Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, Fernando Lopes da; SOUZA, Graziella Plaça Orosco de; FACCIO, Neide Barrocá. Inclusão na Pesquisa na Instituição Museológica:
reflexões sobre adequações. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112403, 2024.
Submissão em: 26/09/2023. Aceito em: 08/12/2023.
ISSN: 2316-8544
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A Arqueologia, em seu bojo, constitui-se de diversos ramos da ciência, englobando as
Ciências Humanas, Exatas, Biológicas e, no atual contexto, com implicação informacional.
Nesta seara, o agrupamento das ciências tem como base o olhar sistêmico das ciências
geográficas. A Geografia, por sua vez, identifica a “Geo” como sendo a superfície planetária
impactada pelas ações antrópicas. A dinâmica econômica contemporânea não considera a
preservação do patrimônio material de culturas ameríndias. Tal acontecimento, a posteriori,
provoca certa dificuldade nos especialistas no ato de realizar futuras escavações ou
mapeamentos de vestígios materiais e imateriais da cultura a ser investigada. Técnicas de
origem geográfica e geológica são usadas para investigação dos solos e suas estratificações,
com a intenção de revelar todos os tipos de anormalidades causadas pela ocupação das áreas
que devem ser preservadas. No contexto geográfico, a contribuição do geógrafo se insere na
produção de conhecimentos para ações patrimoniais e culturais no que se refere aos usos do
espaço, inferindo sobre a espacialização dos ambientes. Esta conformidade dos arranjos
geográficos favorece o trabalho do arqueólogo, por ser este um indicador das oportunidades
que determinadas localidades podem futuramente oferecer, produzindo e conduzindo a
expedição do grupo de trabalho na pesquisa a ser desenvolvida.
Funari (2006, p. 15) menciona que “[...] a arqueologia estuda, diretamente, a totalidade
material apropriada pelas sociedades humanas, como parte de uma cultura total, material e
imaterial, sem limitações de caráter cronológico”. Para o autor,
A arqueologia nada mais é do que uma leitura, ainda que um tipo particular de leitura,
na medida em que “o texto” sobre o qual se debruça não é composto de palavras, mas
de objetos concretos, em geral mutilados e deslocados do seu local de utilização
original. É impossível ignorar a subjetividade do trabalho arqueológico. Por outro lado
(em função da “busca da verdade”), há uma crescente preocupação com a
interdisciplinaridade, em especial, no que se refere à ajuda proporcionada por outras
disciplinas que lidam com “leitura” e “interpretação”, em particular, com aquelas que
se voltam para os objetos também, como é o caso da semiótica, disciplina preocupada
com os princípios teóricos da comunicação (Funari, 2006, p. 32).
O trabalho do arqueólogo, assim como o do geógrafo, compreende as dimensões teórica
e prática. A pesquisa que antecede a visita ao sítio arqueológico envolve o levantamento
documental sobre a área, no intuito de obter o maior número de informações possíveis. As
atividades de campo, em sítios arqueológicos para prospecção, escavação e fotodocumentação