Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
ESPINDULA, Lidiane; MENDONÇA, Eneida Maria Souza. Paisagens e Sentidos Humanos: estudo metodológico na relação rio-cidade.
Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112410, 2024.
Submissão em: 23/01/2024. Aceito em: 23/04/2024.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 1
SEÇÃO ARTIGOS
Paisagem e Sentidos Humanos:
estudo metodológico na relação rio-cidade
Landscape and Human Senses:
methodological study in the river-city relationship
Paisaje y Sentidos Humanos:
estudio metodológico en la relación río-ciudad
DOI: https://doi.org/10.22409/eg.v11i24.61533
Lidiane Espindula1
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
Espírito Santo, Brasil
e-mail: espindulaprojetos@gmail.com
Eneida Maria Souza Mendonça2
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
Espírito Santo, Brasil
e-mail: eneidamendonca@gmail.com
Resumo
A paisagem reflete história, cultura e identidade territorial, percebida de maneira variada pelos sentidos humanos,
incluindo elementos visuais, sonoros e emocionais. Nesse cenário, os rios urbanos desempenham papel crucial na
compreensão de valores ambientais e culturais diante das ações antrópicas. O presente artigo aborda a relevância
do estudo da paisagem urbana de rios em meio ao processo de ocupação e mudança de sua dinâmica. Por meio do
método Knowledge Development Process Constructivist (ProKnowC) são selecionados trabalhos relevantes para
revisão sistemática da literatura com o intuito de investigar e interpretar estudos que abordem métodos e
metodologias que contribuam para o aprofundamento da relação rio - cidade paisagem considerando não apenas
a visão, mas também outros sentidos humanos. Conclui-se que os trabalhos apresentados não especificam
diretamente os sentidos humanos, contudo é nítido que a construção e a aplicação dos métodos propostos estão
relacionadas a alguns deles. O estudo sobre esses métodos pode corroborar no desenvolvimento de políticas
públicas para a preservação da paisagem dos rios urbanos.
Palavras-chave
Percepção Sensorial; Ações Antrópicas; Políticas Públicas.
1
Arquiteta Urbanista e mestre pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Doutoranda em Arquitetura
e Urbanismo pela UFES. Especialista em Plantas Ornamentais e Paisagismo pela Universidade Federal de Lavras
e em Aperfeiçoamento em Formação Docente para Educação à Distância pelo Instituto Federal do Espírito Santo.
Professora e membro do Núcleo Docente Estruturante do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitário UNIFACIG.
2
Arquiteta pela Universidade Federal do Rio de Janeiro com mestrado e doutorado em Arquitetura e Urbanismo
pela USP e professora titular do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFES. Professora dos Programas
de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo e em Geografia, ambos da UFES. Vice coordenadora do Núcleo
de Estudos em Arquitetura e Urbanismo - NAU - da UFES. Participa de redes de pesquisa nacionais, QUAPA-
SEL e Urbanismo no Brasil, ambas coordenadas pela USP. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq,
nível 2.
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Abstract
The landscape reflects history, culture and territorial identity, perceived in a variety of ways by the human senses,
including visual, sound and emotional elements. In this scenario, urban rivers play a crucial role in understanding
environmental and cultural values in the face of anthropogenic actions. This article addresses the relevance of
studying the urban landscape of rivers amid the process of occupation and changing dynamics. Through the
Knowledge Development Process Constructivist (ProKnowC) method, relevant works are selected for a
systematic literature review with the aim of investigating and interpreting studies that address methods and
methodologies that contribute to the deepening of the river - city - landscape relationship, considering not only the
vision, but also other human senses. It is concluded that the works presented do not directly specify the human
senses, however it is clear that the construction and application of the proposed methods are related to some of
them. The study of these methods can support the development of public policies for the preservation of the
landscape of urban rivers.
Keywords
Sensory Perception; Anthropogenic Actions; Public Policies.
Resumen
El paisaje refleja historia, cultura e identidad territorial, percibidas de diversas formas por los sentidos humanos,
incluidos elementos visuales, sonoros y emocionales. En este escenario, los ríos urbanos juegan un papel crucial
en la comprensión de los valores ambientales y culturales frente de las acciones antropogénicas. Este artículo
aborda la relevancia de estudiar el paisaje urbano de los ríos en medio del proceso de ocupación y dinámicas
cambiantes. A través del método Proceso de Desarrollo del Conocimiento Constructivista (ProKnowC), se
seleccionan trabajos relevantes para una revisión sistemática de la literatura con el objetivo de investigar e
interpretar estudios que aborden métodos y metodologías que contribuyan a la profundización de la relación río
ciudad paisaje, considerando no sólo la visión, sino también otros sentidos humanos. Se concluye que los trabajos
presentados no especifican directamente los sentidos humanos, sin embargo, es claro que la construcción y
aplicación de los métodos propuestos están relacionados con algunos de ellos. El estudio de estos métodos puede
apoyar el desarrollo de políticas públicas para la preservación del paisaje de los ríos urbanos.
Palabras clave
Percepción Sensorial; Acciones Antropogénicas; Políticas Públicas.
Introdução
Os registros da paisagem se encontram nas artes em diversos períodos históricos, ao
retratar elementos dessa paisagem, como animais, montanhas, rios, entre outros (como em
pinturas rupestres, renascentistas etc.). A paisagem está associada ao processo de percepção das
relações que se dão com o espaço e o tempo, entre o ser humano e o ambiente. Com o tempo,
paisagem passou a ser um tema debatido e estudado e relacionado à história e à cultura da
sociedade, representando papel social importante.
A definição encontrada em dicionário não especializado descreve que a paisagem é a
extensão de um território e de seus elementos que são alcançados num lance de olhar, panorama
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ou vista (Michaelis, 1998). A etimologia da palavra paisagem também remete ao sentido da
visão e possui significados de identidade territorial. Derivada do francês, paysage significa pay
terra, países ou região e pagens habitante ou morador (Machado, 2007). Essa junção
indica conceitos de unidade, de territorialidade, de traços culturais, de hábitos, resultantes da
relação ser humano e meio.
Apesar do privilégio dado ao sentido da visão no entendimento paisagístico, passando
pela representação nas artes sendo o ponto de vista um arbítrio do artista, a paisagem não é
percebida apenas pela visão; é formada de volumes, movimentos, odores, sons etc., ou seja, sua
percepção pode ser percebida por meio de outros sentidos. A audição pode revelar a percepção
dos sons de determinada região, como pássaros, cachoeiras, carros, caminhões, aviões etc. O
odor pode também caracterizar a paisagem, influenciando na percepção desta, a partir da
maresia, das flores, do lixo e do esgoto. O clima também pode interferir na compreensão da
paisagem, uma vez que em um dia chuvoso, a paisagem apreendida pode parecer bastante
distinta quando em dias de sol radiante. Além disso, a paisagem pode ser captada de maneiras
diferentes a depender, também, do humor do indivíduo, da relação e da experiência que o
mesmo tem com o espaço. Em São Paulo, por exemplo, a paisagem é percebida e definida pelas
constantes “garoas”. O clima de Londres também é bem caracterizado pela chuva, compondo a
paisagem do lugar. A paisagem das regiões praianas pode ser percebida não pelo visível,
mas também, por exemplo, pelo cheiro da maresia. Há, portanto, diversos exemplos dessa
caracterização e percepção da paisagem por meio dos sentidos.
A paisagem também pode ser compreendida por relações sociais e culturais, como
indica Corrêa (2007), quando afirma que a paisagem urbanapermite múltiplas leituras a partir
de diversos contextos histórico-culturais, envolvendo diferenças sociais, poder, crenças e
valores” (Corrêa, 2003, p. 179).
Observa-se, então, que existem diversas abordagens e percepções de paisagem e isso se
deve aos vários campos da ciência dedicados ao seu estudo. Considerando a paisagem
diretamente relacionada à herança e à memória coletiva (Santos, 1997; Ab’Saber, 2003; Lynch,
2011) torna-se importante desenvolver formas de preservação da mesma, ante o processo de
urbanização, com o olhar voltado para os impactos antrópicos, embora reconheça-se, também,
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a presença de impactos que possam ser classificados como naturais. constante
enfrentamento às ações de urbanização (não planejada, mal planejada ou até planejada
erroneamente), ao consumo insustentável de insumos, às ões de desmatamento e poluição
que ameaçam os referenciais naturais da paisagem, além do alto nível de exclusão social
(Tardin, 2018). Besse (2014) afirma que “a paisagem seria na realidade, uma articulação da
natureza e da sociedade, uma integração dos dados naturais e dos projetos humanos, uma
realidade sintética” (Besse, 2014, p. 40). Assim, por ser a paisagem mutante e em constante
transformação, é fundamental que os elementos essenciais da mesma sejam estudados e
preservados, como é o caso dos rios urbanos.
Os rios desempenham um papel fundamental na configuração do ambiente urbano,
proporcionando uma série de benefícios e desafios que demandam a implementação de políticas
públicas eficazes. Costa (2006) afirma que a relação rio e cidade e as mudanças ocorridas na
paisagem são antigas, uma vez que os rios sempre tiveram muito para oferecer além de água,
como alimentos, produção de energia, lavagem de roupas, pesca, mineração, além da circulação
de bens, insumos e pessoas, podendo-se questionar: os rios sempre habitaram as cidades ou “as
cidades habitam os rios?” (Costa, 2006, p. 10). Baptista e Cardoso (2013) complementam
afirmando que a história das relações do ser humano com os rios segue uma trajetória complexa,
com interações ao longo do tempo e do espaço, fundada pelas dinâmicas naturais e, sobretudo,
pelas necessidades humanas, em diferentes épocas e lugares, tornando-se uma relação de
aproximações e antagonismos. Costa (2006) pontua que entender a dinâmica do rio é
fundamental, uma vez que ele é vivo, pois “se expande e se retrai, no seu ritmo e tempos
próprios” e desenha a paisagem, como um pincel (Costa, 2006, p. 11).
Com base nessa temática, a relevância deste artigo está relacionada ao estudo de
paisagem de rios urbanos diante do processo de ocupação e alteração de sua dinâmica e quanto
à valorização da sua presença, salvaguarda e acesso concernente à sua forte imageabilidade e
legibilidade, como forma de valorizar sua memória e sua história, pois “uma cidade com
imageabilidade (aparente, legível ou visível), nesse sentido, seria bem formada, distinta,
memorável; convidaria os olhos e ouvidos a uma maior atenção e participação” (Lynch, 2011,
p. 12). A motivação para o estudo se dá a partir das lacunas constatadas na aplicação do método
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de Mendonça (2005), envolvendo análise e construção da paisagem, levantando-se questões e
problemas a serem respondidos na busca do aprofundamento da relação rio - cidade - paisagem.
O método “Análise e Construção da Paisagem Urbana”, de Mendonça (2005),
apresentado a seguir, busca desenvolver técnicas de orientação à ocupação do solo urbano, de
modo a valorizar elementos referenciais da paisagem. Por meio de levantamentos históricos,
fotográficos, mapeamentos, depoimentos e simulações gráficas, busca-se identificar os
principais elementos presentes nas paisagens de diferentes cidades e a sua relação com as
construções existentes no entorno para estudo da acessibilidade visual e física como base para
formulação de políticas públicas e revisão de normas urbanísticas que orientem a forma futura
de ocupação urbana com a devida manutenção da paisagem. A principal lacuna encontrada no
método está relacionada ao levantamento de dados que é dado predominantemente por meio do
sentido da visão, não dando enfoque aos demais sentidos humanos, fundamentais na percepção
da paisagem. Embora envolva etapas de levantamentos históricos e depoimentos, ao examinar
estudos e pesquisas que aplicam o método em várias configurações urbanas, tornou-se evidente
que a visão ainda é predominante nessas fases.
Para preencher tal lacuna e corroborar para o aperfeiçoamento do método em questão,
a presente pesquisa faz investigação e interpretação de artigos que tratem de
métodos/metodologias de estudo de rio cidade paisagem que envolvam a visão, mas também
outros sentidos, que estejam relacionados a paisagem de rios. O objetivo é compreender a
dimensão acadêmica e o foco relacionados ao tema em diversos países. Tem-se como hipótese
inicial que poucos métodos diferenciados relacionados ao estudo da paisagem de rios
urbanos por meio dos diversos sentidos humanos, além da visão, que incentivem a integração
dessa paisagem ao planejamento urbano.
Método para análise e construção da paisagem urbana
Antes de apresentar o método para desenvolvimento deste artigo, entende-se essencial
apresentar e descrever o método que a motiva. Trata-se do método de Mendonça (2005)
intitulado Método para análise e construção da paisagem urbana, que busca desenvolver
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técnicas de orientação à ocupação do solo urbano, de modo a valorizar elementos referenciais
da paisagem, como apresentado nas etapas a seguir:
1ª: Identificação dos referenciais paisagísticos: esta etapa é pautada em autores-chave
como Gordon Cullen (1996) e Kevin Lynch (2011), Milton Santos (1997) e Aziz Ab’Saber
(2003). A pesquisa de Cullen é a experimentação visual do ambiente construído, com
preocupações estéticas e sensoriais. Por sua vez, Lynch trata da leitura da paisagem como
imagem mental da cidade feita por seus habitantes e os dois últimos autores tratam a paisagem
como memória e herança para futuras gerações. Essa identificação pode ser dada por meio de
pesquisa e estudo de projetos urbanísticos e respectivos memoriais, relato e desenhos de
viajantes, fotografias antigas, crônicas e ainda, coleta de depoimentos.
2ª: Eleição dos pontos de vista privilegiados: eleição de pontos de vista privilegiados a
partir da identificação e do mapeamento de zonas de maior fluxo e permanência de pessoas,
locais onde busca-se preservar a visibilidade dos referenciais paisagísticos.
3ª: Definição dos níveis de percepção desejados: são apresentados os métodos para
classificação dos níveis de percepção da visibilidade e acessibilidade do(s) elemento(s) da
paisagem selecionado(s). A pesquisa de Kohlsdorf (1996) é base na construção desta etapa do
método, pois apresenta metodologia para mapeamento de zonas de visualização de referenciais
paisagísticos a partir de visitas de campo, levantamentos e análises fotográficas e
desenvolvimentos de mapas.
Assim, após essas etapas, Mendonça (2005) apresenta uma classificação em 5 níveis de
percepção do elemento em questão, a partir dos pontos de vista privilegiados selecionados e
mapeados, sendo o nível 1 o de visibilidade mais ampla, o nível 4 do de visibilidade mais
reduzida e o nível 5 visibilidades mais distantes. A Figura 1 apresenta um exemplo do nível 1
em pesquisa aplicada no Morro do Guajuru, em Vitória (ES).
4ª: A localização e o porte das construções existentes: etapa fundamental para identificar
como se o acesso aos elementos paisagísticos estudado por meio de mapeamento resultado
de visitas ao local estudado.
5ª: A garantia da acessibilidade ao referencial paisagístico: registro da acessibilidade
existente e estudo das possibilidades de ampliação da mesma, ainda que com previsão de
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desapropriação, de modo a excluir essas áreas do estudo da etapa seguinte relacionada à
simulação gráfica.
6ª: Simulação gráfica para determinação de formas futuras de ocupação e diretrizes para
leis urbanísticas: esta última etapa apresenta estudos de ocupações desejadas para garantir a
visibilidade e o acesso aos elementos estudados, além de diretrizes para a revisão e formulação
de normas urbanísticas que orientem a forma futura de ocupação urbana com manutenção da
paisagem.
7ª: Os instrumentos complementares: apresenta diretrizes para revisão e formulação de
normas urbanísticas e revisões de leis de zoneamento para orientação da forma futura de
ocupação urbana com manutenção da paisagem.
Figura 1 Nível de percepção do Morro do Guajuru (Níveis 1). Em magenta é demarcado
o Morro.
Fonte: Espindula (2014)
Metodologia
Para a realização da pesquisa, que suscitou este artigo, foi aplicada a metodologia
Knowledge Development Process Constructivi1
3
(ProKnowC) para selecionar trabalhos
relevantes para posterior revisão sistemática da literatura. A seleção foi feita em maio de 2023,
com pesquisa nas bases de dados de publicações Web of Science e Scopus
4
. Para escolha das
3
Metodologia permite a formação de um portfólio bibliográfico, a partir da sua área de interesse, observando as
delimitações e restrições intrínsecas, e que os artigos que compõe este portfólio possam ser dotados de
reconhecimento científico e alinhamento ao tema da pesquisa (Waiczyk e Ensslin, 2013).
4
Bases selecionadas após pesquisa livre no sistema de pesquisa da CAPES (acesso livre) que as apontou como as
principais fontes de dados sobre o tema. CAPES é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal a Nível Superior,
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palavras-chave utilizou-se como base termos que se relacionam ao método de Mendonça (2005)
e a rios urbanos e sentidos, considerando abordagem apresentada anteriormente e dando
continuidade à pesquisa realizada (Espindula; Medonça, 2023).
As bases de dados foram selecionadas utilizando as palavras-chave método (ou
metodologia), paisagem, rio e sentidos. As palavras foram transcritas para o inglês e utilizaram-
se operadores booleanos e símbolos de truncamento com caracteres curingas
5
, resultando no
termo (METHOD* OR METHODOLOGY*) AND (LANDSCAPE* AND SENSE*) AND
(URBAN* AND RIVER*). O termo resultante foi pesquisado no acesso CAFe
6
da CAPES.
Foram selecionados os artigos publicados nos últimos 10 anos (2013-2022). Essa investigação
gerou um banco de dados com 14 resultados nas bases de dados da Web of Science e 21 na base
de dado da Scopus (excluindo-se trabalhos duplicados) e 1 trabalho na base de dados da Scielo,
totalizando 36 trabalhos.
O país com maior número de publicações foi a China (16), seguido dos Estados Unidos,
Reino Unido, Espanha, Argentina e Japão com 2 trabalhos cada, e mais 10 trabalhos em outros
países (1 em cada). Após essa seleção, os trabalhos foram estudados, inicialmente, a partir do
resumo e quando observado o desenvolvimento ou a apresentação de um método que
envolvesse rio, paisagem e sentidos, foi realizada a interpretação total do artigo, conforme
exposto adiante.
Vale ressaltar que 2 dos 36 trabalhos estudados foram escritos em idiomas diferentes de
inglês, espanhol e francês e, por isso, foram traduzidos com o auxílio da ferramenta do Google
Tradutor. O uso dessa ferramenta resultou em alteração na ordem e na resolução gráfica dos
artigos, contudo entende-se não afetar o entendimento final das pesquisas.
vinculada ao Ministério da Educação do Brasil. Dentre outras funções, a CAPES acesso a artigos científicos
publicados em todo o mundo por meio de parcerias internacionais.
5
Operadores booleanos atuam como palavras que informam ao sistema de busca como combinar os termos da
pesquisa. São eles: AND, OR e NOT. Para a presente pesquisa foram utilizados AND e OR. Também foram
adicionados símbolos de truncamento com caracteres curinga, no caso o asterisco, para ter mais controle sobre a
obtenção de plurais e variações das palavras pesquisadas, sempre apresentadas em letras maiúsculas.
6
O acesso CAFe é um serviço de gestão de identidade que reúne instituições de ensino e pesquisa brasileiras
através da integração de suas bases de dados. O acesso amplo é dado aos pesquisadores vinculados a instituições
de ensino superior cadastradas.
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A tabela 1 apresenta o quantitativo de trabalhos por países e os assuntos principais
relacionados aos mesmos. Em amarelo estão destacados os trabalhos apresentados de maneira
mais descritiva, uma vez que apresentam e descrevem métodos que se aproximam dos objetivos
da presente pesquisa.
Tabela 1 Temáticas por países.
Países x
temática)
Estudos de
impactos e
conservação
ambiental/
sustentabilid
ade
Estudos
climáticos
e/ou
catástrofes
Paisagem
rios e
mercado
imobiliário
ou turismo
Métodos
estudo
Paisagem x
rio x
sentidos
China
9
4
1
2
Estados
Unidos
1
1
Reino Unido
Espanha
2
Argentina
2
Japão
1
1
Austrália
1
Polônia
1
Alemanha
1
Rep. Tcheca
1
Chile
1
Jordânia
1
Canadá
1
Malásia
1
Irã
1
Egito
1
Total
20
6
2
6
Fonte: Dados da plataforma CAPES. Tabela dos autores.
Interpretação dos trabalhos relacionados a rios urbanos, paisagem e sentidos
Com base em um estudo analítico, identificou-se (Tabela 1) que a maior parte das
pesquisas selecionadas se situam no âmbito da gestão ambiental e da proteção da fauna e da
flora inerentes aos recursos hídricos e de estudos climatológicos e de catástrofes, distanciando-
se dos objetivos desse artigo, visto não abordarem a paisagem como tema central.
A primeira pesquisa da China descrita aqui é intitulada Avaliação da qualidade da
paisagem urbana à beira-mar com base no método do diferencial semântico: um caso da seção
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Zhonghuamen do Rio Quinhuai em Najing (Jiajie e Mengfan, 2020). Com base na percepção
psicológica dos usuários entrevistados, os principais fatores que afetam a qualidade da
paisagem urbana da orla do rio em questão são avaliados quantitativamente, de modo a fornecer
referência para a otimização da qualidade da paisagem urbana da orla.
O método de análise semântica (SD) é aplicado nesta pesquisa e, segundo os autores,
também é chamado de método de registro de sentimentos, pois obtém dados por meio dos
sentimentos psicológicos dos respondentes e os analisa quantitativamente. Esse método mede
a percepção das pessoas por meio da escala de linguagem, para avaliar as vantagens e
desvantagens da paisagem estudada. Os passos básicos do método de avaliação SD são
selecionar o objeto de pesquisa, elaborar a escala de avaliação e traçar os pares de adjetivos de
acordo com a escala de avaliação, para formular o questionário e coletar os dados para análise
quantitativa, transformar os sentimentos dos entrevistados em dados brutos quantitativos e, em
seguida, converter a padronização de dados originais, combinados com análise de correlação,
análise fatorial e outros métodos para cálculo e análise adicionais. Este método pode vincular a
percepção do sujeito com as características do objeto, quantificar os sentimentos intuitivos dos
usuários e compensar outros métodos de pesquisa em termos de percepção abrangente. A
análise semântica geralmente precisa coletar um grande número de pares de adjetivos que
possam descrever as características do alvo de avaliação, e cada par de adjetivos corresponde a
um fator de avaliação neutro (Jiajie e Mengfan, 2020).
O estudo toma, principalmente, a percepção psicológica do usuário como perspectiva,
referindo-se ao índice de avaliação da paisagem do espaço à beira-rio, e pressupõe os fatores
de influência de três aspectos: elementos paisagísticos, elementos ecológicos e elementos
humanísticos sociais da orla da seção Zhonghuamen do Rio Qinhuai. 15 fatores de avaliação
SD foram formulados, como demonstrado na Tabela 2. Dos fatores estabelecidos, grupos de
pares de adjetivos são expandidos e cada grupo de pares é composto por uma palavra positiva
e uma negativa. Para uma análise estatística quantitativa mais precisa, esta escala de avaliação
é definida em 7 níveis, e os níveis correspondentes são atribuídos como -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3 e
quanto menor a pontuação, mais próximo do significado do adjetivo à esquerda, quanto maior
a pontuação, mais próximo do significado do adjetivo à direita (de acordo com a Tabela 2).
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Foram distribuídos 20 questionários em cada ponto amostral definido, com seleção aleatória
dos usuários do local, totalizando 100 questionários, resultando em 96 questionários válidos.
Tabela 2 Fatores SD e pares de adjetivos
Classificação
Fator de avaliação
Pares de adjetivos
Elementos da paisagem
Acessibilidade
Inconveniente conveniente
Campo de visão
Estreito amplo campo de visão
Canalização do rio
Canalizado não canalizado
Hidrófilo
Baixa hidroficidade alta
hidroficidade
Estética da paisagem
Monótono bonito
Harmonia da paisagem
Caos harmonia
Interesse visual ambiental
Chato divertido
Elementos ecológicos
Cobertura vegetal
Cobertura alta cobertura baixa
Diversidade vegetal
Pouca alta
Qualidade da água do rio
Turva clara
Limpeza ambiental
Bagunçado arrumado
Elementos sociais e
humanistas
Continuidade histórica e
cultural
Baixa continuidade alta
continuidade
Participação pública
Baixo engajamento alto
engajamento
Segurança das instalações de
apoio
Perigoso - seguro
Diversidade de atividades
recreativas
Único - diverso
Fonte: Jiajie e Mengfan (2020)
Como resultado, Jiajie e Mengfan (2020) concluem que a qualidade do espaço da orla
do rio é afetada conjuntamente por elementos da paisagem, elementos ecológicos e elementos
sociais e culturais. Os autores complementam que o método SD é válido para analisar a
percepção psicológica dos usuários e fornece um caminho de pesquisa de referência para avaliar
a qualidade da paisagem urbana, o que ajuda a promover o desenvolvimento sustentável da orla.
A segunda pesquisa da China, intitulada Sobre a relação entre qualidade visual e
características da paisagem: um estudo de caso aplicado aos parques lineares à beira-mar em
Shenyang, China (Sun et al., 2021), estuda a qualidade visual das trilhas à beira-rio na frente
de água do parque ao redor do Rio Hunhe, em Shenyang, por meio do Método de Estimativa
de Beleza Cênica (Daniel, 2001) e do Método Diferencial Semântico (SD) (Osgood; Suci;
Tannenbaum, 1967; Echelberger, 1979). Ambos os métodos enfatizam a importância de
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ESPINDULA, Lidiane; MENDONÇA, Eneida Maria Souza. Paisagens e Sentidos Humanos: estudo metodológico na relação rio-cidade.
Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112410, 2024.
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selecionar elementos da paisagem e descrição semântica para avaliar as características visuais
da área quanto à paisagem e quanto ao entretenimento e usa a escala descritiva da linguagem
para explorar os sentimentos psicológicos dos avaliados.
Segundo a pesquisa, ao longo das margens do Rio Hunhe cinco parques lineares:
Parque Olímpico, Parque Hunnan Citizen, Parque Wulihe, Parque Changbai e Parque
Changqing (Figura 2). Para o estudo, registros fotográficos foram feitos (Figura 3) em pontos
com mesma distância em todos os parques com total de 60 pontos de coleta, totalizando 420
fotos, todas tiradas no horário da manhã e à tarde. Para garantir a consistência das
especificações técnicas para captação das fotos, foi utilizada a mesma câmera Canon D600,
com altura de 1,6 metros, sem uso de flash. No local dos registros, receptores GPS foram
aplicados para localizar cada ponto de amostragem em mapa. Diversas fotos foram realizadas
em cada ponto e, posteriormente uma foi selecionada, utilizando-se, ao final, 60 fotos.
Figura 2 Localização dos parques lineares ribeirinhos do Rio Hunhe
Fonte: Sun et al. (2021)
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Figura 3 Alguns registros fotográficos nos pontos selecionados
Fonte: Sun et al. (2021)
Após os registros, foram aplicados questionários a pessoas chave (estudantes
universitários de diferentes cursos, como arquitetura, arquitetura paisagística e design de
comunicação visual) a realizar a avaliação de qualidade visual., totalizando 223 entrevistados.
Em uma sala multimídia, todas as fotografias foram apresentadas em alta resolução (três
segundos para cada) e a comunicação entre os participantes não foi permitida. Em uma folha,
os participantes foram convidados a pontuar as imagens de 1 a 7, variando de desgostei muito
a gostei muito, considerando a qualidade do registro fotográfico. Um total de 135 questionários
válidos (completos) foram obtidos. O método não deixa claro se as pessoas convidadas
conhecem ou frequentam o local avaliado.
Em continuidade, 25 fotos dos 5 parques melhor avaliadas foram selecionadas pelos
pesquisadores e 30 avaliadores (20 alunos da pós-graduação, 10 professores de arquitetura
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paisagística) se voluntariaram. Diferente do questionário preenchido pelo outro grupo, esse
novo grupo foi convidado a avaliar as características da paisagem registrada. Cada foto foi
reproduzida por 3 minutos e o padrão de avaliação foi dividido de 1 a 5, de acordo com os
adjetivos listados na tabela apresentada (Tabela 3).
Tabela 3 Características de grupos de paisagem e adjetivos.
Item avaliado
Adjetivos em par
Senso de espaço
Apertado-largo
Camadas de paisagem
Camada única camada múltipla
Unidade
Divisivo - uniforme
Conspicuidade
Indistintivo - conspícuo
Integridade
Fragmentado intacto
Harmonia
Desarmonioso harmonioso
Grau de variação espacial
Variação espacial única espaço rico em variação
Sentido de ritmo
Não rítmico rítmico
Sentido de ordem
Desordenado - ordenado
Ecologia
Artificial - ecológico
Abordagem
Inacessível - acessível
Conforto
Depressivo - confortável
Arrumação
Sujo - arrumado
Densidade
Esparso denso
Atratividade
Pouco atraente - atraente
Mistério
Comum - misterioso
Singularidade
Comum - único
Senso de reclusão
Exposto - isolado
Vitalidade
Univital - vital
Senso de segurança
Perigoso - seguro
Riqueza de elementos
Os componentes são únicos - cênicos
Interesse
Tedioso - interessante
Fonte: Sun et al. (2021)
De acordo com a comparação dos resultados do questionário de campo com as fotos de
amostra, foi verificada a precisão da avaliação visual da paisagem dos parques a beira-rio. A
característica natural da paisagem (água, vegetação, animais) está positivamente correlacionada
com a qualidade visual avaliada, em contrapartida há uma correlação negativa entre elementos
artificiais (edifícios e estradas) e qualidade visual, portanto, segundo os autores da pesquisa, é
fundamental fortalecer os fatores de recursos formais (camadas de paisagem, atratividade,
interesse etc.) no processo de planejamento ou construção de parques lineares à beira-rio. Os
resultados da pesquisa revelam as regras estéticas do público selecionado para as características
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paisagísticas dos parques ao longo do Rio Hunhe que podem ser aplicadas ao planejamento,
projeto e gestão de parques urbanos à beira-rio, melhorando sua qualidade visual, reduzindo o
impacto negativo do ambiente urbanizado e melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da
população (Sun et al., 2021).
Uma pesquisa desenvolvida e publicada no Irã intitulada Um estudo de caso do bairro
Tajrish, a metodologia de percepção da paisagem urbana em relação às mentalidades e
memórias coletivas (Salehi; Behbahani; Gohri, 2015) chama atenção pelos objetivos e pela
metodologia aplicada. A pesquisa busca identificar elementos que evocam memórias coletivas
e fortalecem a continuidade cultural, o pertencimento ao local de residências e aos espaços
urbanos. É aplicado o método qualitativo de análise da paisagem na preservação dos
componentes de memória coletiva”.
Chama atenção também, os autores de base na conceituação do tema da pesquisa,
Gordon Cullen (1996) e Kevin Lynch (2011), bases também, no desenvolvimento do método
de Mendonça (2005). A partir daqueles autores, Salehi, Behbahani e Gohri (2015) afirmam que
é necessário observar e tratar de perto os locais pesquisados, os moradores, por meio de
entrevistas e, em alguns casos, estudos de instrumentos políticos. Os espaços da cidade,
segundo os autores, apresentam signos e monumentos que os compõem; são lugares de
acumulação de memórias coletivas. O importante é reconhecer os signos e utilizá-los para
benefícios do desenho da paisagem, valorizando sua identidade, o sentido do lugar e sua
preservação. A relação que existe entre as percepções mentais como algo fixo e a estrutura
física urbana como algo mutável cria uma plataforma de equilíbrio entre a cidade e a memória
coletiva que faz com que as pessoas estejam presentes nela. Portanto, segundo o estudo, a
paisagem urbana atua como uma plataforma para a formação de memórias coletivas e
percepções mentais de seus usuários. O que importa é saber os fatores que criam memórias
coletivas e sua permanência nos campos ambientais e se seu uso e utilização no desenho de
paisagens urbanas podem ser eficazes na manutenção e fortalecimento da continuidade cultural,
pertencimento ao local de residência e espaços urbanos.
Os autores complementam que o tempo, a identidade, a cultura, a história, os signos e
os signos sagrados, bem como elementos físicos e ambientais podem ser diretamente percebidos
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pelos sentidos humanos, por meio das especificações de forma, material, dimensões, cor,
textura etc. É importante mencionar, também, os rituais coletivos que marcam profundamente
os moradores de uma cidade e levam ao fortalecimento do sentido de solidariedade e
pertencimento ao lugar (Salehi; Behbahani; Gohri, 2015).
Para cumprir seus objetivos, a pesquisa em questão utiliza o método de análise de
percepções subjetivas, que tem base nas estruturas mentais das pessoas, com ajuda de todos
os sentidos humanos. Por meio desse método podem-se obter informações sobre o pensamento
de uma pessoa em relação a determinadas paisagens e, para isso, foram realizadas entrevistas
com 30 moradores antigos do bairro Tajrish, em Teerã, no Irã. Salehi, Behbahani e Gohri (2015)
defendem que a compreensão da paisagem urbana é um processo mental, que se realizada por
meio da ligação entre ser humano e espaço, os seres humanos recebem mensagens sensoriais
do ambiente e criam uma imagem mental desse. Esses autores, consideram ainda que um dos
fatores efetivos na formação dessa imagem são as memórias individuais e coletivas.
Considerando isso, os pesquisadores disponibilizaram aos entrevistados 6 fotos de espaços que
fizeram parte da memória coletiva das pessoas do passado. As figuras apresentam imagens de
rios e antigos jardins, locais de eventos religiosos e sociais, entre outros, como apresentado na
Figura 4. As fotos foram apresentadas em preto e branco para evitar a influência da cor na
percepção. Os pesquisadores pediram que os participantes escrevessem o que sentiam ao ver as
imagens e algumas respostas foram dadas, como: “vejo isso e fico feliz”; “esta visão é como
muitas memórias para mim”; “eu me sinto neste espaço, porque sou eu mesmo”; “minha
ancestralidade está aqui”; etc. (Salehi, Behbahani e Gohri, 2015).
Nos resultados finais, os autores explicam que o mapa mental mostrou elementos
tangíveis e intangíveis
7
que afetam diretamente a percepção que as pessoas têm do ambiente.
Jardins, edifícios antigos e ruas são mais citados como testemunhos do passado e possuem
maior impacto na mentalidade das pessoas. A presença dos signos que mais marcam as mentes
7
Segundo Salehi, Behbahani e Gohri (2015) elementos artificiais e lugares públicos são classificados como
tangíveis. Por sua vez, o que fica impresso na mente das pessoas ao longo do tempo, como eventos e incidentes,
são colocados na categoria intangível.
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na paisagem urbano ao longo do tempo é o motivo da proteção e também da criação de espaços
que partem da memória coletiva.
Figura 4 Imagens apresentadas para entrevistados
Fonte: Salehi, Behbahani e Gohri (2015)
Vale ressaltar, que entre as imagens apresentadas, o rio não é o protagonista, mas é
mencionado no texto. Apesar da não predominância do rio no estudo da paisagem, a pesquisa
foi apresentada tendo em vista seu referencial teórico pautado em autores principais, como
Lynch e Cullen.
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Uma pesquisa também desenvolvida no Irã, mas publicada na Austrália, chama atenção.
Intitulada Espaços azuis e verdes como paisagens terapêuticas: efeitos na saúde das áreas de
canal de água urbana de Isfahan (Vaeztavakoli; Lak; Yigitcanlar, 2018), a pesquisa discute a
relação dos espaços azuis e verdes com a qualidade de vida urbana e como podem afetar a saúde
física, psicológica e social das pessoas que se relacionam com o canal Isfahan (Figura 5), uma
ramificação do Rio Zayanded Rood.
Figura 5 Canal Isfahan, Irã
Fonte: Vaeztavakoli, lak e Yigitcanlar (2018)
Segundo os autores da pesquisa, a região do canal Isfahan é vista como altamente
atraente para visitantes e turistas, um local desejável para caminhar e estar, pelo número elevado
de vegetação, pelo frescor causado pela umidade da água e pelo número de comércios na região.
Essa descrição da área no início do texto do artigo apresenta a sensibilidade dos autores quanto
aos sentidos da paisagem do rio, que vão além do sentido da visão.
A relação dos usuários com esse espaço foi avaliada por meio de entrevistas realizadas
in loco para compreender como os espaços azuis e verdes contribuem para a melhoria da saúde
e do bem estar dos usuários. O questionário do método de Vaeztavakoli, lak e Yigitcanlar
(2018) apresenta perguntas fechadas para identificar a idade, a escolaridade, a renda e a
frequência de visitas dos visitantes. também perguntas abertas em que os entrevistados
puderam mencionar as sensações proporcionadas pelo uso do local e palavras como calma,
concentração, reabilitação foram citadas, associando o uso com as emoções e o estado
psicológico resultantes do contato com o canal.
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A tabela 4 apresenta os resultados das respostas dos 200 participantes separadas em
conceitos que abordam os sentimentos e as sensações com o espaço, além das motivações de
uso e permanência. Nota-se que alguns sentidos são mencionados de forma direta ou indireta e
que os autores apresentam uma temática exclusiva para a riqueza sensorial, agrupando respostas
que abordaram diferentes estímulos com a água, com a terra, com a vegetação, com o vento,
com o som dos animais, entre outros.
Outros conceitos (Tabela 4), direta ou indiretamente, mostram a relação do rio
paisagem usuários. A pesquisa demonstra ainda, que os participantes veem o canal como o
centro da vida social e possuidor de valor cultural e espiritual.
Tabela 4 Respostas dos participantes
Conceitos
Número
de
respostas
%
Temas
Clima fresco e limpo
165
82,5
Conforto,
relaxamento e saúde
Sons da natureza
127
63,5
Presença de resíduos, poluição por esgoto
161
80,5
Privacidade e conforto
104
52
Entorno convidativo
142
71
Fácil acesso
112
56
Nobreza do espaço
120
60
Alívio do estresse
123
61,5
Sensação de descanso e reabilitação
111
55,5
Sentimento de saúde
131
65,5
Iluminação adequada
104
52
Mobilidade e
movimento
Qualidade do espaço para caminhar/andar de bicicleta
112
56
Ausência de obstáculos
104
52
Movimento da água
132
66
Riqueza sensorial
Estímulos visuais
112
56
Estímulo aos sentidos da água, do solo e das plantas
112
56
Som dos pássaros e da água
132
66
Sentindo o vento e a água
123
61,5
Possibilidade de tocar nas plantas
145
72,5
Policiamento
132
66
Segurança
Monitoramento local
104
52
Belos edifícios no entorno
117
85,5
Beleza e estética
Paisagens de árvores
132
66
Variedade de espécies vegetais e animais
178
89
Relação com a
natureza
Presença de água e plantas
178
89
Sentido de manter o ambiente
120
60
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Lugar para encontrar amigos
156
78
Interações sociais
Atividades diversas
128
64
Memórias do canal
87
43,5
Sentido do lugar
História da cidade e do bairro
120
60
Sensação de independência e libertação
111
55,5
Qualidade de vida
161
80,5
Sentido de pertencimento
165
82,5
Fonte: Vaeztavakoli, lak e Yigitcanlar (2018)
Os autores ressaltam o número de respostas relacionadas ao caminhar ao ar livre e a
presença de belas árvores e a sensação de espaço verde, que ajudam a aumentar a atividade
física e uma vida ativa ao longo do canal. Além disso, a vitalidade e a riqueza sensorial do
ambiente, juntamente com o aumento do senso de orientação ou da permeabilidade visual-
física, têm contribuído para a saúde e o bem-estar físico e mental dos usuários.
Por outro lado, a pesquisa também identificou algumas respostas negativas, como a
sazonalidade dos níveis da água especialmente nos dias quentes do verão, em que o canal fica
completamente seco. O estudo relacionou o problema ao clima e às ações antrópicas ao meio
ambiente. Outra questão apresentada é a presença de insetos e lixos, o que retrai muitos
usuários. Por fim, o estudo apresenta uma figura (Figura 6) que resume os resultados obtidos
por meio da aplicação do método em que os autores estabeleceram temáticas para agrupar as
respostas das entrevistas realizadas. Vale ressaltar que o item “riqueza sensorial” e “sensação
de estar na natureza” estão diretamente ligados, contudo os autores não deixam claros os
critérios da construção da figura.
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Figura 6 Resultados obtidos após entrevistas
Fonte: Vaeztavakoli, lak e Yigitcanlar (2018). Traduzido e adaptado pelos autores.
De modo semelhante, por meio de resultado de entrevistas, um artigo desenvolvido na
Polônia aborda as preferências dos habitantes de Varsóvia em relação aos espaços ao ar livre
do Rio Vístula, buscando provar a escolha dos usuários pela margem menos urbanizada do rio
como espaços de estar e lazer. Intitulado A naturalidade da paisagem da margem do rio
Vístula: percepções dos habitantes de Varsóvia (Wojnowska-Heciak, 2019), o artigo apresenta
uma breve revisão teórico-conceitual a partir de autores que relacionam o prazer e a satisfação
em paisagens ambientalmente saudáveis. Entre as teorias apresentadas, chama atenção a Teoria
da Excitação de Percepção Ambiental (Kaymaz, 2012), baseada na Teoria do Processamento
da Informação, de Kaplan (1989), que defende que os seres humanos coletam informações de
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seu ambiente por meio dos sentidos, dos quais o sentido visual é predominante. A teoria de
Kaymaz (2012) é baseada, também no conceito de topofilia de Tuan (1990), que enfoca a
dimensão cultural das preferências da paisagem a partir da repetida ocorrência de eventos
comuns, podendo desenvolver fortes sentimentos sobre um lugar.
Segundo Wojnowska-Heciak (2019), o Rio Vístula possui 31km de extensão e
contempla 18 distritos da capital Varsóvia, que possui 1,7 milhões de habitantes. A cidade
possui 81 parques e 225 praças, uma média de 6,8m² de área verde por habitante e, por isso é
conhecida como um lugar onde seus habitantes estão satisfeitos com sua vida e se sentem
seguros. A margem esquerda do Rio Vístula (Figura 7), no centro da capital, é exemplo de
espaço público de lazer e a margem direita (Figura 8) possui características de naturalidade.
Figura 7 Margem esquerda Rio Vístula
Figura 8 Margem direita Rio Vístula
Fonte: Wojnowska-Heciak (2019)
Fonte: Wojnowska-Heciak (2019)
A metodologia da pesquisa de Wojnowska-Heciak (2019) baseia-se em entrevistas
assistidas por computador, pois 85% da população de Varsóvia possui acesso facilitado à
internet e a pesquisa remota permite que os participantes escolham o melhor local e horário
para participarem. Além disso, o método permite atingir um maior número de participantes que
utilizam as margens do rio estudado e também pessoas que não as utilizam. Com tempo médio
de resposta de 10 minutos, a pesquisa alcançou 630 pessoas de 15 a 65 anos, que responderam
perguntas quanto à escolaridade, à frequência de visitas ao rio, suas percepções, bem como
disposição para doações para manutenção e investimentos na área.
As respostas do questionário mostram associações positivas, quanto ao uso das margens
(características naturais da paisagem como praia, sol, areia e natação), bem como negativas
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(sujeira, bagunça e mau cheiro). As respostas também indicam que a fauna, a flora, a
proximidade do rio e a naturalidade da paisagem são muito valorizadas.
O trabalho conclui que a percepção das margens do rio Vístula faz com que os
moradores se identifiquem com o lugar, tratem-no como sua propriedade e se dediquem a cuidar
do lugar e boa parcela dos entrevistados declara estar disposta a doar valores para preservação
do local. A autora ressalta a importante necessidade de sensibilizar o valor ecológico da área,
pois o aumento da consciência traduz-se na proteção e no sentido do lugar.
Por fim, autores do Chile também estudam a qualidade do desenho urbano na vitalidade
do espaço público. Por meio do artigo intitulado Relação entre desenho urbano e percepção
dos cidadãos: estudo de caso Parque Biobio Beira-rio, Conceição (Chile), Delpino-Chamy e
Navarrete (2020) investigam as características do rio local, a percepção dos usuários e suas
experiências. Essa investigação baseia-se em métodos de três diferentes pesquisas: Páramo,
Milena e Burdano (2013), Projeto de Espaços Públicos (PPS, 2000) e Lynch (1960, por meio
do método de MEDA, 2011), que convidam a identificar os critérios projetuais a partir do olhar
do especialista, como também por meio de avaliações dos usuários de determinado espaço
urbano.
Delpino-Chamy e Navarrete (2020) observaram que as dimensões predominantes
propostas por esses autores e seus métodos incidem sobre: acessibilidade e conectividade
(acessibilidade universal e conexão com o tecido urbano circundante); segurança e conforto
(segurança, mobiliários urbanos e poluição); atividades e usos (diversidade de usos, atividades
para diferentes grupos, usos em horários distintos e formação de grupos); imagem e identidade
(identidade e paisagem).
Por meio de visitas in loco (aos finais de semana) foram realizadas análises
planimétricas com mapeamentos de planos de rastreabilidade, rotas de viagem e mapa de
padrões de dispersão/aglomeração. Nas visitas foram realizadas entrevistas com usuários,
aplicando-se escala de apreciação: sim, médio, não, além de algumas questões abertas.
As perguntas aos usuários são sobre o acesso a todos os locais por diferentes meios de
transporte e caminhadas; sobre a segurança do local durante o dia e à noite (iluminação, onde
entrevistados se sentem mais seguros e inseguros); sobre a cobertura vegetal, espaços
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sombreados e cobertos (em caso de chuva), considerando a localização dos assentos e áreas de
caminhada; sobre a poluição, se a área é limpa, se poluição sonora e se o ruídos dos
automóveis prejudica a permanência; sobre a diversidade de usos, se existem muitas opções de
atividades e uma mistura de usuários por idade e grupos étnicos e sobre os elementos culturais,
se há monumentos, obras de arte, elementos que conferem identidade ao local; sobre a imagem
ambiental, como marcos, fronteiras, áreas de visualizações de pontos de referência (vistas
atraentes da paisagem).
O resultado da pesquisa apontou infraestruturas do parque que favorecem o sentimento
de apropriação pelos usuários, como acessibilidade, segurança, limpeza, diversidade de usos,
qualidade da arborização etc. A falta de acessibilidade foi um dos pontos mais mencionados,
não somente para pessoas com deficiência, mas pela oferta de transporte coletivo e de diferentes
acessos para conectar os bairros. Nesse ponto, as disparidades de acessibilidade apontadas
dificultam, segundo os autores, a possibilidade de apropriação por moradores de bairros mais
distantes, reduzindo a vitalidade do espaço e prejudicando a promoção de coesão entre
diferentes grupos sociais. Os autores concluem que a ferramenta adotada no método se provou
bem sucedida para identificar diferentes percepções entre os usuários, capaz de reconhecer e
apontar lacunas que promovem a deterioração do parque analisado.
Discussões de resultados
Dentre os trabalhos analisados uma predominância no estudo socioambiental,
ecológico e sustentável que se apresenta como respostas para os problemas relacionados aos
rios, resultado das ações antrópicas ao longo da sua história. Foram identificadas seis pesquisas
que podem contribuir para os estudos em desenvolvimento. Em alguns trabalhos observou-se
uma atenção dada à manutenção da visibilidade e do acesso ao rio que, segundo Costa (2006),
é fundamental no resgate dos mananciais, como a construção de sistemas de parques para acesso
da população a equipamentos recreativos e a roteiros culturais e de educação ambiental e “para
a fruição da paisagem da cidade” (Costa, 2006, p.11).
Ambos os artigos da China relacionam a qualidade infraestrutural dos parques à beira-
rio com a apropriação dos usuários e destacam a importância de considerar critérios de desenho
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ISSN: 2316-8544
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urbano para criar espaços públicos atrativos e funcionais, para melhor qualidade dos espaços e
de vida da população. Esses dois artigos apresentam a mesma metodologia, utilizando-se de
análise semântica, sendo que, um deles, o de Sun et al. (2021), utiliza-se também do Método
de Estimativa de Beleza Cênica. Contudo, diferente da pesquisa de Jiajie e Mengfan (2020), a
tabela elaborada por Sun et al. (2021) aborda não 15, mas 23 itens a avaliar, com seus
respectivos pares de adjetivos. Um entrave encontrado na aplicação dos métodos é que necessita
de treinamento dos entrevistadores, o que pode dificultar ou alongar o processo. Vale ressaltar
que Sun et al. (2021) apresentam imagens do local estudado para os entrevistados (localizados
fora dele), o mesmo utilizado por Salehi, Behbahani e Gohri (2015), o que pode comprometer
o resultado final dos resultados obtidos.
O trabalho de Vaeztavakoli, Lak e Yigitcanlar (2018) apresenta um resultado completo
que demonstra os diferentes sentidos identificados nas pesquisas realizadas (Figura 6), contudo
chama atenção a falta de discussão quanto a canalização visível na Figura 5, o que pode
demonstrar uma normalização dessa infraestrutura na paisagem de rios da região e
questionamentos quanto a real preservação da paisagem e da biodiversidade. Essa retificação é
um grande exemplo de impacto antrópico.
O último artigo apresentado, de Delpino-Chamy e Navarrete (2020), demonstra em seus
resultados as dificuldades quanto à acessibilidade ao parque estudado o que aponta para o
embate constante contra os problemas urbanos infraestruturais que podem ser responsáveis,
também, pelo elevado índice de exclusão social, desafio crucial enfrentado atualmente.
Segundo apresentado por Besse (2014), a paisagem é a fusão entre a natureza e a sociedade, e
essa integração precisa ser melhor planejada. Mas esses mesmos resultados são questionáveis
considerando a quantidade de entrevistados, apenas 17 participantes que, apesar de estarem
presentes no local estudado, são poucos considerando que a pesquisa não apresenta os
resultados obtidos nas questões abertas (e nem informa quais são). Além disso, apesar dos
objetivos e da metodologia voltarem-se, também, para a identificação da imagem e da
identidade da paisagem, os resultados não são apresentados nesse sentido.
Comparando todos os métodos utilizados nos artigos apresentados, os trabalhos de
Delpino-Chamy e Navarrete (2020) e Wojnowska-Heciak (2019) parecem mais adequados
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entre os demais, pois apresentam aos usuários opções mais simples de respostas com perguntas
abertas que permitem maior liberdade aos participantes para descreverem os sentimentos sobre
os locais estudados. Vale discutir um trecho dos resultados de Wojnowska-Heciak (2019, p.15)
quando ressalta a importante necessidade de sensibilizar o valor ecológico da área, pois o
aumento da consciência traduz-se na proteção e no sentido do lugar. Nesse sentido, é
importante acentuar a relação dessa afirmação com a memória e a identidade dos habitantes
com o local estudado. Autores antes referenciados (Milton Santos, 1997 e Aziz Ab’Saber, 2003)
tratam dessa temática na conceituação de paisagem e na sua relação com a coletividade.
De maneira geral, os trabalhos apresentados não especificam diretamente os sentidos
humanos, contudo é nítido que a construção e a aplicação dos métodos estão relacionadas a
alguns deles, uma vez que envolvem percepções diversas como conforto (ruídos, iluminação,
espaços sombreados e cobertos etc.). Diferentes abordagens são usadas para criar ou preservar
memórias da cidade e, nesse sentido, torna-se importante o tempo da memória histórica e social,
tradições, mitos, camadas históricas dos lugares, contexto cultural e compreensão da percepção
adquirida da paisagem ao longo do tempo.
Conclusão
A paisagem é a percepção das relações entre o ser humano e o ambiente, envolvendo
elementos visuais, mas também sonoros, olfativos e emocionais. Ela está relacionada à história,
cultura e identidade territorial. A percepção da paisagem pode variar de acordo com os sentidos
e experiências individuais, além de fatores climáticos e emocionais. A paisagem também é
influenciada por relações sociais e culturais, permitindo múltiplas interpretações. Preservar a
paisagem em meio ao processo de urbanização é importante, devido aos impactos antrópicos e
naturais, visando uma integração equilibrada entre natureza e sociedade.
Apesar da sua importância no abastecimento de água, na biodiversidade e na saúde
urbana, o rio passou a ser secundário nas paisagens das cidades. No entanto, pesquisas como as
aqui analisadas buscam o seu resgate. Observou-se uma preocupação generalizada em
contribuir para ações do poder municipal em programas de serviços de recuperação ambiental.
Temáticas sobre rios e paisagem apontam para uma nova fase de relacionamento entre rios e
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cidades e a restauração fluvial passa a integrar as pautas de reivindicações da sociedade, as
plataformas e planos governamentais e, como visto neste artigo, pesquisas do meio científico.
A pesquisa desenvolvida por meio de estudo analítico sobre a temática estabelecida,
com o recorte definido na metodologia, cumpre a sua hipótese inicial que afirma que há poucos
métodos diferenciados relacionados ao estudo da paisagem de rios urbanos por meio dos
diversos sentidos humanos, além da visão, que incentivem a integração dessa paisagem ao
planejamento urbano.
Um bom planejamento urbano vai ao encontro à toda a problemática apresentada nos
artigos, com o objetivo de salvaguardar a paisagem dos rios urbanos e seu acesso, pois o
desenho da paisagem inclui caminhar ao longo do rio e ter acesso à água; e a visibilidade
conectada compõe e valoriza ambiental e culturalmente o rio. Esse acesso, é fator relevante para
fruir a paisagem da cidade, pois o caminhar e a visibilidade unem o ser humano e à natureza,
reconectando sua história e sua origem. O rio não deve ser visto e lembrado somente em
períodos de cheia ou seca, como um vilão. A proposta é de pertencimento, ou seja, de que a
população se aproprie do local. Trata-se de um caminho a ser seguido.
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