Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
ALBUQUERQUE, Enderson Alceu Alves. Geografia do Esporte, Paisagem e Turismo Esportivo no Rio de Janeiro a Partir das Corridas de
Rua. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112409, 2024.
Submissão em: 13/12/2023. Aceito em: 17/03/2024.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons
1
SEÇÃO ARTIGOS
Geografia do Esporte, Paisagem e Turismo Esportivo no Rio de Janeiro a Partir das
Corridas de Rua
Sports Geography, Landscape and Sports Tourism in Rio de Janeiro from Street Races
Geografía Deportiva, Paisaje y Turismo Deportivo en Rio de Janeiro desde Carreras de
Calle
DOI: https://doi.org/10.22409/eg.v12i24.60913
Enderson Alceu Alves Albuquerque
1
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),
Rio de Janeiro, Brasil
e-mail:endersonalbuquerque@yahoo.com.br
Resumo
De acordo com especulações, o Brasil possuí entre 400 mil e 4 milhões de corredores de rua amadores. Esse grupo
esportivo, ao participarem de eventos fora de sua localidade, inicialmente baseados em uma premissa esportiva,
tornam-se consumidores e, no limite, turistas. Nesse sentido, calcado sob a geografia esportiva, o presente artigo
tem como objetivo discutir como a paisagem carioca é utilizada para promover o turismo esportivo de corridas de
rua na cidade do Rio de Janeiro. Para esse intento, avaliamos 102 eventos dessa modalidade esportiva na cidade
considerando sua distribuição no território carioca. Nossa análise apontou que os organizadores desses eventos,
em articulação com os gestores públicos, se valem do apelo simbólico de elementos naturais presente na zona sul
do Rio de Janeiro para agregar valor a seu produto e reforçar o city marketing e que, em virtude dessa estratégia,
as corridas de rua na cidade apresentam elevada concentração na orla carioca.
Palavras-chave
Geografia do esporte; Corrida de Rua; Paisagem; Turismo esportivo.
1
Doutor em Geografia (2019), Mestre em Gestão e Estruturação do Espaço Geográfico (2016) e Especialista em
Políticas territoriais no estado do Rio de Janeiro (2012) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Especialização em Planejamento Urbano e Educação Ambiental pelas Faculdades Integradas Simonsen (2011) e
Graduado em geografia pela Unisuam (2005). Professor das redes públicas municipais de Mesquita e do Rio de
Janeiro. Pesquisador na área de geografia urbana e Baixada Fluminense com ênfase em relações de poder.
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Abstract
According to speculation, Brazil would have between 400,000 and 4 million amateur street racers. This sports
group, when they participate in events outside their locality, initially based on a sports premise, become consumers
and, in the limit, tourists. In this sense, based on sports geography, this article aims to discuss how the Rio de
Janeiro landscape is used to promote street racing sports tourism in the city of Rio de Janeiro. For this purpose,
we evaluated 102 events of this sport in the city considering its distribution in the territory of Rio de Janeiro. Our
analysis pointed out that the organizers of these events, in conjunction with public managers, make use of the
symbolic appeal of natural elements present in the south zone of Rio de Janeiro to add value to their product and
reinforce the city marketing and that, as a result of this strategy, street racing in the city has a high concentration
on the coast of Rio.
Keywords
Sport geography; Street race; Landscape; Sports tourism.
Resumen
Según la especulación, Brasil tendría entre 400.000 y 4 millones de corredores callejeros aficionados. Este
colectivo deportivo, cuando participa en eventos fuera de su localidad, inicialmente basados en una premisa
deportiva, se convierte en consumidores y, en el límite, en turistas. En este sentido, con base en la geografía
deportiva, este artículo tiene como objetivo discutir cómo se utiliza el paisaje de Río de Janeiro para promover el
turismo deportivo de carreras callejeras en la ciudad de Río de Janeiro. Para ello, evaluamos 102 eventos de este
deporte en la ciudad considerando su distribución en el territorio de Río de Janeiro. Nuestro análisis señaló que
los organizadores de estos eventos, en conjunto con los gestores públicos, aprovechan el atractivo simbólico de
los elementos naturales presentes en la zona sur de Río de Janeiro para agregar valor a su producto y reforzar el
marketing de la ciudad y que, como Como resultado de esta estrategia, las carreras callejeras en la ciudad tienen
una alta concentración en la costa de Río.
Palabras clave
Geografía deportiva; Carrera de calle; Paisaje; Turismo deportivo.
Introdução
Este trabalho aproxima duas predileções do autor: a geografia e as corridas de rua.
Todavia, como o pesquisador se formou antes do corredor, para além da recreação esportiva,
esta atividade sempre foi alvo de olhares geográficos, bem como a partir de sua condição de
refletir claramente as desigualdades sociais e econômicas do país, quanto de sua capacidade de
exemplificar a desigualdade socioespacial da cidade do Rio de Janeiro. Por essa razão, os pares
dialéticos corrida e reflexão, e esporte e geografia, se articulam nesse trabalho que ambiciona
um olhar crítico sobre uma atividade esportiva.
Do ponto de vista metodológico, em razão da pandemia da Covid-19 que alterou
significativamente o calendário de corrida de ruas nos anos de 2020 e 2021, optamos por
considerar etapas realizadas e previstas. Elas geralmente repetem percursos de edições
anteriores. Nesse sentido, nosso recorte espacial compreende o triênio 2019, 2020 e 2021, o
qual contempla o ano anterior ao distanciamento físico até o período de escrita do artigo. Existe
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um número impreciso de corridas de ruas realizadas no Estado com e sem regulação pública
contudo, selecionamos as que são divulgadas por três sites especializados, a saber:
calendário de corridas, Ativo.com e Ticket Agora.
Desse modo, a partir de uma análise geográfica, almejamos investigar como paisagem,
turismo esportivo e city marketing se entrelaçam para explicar a espacialização desses eventos
na urbe carioca. Para tanto, o artigo foi dividido em três partes. Na primeira seção analisamos
o mercado de corrida de rua no Brasil considerando a condição socioeconômica de seus
praticantes. Na parte seguinte, analisamos conceitualmente o turismo esportivo e as ferramentas
teóricas de que a geografia dispõe para empreender seus impactos sobre os territórios. Na
terceira seção, estabelecemos uma análise prática de como a paisagem carioca é utilizada por
organizadores e pela municipalidade em seus respectivos intuitos comerciais.
O mercado de corridas de rua um esboço socioeconômico do atleta amador
Para Carlos (1996, p. 86),
a cidade é produzida a partir da articulação de áreas diferenciadas com temporalidades
diferenciais que se produzem, fundamentalmente, da constituição de uma forma de
apropriação para uso que envolve especificidades que dizem respeito à cultura, aos
hábitos, costumes, etc., que produzem singularidades espaciais que criam lugares na
cidade das quais a rua aparece como elemento importante de análise
A rua, para a autora, constitui-se em esfera de relevante análise para o entendimento
do tecido social urbano por ser ela o espaço no qual os aspectos mais amplos da cultura local
se espacializam. Entre essas manifestações culturais, as de cunho esportivo têm nas ruas locus
privilegiados para sua realização, sobretudo as corridas de rua, objeto analisado nesse artigo.
Mascarenhas (1999, p. 50) sugere que “algumas atividades humanas que no passado
tiveram significado de luta pela sobrevivência (busca de alimentos, fuga do perigo etc.) parecem
ter sido “reinventadas” com conotação lúdica e competitiva, tornando-se modalidades
esportivas”. Entre essas atividades aludidas pelo autor, destacam-se a esgrima, tira ao alvo,
remo e as corridas de rua. Correr, uma atividade humana tão essencial para a sobrevivência da
espécie humana nos primórdios da humanidade, hodiernamente foi convertida em atividade
lúdica, conforme aponta o autor. Embora não exista um número oficial de corredores amadores
de rua no Brasil, essa cifra pode variar entre 400 mil, segundo especulações de Lourenço (2020),
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jornalista especializado em corridas de rua, e 4 milhões, de acordo com reportagem de Muniz
(2019).
Esse número contrastante evidencia uma discussão teórica sobre a delimitação de
“corredores de rua”. Os dados mais elevados, aludidos por Muniz (2019) considera corredor de
rua todos que praticam a modalidade esportiva corrida. Nesses números encontram-se aqueles
indivíduos que exercem essa atividade nas ruas, nos parques, em academias, em pista e praças
públicas ou em outros espaços. O número mais restritivo aludido por Lourenço (2020), 400 mil,
considera apenas aqueles indivíduos que realizam ou realizaram ao menos uma prova por ano,
seja com o objetivo de performar (competitivo) ou apenas completar as distâncias
(participativo).
Nos casos mencionados a alcunha “corredor de rua” pode ser utilizada para ambos, os
que se utilizam da corrida de rua de forma recreativa ou por indicação médica e aqueles que a
utilizam de modo competitivo participando de provas. Contudo, para este trabalho, o qual
almeja analisar as alterações e as conformações que essa atividade esportiva e de consumo
impõe ao espaço, o grupo analisado corresponderá aos corredores que participam de qualquer
tipo de provas, com destaque para aquelas que ocorrem fora de seu município de residência.
Essa observação referente à tipologia dos corredores de rua guarda em si uma distinção
mais de natureza socioeconômica do que propriamente esportiva. Embora a corrida de rua seja,
a priori, um esporte de baixo custo, as condições socioeconômicas de seus participantes
refletem parte da desigualdade da sociedade brasileira. No grupo de corredores de rua que não
participam de provas, ou seja, aqueles que cotidianamente praticam o esporte nos espaços
públicos, uma representação mais próxima da população brasileira de modo geral. Quando
se considera os participantes de provas de corridas pagas, a representatividade social e racial
diminui em relação ao grupo anterior. Porém, ao se destacar o grupo daqueles que correm e
treinam com assessoria esportiva, esses corredores passam a ser um retrato populacional de um
país totalmente distinto do Brasil.
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Entre as dez maiores corridas de ruas do Brasil em 2019
2
, segundo dados do blog
Recorrido
3
, apenas a X milhas Garoto, realizada em Vitória (ES), teve preço de inscrição
inferior a R$ 100. Entre essas provas, algumas no qual o kit essencial para 2021 teve custo
superior a R$ 200. De acordo com o site de compras Ticket Agora (2019), responsável pela
comercialização de mais de 800 eventos esportivos no Brasil, o ticket médio da inscrição de
corridas de rua era de R$ 96,30 em 2017, no ano seguinte foi de R$ 103,30 e em 2019 esse
valor foi para R$ 101,10. Nesse sentido, as provas mais populares do Brasil, não são,
necessariamente, as mais acessíveis ao público corredor. Assim, a questão do preço parece não
influir, decisivamente, para a escolha das provas entre os corredores.
Todavia, um reflexo direto dessa condição se expressa na quantidade de corredores não
oficiais que essas provas mais populares costumam atrair. Os chamados “pipocas” são atletas
que participam das provas sem pagar as taxas de inscrição e, por essa razão, embora corram no
trajeto oficial da prova caso consigam passar pela segurança do evento não têm seus
tempos computados, não recebem medalhas e os kits de participação (camisa, viseira, boné,
bolsas etc.). Nesse sentido, esses atletas têm, em teoria, o mesmo ganho esportivo dos atletas
oficiais das etapas, a diferença seria no consumo material por não terem comprado o produto
corrida de rua.
De acordo com Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os preços
das corridas teriam uma função seletiva. Para ele, “quem quer simplesmente correr vai para um
parque e não paga nada. Quando se fala nessas corridas, paga-se o entretenimento, o produto,
o status de estar participando de uma prova” (Parolin, 2011). Essa reflexão sugere que esse
grupo esportivo específico possui renda mais elevada que a média da população brasileira. A
pesquisa realizada pela empresa Ticketsports (2022) coletou informações sobre renda e hábitos
de consumo de 5.756 atletas em todo o Brasil. A Tabela 1 registra os valores encontrados por
essa pesquisa quanto à renda desse grupo.
2
Respectivamente: São Silvestre (São Paulo RJ), 10 km Tribuna FM (Santos- SP), Volta da Pampulha (Belo
Horizonte MG), Meia da Cidade do Rio, Maratona Pão de Açúcar de Revezamento (São Paulo - SP), Corrida de
Reis (Cuiabá - MT), X milhas Garoto (Vitória- ES), Run City (São Paulo SP), Circuito das Estações Verão
(Rio de Janeiro - RJ) e Maratona do Rio.
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https://infogram.com/raio-x-das-50-maiores-provas-do-brasil-em-2019-1gdx3pwk0wrrpgr
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Tabela 1 Renda média familiar mensal dos atletas pesquisados
Renda média
Porcentagem
Nenhuma renda
2,0
Até um salário-mínimo (até R$ 1.100,00)
5,0
De um a três salários-mínimos (de R$ 1.100, 00 até R$ 3.300,00)
23,0
De três a seis salários-mínimos (de R$ 3.301, 00 até R$ 6.600,00)
26,0
De seis a nove salários-mínimos (de R$ 6.601, 00 até R$ 9.900,00)
15,0
De nove a doze salários-mínimos (de R$ 9.901, 00 até R$ 13.200,00)
11,0
De doze a quinze salários-mínimos (de R$ 13.201, 00 até R$ 16.700,00)
6,0
Mais de quinze salários-mínimos (de R$ 16.701, 00)
11,0
Fonte: Ticketsports (2022)
Os dados apresentados na tabela ilustram a discrepância socioeconômica entre os
corredores de rua e a dia nacional dos brasileiros. Para efeito de comparação, em 2022, de
acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios contínua do IBGE
(PNAD), a renda média mensal domiciliar da população brasileira era de R$ 1. 353,00. Ou seja,
no grupo pesquisado, 70,0% têm rendimento familiar mensal superior à média nacional.
Uma parte ainda mais seleta do grupo de atletas amadores pode dispor de uma
assessoria esportiva. Costa (2016, p. 204) ressalta que essas assessorias ofertam uma gama de
serviços que abarcam “os treinamentos, a comercialização de produtos de vestuário e
tecnológicos, as inscrições em provas, os pacotes de viagens, a área nutricional e de
suplementação com serviços e produtos e a área de prevenção e recuperação de lesão”. Essa
prestação de serviço custa em média R$ 300 na cidade do Rio de Janeiro, ou seja, equivalente
a cerca de 29,0% do salário-mínimo vigente em 2021.
Na cidade do Rio de Janeiro, seja pela existência da estrutura necessária, seja pela
demarcada segregação socioespacial da cidade, “as assessorias estão principalmente nas praias
de Copacabana, Leblon, Ipanema, Botafogo, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Parque do Aterro
do Flamengo, na pista do Maracanã, no Bosque da Barra, na orla da Barra da Tijuca e na ciclovia
que beira o Canal de Marapendi” (Cartaxo, 2012, p. 14). Desse modo, essas assessorias se
concentram nas áreas de renda mais elevada, conforme registra a Figura 1.
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Figura 1 Distribuição espacial das assessorias esportivas na cidade do Rio de Janeiro
Fonte: Google (2021)
Para além do “elitismo geográfico” no contexto carioca, no cenário paulistano entre os
corredores que treinam com assessoria esportiva uma distinção racial em relação à
constituição étnica da população brasileira. Palhares et al. (2012, p.1665) tiveram como
público-alvo de seu estudo 89 corredores “vinculados a assessorias esportivas que atuam no
Campus São Paulo da Universidade de São Paulo (USP) e recebem o apoio da Associação de
Treinadores de Corrida de Rua (ATC) e da Coordenadoria do Campus da Capital (COCESP-
USP)”. Considerando o componente “cor da pele” entre os integrantes do grupo, 77,0 % eram
brancos, 11,0 % amarelos, 8,0 % pardos, 3,0 % negros e 1,0 % indígena. A tabela 2, a seguir,
sintetiza esse comparativo de ordem racial.
Tabela 2 Representação de atletas assessorados em relação à população brasileira segundo
cor/raça
Cor/Raça
Atletas que treinam
com Assessoria
Branca
42,7%
77%
Preta
9,4%
3%
Parda
46,8%
8%
Amarela
1,1%
11%
Indígena
1,1%
1%
Fonte: Organizado pelo autor a partir de IBGE/PNAD (2019) e Palhares et al. (2012)
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Os dados destoantes entre a participação de cada etnia na população geral do país e dos
atletas amadores paulistanos do estudo em questão, é um reflexo da segregação de ordem racial
brasileira, a qual, sabidamente, guarda estreita relação com a realidade socioeconômica
nacional. Na discussão aqui salientada, a falaciosa democracia racial brasileira encontraria
argumento de reforço na população de origem indígena, a qual apresenta a mesma representação
entre os corredores assessorados e a composição nacional, enquanto as populações branca e
amarela são super-representadas e os negros e pardos subrepresentados.
Esses dados de ordem geográfica e racial, expressos na discussão referente à
localização das assessorias esportivas no Rio de Janeiro e ao perfil dos atletas amadores
assessorados em São Paulo, são importantes na medida em que dizem respeito às duas maiores
cidades, as quais concentram o maior número de etapas de corridas de rua no Brasil. Com efeito,
ambas refletem em larga medida o desnível socioeconômico do país, o qual, por consequência,
reverbera no mercado esportivo.
Isso posto, ressaltamos que a corrida de rua, esporte “barato” por exigir apenas um
tênis ou no limite apenas condições de saúde propícias visto que praticantes que realizam
suas corridas descalços quando se trata do caráter competitivo/participativo, passa a ser um
esporte segregador e, em alguma medida, elitizado. Todavia, não afirmamos que apenas pessoas
das classes média e alta participem das corridas de rua, mas que indivíduos oriundos dessas
classes compõem o grupo mais numeroso de atletas. Nesse sentido, ao limitarmos o público-
alvo analisado neste artigo, nos referimos a uma parcela de praticantes de renda maior que a
média nacional e que se desloca no espaço para consumir sua atividade esportiva. Dessa
maneira, o mercado de corridas de ruas movimenta a economia nacional ao passo que promove
impactos espaciais nas localidades em que o evento se realiza.
Assim como o número de corredores de rua, as informações econômicas referentes a
esse setor não possuem dados precisos. A movimentação desse mercado varia entre 1 bilhão
(Folha de Vitória, 2019) e 3,3 bilhões (SEBRAE, 2019). De acordo com o estudo de
Albuquerque (2007, p. 93) sobre o perfil do corredor amador,
identificou-se que parcela significativa deste grupo é formada por homens, tem renda
igual ou superior a 5 salários mínimos, idade mínima de 30 anos e possui formação
de ensino superior, e recebe acompanhamento especializado para a prática do esporte.
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Pode-se inferir a partir dessas informações que é um público que é criterioso na
avaliação dos produtos esportivos para compra e pouco suscetível a modismos.
O consumo desses produtos parte movimenta o comércio local de residência desses
atletas. Contudo, ao participarem de etapas de corridas fora de sua localidade, esses corredores
movimentam os setores de transporte, de alimentação, de hospedagem, cultural e comercial nos
locais de realização do evento. Quanto ao setor hoteleiro, não existem dados específicos sobre
o mercado brasileiro. Porém, considerando o setor de hospedagem no mundo, de acordo com o
site holandês especializado em serviços de hotelaria Booking, os corredores de rua gastam em
média US$ 731,00 por viagem (Grafietti, 2019). Algumas empresas atendem a demanda
específica desse grupo. Entre elas destacamos para análise duas empresas brasileiras
especializadas em turismo de esporte, com ênfase em corridas, a Maratonas no Mundo e a
TravelRun Chamonix.
O site da primeira empresa, a Maratonas no Mundo, destaca que ao contratar seus
serviços, “correr será sua única preocupação”, pois a agência organiza “nos mínimos detalhes
toda a sua viagem ou de seu grupo, desde inscrições, reservas de hotel, traslados
(aeroporto/hotel/prova), city tour além de todo suporte para os atletas e acompanhantes durante
o roteiro”. Sediada em Porto Alegre (RS) e com 12 anos no mercado de turismo esportivo, a
empresa oferece pacotes para corridas nacionais e internacionais. Um pacote para a meia
maratona de Florianópolis realizada em novembro de 2021, custava aproximadamente R$
1.200. Para a maratona de Buenos Aires o valor era próximo de R$ 2.300. Ambos os eventos
para uma pessoa e saindo do Rio de Janeiro.
Com quase 70 anos de atuação no setor de turismo, a empresa mais tradicional desse
nicho esportivo no Brasil é a paulistana Travelrun Chamonix. A partir de 1989 a agência passou
a criar pacotes específicos para corredores de rua. De acordo com Armando Girello, diretor da
Travelrun, a empresa oferece “a inscrição na competição mais passagem aérea, hospedagem,
traslados, seguro-viagem e serviços de orientação e assistência. Também extras como visitas
a museus, passeios pela cidade e voos de helicóptero” (Muniz, 2019). No site da empresa
pacotes para a Maratona de Berlim setembro de 2021 por 868 (cerca de R$ 5.867,68)
sem passagem aérea e passeios turísticos, e pacote nacional para a Meia Maratona do Rio por
R$ 2.200.
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Os valores referentes aos pacotes esportivos indicam, mais uma vez, o caráter seletivo
inerente a esse grupo, sobretudo àqueles que realizam corridas internacionais. A Revista
Contra-Relógio elaborou uma enquete sobre a participação em maratonas nacionais e
internacionais
4
. Dos 173 participantes, 53,0 % responderam que participaram de eventos
nacionais, 42,0 % participaram de eventos nacionais e no exterior e 5,0 % apenas no exterior.
Esses dados expõem que quase a metade dos maratonistas amadores 47,0 % dispõem de
recursos financeiros para realizar viagens internacionais. Ao sanar as demandas esportivas
desses corredores nacionais e/ou internacionais, as empresas do setor impactam a dinâmica do
território. Nesse sentido, para Mascarenhas (1999, p. 51),
no que tange à configuração territorial, isto é, ao arranjo sistêmico-funcional dos
objetos geográficos no território, os esportes merecem a observação cuidadosa dos
geógrafos, posto que sua prática implica transformações significativas na forma e na
dinâmica territoriais. Basicamente, o esporte deve ser encarado como uma atividade
econômica, particularmente quando realizado em caráter oficial, de competição, e
oferecido à sociedade (público espectador) como um artigo de consumo.
Com efeito, como as corridas de rua alteram a dinâmica dos espaços nos quais elas se
realizam e são vendidas como artigos de consumo pelos organizadores para atletas e
espectadores, para além do enfoque esportivo, essa condição permite um olhar geográfico sobre
ela, considerando-as como fenômeno social consumidor e alterador do espaço. Desse modo, a
parte seguinte desse artigo se debruça sobre o turismo esportivo e o olhar da geografia para esse
fenômeno a partir do deslocamento de grupos para realizarem suas provas, ou seja, trata-se de
uma prática social.
O turismo esportivo da corrida de rua uma leitura a partir da geografia do esporte
A ciência geográfica se estrutura a partir de cinco conceitos-chave: região, território,
espaço, lugar e paisagem. Em maior ou menor grau, esses conceitos estão contidos nas
localidades em que a atividade turística se encontra presente, seja como causa da sua existência,
seja como consequência de sua instalação. Embora a diversidade de tipologias relacionadas ao
turismo aponte seu caráter interdisciplinar, o espaço fornece um traço comum a esse fenômeno
social. Independentemente dos motivadores, do perfil dos viajantes, do tipo de transporte ou do
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https://contrarelogio.com.br/enquetes/?poll_page=7
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tempo de estadia, todos eles se dirigem a um espaço, geralmente àqueles com singularidades
distintas em relação ao seu espaço cotidiano. Essas condições reservam a geografia um papel
de destaque para o entendimento dessa atividade entre as ciências sociais (Albuquerque, 2019).
Devido a seu caráter sintético, adotaremos nesse trabalho o conceito de turismo proposto
por Alves Junior (2003, p. 26). Esse autor, após analisar as conceituações da Organização
Mundial do Turismo (OMT), da Organização dos Estados Americanos (OEA) e de outros
autores, definiu essa atividade como
a de um tempo despendido por uma pessoa, de tempo livre e espontânea vontade, fora
do seu domicílio de origem, por um período mínimo de vinte e quatro horas, com
pernoite, e máximo de noventa dias, sem intenção de fixar residência, visando lazer e
conhecimento, sem qualquer intenção de lucro ou remuneração.
Entre as onze tipologias de turismo propostas pelo Ministério do Turismo (MTur),
consta o turismo de esportes, o qual, segundo o documento, compreende “as atividades
turísticas decorrentes da prática, envolvimento ou observação de modalidades esportivas”
(Brasil, 2010, p. 23). Nesse sentido, os atletas e os espectadores das corridas de rua são,
respectivamente, eventualmente turistas relacionados à prática esportiva e à observação do
evento. Eventualmente pois, conforme mencionado, para que o indivíduo seja classificado
como turista, é preciso que haja um pernoite na cidade. Quando essa condição não está presente,
a classificação de visitante nos parece mais adequada. Nessa tipologia se enquadra os corredores
e espectadores de corridas de rua que realizam ou acompanham provas em suas cidades ou em
cidades próximas e retornam no mesmo dia para suas residências.
A esfera “envolvimento” contida na definição do turismo de esportes do Ministério do
Turismo diz respeito às “atividades e serviços diretamente relacionados à organização e
operacionalização da prática e da apresentação esportiva” (Brasil, 2010, p. 24). Conforme
salientado na primeira parte deste trabalho, o mercado das corridas de rua no Brasil movimenta
cifras consideráveis e, como consequência dessa condição, altera a estrutura dos territórios.
Com efeito, como aponta Mascarenhas (1999, p. 57),
os esportes constituem sabidamente uma dimensão complexa e multifacetada da
realidade social, e seu enfrentamento requer o aporte teórico-metodológico das mais
diversas disciplinas acadêmicas. Somente o esforço inter e transdisciplinar poderá dar
conta de um fenômeno social tão permeável a variantes políticas, culturais, sociais e
econômicas. A geografia, enquanto disciplina devotada ao estudo dos lugares e das
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AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
ALBUQUERQUE, Enderson Alceu Alves. Geografia do Esporte, Paisagem e Turismo Esportivo no Rio de Janeiro a Partir das Corridas de
Rua. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112409, 2024.
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relações entre a sociedade e sua “base territorial”, pode contribuir de alguma forma
neste amplo desafio, bem como pode enriquecer suas análises sobre a dinâmica
espacial incorporando nelas o fenômeno esportivo e as contribuições dos estudiosos
deste campo.
O autor (1999) reforçou a necessidade de a geografia participar desse debate.
Inicialmente a partir do artigo seminal acima citado, o autor passou a desenvolver reflexões,
produções e orientações acadêmicas tendo como foco de análise o esporte no Brasil e no mundo,
tornando-se o maior nome da geografia do esporte no Brasil. Em suas preocupações referentes
às implicações das edificações esportivas para o tecido urbano, o autor destaca que, embora
esses objetos constantemente se apresentam “como paisagem durável (decorrente do grande
investimento necessário para edificação) e ampla visibilidade (decorrente do porte físico),
podem ainda constituir importante centralidade sica e simbólica no interior do espaço urbano”
(Mascarenhas, 1999, p. 52).
Quanto à construção de objetos espaciais para a execução de atividades esportivas, o
MTur entende que a realização desses eventos “não depende[m], de modo geral, da utilização
de recursos naturais para exercer atratividade, mas de equipamentos e estruturas específicas
construídas para a prática do esporte” (Brasil, 2010, p. 24-25). Porém, considerando as corridas
de rua em nosso recorte espacial de análise, embora sejam irrelevantes para a execução da
atividade esportiva em si, os recursos naturais são de considerável importância para a promoção
dos eventos.
Como o texto do órgão federal destaca, o turismo de esportes necessitaria da estrutura
construída para sua execução. Desse modo, é preciso construir fixos espaciais específicos para
a realização de partidas oficiais de futebol, de vôlei, de basquete etc. Entretanto, para o esporte
analisado neste artigo, o “fixo espacial” necessário para sua realização existe, a rua, a qual
necessita de poucas intervenções provisórias.
Por essa razão, diferentemente das modalidades esportivas acima mencionadas, nas
corridas de rua, a priori, haveria uma homogeneização do espaço de realização do evento. Com
isso queremos dizer que, em larga medida, a estruturação física para sua realização não está
fixada em apenas alguns pontos da cidade. Considerando um turista esportivo praticante ou
espectador, estar presente a um evento no estádio do Maracanã tende a ter um forte apelo
simbólico. A monumentalidade inerente ao estádio ajuda na atratividade. Como as corridas de
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rua não podem se valer dessas monumentalidades físicas específicas, elas passam a utilizar a
ambientação como instrumento de atratividade.
Nesse sentido, como o turismo necessita da diferenciação de espaço para se estabelecer
e se a rua para correr pode ter composição parecida em qualquer parte do Brasil, para o turismo
esportivo específico referente às corridas de rua o importante passa a ser não a rua na qual se
corre, mas por quais paisagens e monumentalidades essas ruas “correm”, ou seja, o seu percurso
e a ambiência. Essa condição emprega uma premissa eminentemente geográfica às corridas de
rua, notadamente na cidade do Rio de Janeiro, na qual uma narrativa imagética utilizada
como uma forma de atrair turistas/visitantes esportivos praticantes e espectadores, os chamados
maraturistas. Esse grupo é composto por indivíduos que viajam para realizar as corridas de rua
e usufruir turisticamente das cidades nas quais o evento se realizam.
A paisagem cumpre uma função de destaque como atrativo turístico de forma geral e,
no turismo de esporte alicerçado sobre as corridas, de forma muito específica, especialmente a
paisagem natural nas áreas costeiras ou de proteção ambiental. Com efeito, a seção seguinte
deste artigo analisa como a paisagem e as monumentalidades culturais da cidade do Rio de
Janeiro estão presentes como estratégia de venda pelos organizadores desses eventos esportivos
e da governança municipal como estratégia de city marketing.
A paisagem da cidade como atrativo para vender os eventos, os eventos como atrativo
para vender a cidade maraturismo e city marketing no rio de janeiro
A ideia de paisagem não remete inicialmente à ciência geográfica, mas surge vinculada
às Artes Plásticas, conforme aponta Costa (2010, p. 114). Rodrigues (1998, p. 109), por sua
vez, ilustra essa afirmação ao expor que “os quadros dos artistas renascentistas e,
posteriormente, do período romântico, eram um convite a viajar, algo que antecipava a
aproximação entre paisagem e turismo”. Costa (2010) sugere que o termo paisagem foi
consagrado pela geografia no final do século XIX e início do século XX. A partir desse
momento essa categoria ganhou corpo dentro da ciência geográfica e passou a suscitar diversas
interpretações de acordo com os autores e as escolas de pensamento.
Essa paisagem transtemporal, que congrega objetos do passado e do presente, apresenta
alto poder de persuasão no turismo e se converte em importante mercadoria passível de venda.
O fetiche do turismo se faz, em um primeiro momento, pela imagem. As imagens podem chegar
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ao consumidor/turista por meio de sites e folders. Essas estratégias servem como forma de
convencimento prévio. Dessa forma, em maior ou menor grau, a paisagem no turismo apresenta
um poder de persuasão, tornando-se, assim, uma mercadoria passível de venda. Mesquita (2006,
p. 2) sugere que “o turismo propõe uma fuga da realidade em busca do paraíso, de um local
mítico onde a paisagem corroboraria nesse processo de construção simbólica”. Sua
materialização se faz, em um primeiro momento, pelo uso da imagem, a qual, como uma prévia
antecipada do paraíso, necessita reforçar a ideia paradisíaca associada ao turismo.
Essa estratégia paradisíaca encontra-se presente como peça publicitária para a
divulgação das principais corridas de rua realizadas na cidade do Rio de Janeiro. As
organizadoras se utilizam da paisagem da orla carioca como mais um recurso de atratividade
para corredores, conforme ilustram as figuras 2, 3 e 4.
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Figura 2 Imagem de divulgação da Maratona do Rio de 2023
Fonte: https://maratonadorio.com.br
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Figura 3 Imagem de divulgação da Corrida de São Sebastião
Fonte: http://www.riorunners.com.br/corridadesaosebastiao/
Figura 4 Imagem de divulgação da meia maratona do Rio Half Marathon
Fonte: https://www.yescom.com.br/2020/meiamaratonadoriodejaneiro/
As imagens de divulgação acima ilustram que “a natureza e o cotidiano são
transformados em fotografia, principalmente pelas estratégias de marketing, ou seja, ganham
caráter estático e são vendidos como algo diferente, raro” (Cassemiro, 2019, p. 189). Nas três
imagens em questão, a natureza está em destaque e, especificamente em relação à figura 4, a
mensagem almeja ainda a venda do “cotidiano carioca”, conforme defende Cassemiro (2019).
Por extensão, o quadro cênico carioca e seu apelo turístico inerente, coloca o município como
concentrador do maior número de eventos de corridas de rua. Na esteira desse pensamento,
Nunes e Ribeiro (2019, p. 20) acrescentam que “associados a outros elementos, como a
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predisposição do quadro natural, os elementos históricos e os transportes, a cidade do Rio de
Janeiro constitui-se como um dos principais destinos brasileiros segundo classificação do
Ministério do Turismo”.
Em consulta aos sites calendário de corridas de ruas, Ativo.com e Ticket Agora, para
os anos de 2020 e 2021 estavam agendadas 140 corridas para o estado do Rio de Janeiro. Dessas,
102 seriam realizadas na cidade do Rio de Janeiro. Contudo, a concentração verificada em nível
estadual, também está presente em âmbito municipal, pois das 102 corridas previstas para a
cidade, 70 tinham como percurso uma restrita porção do território carioca: a zona sul.
A divulgação dos trajetos dessas provas realizadas na zona sul do Rio de Janeiro mostra
e invisibiliza elementos da paisagem a partir de uma “cartografia da conveniência”, pela qual
os organizadores destacam elementos positivos presentes no percurso e/ou em áreas adjacentes.
Tal estratégia coaduna com a proposta de criação de lugares paradisíacos, tão importante para
o turismo. Nesse processo é preciso afastar dessas paisagens as eventuais contradições que não
concorrem para esse intuito. Em razão disso, nessas representações turistificadas, temos uma
paisagem constituída apenas de sua forma. Esse modus operandi objetiva sonegar uma leitura
mais ampla que contemple o conceito de espaço, ambicionando apenas a venda da paisagem e
da harmonia que sua leitura despretensiosa possa suscitar (Albuquerque, 2019). Com efeito, na
venda dos lugares por meio de sua paisagem, busca-se mascarar seu conteúdo social. A
representação gráfica do percurso da meia maratona do Rio (Figura 5) exemplifica o que
estamos chamando de cartografia da conveniência.
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Figura 5 Percurso da meia maratona do Rio (2020)
Fonte: https://maratonadorio.com.br/definido-o-percurso-da-maratona-do-rio-2020/
A imagem de divulgação do percurso destaca alguns pontos turísticos da cidade do Rio
de Janeiro e invisibiliza localidades “indesejadas”. Em uma análise crítica da paisagem, assim
como em uma leitura Freudiana, não é importante apenas o que ela mostra, mas também aquilo
que nela tenta-se ocultar. Convenientemente, as imagens publicitárias para divulgar as corridas
de rua tentam vender como configuração territorial do Rio de Janeiro o que na verdade é apenas
paisagem. Sobre essa distinção, Santos (2012, p. 103) esclarece que “a paisagem é apenas a
porção da configuração territorial que é possível abarcar com a visão”. Os organizadores
invisibilizaram localidades presentes na configuração do território no qual a corrida ocorre. No
espaço abarcado pela Figura 5, por exemplo, as favelas Tabajaras, Santa Marta, Providência,
Cantagalo e Vidigal, localizadas entre a zona sul e a área central da cidade, foram apagadas da
referida representação.
Quanto a essa questão, embora não tratando especificamente da atividade turística,
Souza (2013, p. 52) classifica em dois tipos as estratégias que visam tornar invisível os agentes
e as práticas contrárias ao processo de “pureza” da paisagem:
1.“Invisibilização por meio de representação seletiva ou “retocada” da paisagem
(mediante a pintura, a fotografia, filmes etc.). 2.“Invisibilização” por meio de
intervenções no próprio substrato espacial material ou seja, mediante uma
reformulação da paisagem na própria realidade.
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O “retoque” da paisagem, invisibilizando as favelas nas imagens publicitárias do
percurso da meia maratona do Rio, exemplifica o primeiro tipo de invisibilização aludido por
Souza (2013). Enquanto no primeiro tipo de invisibilização a exclusão se faz de forma
representativa/ simbólica, no segundo caso proposto pelo autor esse alijamento se efetiva de
forma mais perversa por se impor como uma reformulação da própria realidade. Essa condição
poderia ser tomada a partir do Parque do Aterro do Flamengo considerando a população em
situação de rua. Durante as etapas de corrida, a presença dessa população ao longo do trajeto
não agregaria elementos positivos à paisagem, na visão dos organizadores. Uma ação mais
efetiva da Secretária de Assistência Social Municipal visando retirar essas pessoas do Parque
nas vésperas da realização desses eventos esportivos, exemplificaria o segundo tipo de
invisibilização citado por Souza (2013). Embora tais ações tenham sido executadas para a Copa
do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, não dispomos de
informação que permitam afirmar que tais procedimentos ocorram na realização de corrida de
rua na referida área.
População de rua, favelas, pobreza. Nada que indique malezas tão comuns em grandes
cidades agrega valor ao produto corridas de rua. Contudo, se tais elementos da configuração
territorial carioca puderem ser invisibilizados da paisagem, o produto ofertado ao consumidor-
atleta se valoriza, pois em uma sociedade marcada pelo signo da imagem, acirrada em larga
medida com a popularização das redes sociais, para uma parcela dos corredores tão importante
quanto atingir suas marcas nas corridas é registrar seus tempos nas redes sociais e, sobretudo,
se puderem se valer de uma paisagem natural “perfeita”, conforme a Figura 6, extraída de rede
social, ilustra.
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Figura 6 Associação entre corrida e paisagem a partir de imagem postada na internet
Fonte: https://traveltipsbrasil.com/maratona-do-rio-de-janeiro/
Para esse propósito, as etapas realizadas na zona sul do Rio, com prevalência para
àquelas que tenham a Lagoa Rodrigo de Freitas, a Baía de Guanabara ou as praias como
percurso, cumprem um papel extremamente positivo. Dessa forma, a cidade do Rio de Janeiro,
com uma natureza inegavelmente generosa em paisagens naturais, tem nesse recurso um
atributo fundamental para a venda de corridas de ruas. Assim, os organizadores da meia
maratona do Rio a divulgam em seu site como “a meia maratona mais bela do mundo”. Os
responsáveis pela corrida Rio S-21 km, por sua vez, a consideram “perfeita para você bater seu
recorde nos 21k, contemplando uma paisagem espetacular”, enquanto os organizadores da Rio
Half Marathon a vende como “o percurso mais lindo do Brasil”.
Tais frases de efeito dos organizadores não se tratam apenas de arrobo comercial. Elas
têm respaldo na realidade. Em janeiro de 2012 a Revista Contra- Relógio elaborou uma enquete
entre seus leitores para saber cinco questões relacionadas às meias maratonas, entre elas qual
seria a “mais bonita do Brasil”. As meias maratonas realizadas no Rio de Janeiro foram
apontadas como as mais bonitas por quase 70,0% dos entrevistados. Embora a pesquisa
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contasse até março de 2021 com 83 participantes, alguns não responderam à pergunta
relacionada a mais bonita e outros não participaram de etapas fora de seu estado. Essas respostas
foram subtraídas do número final que contou com 64 respostas, sintetizadas em percentuais na
tabela 3, a seguir.
Tabela 3 Qual a meia-maratona mais bonita do Brasil?
Local
Frequência
Porcentagem
Rio de Janeiro
44
68,7
Florianópolis
10
15,6
São Paulo
3
4,7
Buenos Aires
5
2
3,1
Belo Horizonte
1
1,5
Campinas
1
1,5
Cataratas
1
1,5
Total
64
96,6
Fonte: Sintetizado a partir de https://contrarelogio.com.br/blogs/na-corrida/qual-a-melhor-meia-maratona-do-
brasil-e-a-mais-rapida-e-mais-bonita/
Todavia, em que pese a natureza generosa, a concentração de atividades esportivas na
zona sul carioca tem aspectos históricos ligados à formação territorial da cidade. A reforma
Pereira Passos a partir de 1903, em prol de um modelo de cidade mais harmônico para atender
as aspirações da elite de criar uma cidade de padrão europeu nos trópicos, expulsou a população
de menor status social da área central em direção às zonas norte e oeste e às favelas do entorno.
À zona sul da cidade, coube receber a população de elevado status social e nesse sentido, em
contraposição as demais regiões da cidade, seu adensamento populacional se estabeleceu
fortemente amparado à construção simbólica desse espaço como lócus de população
‘civilizada’, ‘moderna’, ‘sofisticada’ [...] a construção de um espaço dito civilizado pretendeu
5
Há um elevado número de brasileiros que realizam a meia-maratona de Buenos Aires. Desse modo, essa prova é
informalmente caracterizada como “brasileira” entre os corredores de rua.
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elevar o preço da terra e limitar seu acesso à população de menor poder aquisitivo”
(Albuquerque, 2018, p. 79). Com efeito, Mascarenhas (1999, p. 42) sugere
a hipótese de que a Reforma Passos, ao privilegiar o embelezamento da orla e sua
acessibilidade, favoreceu a prática e espetáculo das regatas, que passaram a reunir
multidões. Os esportes, como qualquer outra atividade econômica, dependem
fundamentalmente da materialidade urbana e da organização interna da cidade.
Em razão de seu apelo simbólico enquanto local de progresso, os esportes realizados
na zona sul carioca passaram a se popularizar no contexto fluminense. De acordo com Rosa
(2011, p. 20), “o remo e o turfe foram os esportes que gozaram de certo destaque a partir da
segunda metade do século XIX. O esporte náutico era o símbolo das mudanças, era o sinônimo
do novo”, assim como a simbologia associada à zona sul. Especificamente em relação à prática
da corrida, em 1972 “o cronista esportivo Armando Nogueira, relacionava o crescimento do
número de praticantes de corridas e caminhadas na Zona Sul do Rio de Janeiro às propostas de
Cooper” (Dias, 2017, p. 14). Dessa forma, a concentração de etapas de corridas de rua na zona
sul carioca, se explica, em alguma medida, também, pelo status histórico que essa porção
territorial goza.
Além da zona sul, a área central do Rio de Janeiro concentra um número significativo
de provas. Entre elas destacam-se, pelo número de participantes, a corrida Rio Antigo e o
circuito “experiencial” Correndo entre o Sagrado e o Profano. Enquanto as corridas da zona sul
apelam para a exuberância natural de seu trajeto, as duas corridas citadas recorrem à
monumentalidade presente em seus trajetos.
Como o nome sugere, o Rio Antigo destaca em seu percurso locais históricos da área
central. O circuito atualmente é composto pelas etapas Arcos da Lapa, Porto Maravilha,
Cinelândia e Largo da Carioca. Já a corrida Correndo entre o Sagrado e o Profano tem como
objetivo, além da atividade esportiva em si, “visitar arquiteturas sacras” [...] além de ouvir um
diálogo filosófico, bem descontraído, sobre o sagrado e o profano”. O trajeto de 5 km, que pode
ser realizado correndo ou caminhando, em observação a seu nome transcorre entre edificações
laicas e religiosas. Entre as monumentalidades presentes nas duas corridas estão o Teatro
Municipal do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes, Biblioteca Nacional, Escadaria
Selaron, Arcos Da Lapa, Catedral Presbiteriana, Catedral Metropolitana, Praça Tiradentes,
Praça da República e o Sambódromo.
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Apesar de ausência dos aspectos naturais em seus trajetos, uma vez mais a paisagem
está presente nas práticas publicitárias dos organizadores, pois para Fernandes (2015, p. 83-84),
“o monumento é um fixo dentro de uma paisagem, mas uma direta correlação associativa
entre os dois: um o monumento está contido e o outro a paisagem só é, do modo que é,
porque contém o primeiro”. Assim sendo, ao explorar as monumentalidades presentes na área
central da capital fluminense, os organizadores dessas provas, assim como os responsáveis
pelos eventos realizados na zona sul, estão se valendo da paisagem da cidade como agregadora
ao produto.
Todavia, considerando as corridas de rua realizadas na cidade carioca que reúne
público considerável, adaptando Milton Nascimento e Fernando Brant, podemos afirmar que
“a novidade é que o Rio não é litoral. É muito mais, é muito mais que qualquer zona sul”.
Parque Madureira, Maracanã e Quinta da Boa Vista na zona norte e o bairro da Barra da Tijuca
na zona oeste, são áreas que concentram um significativo número de corridas. Para além dessas
localidades, o Circuito Correndo pelo Rio, tem etapas nas quatro regiões da cidade do Rio de
Janeiro: Centro, zona sul, zona norte e zona oeste. Embora tenha como premissa uma maior
“democracia geográfica” quanto à localização de seus percursos, a logo do Circuito tem apenas
elementos cênicos da zona sul: o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, conforme registra a figura
7, a seguir. O Parque do Aterro do Flamengo, embora oficialmente pertencente à zona sul, é
palco das etapas relativas ao Centro. Ou seja, em termos técnicos, duas etapas na zona sul
carioca.
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Figura 7 Etapas do circuito correndo pelo Rio
Fonte: https://correndopelorio.com.br
A logo do circuito Correndo pelo Rio reforça símbolos que mais que representativos do
Rio de Janeiro, são paisagens síntese do Brasil. Com efeito, tais cenários possuem elevado
poder de atração turística em diferentes escalas, contribuindo, assim, para “vender” a cidade
maravilhosa para investidores e visitantes. Por essa razão, a paisagem carioca é aliada de grande
valia para as mudanças na governança das cidades iniciadas, de forma mais contundente, a
partir dos anos 1990, passando de um modelo meramente administrativo para um modelo
empreendedorista (Harvey, 2012).
A conjuntura passou a impor não apenas a administração da cidade zelando pelas
demandas de sua população, tornou-se vital forjar imagens capazes de atrair capitais e pessoas.
Afinado a esse ideário, governantes ao redor do mundo passaram a realizar um “planejamento
estratégico”, o qual, ao pôr em relevo a dimensão economicista do espaço urbano, se preocupou
com a promoção e a venda da cidade. Contudo, a mera mercantilização da cidade ainda é
insuficiente para os atores hegemônicos que conduzem o processo. Não basta apenas ser uma
mercadoria, a cidade necessita ser “uma mercadoria de luxo, destinada a um grupo de elite de
potenciais compradores: capital internacional, visitantes e usuários solváveis” (Vainer, 2000,
p. 83).
Como forma de atrair esses grupos solváveis aludidos por Vainer (2000), como são, em
grande parte, os atletas amadores que disputam corridas de rua no Rio de Janeiro, os gestores
urbanos lançam mão de estratégias como a realização de grandes eventos internacionais como
uma forma de city marketing. Entres esses eventos, considerando nosso recorte territorial, os de
natureza esportiva ganharam destaques recentes com a realização da Copa do Mundo de 2014
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ALBUQUERQUE, Enderson Alceu Alves. Geografia do Esporte, Paisagem e Turismo Esportivo no Rio de Janeiro a Partir das Corridas de
Rua. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112409, 2024.
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e dos jogos olímpicos dois anos mais tarde. Guardadas as devidas proporções em relação a esses
eventos de envergadura mundial, as corridas de rua também ajudam na venda da cidade para
capitalistas e turistas/visitantes, ao explorar, sobretudo, as paisagens harmoniosas carioca como
síntese da cidade.
Como a maior parte dos trajetos dos circuitos de corrida de rua se valem do cenário da
“cidade maravilhosa”, eles destacam a parte da cidade que necessita ser mostrada, que precisa
ser vendida. É nesse sentido que um reforço do city marketing e, consequentemente, do
turismo esportivo na cidade. Em atenção a essa articulação entre as corridas de rua e o city
marketing, as principais provas da cidade têm como patrocinadores a empresa de turismo ligado
à prefeitura do Rio de Janeiro, a Riotur, e o governo do Estado. Consequentemente, as provas
realizadas na zona sul têm mais patrocinadores privados do que as realizadas em outros locais
da cidade. Em resumo, a paisagem da cidade funciona como atrativo para vender os eventos e
os eventos como atrativo para vender a cidade, articulando, assim, maraturismo e city marketing
para a cidade do Rio de Janeiro, como o subtítulo desse artigo prenuncia.
Considerações finais
Pelo exposto, as discussões referentes às corridas de rua podem ser analisadas para além
do enfoque esportivo. Além da paisagem, como procuramos demonstrar com maior destaque
neste artigo, essa atividade esportiva envolve, por exemplo, uma dimensão marcadamente
territorial na cidade do Rio de Janeiro. Para além da paisagem e do território, dois conceitos
basilares da ciência geográfica, refletir sobre a prática da corrida de rua e suas implicações
sociais e econômicas nesse artigo ambicionou analisar o fenômeno do turismo, as desigualdades
socioeconômica e socioespacial, a movimentação do setor terciário da economia, o city
marketing em conluio com as gestões municipais e as alterações na configuração territorial que
essa prática promove no espaço geográfico. Nesse sentido, em consonância ao título deste
artigo, as corridas de rua na cidade maravilhosa suscitam, impreterivelmente, uma discussão
sobre geografia do esporte, paisagem e turismo esportivo.
Analisando nosso recorte espacial, grande parte de sua atratividade turística se deve à
sua generosa paisagem natural, a qual, tanto para os organizadores dos eventos esportivos
quanto para o governo municipal, constitui-se em um singular produto para alavancar as
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“vendas”. Para os primeiros, além do produto esportivos da corrida de rua, o cenário funciona
como um atrativo para mais inscrições. Para a municipalidade, a paisagem funciona como
chamariz para o turismo esportivo e como city marketing, pois a porção territorial “mais bonita
do Brasil”, como refere-se os organizadores da meia maratona do Rio de Janeiro a seu evento,
estará em evidência para os atletas e nas eventuais transmissões televisivas ou por rede social:
o Rio de Janeiro harmônico e bonito.
Essa cidade idealizada contida apenas sobre a análise de sua paisagem, em larga medida
diz respeito à zona sul carioca que concentra a maior parte das corridas de rua realizadas no Rio
de Janeiro. A existência de estrutura e o histórico da área explicariam, em parte, essa
concentração. Porém, para as corridas de rua essa lógica necessita ser ponderada visto que a
rua, estrutura primária para sua realização está em qualquer parte da cidade. Todavia, apesar do
maior movimento de automóveis e pessoas em ruas da zona sul no comparativo a outras áreas
da cidade, historicamente vias dessa região são interditas aos finais de semanas para uso
recreativo da população. Desse modo, paisagem natural, histórico e políticas públicas
favorecem a prática esportiva a essa população da zona sul, caracterizada, em grande medida,
pelo seu elevado poder aquisitivo.
Em razão da ausência de pesquisas de maior amplitude social e espacial, os dados
referentes ao perfil dos corredores de rua brasileiros apresentados neste artigo ficaram
circunscritos às análises de alcance regional. Por essa razão, embora tais dados não possam ser
considerados como representativos da realidade nacional, a partir deles foi possível inferir que
os praticantes do esporte em tela, ao menos entre os competidores de etapas de corrida de rua,
apresentam poder aquisitivo acima da média do país.
Essa condição socioeconômica permite a esse grupo esportivo se deslocar para realizar
suas atividades de esporte e consumo. Dessa forma, corridas de rua e turismo estão intimamente
imbricados. Por essa razão, algumas organizadoras tentam conciliar distâncias diferentes para
atrair não apenas os corredores mais experientes. Existem provas que podem ser realizadas
caminhando ou correndo e com distâncias que podem variar entre 5km e 42 km (maratona).
Desse modo, familiares com condições esportivas diferentes podem participar do mesmo
evento e, caso uma das partes não pratique a corrida, os atrativos turísticos propagandeados da
cidade podem funcionar como um motivador para realizar o deslocamento. Como exemplo,
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Biesek (2014), em seu trabalho referente à meia maratona das Cataratas (Foz do Iguaçu PR),
aferiu que 57,0 % dos atletas que realizaram a prova em 2012 foram para a corrida com seus
familiares, em grupo ou em excursão. Essa rmula favorece, consideravelmente, a prática do
maraturismo.
Cabe ainda salientar que em um momento de incertezas quanto à pandemia de
coronavírus iniciada mundialmente em março de 2020 e até o momento de produção desse
artigo ainda em andamento realizar eventos em áreas turísticas garante uma segurança maior
para os inscritos. Na impossibilidade de ocorrência da corrida em virtude de alguma proibição
sanitária, os atletas não necessitam cancelar a viagem, pois podem desfrutar da estrutura
turística local. Assim, cidades com apelo turístico tendem a ter uma participação maior de
inscritos no contexto atual, seja pela facilidade de se chegar a ela, seja pela sua atratividade
para além de requisitos esportivos.
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