Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Anderson Oliveira, KUSTNER, Rocio Castro. Circuitos Espaciais da Cadeia Produtiva da Castanha de Caju no Entorno do
Município de Santo Antônio de Jesus – BA. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112401, 2024.
Submissão em: 16/08/2023. Aceito em: 05/10/2023.
ISSN: 2316-8544
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Sobre os fatores positivos e negativos de trabalhar com a castanha de caju in natura, o
intermediário 2 revelou que o lado bom de trabalhar com esse produto é porque a produção
ocorre em um período em que as outras culturas são sensíveis às altas temperaturas e aos
períodos de escassez de chuva, tal como grande parte das hortaliças. Já o intermediário 1
afirmou que “o lado bom é quando faz sol, mas quando é tempo de chuva não fica muito bom,
porque a castanha não gosta muito da chuva. Ela gosta muito do sol. Quando estão úmidas, não
querem comprar”. Isso acontece porque em conformidade com a funcionária do Armazém 1:
A preferência é de castanha seca, porque não temos espaço nem secadora para ela,
pois não somos uma indústria. A gente só é um intermediário para mandar para a
indústria ou para as pessoas que compram na nossa mão em varejo. Se ela estiver
úmida não tem como comprar porque sabemos que vai armazenar e quando chegar na
indústria vai estar podre (Funcionária do Armazém 1).
Como já analisado por vários autores (Barros et al., 1984 apud Leite, 1994; Frota et al.,
1985 apud Leite, 1994), o cajueiro é sensível à baixas temperaturas e geadas, ou seja, para o
seu melhor desenvolvimento e produtividade é necessário o regime de altas temperaturas, sendo
a faixa tolerável aproximadamente 22 a 35 °C. Esta planta precisa de uma estação seca para
frutificar de maneira normal, tendo em vista que a diferenciação floral ocorre geralmente no
final da estação chuvosa, enquanto o florescimento ocorre durante o verão. Caso as condições
climáticas não sejam ideais, a produção é afetada, especialmente por causa do aparecimento de
doenças fúngicas e a castanha ficar úmida.
O intermediário 1, utilizando um automóvel e animais, compra a castanha no espaço
rural de Dom Macedo Costa, em comunidades como Jangada, Tintureiro, Dom Vital e Três
Bocas, para vender no Armazém 1. Já o intermediário 2, compra a castanha especialmente no
espaço rural de municípios como São Felipe, Conceição do Almeida, Cruz das Almas,
Maragogipe, Nazaré e São Roque do Paraguaçu. Como no caso dos produtores de castanha 1 e
2, ambos não trabalham apenas com a comercialização deste produto. O primeiro intermediário
também é produtor rural e feirante em Santo Antônio de Jesus, comercializando laranja,
abóbora, banana e aipim, todavia o segundo trabalha com a comercialização de carros, casas,
terrenos, mandioca, inhame, entre outros.
Os intermediários entrevistados levam a castanha para revender ao Armazém 1.
Somente o intermediário 2 transporta as castanhas para outros locais como a cidade de Feira de
Santana, onde comercializa em varejo para as pessoas que trabalham com a venda do produto