Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
NASCIMENTO, Francyjonison Custodio do. Educação Antirracista e Educação Midiática no Ensino de Geografia. Ensaios de Geografia.
Niterói, vol. 10, nº 23, e102324, 2025.
Submissão em: 11/02/2024. Aceito em: 11/12/2024.
ISSN: 2316-8544
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para as respostas, não só pelo já exposto a respeito do funcionamento do ChatGPT, mas também
porque é evidente que o assistente responde a partir do senso comum, posto que recebe
informações sem critérios, ou até mesmo de forma contraditória, como usar o mesmo artigo
para apresentar argumentos tanto a favor como contrários a manutenção das terras quilombolas.
É preciso, então, junto aos alunos, desenvolver um olhar crítico a estas respostas, filtrando o
que é factual e coerente à luz dos conteúdos trabalhados em sala de aula ou até mesmo a partir
de informações dadas pelo assistente virtual, como a Constituição Federal. Para tanto, é preciso
desenvolver uma postura interrogativa das informações, como propõe a educação midiática
(Buckingham, 2007; Fimon, 2013).
No ensino de Geografia, essa postura também é essencial. Saber perguntar é parte do
caminho para se chegar num processo de ensino-aprendizagem significativo (Castellar; De
Paula, 2020). Com efeito, as perguntas ganham centralidade nas práticas pedagógicas da
Geografia escolar. Afinal,
[a] análise precede a crítica e, para fazer uma boa análise, deve-se fazer boas
perguntas. Formular indagações sobre um objeto envolve tanto a complexidade
ontológica, do universo do sujeito que olha, quanto a complexidade epistemológica,
do universo do objeto científico que é olhado. As perguntas devem mobilizar a ação
e o potencial de transformação, devem instigar, suscitar a criatividade e a criticidade
e, ao mesmo tempo, garantir ao sujeito a possibilidade de sair de um nível de
conhecimento e chegar a outro nível de conhecimento (Castellar; De Paula, 2020, p.
308).
Dessa maneira, a grande questão está em saber formular as perguntas adequadas,
conforme apontam Castellar e De Paula (2020) bem como Ferrari, Ochs e Machado (2020).
Desse modo, como elucidado no Quadro 1, a partir das perguntas realizadas, o ChatGPT
disponibilizou respostas que provocam o desenvolvimento e a utilização do vocabulário
geográfico dos alunos. Termos como “terra”, “região”, “biodiversidade”, “recursos naturais”,
que são próprios da Geografia escolar, foram convocados para estabelecer significados a
respeito de realidades geográficas e foram objetos de discussão em sala de aula, sempre os
correlacionando com o tema das comunidades quilombolas.
Outros termos citados pelo assistente, como “direitos territoriais”, não eram conhecidos
pelo alunado durante a sua trajetória escolar, mas, por dialogar com o conceito de território, foi