Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
FERREIRA, Edenilson Andrade; LIMA, Ernane Cortez. Estudo do Meio e o Ensino de Processos Físico-Naturais: o uso de desenhos para
uma aprendizagem significativa em Teresina (Piauí). Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 10, nº 23, e102316, 2024.
Submissão em: 16/02/2024. Aceito em: 25/06/2024.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons
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SEÇÃO ARTIGOS
Estudo do Meio e o Ensino de Processos Físico-Naturais:
o uso de desenhos para uma aprendizagem significativa em Teresina (Piauí)
Study of the Environment and the Teaching of Physical-Natural Processes:
the use of drawings for meaningful learning in Teresina (Piauí)
Estudio del Medio y la Enseñanza de los Procesos Físico-Naturales:
el uso de dibujos para un aprendizaje significativo en Teresina (Piauí)
DOI: https://doi.org/10.22409/eg.v10i23.61988
Edenilson Andrade Ferreira
1
Universidade Estadual Vale do Acar (UVA),
Ceará, Brasil
e-mail: edgeografia@outlook.com
Ernane Cortez Lima
2
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA),
Ceará, Brasil
e-mail: ernanecortez@hotmail.com
Resumo
Considerando a importância da utilização de uma variedade de estratégias de ensino, o propósito deste estudo é
debater a importância de explorar o ambiente natural no ensino de Geografia Física, empregando a aprendizagem
significativa e verificando o conhecimento através de desenhos em uma escola pública em Teresina/PI. Do ponto
de vista metodológico, foram conduzidas leitura teórico-conceitual, análise da paisagem na área da Ponte do
Rodoanel do rio Poti, empregando o software QGIS versão 2.16, captura de registros fotográficos e implementação
de uma proposta metodológica. Os resultados revelam a diversidade de características naturais locais,
influenciadas por fatores geológicos, geomorfológicos, de drenagem, vegetação e solo. Essas descobertas são
relevantes especialmente para o currículo do ano do Ensino Fundamental, integrando conceitos pedagógicos e
geográficos por meio de aulas de campo e verificação da aprendizagem através de desenhos.
Palavras-chave
Aula de Campo; Ensino de Geografia Física; Ilustração; Rio;
1
Mestre em Geografia (2023) pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú - UVA, Especialista em Gestão
Escolar e em Educação Especial Inclusiva pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (2021), Graduado em
Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Piauí (2017), atualmente é integrante dos grupos de
pesquisa Planejamento e Gestão Ambiental em Bacias Hidrográficas (UVA) e Geomorfologia, Análise Ambiental
e Educação da UFPI (GAAE/UFPI).
2
Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Ceará - UFC (2012), Pós-Doutorado em Geografia Educação
Ambiental Aplicada a Gestão Territorial em Comunidades Ribeirinhas e Litorâneas pela Universidade Federal
do Ceará - UFC (2014). Pesquisador do CNPq, Líder do Grupo de Pesquisa Planejamento e Gestão em Bacias
Hidrográficas. Atualmente é professor Adjunto "L" da Universidade Estadual Vale do Acaraú UVA, Professor
e Orientador do Mestrado Acadêmico em Geografia da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA.
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Abstract
Considering the importance of using a variety of teaching strategies, the purpose of this study is to discuss the
importance of exploring the natural environment in Physical Geography teaching, employing meaningful learning
and assessing knowledge through drawings in a public school in Teresina/PI. Methodologically, theoretical-
conceptual reading, landscape analysis in the Ponte do Rodoanel area of the Poti River, using QGIS software
version 2.16, capturing photographic records, and implementing a methodological proposal were conducted. The
results reveal the diversity of local natural characteristics, influenced by geological, geomorphological, drainage,
vegetation, and soil factors. These findings are particularly relevant to the 6th-grade curriculum of Elementary
Education, integrating pedagogical and geographical concepts through field trips and assessment of learning
through drawings.
Keywords
Field Trip; Physical Geography education; Illustration; River.
Resumen
Considerando la importancia de utilizar una variedad de estrategias de enseñanza, el propósito de este estudio es
debatir la importancia de explorar el ambiente natural en la enseñanza de Geografía Física, utilizando el
aprendizaje significativo y verificando el conocimiento a través de dibujos en una escuela pública en Teresina/PI.
Desde el punto de vista metodológico, se realizaron lecturas teórico-conceptuales, análisis del paisaje en el área
del Puente del Rodoanel del río Poti, utilizando el software QGIS versión 2.16, captura de registros fotográficos e
implementación de una propuesta metodológica. Los resultados revelan la diversidad de características naturales
locales, influenciadas por factores geológicos, geomorfológicos, de drenaje, vegetación y suelo. Estos hallazgos
son especialmente relevantes para el plan de estudios del sexto año de la Educación Primaria, integrando conceptos
pedagógicos y geográficos a través de salidas al campo y verificación del aprendizaje mediante dibujos.
Palabras clave
Clase de campo; Enseñanza de Geografía Física; Ilustración; Río.
Introdução
O ensino da disciplina de Geografia apresenta uma complexidade que frequentemente
envolve uma considerável abstração de conceitos fundamentais para a exploração de diversos
temas, embora careça de exemplos empíricos facilmente acessíveis aos estudantes e
professores. Tal situação evidencia que as dificuldades inerentes ao processo de ensino e
aprendizagem vão além do aperfeiçoamento individual dos educadores, abrangendo, de forma
mais ampla, todo o sistema estrutural das instituições educacionais.
Em relação ao ensino da Geografia Física, instaura-se uma dialética que antecipa a
possibilidade de contratempos no binômio Ensino e Aprendizagem quando confrontados com
os estudos concernentes às questões físico-naturais, particularmente na ausência de uma
contextualização que seja acessível aos estudantes, visto que os exemplos presentes em livros
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são, na maioria das vezes, de regiões distantes da realidade de vivência deles, ainda mais quando
se trata do público alvo desta pesquisa, crianças do 6º ano da escola pública.
Em representação direta dos anseios a serem respondidos, os seguintes questionamentos
como surgem como estruturantes deste estudo: Como o aporte bibliográfico pedagógico
acrescido dos conceitos de caráter mais geográficos (paisagem, lugar e análise integrada do
ambiente) favorecem o processo de Ensino e Aprendizagem? Quais elementos físico-naturais
do rio Poti podem ser abordados em sala de aula baseados na paisagem vivenciada pelos
estudantes na Ponte do Rodoanel (Teresina/PI)? A produção de desenhos após um estudo do
meio é eficiente como uma metodologia de verificação de aprendizagem? As questões
apresentadas não visam limitar a extensão dessas investigações, mas sim instigar uma nova
perspectiva no leitor, contribuindo para a criação de novos recursos para explorar esses
assuntos. Diante desses questionamentos, este estudo tem como objetivo discutir a relevância
do estudo do meio in loco no Ensino de Geografia Física, utilizando como abordagem a
aprendizagem significativa e a verificação da aprendizagem por meio de desenhos em uma
instituição de ensino público situada no município de Teresina/PI.
Assim, este estudo se justifica com o propósito de melhorar o desempenho no ensino e
na aprendizagem dos conceitos relacionados às temáticas físico-naturais na disciplina de
Geografia, particularmente enfocando como objeto de estudo o trecho do rio Poti perceptível
pela Ponte do Rodoanel e as dinâmicas desta paisagem, o que foi possibilitado pela observação
em uma atividade de campo realizada em uma escola pública.
O processo de ensino e aprendizagem no ensino de Geografia
A reflexão inerente ao processo de ensino e aprendizagem suscita uma pluralidade de
debates filosóficos que abordam a fusão das ações de ensinar e aprender. Kubo e Botomé (2001)
afirmam que a junção desses termos delineia um sistema de interações comportamentais entre
os agentes educacionais, com ênfase nos professores e alunos, em uma análise que vai além do
conhecimento prévio. Dentro dessa esfera, os autores destacam que o referido processo
ultrapassa a simples transmissão e assimilação de conhecimentos; de fato, existem distinções
fundamentais entre as atividades de ensinar e aprender, evidenciando a autonomia de cada ato
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humano. As práticas de ensino e aprendizagens são, portanto, discerníveis entre si, justificando
uma abordagem que as separe para uma melhor compreensão de sua interconexão e
contribuição individual para a formação do indivíduo.
Conforme Freitas (2016), o ato de ensinar é definido como a prática voltada à
transmissão de conhecimento ao próximo, caracterizando-se, portanto, como uma atividade na
qual o educando assume uma postura receptiva, tornando-se, assim, suscetível ao que é
apresentado pelo instrutor. No entanto, é imperativo ressaltar que a mera recepção não engloba
inteiramente a essência do verbo ensinar; é crucial que haja um envolvimento ativo por parte
do educando, o qual deve estar disposto e engajado no processo de aprendizagem.
Discorrer sobre a conceituação de aprendizagem implica abordar as habilidades
cognitivas inerentes ao indivíduo, as quais permitem a dedução e a conexão de conceitos
apresentados, resultando na elaboração de sua própria compreensão dos elementos em questão.
Skinner (2005), em seu estudo sobre aprendizagem, formula sua definição como uma alteração
nas contingências de resposta, requerendo a identificação das circunstâncias sob as quais uma
determinada indagação é realizada. Nesse contexto, o ser humano, em seu processo de
raciocínio, analisa minuciosamente todos os elementos que contribuem para uma dedução
lógica, a qual pode persistir por longos períodos, seja de forma consciente ou subconsciente.
Os parágrafos precedentes delimitam conceituações de ensino que o entendem como
originado de um agente externo com o intuito de disseminar conhecimento, e de aprendizagem,
caracterizada pela absorção e interpretação individual e, em alguns casos, inconsciente de
informações. Sob esta ótica, o processo de Ensino e Aprendizagem, embora distintos em suas
manifestações singulares, ao serem desenvolvidos juntos, conduzem à internalização do
conhecimento por parte do indivíduo, favorecendo, assim, uma construção autônoma dos
conceitos.
É válido ressaltar que tal processo é contínuo e perene, constituindo-se como um ciclo
ininterrupto que assume maior proeminência nos ambientes educacionais. Neste contexto, o
professor, ainda que não seja a única fonte de conhecimento, desempenha um papel
fundamental ao mediar o acesso e a compreensão do saber, enquanto o aluno atua como receptor
ativo, prontificado a analisar e efetivar a aprendizagem de maneira significativa.
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Ao correlacionar o processo de Ensino e Aprendizagem com a disciplina de Geografia
no contexto da Educação Básica, deparamo-nos com obstáculos que dificultam a efetividade
desse processo. Em uma análise contemporânea, o método predominante de instrução em
Geografia, sem distinção entre os aspectos Humanos e Físicos, frequentemente se restringe ao
discurso do educador ou aos materiais didáticos, os quais, embora sejam altamente eficazes,
não proporcionam de forma direta, e muitas vezes tangível, a imersão dos alunos no ambiente
ao seu redor, seja este caracterizado por elementos antropogênicos ou naturais.
Ao aprofundar tal discussão no contexto da Geografia Física, nos deparamos com uma
multiplicidade de metodologias disponíveis. No entanto, não há uma convergência consensual
sobre o que pode ser considerado ideal em termos de abordagens pedagógicas. Todavia, é
perceptível, em grande parte das propostas, a significância de estabelecer uma correlação entre
os conteúdos lecionados e as paisagens do cotidiano experimentadas pelos estudantes.
No estudo conduzido por Paiva, Nascimento Neto e Lima (2019), são analisadas as
metodologias adotadas no ambiente escolar, sustentando a premissa de que estas devem ser
configuradas de modo a conferir ênfase ao ensino da disciplina de Geografia. Neste cenário,
torna-se premente evitar a adesão a abordagens enraizadas em preceitos mais convencionais.
Isso implica afastar-se de métodos de cunho tradicionalista, frequentemente permeados por
elementos desvinculados das possibilidades locais, adotando estratégias que estimulem a
participação ativa dos alunos que lhes permitam observar as interações que ocorrem no
ambiente que são plausíveis às suas realidades.
Os conceitos de Paisagem e Lugar
Do ponto de vista geográfico, remontando às origens da disciplina, as contribuições de
Alexander Von Humboldt (1874) no século XIX viabilizaram a elaboração de seu conceito de
paisagem mediante influências advindas do pensamento filosófico e artístico, definindo-a como
a configuração de formas que delineiam uma porção específica da superfície terrestre.
Baldin (2021) define paisagem como um cenário em que ocorrem eventos transcorridos
no passado, no presente e, ao mesmo tempo, se projeta uma visão do que o porvir reserva. Em
cada instância temporal, constitui peculiaridades em diferentes escalas, conferindo a cada
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momento singularidades. O autor concebe essa compreensão como um artefato sociocultural,
delineado pela interação das sociedades que moldam o dinamismo da paisagem, evidenciando
que estas não se mantêm estáticas, mas permanecem em constante transformação.
No contexto do ensino de Geografia, ao abordar as temáticas relacionadas à
conceituação de paisagem, torna-se imprescindível a inclusão desse conhecimento no currículo
escolar. Mesmo com a discussão sendo um fator relevante para o ensino, não é indicada uma
definição fechada de paisagem para os estudantes, ainda mais na educação básica, pois a
intenção é que se suscite o conhecimento de maneira a ele ser desenvolvido e compreendido,
não somente exposto.
Segundo Sabota (2019), a intenção é tornar o discente capaz de criticamente apropriar-
se dos variados conceitos e observações sobre paisagem e, analiticamente, definir uma constate
para este termo. Ainda que não seja fixa, esta deve ser passível de modificações com o
desenrolar da absorção de saberes geográficos através das metodologias adotadas, partindo de
uma prática educativa que proporcione um caráter crítico do que pode ser percebido nas
variadas paisagens, identificando elementos que possam ter determinado sua feição atual.
Castro (2002) e Baldin (2021) mencionam a percepção, a representação, o imaginário e
o simbolismo como sendo as noções que o aprofundamento dos estudos sobre a definição de
paisagem exercita, com esses elementos citados passando a ser constantes importantes para essa
discussão. Isto permite a aproximação de interesse primordial para a definição de Lugar, visto
que a subjetividade também é algo discutido nesta conceituação.
Foi na década de 1970, com a Geografia Humanista, que o conceito de lugar passou a
fazer parte, com valorosa importância, dos conceitos-chave da Geografia. Nessa proporção,
Tuan (1983) conceitua o termo em questão como a disposição do espaço que passa a ser
inteiramente familiar, ao que torna-se lugar. Conforme a análise do autor, a transformação do
espaço em lugar se efetiva mediante a atribuição de valorização a uma porção delimitada do
espaço, impregnada pelas vivências humanas, ou seja, quando esse espaço adquire significância
individual para o sujeito.
Uma conceituação adicional de lugar, alinhada às anteriores expostas, é oferecida por
Staniski, Kundlatsch e Pirehowski, segundo quem “o lugar é onde estão as referências pessoais
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e o sistema de valores que direcionam as diferentes formas de perceber e constituir a paisagem
e o espaço geográfico (2014, p. 6).
Entende-se que lugar é relacionado aos laços afetivos que se tem com o espaço, os quais
independem das extensões de distância da origem da pessoa que os cria. Durante as leituras,
nota-se uma relação estreita do lugar com a moradia, contudo, é preciso ressaltar que o lugar é
onde as relações afetivas podem ocorrer de maneira a propiciar este vínculo. Na Geografia
Escolar, segundo Leite (2018), é considerado que o estudo do lugar tem efetiva importância
porque ele está constituído sobre um arcabouço de saberes embasados na vivência concreta,
refletindo posicionamentos individuais e coletivos, servindo, portanto, como alicerce para a
edificação de vínculos identitários e do exercício da cidadania.
Lugar e paisagem surgem como temas correlatos à abordagem da Geografia Física neste
artigo, explorando como o estudo do ambiente pode ser aplicado ao contexto de pertencimento
dos participantes da pesquisa. A transformação da paisagem de uma cidade pode ser
influenciada por um conhecimento que incite o estudante a adotar uma postura crítica diante de
sua interação com um ambiente que, outrora natural, adquiriu características distintas em
decorrência da presença e da influência da ação humana.
Explorando as paisagens através da Análise Integrada do Ambiente e a Aprendizagem
Significativa
Para discorrer sobre as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem, é preciso
iniciar de onde deriva essa complexidade, ou seja, no entendimento da relevância da análise
integrada das paisagens, pois esta remonta à própria trajetória da ciência geográfica, posto que,
mediante uma investigação histórica, é possível estabelecer uma ligação entre a evolução do
conceito de Geossistemas e a temática em questão. Isso porque a compreensão das interações
entre o ambiente natural e a sua influência na configuração do espaço é fundamental para
atender às demandas sociais e compreender a dinâmica intrínseca que permeia essa relação.
A identificação meticulosa dos elementos que compõem a complexidade de paisagens
observáveis in loco não apenas viabiliza uma análise substancialmente enriquecedora, mas
também instiga o desenvolvimento de uma compreensão holística e sofisticada. Esse processo
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analítico, iniciado a partir da minuciosa avaliação das características intrínsecas de cada
componente, fomenta uma teia de inter-relações entre os diversos elementos em estudo.
Em sala de aula, para melhor compreender os sistemas ambientais de maneira integrada,
elaborar os conceitos individualizados dos elementos físico-naturais possibilita uma maior
competência na assimilação geral dos conhecimentos. Tal abordagem requer uma avaliação
profunda dos arranjos espaciais, os quais devem ser analisados sob a ótica de uma variedade de
variáveis complexas, englobando desde aspectos geológicos e geomorfológicos até nuances
climáticas, hidrológicas, pedológicas e fitoecológicas.
Com uma orientação centrada na Geografia Física, Lima e Silva (2015) e Almeida
(2014) postulam que uma abordagem descritiva dos aspectos tangíveis que compõem a
paisagem depende suas variáveis físico-geográficas. Isso porque, para uma análise ambiental
direcionada a esses propósitos, os elementos observáveis fundamentais incluem a topografia,
geologia, climatologia, registros antropogênicos e as interações entre esses elementos,
resultando na geração de dados físicos característicos que emergem dessas relações complexas.
Ao empreender uma análise ambiental no ensino de Geografia Física, é imprescindível
que o observador adote uma abordagem meticulosa, direcionando sua atenção de forma
apropriada para as variáveis pertinentes. Estas, conforme abordado por Rodrigues (2011) e
Costa et al. (2022) em suas pesquisas, consistem em atributos intrínsecos aos elementos do
sistema ambiental, passíveis de serem observados e empregados para revelar insights acerca do
seu estado atual e das mudanças que o afetam.
Em consonância com a esfera da Geografia Física, Morais (2011) delineia que os
elementos físico-naturais, em seu cerne, são inicialmente concebidos independentemente da
influência humana, a fim de se compreender sua origem intrínseca. Entretanto, é pertinente
ressaltar que, na contemporaneidade, a dinâmica desses componentes é indubitavelmente
influenciada, seja de forma direta ou indireta, pelos imperativos socioeconômicos e culturais da
sociedade, influenciando diretamente a vida da comunidade escolar (gestão, professores,
estudantes e familiares), tornando palpável, a partir dessa prerrogativa, a importância de se
compreender as dinâmicas naturais.
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Diante das questões expostas acima, o proponente pedagógico mais indicado utiliza-se
de meios que favorecem a aprendizagem significativa, os quais, segundo as pesquisas de Praia
(2000), destacam-se pelo seu enfoque na esfera cognitiva do aprendizado, na qual as
informações são submetidas a processos de elaboração, armazenamento e organização na mente
do sujeito aprendente, resultando em uma estrutura cognitiva de caráter correlacionado. O autor
ressalta que a essência da teoria de Ausubel reside na premissa de que a aprendizagem deve ser
significativa, isto é, o sujeito se torna receptivo à assimilação do conhecimento quando a nova
informação é integrada aos conhecimentos pré-existentes. Em virtude dos componentes
inerentes ao cotidiano dos discentes, fundamentados tanto em conhecimento empírico quanto
científico, é factível inserir novos saberes ao amalgamá-los com aquilo que os alunos podem
perceber como um conceito previamente adquirido, mesmo que de modo subconsciente.
Ausubel (1968), estabelece que o conhecimento preexistente do aprendiz assume uma
preeminência sobre a mera transmissão de informações no processo de aprendizagem. Nesse
contexto, torna-se imprescindível discernir e assimilar o arcabouço cognitivo dos estudantes,
de modo a fundamentar os ensinamentos sobre essa base. Explorando a relação entre o ensino
da ciência geográfica e a teoria de Ausubel, Aguiar e Salvi (2019) apresentam aspectos que se
revertem em vantagens tanto para os docentes quanto para os discentes, a saber:
Professor (em formação) favorece a diferenciação dos conceitos semelhantes
apresentados na ciência geográfica para que haja uma maior dissociabilidade entre os
conhecimentos estudados pela Geografia e assim fazendo com que seja possível uma
associação integrativa e interdisciplinar dos diversos saberes aprendidos;
Estudantes o processo de diferenciação dos conceitos mais diretos da geografia
favorece a associação futura dos diversos significados, para assim serem capazes de
elaborarem uma representação dos conteúdos geográficos;
Professor e estudante ocorre um processo de troca de conhecimentos, em que a ideia
âncora favorece o conhecimento adquirido.
Ao associar estes conhecimentos da Geografia presente na educação básica, são nítidos
os desdobramentos que o papel do professor tem de tornar o abstrato algo tangível e acessível
ao discente. Acredita-se que, com a Teoria da Aprendizagem Significativa, vislumbra-se a
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