Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, Emilly Domingos da; LIMA, Gabriella Cristina Araújo de. Uma Análise do Vivido na Escola Estadual Newton Braga: narrativas do
cotidiano docente. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 10, nº 23, e102318, 2024.
Submissão em: 16/02/2024. Aceito em: 16/09/2024.
ISSN: 2316-8544
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segundos, daria a sensação o poder de existir e de se conservar em si, na eternidade
que coexiste como está curta duração (Deleuze; Guattari, 2016, p. 197).
Logo, utilizaremos o corpo e a mente como receptor e catalisador dos afetos e
experiências. Esta é a formulação de encontros factuais que transcendem e potencializam o
entrelace das subjetividades cotidianas que se amplificam e transbordam nos/os sujeitos,
afetando-os. As emoções são guiadas pelo corpo, imbricam-se equilibrando o sentir e o agir dos
sujeitos. Para Deleuze e Guattari (2016, p. 200).
Os afetos são precisamente estes devires não humanos, como os perceptos (entre eles
a cidade) são paisagens não humanas da natureza. Há um minuto do mundo que passa,
nós nos tornamos, contemplando-o. Tudo é visão, devir. Tornamo-nos universo.
Devires animal, vegetal, molecular, devir zero.
Muitos questionamentos são levantados, mas como fazer um momento do mundo
durável ou fazê-lo existir? Em específico, no contexto escolar que está em constante ebulição e
afetação. Segundo Fernandez (2013, p. 152), “o estranhamento gerado poderá se constituir em
um caminho de diálogo e troca de ideias”, pois os afetos são um modo de explorar e esgarçar
as subjetividades. Nesse sentido:
[...] os afectos não são mais sentimentos ou afecções, transbordam a força daqueles que
são atravessados por eles. As sensações, percepções e afectos, são seres que valem por
si mesmo e excedem qualquer vivido. Existem na ausência do homem podemos dizer,
porque o homem, tal como ele é fixado na pedra, sobre a tela ou ao longo das palavras,
é ele próprio um composto de percepções e de afectos (Deleuze e Guattari, 2016, p.
194).
Destarte, os afetos escolhidos para criação de narrativas escolares de estágio são
assemelhados a grafias, artes “é um ser de sensação, e nada mais: ela existe em si” (Deleuze e
Guattari, 2016, p. 194). Um instante no espaço/tempo que deixa impressões crivada no âmago
do ser, essas fissuras, marcas e grafias a qual desejamos acessar através das narrativas
cotidianas, que ocorreram no chão da Escola Newton Braga, demonstrando o lado prosaico e
poético que re-cria o lugar, demonstrando sua potencialidade, fragilidades, rupturas e
continuidades em sua mais límpida forma.
Inspirado neste estrangeiro que retorna à sala de aula temos construído no Estágio
Supervisionado (e nas Práticas de Ensino) um caminho que se esboça a partir de uma
questão de “ponto de partida” [...] desde falas que indicam uma afeição a este saber
mobilizado a partir das memórias de um(a) professor(a) “que os marcou” por ter um
olhar e fala crítica, pelo engajamento ou por lhes apresentar temas “importantes”
(Fernandez, 2019, p. 153).