Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, Matheus Lucas dos Santos; FRIGÉRIO, Regina Célia. Formação continuada se faz remotamente?: aprender e ensinar Geografia no
Google Earth e ArcGIS Storymaps. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e102322, 2024.
Submissão em: 18/02/2024. Aceito em: 04/11/2024.
ISSN: 2316-8544
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Os mapas se constituem na materialização de ideias sobre o que é o mundo real, porém
a linguagem cartográfica está dotada de subjetivação. A subjetividade envolve o meio
do cartógrafo e o meio do leitor; por isso, Harley (2005) defende que haja a
desconstrução do mapa para melhor interpretação do fenômeno representado. Isso
porque durante a desconstrução é possível analisar e refletir sobre os contextos que
envolveram e subsidiaram a construção do mapa, para assim descobrir o real objetivo
desta ou daquela carta (Sousa; Jordão, 2015, p. 2).
Mais do que moldar a realidade, urge a necessidade de debater o uso consciente do
mapa, uma vez que ele contém, em suas entrelinhas, resquícios de ideologia que podem ser
perigosos quando usadas erroneamente. Nesse sentido, Pissinati; Archela (2007), baseando-se
em Oliveira (1978), corroboram ao trazer à luz que a função do mapa é representar a superfície
terrestre, expressar o pensamento do mapeador e atuar socialmente como meio de comunicação.
Em outras palavras, o mapa carrega em si uma base ideológica com intencionalidades que vão
criar condições para que os sujeitos possam interpretar o espaço geográfico.
Na Categoria 2, foi possível compreender o Google Earth Pro como ferramenta que
extrapola o domínio geográfico, estendendo-se também a outras áreas do conhecimento
(Matemática, Geometria, Língua Portuguesa e afins). Por conseguinte, os professores podem
colaborar para desenvolver nos alunos várias habilidades que permeiam os campos disciplinares
destacados, auxiliando-os a compreender que todas as disciplinas estão interconectadas e não
isoladas em compartimentos distintos, como se pode analisar na narrativa abaixo:
[...] o Google Earth que proporciona a elaboração de mapas tanto pelo professor como
pelo aluno e que além da questão geográfica … a noção espacial … também tem a
questão da geometria, da matemática e outras que podem ser desenvolvidas com o
Google Earth, né?! … do que se fala de interdisciplinaridade que eu acredito ... ele
oferece muita coisa” (Prof. Karina)
Sousa (2018) destaca que um Sistema de Informação Geográfica (SIG) pode ser uma
ferramenta interdisciplinar, pois, apesar de ser um instrumento de geoprocessamento diferente
do Google Earth Pro, desempenha um papel semelhante em sua funcionalidade educacional.
Nas palavras da autora, pode-se perceber que:
Outra contribuição do SIG é a possibilidade de realizar um trabalho interdisciplinar e
dialógico entre conceitos e conteúdos da Geografia e os de outras disciplinas
curriculares como, por exemplo, Artes (elaboração de legenda), 81 História
(modificações dos lugares dentro de uma escala temporal), Matemática (cálculo de
distância entre objetos espaciais), etc. Essa atividade é favorecida pela própria
estrutura do SIG, que não se limita tão-somente à Cartografia e à Geografia, e sim,