Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SAVIAN, Carla Pizzuti; ROBECK, Gabrieli Taís Drews; SANTOS, Vitor Colleto dos; TOMAZONI, Bruna Maltauro; BOLFE, Sandra Ana;
BATISTA, Natália Lampert. Potencialidades da Utilização de Imagens Anáglifos na Educação Básica: os domínios morfoclimáticos e
fitogeográficos do Brasil em 3D. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 10, nº23, e102320, 2024.
Submissão em: 27/01/2024. Aceito em: 29/10/2024.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons 1
SEÇÃO ARTIGOS
Potencialidades da Utilização de Imagens Anáglifos na Educação Básica:
os domínios morfoclimáticos e fitogeográficos do Brasil em 3D
Potentials of Using Anaglyphic Images in Basic Education:
the morphoclimatic and phytogeographic domains of Brazil in 3D
Potencialidades del Uso de Imágenes Anaglíficas en la Educación Básica:
los dominios morfoclimáticos y fitogeográficos de Brasil en 3D
DOI: https://doi.org/10.22409/eg.v10i23.61614
Carla Pizzuti Savian1,
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
Rio Grande do Sul, Brasil
e-mail: carla.pizzuti@acad.ufsm.br
Gabrieli Taís Drews Robeck2,
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
Rio Grande do Sul, Brasil
e-mail: gabrieli.robeck@acad.ufsm.br
Vitor Colleto dos Santos3
Universidade Estadual de Londrina (UEL),
Paraná, Brasil
ORCID iD:
e-mail: vitor.colleto@acad.ufsm.br
Bruna Maltauro Tomazoni4,
Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS),
Rio Grande do Sul, Brasil
e-mail: brunamtomazoni.geo@gmail.com
Sandra Ana Bolfe5
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
Rio Grande do Sul, Brasil
e-mail: sabolfe@hotmail.com
Natália Lampert Batista6
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
Rio Grande do Sul, Brasil
e-mail: natalia.batista@ufsm.br
Resumo
O entendimento de que a tecnologia torna a aprendizagem envolvente para alunos e alunas não é a única
justificativa para utilizá-la no ensino. No campo da Geografia, a utilização de tecnologias no ensino tem
desempenhado papel relevante na construção do conhecimento geográfico. Nesse contexto, as imagens anáglifos
emergem como ferramentas promissoras, capazes de proporcionar experiência visual e sensorial, enriquecendo o
processo de ensino-aprendizagem. No presente trabalho apresenta-se uma atividade que utiliza imagens anáglifos
para o ensino dos domínios morfoclimáticos e fitogeográficos, propostos por Aziz Ab’Saber, na educação básica.
Metodologicamente, caracteriza-se por ser um relato de prática, com abordagem qualitativa e descritiva. Além
disso, o trabalho discute as potencialidades do uso de imagens tridimensionais no ensino de Geografia. Identificou-
se, pelo menos, três benefícios no uso dessas imagens: a utilização de tecnologia acessível; a visualização
tridimensional da paisagem; e o estímulo à observação. É perceptível que a visualização tridimensional
proporcionada pelas imagens 3D enriquece a compreensão espacial de alunos e alunas.
Palavras-chave
Imagens Tridimensionais; Domínios Morfoclimáticos e Fitogeográficos; Ensino de Geografia.
1
Geógrafa pela Universidade de Santa Maria (UFSM), mestranda em Geografia na UFSM.
2
Licencianda em Geografia pela UFSM.
3
Geógrafo Licenciado pela UFSM, mestrando no Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade
Estadual de Londrina (UEL).
4
Licenciada em Geografia pela UFSM, professora no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).
5
Doutora em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), professora do Departamento de Geociências da
UFSM.
6
Doutora em Geografia pela UFSM, professora do Departamento de Geociências da UFSM.
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SAVIAN, Carla Pizzuti; ROBECK, Gabrieli Taís Drews; SANTOS, Vitor Colleto dos; TOMAZONI, Bruna Maltauro; BOLFE, Sandra Ana;
BATISTA, Natália Lampert. Potencialidades da Utilização de Imagens Anáglifos na Educação Básica: os domínios morfoclimáticos e
fitogeográficos do Brasil em 3D. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 10, nº23, e102320, 2024.
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Abstract
The understanding that technology makes learning engaging for students is not the only justification for using it
in teaching. In the field of Geography, the use of technologies in teaching has played a relevant role in the
construction of geographic knowledge. In this context, anaglyph images emerge as promising tools, capable of
providing visual and sensorial experience, enriching the teaching-learning process. This work presents an activity
that uses anaglyph images to teach morphoclimatic and phytogeographical domains, proposed by Aziz Ab’Saber,
in basic education. Methodologically, it is characterized by being a practice report with a qualitative and
descriptive approach. Furthermore, the work discusses the potential of using three-dimensional images in teaching
geography. At least three benefits were identified in using these images: the use of accessible technology; the
three-dimensional visualization of the landscape; and the encouragement of observation. It is noticeable that the
three-dimensional visualization provided by 3D images enriches the spatial understanding of students.
Keywords
Three-Dimensional Images; Morphoclimatic and Phytogeographic Domains; Geography Teaching.
Resumen
La comprensión de que la tecnología hace que el aprendizaje sea atractivo para los estudiantes no es la única
justificación para utilizarla en la enseñanza. En el campo de la Geografía, el uso de las tecnologías en la enseñanza
ha jugado un papel relevante en la construcción del conocimiento geográfico. En este contexto, las imágenes
anaglifos emergen como herramientas prometedoras, capaces de brindar experiencia visual y sensorial,
enriqueciendo el proceso de enseñanza-aprendizaje. Este trabajo presenta una actividad que utiliza imágenes
anaglifos para enseñar dominios morfoclimáticos y fitogeográficos, propuesta por Aziz Ab’Saber, en educación
básica. Metodológicamente, se caracteriza por ser un relato de práctica, con un enfoque cualitativo y descriptivo.
Además, el trabajo analiza el potencial del uso de imágenes tridimensionales en la enseñanza de la geografía. Se
identificaron al menos tres beneficios del uso de estas imágenes: el uso de tecnología accesible; la visualización
tridimensional del paisaje; y el fomento de la observación. Es notable que la visualización tridimensional
proporcionada por imágenes 3D enriquece la comprensión espacial de los estudiantes.
Palabras clave
Imágenes Tridimensionales; Dominios Morfoclimáticos y Fitogeográficos; Enseñanza de Geografía.
Introdução
Existem diversas justificativas para a utilização de tecnologias na educação, para além
de tornar a aprendizagem envolvente. No campo da Geografia, uma disciplina importante para
a compreensão do espaço e das relações humanas, as tecnologias no ensino e na educação se
mostram importantes na construção do conhecimento. Nesse cenário, as imagens, aqui
sobretudo os anáglifos, emergem como uma das potenciais linguagens para o estudo do
universo da ciência geográfica, por meio da experiência visual, enriquecendo o processo de
ensino-aprendizagem na educação básica.
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De acordo com Cabral e Lemos (2022) a fotografia em si é geográfica por se tratar de
uma representação do espaço, em um determinado tempo, representando relações
socioespaciais. Sendo assim, pode ser entendida como uma linguagem capaz de transmitir
informações. Nos anáglifos
7
, além dos aspectos geográficos que uma fotografia ou imagem
carrega, soma-se os aspectos da representação tridimensional ou, como é popularmente
conhecida, em “3D”.
A sensação de profundidade que os anáglifos promovem, quando visualizados por
óculos específicos, são comumente associadas ao lúdico, sendo o cinema o lugar onde seu uso
é mais difundido (Brizzi et al., 2018). No âmbito da educação, como no ensino de Geografia,
identifica-se um potencial na utilização dessas imagens pela sua capacidade de instigar a
observação por meio da experiência sensorial.
Refletindo, ainda, acerca das potencialidades dessa ferramenta, o presente artigo propõe
reflexões sobre como esse instrumento pode ser utilizado na educação básica, buscando um uso
para além da estética visual, focando na capacidade de estimulação da percepção espacial e da
observação. Para tanto, é apresentada uma prática realizada junto a uma turma de ano da
Escola Estadual de Ensino Fundamental General Édson Figueiredo, localizada no bairro Nossa
Senhora de Lourdes no município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, conforme mostra a
Figura 1.
7
Esse produto não é definido de uma forma simples, uma vez que é criado por meio de uma técnica que envolve
física, biologia e fotogrametria (Mamede, 2014). Como o objetivo do presente trabalho não é se aprofundar em
sua definição, deixamos como sugestão de leitura a dissertação de mestrado de Mamede (2014) que se encontra
referenciada.
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Figura 1 Mapa de localização da área de estudo
Fonte: Primeira autora (2024).
A escola possui 35 professores, com 221 matrículas nos anos iniciais, 248 matrículas
nos anos finais e 33 matrículas em educação especial, de acordo com o censo escolar de 2022.
Acerca da infraestrutura, é uma escola com acessibilidade, no sentido de possuir rampa na
entrada e dependências e sanitários com acessibilidade. Além disso, a escola possui biblioteca
e sala de leitura, assim como laboratório de informática com internet, além de um auditório com
projetor e televisão, local onde aconteceu a atividade.
De forma específica, cabe comentar que a prática desenvolvida na escola, envolvendo
imagens anáglifos, teve o assunto de domínios morfoclimáticos como foco, conforme detalhado
na metodologia do trabalho. Por ora, entretanto, cabe abordar, ainda que brevemente, sobre o
processo de regionalização e a diversidade de produtos regionalizados do território, dando
maior enfoque para os domínios morfoclimáticos como uma das formas de regionalizar o Brasil
com base em Ab’Saber (2003).
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Das diferentes formas de regionalizar o Brasil: os domínios de natureza de Aziz Ab’Saber
Se a palavra-chave para regionalizar uma porção do espaço geográfico e,
consequentemente, definir uma determinada região é critério”, existem diversas maneiras de
se realizar a regionalização de uma porção territorial, não sendo à toa que tal termo aparece no
conceito mais usual e didático desse processo implicando exatamente em dividir o espaço
geográfico com base em variados critérios.
Desse modo, ao se estudar as formas como o Brasil foi e é regionalizado, somando-se
com seu vasto território de dimensões continentais carregado de singularidades em cada uma
de suas porções diferenciadas, é fácil encontrar diferentes regionalizações do país seguindo
critérios distintos aspectos físicos, políticos, econômicos, sociais, culturais, entre outros
e com as pretensões de atender a objetivos específicos, para compreensão da causalidade da
relação entre a população com o seu lugar e a natureza, e vice-versa.
Da necessidade de regionalizar o Brasil, devido às transformações do espaço brasileiro,
emergem regionalizações das mais variadas maneiras por diferentes autores e autoras atendendo
a critérios e objetivos específicos. Certamente, a regionalização do país mais conhecida e
difundida é a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Sobre essa, Haesbaert
(2020, p. 2) assevera que “[...] regionalizar é também uma questão de escala durante muito
tempo foi sobretudo uma questão escalar, definida estritamente no nível intermediário entre o
nacional e o ‘local’”, completando que é por conta dessa natureza escalar do processo de
regionalização que “[...] o IBGE acabou legitimando três níveis de regionalização, dividindo o
país em macro, meso e microrregiões” (Haesbaert, 2020, p. 2).
Junto à escala, o fator tempo também exerce impacto na busca por regionalizar o espaço
geográfico, o que influi na forma de produzir as regiões. Como exemplo disso, colocam-se as
sucessivas mudanças nos recortes espaciais das macrorregiões do IBGE até se chegar na
configuração atual que define cinco grandes regiões (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e
Sul) ou, até mesmo, às mudanças de nomenclatura das meso e microrregiões, hoje entendidas
como regiões geográficas intermediárias e imediatas, respectivamente, adicionando a questão
das redes e hierarquias de cidades à divisão regional (Bezzi, 2004).
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Além da regionalização do IBGE existem outras que são notadamente bastante
estudadas inclusive no âmbito da Geografia Escolar, obedecendo a outros critérios. Pode-se
citar, assim, as regiões geoeconômicas ou complexos regionais, do geógrafo Pedro Pinchas
Geiger (1967), diferenciando-as em Amazônia, Nordeste e Centro-Sul por suas atividades
produtivas e sua relação com o meio físico e, também, com a história, sem considerar os limites
entre as unidades da federação.
Outrossim, o geógrafo Milton Santos e a geógrafa Maria Laura Silveira (2001)
apresentam a regionalização dos quatro Brasis demonstrando o efeito do avanço das técnicas
à luz do meio técnico-científico-informacional que se espacializa de modo desigual sob o
território e das rugosidades, isto é, o acúmulo de heranças do passado (Haesbaert, 2020),
definindo as regiões Concentrada, Nordeste, Centro-Oeste e Amazônia.
Embora com critérios e recortes espaciais diferentes, ambas as regionalizações acima
foram propostas e são merecidamente lembradas por se dedicarem a explicar acerca da
dinâmica do uso do território brasileiro, sobretudo a partir de sua ocupação e concentração
desde pessoas até serviços e fluxos econômicos. Entrementes, há ainda as regionalizações que
se voltam a espacializar e explicar o quadro natural do país, não deixando de esquecer da
complexa e inseparável relação pessoas e meio, como, por exemplo, a regionalização do
geógrafo Aziz Ab’Saber (2003): os domínios morfoclimáticos e fitogeográficos do Brasil ou,
simplesmente, domínios de natureza.
Segundo a Ab’Saber (2003, p. 11-12), um domínio morfoclimático e fitogeográfico é:
[...] um conjunto espacial de certa ordem de grandeza territorial - de centenas de
milhares a milhões de quilômetros quadrados de área - onde haja um esquema
coerente de feições de relevo, tipos de solos, formas de vegetação e condições
climático-hidrológicas. Tais domínios espaciais, de feições paisagísticas e ecológicas
integradas, ocorrem em uma espécie de área principal, de certa dimensão e arranjo,
em que as condições fisiográficas e biogeográficas formam um complexo
relativamente homogêneo e extensivo.
Ele, então, diferencia seis grandes conjuntos de domínios morfoclimáticos situados sob
uma área principal, ou área core, além de faixas de transição entre um domínio e outro. O
Quadro 1 apresenta a denominação dos domínios morfoclimáticos do Brasil definidos por Aziz
Ab’Saber e as principais características no que concerne aos seus aspectos naturais.
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Quadro 1 - Os domínios de natureza do Brasil.
Domínio morfoclimático e fitogeográfico
(Ab’Saber, 2003)
1 - Domínio Amazônico
2 - Domínio do Cerrado
3 - Domínio das Caatingas
4 - Domínio dos Mares de Morros
5 - Domínio das Araucárias
6 - Domínio das Pradarias
Faixas de transição
Características
Terras baixas florestadas equatoriais;
Chapadões tropicais interiores com cerrados e
florestas-galeria;
Depressões Inter montanas e inter-planálticas
semiáridas;
Áreas mamelonares tropical-atlânticas
florestadas;
Planaltos subtropicais com araucárias;
Coxilhas subtropicais com pradarias mistas;
(Não diferenciadas).
Fonte: Organizado pelas autoras e pelo autor (2024); adaptado de Ab’Saber (2003).
Fonte do mapa: Costa et al., 2013.
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O Quadro 1 traz uma pequena síntese da classificação proposta por Aziz Ab’Saber
(2003). Pode-se destacar ainda que ele levou em consideração as características do relevo,
clima, vegetação e hidrografia de cada região. Sobre os domínios, é possível destacar que:
(1) No Amazônico, o clima é equatorial úmido; a vegetação é a Floresta Amazônica,
densa e em múltiplos estratos vegetativos; o relevo é predominantemente de planaltos e
depressões; e a hidrografia é marcada por uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, com
destaque para o rio Amazonas (Ab’Saber, 2003);
(2) No Cerrado, o clima é tropical semiúmido com uma estação seca bem definida; a
vegetação é considerada um tipo de savana, com árvores esparsas e gramíneas; o relevo é
composto por chapadões e planaltos; e a hidrografia apresenta rios perenes e intermitentes (Aziz
Ab’Saber, 2003);
(3) No Domínio Dos Mares de Morros, que abrange o Sudeste brasileiro, o clima é
tropical úmido, com vegetação de Mata Atlântica; o relevo é formado de morros ondulados
(mares de morros) e serras; possui uma hidrografia rica em rios caudalosos (Ab’Saber, 2003);
(4) O Domínio da Caatinga, que é localizado no Nordeste, tem um clima semiárido,
vegetação de caatinga com arbustos espinhosos e xerófitos.; seu relevo é composto por várias
depressões e planaltos e a hidrografia é marcada por rios intermitentes e temporários (Ab’Saber,
2003);
(5) O Pampas, no Sul do Brasil, apresenta um clima subtropical, vegetação de campos
com gramíneas, relevo de coxilhas e planícies e uma hidrografia com rios de regime regular
(Ab’Saber, 2003);
(6) o Domínio das Araucárias, possui um clima subtropical com invernos frios;
vegetação de Mata de Araucárias; relevo de planaltos ondulados; e uma hidrografia rica em rios
(Ab’Saber, 2003).
Além do exposto, pode-se ressaltar que, segundo Costa et al. (2013, p. 42), as
classificações do Brasil por suas diversas características “[...] contemplam aspectos das
particularidades [...], mas que geram dificuldades no entendimento do observador desprovido
de conhecimento específico”. Além disso, os autores destacam que as sistematizações
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realizadas pelos “[...] geógrafos que foram elaboradas pensando no caráter didático” da
representação e das associações de peculiaridades.
Realizado um breve resgate das principais formas de regionalizar o espaço geográfico
brasileiro, focalizando as discussões a respeito dos domínios morfoclimáticos, parte-se para a
descrição do perfil metodológico adotado no presente trabalho e, na sequência, dos resultados
e das reflexões geradas a partir de uma aplicação em contexto escolar. Como dito, a aplicação
trata-se de levar à sala de aula de Geografia o assunto dos domínios morfoclimáticos do Brasil
através de imagens anáglifos, propiciando a aprendizagem significativa desse conteúdo por
parte dos estudantes.
Materiais e métodos
A atividade foi aplicada em uma turma de estudantes do ano da rede estadual de
ensino do Rio Grande do Sul, e fez parte do contexto avaliativo da disciplina GCC 1088 -
Vivências Pedagógicas III, do curso de Geografia (Licenciatura) da Universidade Federal de
Santa Maria. Ou seja, foi aplicada por graduando e graduandas, futuro e futuras professoras.
Em vista disso, neste tópico serão descritos os passos que foram traçados para o
desenvolvimento da prática em sala de aula. O trabalho foi executado em ambiente escolar a
partir de cinco procedimentos, como pode ser observado no percurso metodológico ilustrado,
de maneira sintética, na Figura 2.
Evidencia-se, então, que a metodologia do trabalho consistiu, primeiramente, na
realização de leituras sobre metodologias de ensino de Geografia, para que fosse possível ter
uma base teórica sobre o assunto, buscando embasar a prática. Tais leituras da bibliografia
fundamental consistiram na busca exploratória de materiais pelas autoras e pelo autor. Em um
segundo momento, foi realizado o contato com a professora de Geografia da Escola Estadual
de Ensino Fundamental General Édson Figueiredo, a escola parceira da atividade proposta. Esse
contato foi feito de início para que, caso a professora aceitasse receber as acadêmicas e o
acadêmico, fossem criados planos de aulas que se encaixassem na rotina dela, evitando
intempéries.
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Desde o primeiro contato até o momento de aplicação, a professora e a escola foram
muito receptivas. Nesse contexto, no terceiro momento da prática, foi construído um plano de
aula que fosse ao encontro com os conteúdos que a professora estava trabalhando naquele
momento: “Regionalização e Domínios Morfoclimáticos”. No quarto momento, foi realizado
um encontro com a professora na escola para apresentação do plano de aula construído e para
conhecer o espaço da escola, tendo um primeiro contato com a turma onde a atividade seria
desenvolvida, uma das turmas do 7º ano.
Figura 2 Fluxograma da metodologia.
Fonte: Organizado pelas autoras e pelo autor (2024).
Por fim, foi realizada a aplicação da prática em sala de aula (Figura 3), com o objetivo
geral de revisar o conteúdo das regiões do Brasil através da perspectiva de como as
regionalizações são propostas e introduzir o conteúdo referente aos domínios morfoclimáticos
e fitogeográficos do Brasil, conforme proposto pelo geógrafo Aziz N. Ab’Saber. É nesse
momento que os anáglifos entram em cena, visto que é a partir daqui que se pretende avaliar a
efetividade da aplicação do uso dessas imagens enquanto metodologia de ensino da temática
dos domínios morfoclimáticos, buscando apreender como os alunos percebem, através do
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lúdico e de recursos imagético-visuais, as potencialidades naturais e a diversidade cultural e
social do espaço brasileiro regionalizado.
As imagens para representação dos domínios de natureza do Brasil em 3D foram
selecionadas a partir da busca em sites da Internet e livros didáticos de Geografia. Após a
identificação, elas foram convertidas em anáglifos para visualização em três dimensões por
meio do software StereoPhoto Maker, o qual pode ser encarado como (geo)tecnologia com
grande relevância para o ensino de Geografia. Como o próprio nome indica, consiste em criar
uma representação como se houvesse um estereoscópio “passando” sobre a imagem, uma
técnica bastante utilizada em Fotogrametria para a (foto)intepretação de imagens aéreas.
Os anáglifos foram apresentadas em formato de slides. Cada um dos domínios
morfoclimáticos propostos por Aziz Ab’Saber foram apresentados com duas imagens: uma
representando o imaginário comum que se tem sobre cada domínio morfoclimático, e outra
apresentando o domínio morfoclimático para além do estereótipo. Para tanto, foi necessário o
uso de óculos 3D para que a visualização em profundidade da imagem fosse possível.
Figura 3 Resumo da aplicação da prática em sala de aula.
Fonte: Organizado pelas autoras e pelo autor (2024).
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Submissão em: 27/01/2024. Aceito em: 29/10/2024.
ISSN: 2316-8544
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Resultados e reflexões sobre a prática
Sobre a aplicação da atividade, inicialmente, foi realizada a sensibilização dos alunos
perguntando o que eles já sabiam sobre a temática da regionalização. Assim, eles apontaram o
conceito e alguns critérios que poderiam ser utilizados para regionalizar o espaço geográfico,
principalmente aqueles utilizados por Aziz Ab’Saber ao propor os domínios morfoclimáticos
do país. Nesse primeiro momento, foi recapitulado com os alunos o que é regionalização e
alguns critérios que podem ser utilizados, além de exemplos de diferentes regionalizações do
território brasileiro. Na Figura 4, é possível visualizar dois registros do desenvolvimento da
atividade como um todo.
Figura 4 Fotos do desenvolvimento da atividade.
Fonte: Acervo das autoras e do autor (2023).
Logo em seguida, foram apresentados os anáglifos dos domínios morfoclimáticos,
sendo primeiramente apresentada a imagem comumente difundida no senso comum e,
imediatamente, uma imagem que buscasse a desconstrução de determinados estereótipos,
conforme mostra o Quadro 2. Esse quadro ilustra alguns dos anáglifos levados à sala de aula
para a percepção dos estudantes sobre a realidade de cada domínio morfoclimático, a fim de se
apoderar desse conhecimento geográfico, como também coloca em destaque frases acerca de
cada domínio apresentadas pelos acadêmicos de Geografia com o objetivo de apresentar aos
estudantes o conteúdo sob diferentes perspectivas, uma “usual”, de amplo conhecimento
popular e científico, e outra transgressora, a qual estimula a compreensão de aspectos até então
desconhecidos pelos estudantes sobre a realidade de cada domínio estudado.
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AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SAVIAN, Carla Pizzuti; ROBECK, Gabrieli Taís Drews; SANTOS, Vitor Colleto dos; TOMAZONI, Bruna Maltauro; BOLFE, Sandra Ana;
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Pedagogicamente, a ação de transgredir no sentido de apresentar novas formas de
encontrar o conhecimento pode se aproximar das práticas educativas acerca do que preconizam
os multiletramentos. Isso é afirmado porque, conforme explica Santos (2023, p. 100), os
multiletramentos:
[...] possibilitam não apenas a integração de saberes ou mesmo a pluralidade de
linguagens de que são capazes de contemplar, mas também a sua faculdade de
promover o entrelaçamento de diferentes objetos de conhecimentos e lugares, daí a
razão de se apregoar a diversidade cultural como definidora da prática pedagógica
com multiletramentos.
Alinhada a isso, a exposição foi realizada de forma dialogada, estabelecendo trocas entre
os conhecimentos dos docentes em formação e dos educandos. Cabe ressaltar que, inicialmente,
os alunos apresentaram uma certa dificuldade em visualizar de forma tridimensional as
imagens, mas isso foi solucionado ao longo da atividade. Essa dificuldade está associada a
visualização tridimensional (estereoscopia) demorar um pouco a ocorrer quando o olho não está
treinado para essa visualização. Além disso, por conta de que havia apenas dois óculos
disponíveis, era necessário ficar trocando os óculos entre os alunos, o que fez com que a
atividade demorasse mais que o esperado para ser concluída. Contudo, esse fato revelou o
interesse dos alunos na atividade, pois todos queriam visualizar todas as imagens.
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Quadro 2 Síntese das imagens anáglifos sobre os domínios morfoclimáticos e
fitogeográficos do Brasil: entre o usual e o transgressor.
Representação transgressora
Domínio Morfoclimático Amazônico: Os contrastes da
‘Floresta Urbanizada’, como diria Bertha Becker”.
Fonte: adaptado de
https://geopanoramas.substack.com/p/manaus-floresta-
urbanizada Acesso em jul. 2024.
Domínio Morfoclimático dos Cerrados: Além do ‘agro’,
o garimpo também ameaça o Cerrado”.
Fonte: adaptado de
https://d3uyk7qgi7fgpo.cloudfront.net/lms/modules/material
s/VOD-
Tipos%20de%20Clima%20e%20Paisagens%20Climato-
Bot%C3%A2nicas-2019-
a6095c5ee18de0d5b62526ed1e3bf66f.pdf Acesso em jul.
2024.
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Domínio Morfoclimático das Caatingas: Não é apenas
seca nem, tampouco, terra arrasada”.
Fonte: adaptado de
https://www.pulsarimagens.com.br/foto/foto?assunto=Vista
%20de%20drone%20de%20%C3%A1reas%20de%20produ
%C3%A7%C3%A3o%20de%20frutas%20com%20irriga%
C3%A7%C3%A3o%20de%20%C3%A1gua%20captada%2
0no%20Rio%20S%C3%A3o%20Francisco%20-
%20Ilha&procurar=07ADR794&codigo-
imagem=07ADR794&codigo=446141&pagina=1&posicao=
2&ordenar=1 Acesso em jul. 2024.
Domínio Morfoclimático dos Mares de Morros: Na
maior área industrial-urbana do país, o rural se faz
presente”.
Fonte: adaptado de https://www.msn.com/pt-
br/viagem/noticias/festival-vale-do-caf%C3%A9-
acontecer%C3%A1-em-julho-no-interior-do-rio-de-
janeiro/ar-BB1puhz0 Acesso em jul. 2024.
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Domínio Morfoclimático do Planalto das Araucárias:
Nem só de Nike se vive nas Araucárias, há indústrias
locais”.
Fonte: adaptado de
https://grupoahora.net.br/conteudos/2022/03/15/rs-e-lider-
nacional-em-exportacao-de-calcados/ Acesso em jul. 2024.
Domínio Morfoclimático das Pradarias Mistas: O campo
não é pobre, é rico ambiental e economicamente”.
Fonte: adaptado de https://oeco.org.br/analises/o-pampa-
esta-ameacado/ Acesso em jul. 2024.
Fonte: Organizado pelo autor (2024).
Diante de tal prática, e em especial do sucesso da mesma junto aos estudantes, cabe
salientar que, em se tratando das imagens anáglifos, essas propiciam aos educandos visualizar
em profundidade a realidade de um determinado domínio morfoclimático, ampliando a sua
percepção da realidade ambiental e social do país; elas foram selecionadas com o intuito de
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levar à sala de aula de Geografia figuras que abordassem as representações do senso comum
sobre um determinado domínio, isto é, aquilo que os estudantes conhecem, mas também
apresentar outra que se diferencia das representações usualmente disseminadas, levando ao
conhecimento do novo (Beuting, Mantovani, Batista, 2023; Rizzatti, Batista, 2020).
De acordo com Copatti (2020, p. 10), isso se revela ser crucial para o desenvolvimento
do pensamento geográfico, pois:
[...] a Geografia, uma das áreas que compõem o currículo escolar, possibilita uma
leitura espacial do mundo tecendo relações,
aproximações e rupturas que não podem ser desconsideradas ao interpretar o
espaço geográfico e as relações nele construídas. Essa ciência depende, em grande
medida, da atuação dos docentes que, tanto na educação superior quanto na educação
básica, propõem distintos olhares diante das interações com o mundo e a dimensão
espacial.
Ainda refletindo sobre a atividade desenvolvida, percebeu-se que a utilização de
imagens anáglifos no ensino, e mais especificamente, no ensino acerca dos domínios
morfoclimáticos oferece, pelo menos, três benefícios. O primeiro deles está relacionado com o
uso de tecnologia acessível, visto que as imagens podem ser organizadas por meio do
StereoPhoto Maker, software gratuito compatível com o sistema operacional Windows. Além
disso, para que os alunos e as alunas observem essas imagens é necessário apenas um par de
óculos 3D simples, que podem ser construídos por professores(as) ou mesmo por alunos(as)
8
.
O segundo benefício é decorrente da própria visualização 3D, uma vez que a
visualização tridimensional oferece a percepção de profundidade. Nesse contexto, quando
utilizada para abordar o conteúdo de domínios morfoclimáticos, permite que as características
dos domínios, tais como formas de relevo e distribuição de vegetação sejam percebidas nas três
dimensões, aprofundando a percepção e promovendo uma imersão na paisagem.
O terceiro benefício, por fim, é referente ao estímulo à observação e curiosidade. Isso
porque o aspecto 3D desperta a curiosidade dos alunos e das alunas, incentivando que eles
8
O autor Maurício Rizzatti (2022) apresenta, em sua tese de Doutorado, instruções para a construção de óculos
3D, utilizando apenas o molde disponibilizado pelo autor, bem como papel celofane nas cores vermelha e azul.
Em sua tese, ele também explica a respeito da confecção de imagens, além de indicar fontes para tutoriais.
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passem a interagir por meio de perguntas e discussões sobre os aspectos geográficos que
moldam os domínios morfoclimáticos e fitogeográficos brasileiros.
Considerações para refletir, não finalizar
A utilização de anáglifos na educação básica e, em específico, para as aulas acerca dos
domínios morfoclimáticos e fitogeográficos se mostrou enriquecedora. Sabendo que,
conceitualmente, os domínios morfoclimáticos são unidades de paisagem que integram
características climáticas, geomorfológicas e biogeográficas, percebe-se que na prática,
incorporar esse tipo de imagens ao seu estudo, proporcionando uma percepção tridimensional,
enriquece a compreensão dos estudantes. Isso devido ao fato de que a visão em 3D oferece um
foco em características específicas de cada domínio, como a existência ou não de elevação no
relevo. Além disso, fica em evidência a relação das pessoas com o domínio da natureza, por
meio do foco na existência de estradas, por exemplo.
No sentido das potencialidades da utilização de anáglifos na educação básica no
contexto do ensino de Geografia, é latente o estímulo à observação causado pelo uso dessas
imagens. Isso é relevante no sentido de que a partir da observação nasce o questionamento e a
interpretação do espaço. Sendo, então, essas imagens capazes de possibilitar uma leitura
espacial, elas são muito potentes para o ensino de Geografia.
Ainda, os benefícios do uso de tecnologia acessível e do estímulo à observação
demonstraram que a utilização de imagens 3D pode fazer parte da sala de aula para abordar
diversos conteúdos, para além dos domínios morfoclimáticos e fitogeográficos. A discussão
sobre utilizar tecnologias na escola é muito importante, assim como a utilização desses
mecanismos de maneira criteriosa, garantindo o uso de tecnologias de forma alinhada aos
objetivos pedagógicos, buscando a transformação da sala de aula em um ambiente dinâmico,
interativo e colaborativo. Além disso, o uso de tecnologias nas escolas deve considerar aspectos
contextuais, tais como quais os instrumentos que estão disponíveis na escola, sendo a tecnologia
acessível muito importante.
Diante de tudo o que foi exposto sobre a capacidade enriquecedora dos anáglifos para a
aprendizagem geográfica na educação básica, pode-se enunciar que a prática relatada com o
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uso da tecnologia combinando diferentes imagens sobre os domínios morfoclimáticos
brasileiros vai ao encontro do que se espera para o ensino de Geografia na contemporaneidade,
haja vista que objetivou tanto a apreensão de sentido pelos estudantes, tornando a aprendizagem
significativa, quanto condições dos sujeitos ativos na prática intervirem, no tempo presente
e no futuro, no mundo, o que deve ser o objetivo da educação (Freire, 1996). Assim, pois, como
também diz esse autor, que é um grande expoente da prática educativo-crítica:
[...] ao reconhecer que, precisamente porque nos tornamos seres capazes de observar,
de comparar, de avaliar, de escolher, de decidir, de intervir, de romper, de optar, nos
fizemos seres éticos e se abriu para nós a probabilidade de transgredir a ética, jamais
poderia aceitar a transgressão como um direito, mas como uma possibilidade (Freire,
1996, p. 100, grifos do autor).
Logo, finalizando o presente texto, no qual suas ideias e proposições continuam abertas
para a ciência avançar, a atividade desenvolvida e apresentada no trabalho se aproxima da
prática pedagógica com multiletramentos. Isso não apenas por ter sido utilizada uma tecnologia
e recursos visuais que exploram a pluralidade de linguagens ou diversidade de culturas
existentes hoje, mas também por atribuir um novo sentido ao conhecimento geográfico
trabalhado e que, ao fazer significar isto é, internalizar —, faz aflorar um “[...] novo recurso
recriado, transformado, nunca meramente reproduzido” (Bevilaqua, 2013, p. 110). Ensinar
Geografia é hoje, mais do que nunca, formar cidadãos capazes de compreender e transformar a
realidade, seja ela os grandes centros urbanos inseridos em meio aos mares de morros, seja as
várzeas dos rios do domínio amazônico.
Referências
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