica disponível
para a compra durante o ano inteiro, diferente da artesanal, que fica disponível apenas durante
o período de colheita.
Consumidores finais
A castanha de caju torrada faz parte do grupo de amêndoas ideais para quem deseja
manter uma dieta saudável. Assim, de acordo com os comerciantes de castanha assada
entrevistados, os consumidores finais desse produto em Santo Antônio de Jesus, são residentes
do próprio município, como também de outros locais do estado da Bahia, a exemplo de Nazaré,
Muniz Ferreira, Valença, Amargosa, Conceição do Almeida, Sapeaçu, Cruz das Almas,
Salvador, Itaparica, entre outros.
Logística e uso do território
A feira livre de Santo Antônio de Jesus, como centro de abastecimento que atende a
população local e de parte do Recôncavo e que atrai atravessadores de todo o Brasil, ocupa uma
centralidade na circulação de produtos agrícolas da região que, concretamente referente à
castanha de caju, como citado, abrange um conjunto de municípios, sobretudo os
circunvizinhos, de onde os produtores e intermediários deslocam-se para vender e/ou revender
a castanha in natura aos comerciantes da presente feira livre. Também os dois armazéns
pesquisados, assim como um outro existente, localizam-se na feira livre. Estes, por sua vez,
vendem a castanha de caju para o Ceará e Rio Grande do Norte, onde as agroindústrias, realizam
principalmente o beneficiamento deste produto, com o objetivo de atender os mercados
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 25
nacional (brasileiro) e internacional (Estados Unidos, Países Baixos, Argentina, alguns países
da África, entre outros).
Em questões de logísticas, ainda a precariedade do transporte, por vezes, é um
obstáculo, pois quando não automóveis com carroceria, são usados kombis e até mesmo
animais como jumentos e cavalos.
No Quadro 3, pode ser observado como se configuram os circuitos espaciais da cadeia
produtiva da castanha de caju no entorno do município de Santo Antônio de Jesus contemplando
a logística de seus agentes e o uso do território. Nesse contexto, podem ser visualizados o local
de atuação dos agentes envolvidos, o meio de transporte utilizado para alcançarem seus
objetivos, a origem e destino da castanha de caju in natura circulada em Santo Antônio de
Jesus, e o destino da castanha de caju beneficiadas nas agroindústrias.
Quadro 3 Configuração dos circuitos espaciais da cadeia produtiva da castanha de caju
entorno ao município de Santo Antônio de Jesus (SAJ), 2023.
Agentes
Local de
atuação
Meio de
transporte
utilizado
Origem da
castanha de
caju in
natura
Destino da
castanha de
caju in natura
Destino da
castanha
de caju
assada
Destino da
castanha nas
agroindústrias
Armazém 1
SAJ e
região
Automóveis
com
carroceria
(caminhão e
carro)
SAJ e região
Usibras e
Amêndoas do
Brasil
Não se
aplica
Mercado interno
brasileiro,
África e Estados
Unidos.
Armazém 2
SAJ e
região
Automóveis
com
carroceria
(caminhão e
carro)
SAJ e região
Agroindústrias
no Ceará
Não se
aplica
Mercado interno
brasileiro e
externo
Comerciante
de castanha
assada 1
Feira
livre de
SAJ
Não se
aplica
Não se
aplica
Não se aplica
SAJ e
região
Não se aplica
Comerciante
de castanha
assada 2
Feira
livre de
SAJ
Carro com
carroceria
Armazém 1,
cajueiros
que possui e
produtores
de SAJ
Armazém 1 e
produção
artesanal para
comercializar
na feira livre
de SAJ
SAJ e
região
Não se aplica
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 26
Comerciante
de castanha
assada 3
Feira
livre de
SAJ
Carro com
carroceria
Armazém 1,
cajueiros
que possui e
produtores
de SAJ
Armazém 1 e
produção
artesanal para
comercializar
na feira livre
de SAJ
SAJ e
região
Não se aplica
Comerciante
de castanha
assada 4
Feira
livre de
SAJ
Carro com
carroceria
Armazém 1,
cajueiros
que possui
produtores
de SAJ, e
intermediári
os do Ceará,
Pernambuco
e Piauí
Armazém 1 e
produção
artesanal para
comercializar
na feira livre
de SAJ
SAJ e
região
Não se aplica
Intermediário
1
Dom
Macedo
Costa
Kombis e
animais
Dom
Macedo
Costa
Armazém 1
Não se
aplica
Não se aplica
Intermediário
2
São
Felipe,
Conceiçã
o do
Almeida,
Maragogi
pe,
Nazaré e
Muniz
Ferreira
Automóveis
com
carroceria
(caminhão e
carro)
São Felipe,
Conceição
do Almeida,
Maragogipe,
Nazaré e
Muniz
Ferreira
Armazém1
Não se
aplica
Não se aplica
Produtor 1
SAJ
Não se
aplica
SAJ
Feira livre de
SAJ
SAJ e
região
Não se aplica
Produtora 2
Valença
e SAJ
Não se
aplica
Valença
Armazém 1 e
intermediários
de Valença
Não se
aplica
Não se aplica
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Considerações finais
A partir da realização desta pesquisa foi possível entender como se configuram os
circuitos espaciais da cadeia produtiva da castanha de caju no entorno do município de Santo
Antônio de Jesus, os principais agentes envolvidos, a logística utilizada e os territórios
abrangidos. Há casos de castanhas que são produzidas, processadas de maneira artesanal,
comercializadas e consumidas no próprio município, mas, por outro lado, uma parte é circulada
para outros locais do estado da Bahia e do Nordeste. A castanha in natura comercializada é
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 27
advinda de outros municípios do Recôncavo e região, entretanto, as torradas de modo industrial
são compradas nas agroindústrias localizadas em outras partes da Bahia e do Nordeste, como
Rio Grande do Norte e Ceará, onde exportam para os Estados Unidos, Países Baixos, Argentina,
alguns países da África, entre outros.
No espaço rural os produtores coletam a castanha de modo manual em cajueiros na
propriedade em que reside e/ou em localizados em propriedades de terceiros. Depois a castanha
é vendida diretamente nos armazéns ou aos intermediários, que na sua maioria são de outros
municípios do Recôncavo e região. Após comprar a castanha, os intermediários revendem aos
armazéns que a comercializam em varejo principalmente para os feirantes e em atacado para as
agroindústrias. Alguns comerciantes de castanha assada adquirem o referido produto nas mãos
desses armazéns e/ou de produtores, e assam de maneira artesanal para comercializar na feira
livre. No entanto, existem comerciantes apenas de castanha industrial, compradas nas
agroindústrias. Por fim, os consumidores finais compram a castanha, com preferência pelas
produzidas de maneira artesanal.
No contexto da cadeia produtiva existem dois tipos de intermediários: os locais que
fornecem a castanha aos armazéns, que por sua vez, são fornecedores (intermediários) das
agroindústrias. Os produtores ficam à mercê de vender a castanha in natura a esses
intermediários por um preço estabelecido quase sempre por eles, sem ter certeza se o valor pago
pelo quilograma em Santo Antônio de Jesus e entorno é o mesmo nos demais estados. O preço
pago pelo quilograma do produto in natura em 2023, não foi o de mercado, com uma diferença
que variou entre 0,50 e 1,83 reais, em comparação com os preços pagos no Ceará, Piauí e Rio
Grande do Norte, em janeiro de 2023. Essa diferença pode ser explicada pelos custos que os
intermediários e os armazéns têm durante a compra e/ou o transporte do produto até as
agroindústrias, que, muitas das vezes, não é fácil no caso dos intermediários, quando não têm
um carro com carroceria, transportam a castanha utilizando kombis e animais como jumentos
e cavalos.
Grande parte dos agentes não consegue gerar renda significativa a partir da produção
e/ou comercialização da castanha de caju in natura e/ou torrada, embora esteja em pleno
período de colheita. Por isso, optam por desempenhar outras atividades econômicas, como
trabalhar na feira livre de Santo Antônio de Jesus, comercializando especialmente frutas e
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 28
verduras, ocupando cargos em diferentes empresas e instituições, e com o plantio de outras
culturas no espaço rural.
Em síntese, cada um dos agentes da cadeia produtiva da castanha de caju busca tirar a
sua fatia de lucro, contudo, os mais beneficiados são os intermediários, comerciantes de
castanha in natura (armazéns) e as agroindústrias. Os produtores são os mais explorados,
precisando lidar com um processo trabalhoso durante a coleta do produto e com desafios como
o risco de ser mordido/picado por animais peçonhentos. Os comerciantes de castanha torrada
de modo artesanal têm a capacidade de controlar sua produção, podendo obter até 100% de
rendimentos, mas precisam enfrentar um tipo de produção árduo com etapas que exigem
habilidades e esforços diferentes, a exemplo da questão da temperatura e das queimaduras
ocasionadas pelo contato com o LCC. Já os consumidores finais, fazem parte do grupo que arca
com os custos gerados em cada etapa do sistema produtivo.
Além disso, a cadeia produtiva da castanha de caju em Santo Antônio de Jesus não é
nutrida de tecnologias adequadamente, haja vista que parte do processo produtivo é realizado
de maneira manual. Falta apoio do poder público municipal da região, pois não prestam nenhum
auxílio aos agentes, a exemplo da distribuição de mudas de cajueiros e a realização de eventos
com o objetivo de compartilhar as técnicas de manejo exigido por esse tipo de cultura. Não
existem cooperativas e/ou associações de produtores e comerciantes da castanha. Portanto,
quais medidas devem ser tomadas para que a castanha passe a ser produzida e circulada com
mais intensidade em Santo Antônio de Jesus e região? Como incentivar a realização de plantios
de cajueiros? Como evitar que os produtores sejam os mais explorados nesta cadeia produtiva?
Referências
AMÊNDOAS DO BRASIL. Sobre nós. 29 maio 2023. Disponível
em: https://www.amendoasdobrasil.com.br/sobre. Acesso em: 29 mai. 2023.
BAHIA. A Política Territorial do Estado da Bahia: Histórico e Estratégias de
Implementação. Salvador: Secretaria do Planejamento Diretoria de Planejamento Territorial,
2021.
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL. Análise da cadeia. In: BANCO DO NORDESTE DO
BRASIL. Cadeia produtiva da castanha do caju: estudos das relações de mercado. Fortaleza:
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura: Banco do Nordeste do Brasil, 2009.
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 29
p. 39-106. Disponível em:
https://repositorio.iica.int/bitstream/handle/11324/6966/BVE18040145p.pdf;sequence. Acesso
em: 28 mar. 2022.
BATALHA, M. O.; SILVA, A. L. Gerenciamento de sistemas agroindustriais: definições,
especificidades e correntes metodológicas. In: BATALHA, M. O. (Org.). Gestão
agroindustrial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 1-62.
BONI, V.; QUARESMA, S. J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências
Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC. v. 2. n.
1 (3), p. 68-80, 2005. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/18027. Acesso em: 22 jul. 2022.
CASTRO, A. M. G. Prospecção de cadeias produtivas e gestão da informação.
Transinformação, Campinas, v. 13, n. 2, p. 55-72, 2001. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/tinf/a/cQVTmN9DYzm7kPfhqvMpGzS/?format=pdf. Acesso em:
Acesso em: 28 mar. 2022.
CASTRO, A. M. G.; LIMA, S. M. V.; CRISTO, C. M. P. N. Cadeia Produtiva: Marco
Conceitual para Apoiar a Prospecção Tecnológica. In: Simpósio de Gestão da Inovação
Tecnológica, 22., 2002, Salvador. Anais [...]. Salvador. 2002. p. 1-14. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/tinf/a/cQVTmN9DYzm7kPfhqvMpGzS/?format=pdf. Acesso em:
Acesso em: 28 mar. 2022.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. HISTÓRICO MENSAL
CASTANHA-DE-CAJU. Brasília: CONAB, 2023. 8 p. 2023. Disponível
em: https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-
extrativista/analises-do-mercado/historico-mensal-de-castanha-de-caju. Acesso em: 5 abr.
2023.
FIGUEIRÊDO JUNIOR, H. S. Desafios Para a Cajucultura no Brasil: O Comportamento da
Oferta e da Demanda da Castanha de Caju. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 37,
n. 4, p. 550-571, 2006.
GOOGLE EARTH. Versão 7.3. Estados Unidos: Artcom estadunidense do Google. 2023.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Agropecuário.
2017. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pesquisa/24/76693?ano=2017. Acesso
em: 07 ago. 2022.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Santo Antônio de Jesus.
2010. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/santo-antonio-de-
jesus/pesquisa/23/27652?detalhes=true. Acesso em: 12 jul. 2023.
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 30
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Santo Antônio de Jesus.
2022. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/santo-antonio-de-jesus/panorama.
Acesso em: 09 jul. 2022.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção de Castanha-
de-caju (cultivo). 2021. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/producao-
agropecuaria/castanha-de-caju-cultivo/br. Acesso em: 05 abr. 2023.
LEITE, L. A. S. A agroindústria do caju no Brasil: políticas públicas e transformações
econômicas. 1994.Tese (Doutorado em Economia) Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 1994.
MACEDO, R. D.; SOARES, N. S. O desempenho das exportações brasileiras de amêndoas de
castanha-de-caju entre os anos de 2007 e 2011. Informe Gepec, Toledo, v. 19, n. 1, p. 148-
162, 2015.
OLIVEIRA, C. S. Um apanhado teórico-conceitual sobre a pesquisa qualitativa: tipos, técnicas
e características. Travessias, Cascavel, v. 2, n. 3, 2008. Disponível em: https://e-
revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/3122. Acesso em: 22 jul. 2022.
OPEN SOURCE GEOSPATIAL FOUNDATION. Sistema de Informações Geográficas
(GIS) QGIS. Versão 3.16.8.
PAIVA, F. F. A.; SILVA NETO, R. M.; PESSOA, P. F. A. P.; LEITE, L. A.S. Processamento
de castanha de caju. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2006.
PEIXOTO, U.S, CONCEIÇÃO, E. G.; SILVA NETO, B. M.; ESTEVAM, A. L. D. Dinamismo
urbano na cidade de Santo Antônio de Jesus-Ba: a importância da feira livre como fator de
desenvolvimento na região do Recôncavo Sul. Textura, Cruz das Almas-BA, v. 5, n. 10, p. 91-
100, jul./dez., 2012.
SOARES, B. L. C. Cadeia de produção agroindustrial. In: STEIN, R. T.; MALINSK, A.;
SILVA-REIS, C.M. D.; AL., E. Cadeias produtivas do agronegócio II. Porto Alegre:
SAGAH, 2019. p. 29-50. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786581492748/. Acesso em: 04 abr. 2022.
SOUZA FILHO, H. M.; GUANZIROLI, C. E.; FIGUEIREDO, A. M.; VALENTE JÚNIOR,
A. S. Barreiras às novas formas de coordenação no agrossistema do caju na região nordeste,
Brasil. Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 229-244, 2010.
USIBRAS. Usibras. 2023. Disponível em: http://www.usibras-cast.com.br/. Acesso em: 06
abr. 2023.
VIAL, L. A. M.; SETTE, T. C. C.; SELLITTO, M. A. Cadeias produtivas: foco na cadeia
produtiva de produtos agrícolas. In: Encontro de Sustentabilidade em Projeto do Vale do Itajaí,
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 31
3., 2009, Itajaí. Anais [...]. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí, 2009. p. 1-9. Disponível em:
https://ensus2009.paginas.ufsc.br/files/2015/09/CADEIAS-PRODUTIVAS-UNISINOS.pdf.
Acesso em: 28 mar. 2022.