Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, Gutemberg Gomes. Um Estudo Comparativo do Ensino da Geomorfologia na América do Sul: análise dos sistemas educacionais do
Brasil, Argentina e Chile. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25, e122506, 2025.
Submissão em: 14/05/2024. Aceito em: 19/02/2025.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons
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SEÇÃO ARTIGOS
Um Estudo Comparativo do Ensino da Geomorfologia na América do Sul:
análise dos sistemas educacionais do Brasil, Argentina e Chile
A Comparative Study of Geomorphology Teaching in South America:
analysis of the educational systems of Brazil, Argentina, and Chile
Estudio Comparativo de la Enseñanza de la Geomorfología en América del Sur:
análisis de los sistemas educativos de Brasil, Argentina y Chile
DOI: https://doi.org/10.22409/eg.v12i25.62957
Gutemberg Gomes Silva
1
Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM),
Minas Gerais, Brasil
e-mail: gutemberggomes2012@gmail.com
Resumo
Este estudo comparativo investigou o ensino da Geomorfologia na América do Sul, com foco nos sistemas
educacionais do Brasil, Argentina e Chile. No Brasil, a disciplina é introduzida no ensino médio, aprofundando-
se no ensino superior, com métodos diversificados. Na Argentina, a Geomorfologia é apresentada em níveis
avançados do ensino médio, destacando-se abordagens práticas e estudos de caso. No Chile, a disciplina está
presente no ensino médio e em cursos universitários, utilizando métodos variados, desde aulas expositivas até
expedições de campo. As semelhanças incluem a introdução da Geomorfologia no ensino médio e a ênfase em
métodos práticos. Diferenças notáveis envolvem a autonomia regional no Brasil, a ênfase em universidades
públicas na Argentina e a presença significativa de escolas particulares no Chile. Fatores como diferenças
históricas, culturais e econômicas moldam as abordagens educacionais, enquanto políticas governamentais e
recursos disponíveis impactam a implementação do currículo.
Palavras-chave
Geomorfologia; Ensino; América do Sul; Educação Geográfica; Estudo Comparativo.
1
Mestre em Educação pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM)
Campus Uberaba.
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SILVA, Gutemberg Gomes. Um Estudo Comparativo do Ensino da Geomorfologia na América do Sul: análise dos sistemas educacionais do
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Abstract
This comparative study investigated the teaching of Geomorphology in South America, focusing on the
educational systems of Brazil, Argentina, and Chile. In Brazil, the discipline is introduced in high school,
deepening in higher education with diversified methods. In Argentina, Geomorphology is presented in advanced
levels of high school, emphasizing practical approaches and case studies. In Chile, the discipline is present in high
school and university courses, employing varied methods, from lectures to field expeditions. Similarities include
the introduction of Geomorphology in high school and an emphasis on practical methods. Notable differences
involve regional autonomy in Brazil, the emphasis on public universities in Argentina, and the significant presence
of private schools in Chile. Factors such as historical, cultural, and economic differences shape educational
approaches, while government policies and available resources impact curriculum implementation.
Keywords
Geomorphology; Teaching; South America; Geographic Education; Comparative Study.
Resumen
Este estudio comparativo investigó la enseñanza de la Geomorfología en América del Sur, centrándose en los
sistemas educativos de Brasil, Argentina y Chile. En Brasil, la escuela secundaria, en la educación superior, puede
verse de diversas maneras. En Argentina, la Geomorfología se presenta en niveles secundarios avanzados,
destacando un enfoque práctico y estudios de casos. En Chile la educación escolar y universitaria está presente,
utilizando diversas modalidades, desde conferencias magistrales hasta la realización de expediciones. Las
similitudes son la introducción de la geomorfología en la escuela secundaria y el énfasis en los métodos prácticos.
Las diferencias significativas incluyen la autonomía regional en Brasil, la importancia de las universidades
públicas en Argentina y la presencia significativa de escuelas privadas en Chile. Factores como las diferencias
históricas, culturales y económicas dan forma a los enfoques institucionales, mientras que el régimen político y
los recursos disponibles influyen en la implementación del curso.
Palabras clave
Geomorfología; Enseñanza; América del Sur; Educación Geográfica; Estudio Comparado.
Introdução
A América do Sul, marcada por sua vasta diversidade geográfica, cultural e histórica, é
um continente que abraça uma multiplicidade de nações, cada uma com seus próprios sistemas
educacionais moldados por contextos únicos. Neste cenário, a Geomorfologia, que estuda as
formas da superfície terrestre e os processos que as moldam, emerge como uma disciplina
crucial para a compreensão da dinâmica do relevo e sua influência nas características naturais
e sociais. Este artigo se propõe a empreender uma análise comparativa do ensino da
Geomorfologia em três países sul-americanos distintos: Brasil, Argentina e Chile.
No Brasil, país de dimensões continentais, a descentralização do sistema educacional
confere autonomia considerável a estados e municípios, resultando em uma diversidade de
abordagens e currículos. Nesse contexto, Haddad (2009) cita que ao considerar as dimensões
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continentais do país e a distribuição desigual da população, outras modalidades de ensino
podem contribuir significativamente para a interiorização e democratização do conhecimento.
Conforme descrito por González (2016), a Argentina possui um sistema educacional
descentralizado, com uma predominância significativa de universidades públicas, refletindo o
compromisso histórico do país em garantir a educação como um direito acessível a todos. Já o
Chile, com seu sistema educacional misto, experimenta a influência de escolas particulares e
diversas instituições de ensino superior.
O sistema educacional chileno é um exemplo de um modelo misto, onde a influência
de escolas particulares e diversas instituições de ensino superior é evidente, refletindo
as desigualdades sociais que permitem o acesso e a qualidade da educação (Diário de
uma Expatriada, 2023).
Dentro desse contexto educacional heterogêneo, a Geomorfologia assume papéis
diversos, desde sua introdução nas séries iniciais até sua exploração mais aprofundada em níveis
superiores de ensino. Compreender como cada país incorpora e transmite conhecimentos
geomorfológicos é crucial para avaliar não apenas a eficácia do sistema educacional, mas
também para contextualizar como as peculiaridades geográficas da América do Sul são
interpretadas e disseminadas.
No Brasil, a Geomorfologia é parte integrante do currículo escolar, sendo geralmente
introduzida no ensino médio (BNCC 2018). A descentralização do sistema educacional permite
adaptações locais, refletindo a vasta diversidade geográfica do país. A profundidade do ensino
varia, mas em muitas instituições, a Geomorfologia é abordada de maneira abrangente,
incluindo conceitos teóricos, atividades práticas e trabalhos de campo (BNCC 2018). A
diversidade geológica da Amazônia, as serras do sudeste e as planícies do Pantanal fornecem
amplo material para estudo, tornando a Geomorfologia uma ferramenta crucial para a
compreensão das características distintas do relevo brasileiro.
Na Argentina, o ensino da Geomorfologia ocorre em níveis mais avançados do ensino
médio. Este país sul-americano, marcado por vastas planícies, cordilheiras impressionantes e
extensas áreas áridas, oferece um terreno fértil para o estudo geomorfológico. A ênfase no
aprendizado prático é uma característica proeminente, com estudos de caso sendo uma
ferramenta pedagógica eficaz. A Geomorfologia na Argentina transcende os limites da sala de
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aula, muitas vezes levando os estudantes a expedições de campo para uma experiência direta e
imersiva na observação das formas de relevo e processos geológicos (González, 2016).
No Chile, o ensino da Geomorfologia é integrado ao currículo do ensino médio e é
continuado em cursos universitários. A diversidade geográfica chilena, com a presença da
Cordilheira dos Andes, desertos e litorais, oferece um panorama fascinante para o estudo
geomorfológico. Segundo o blog Diário de uma Expatriada (2023), o sistema de educação
superior chileno está estruturado em dois grandes subsistemas: o universitário e o técnico
profissional. O primeiro abrange instituições tradicionais, dedicadas à formação de
profissionais de nível superior, enquanto o segundo concentra-se na formação técnica e
tecnológica. Contudo, o sistema educacional misto do Chile, com forte participação de escolas
particulares, pode introduzir desafios relacionados à equidade no acesso ao conhecimento
geomorfológico. A presença de múltiplas instituições de ensino superior, desde universidades
até centros de formação técnica, também contribui para uma gama variada de abordagens
pedagógicas na Geomorfologia.
Esta introdução destaca a importância de compreender o contexto educacional
específico de cada país para, posteriormente, examinar de maneira aprofundada como a
Geomorfologia é incorporada nos sistemas de ensino. À medida que se avança neste estudo
comparativo, será possível identificar semelhanças e diferenças nas práticas educacionais,
considerando os fatores históricos, culturais e socioeconômicos que moldam o ensino da
Geomorfologia na América do Sul. Este exame proporcionará insights valiosos para aprimorar
as práticas de ensino e promover uma compreensão mais robusta e integrada da Geomorfologia
na região.
Metodologia
O estudo foi elaborado com base em uma análise comparativa do ensino de
Geomorfologia em sistemas educacionais do Brasil, Argentina e Chile. Ele utiliza uma revisão
de literatura para compreender as abordagens pedagógicas, os métodos e os contextos de ensino
da Geomorfologia nesses países, incluindo referências a fatores históricos, culturais e
econômicos que influenciam a educação.
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A metodologia adotada envolve um levantamento bibliográfico e análise documental
das práticas educacionais relacionadas ao ensino de Geomorfologia. A pesquisa bibliográfica
para este estudo foi realizada por meio de várias plataformas acadêmicas e repositórios digitais,
que ofereceu acesso a fontes relevantes sobre Geomorfologia e práticas educacionais na
América do Sul. Entre os principais, destacam-se Scielo e Redalyc, que são amplamente
utilizados para publicações latino-americanas e oferecem uma visão abrangente dos estudos na
região. O Google Acadêmico também foi uma ferramenta essencial, possibilitando o acesso a
artigos científicos e literatura acadêmica global sobre metodologias de ensino. Para conteúdos
focados em educação, o estudo recorreu ao ERIC (Centro de Informação de Recursos
Educacionais), que contém material específico sobre práticas pedagógicas. Além disso, foram
consultados repositórios de universidades como o da Universidade de São Paulo (USP) e outras
instituições da América Latina, envolvendo uma análise profunda dos currículos e métodos
aplicados ao ensino de Geomorfologia nos contextos brasileiros, argentinos e chilenos.
Os procedimentos incluem a análise dos currículos, identificando como a
Geomorfologia está inserida no sistema educacional de cada país, e a descrição das semelhanças
e diferenças nas abordagens pedagógicas. A ênfase está na análise dos métodos de ensino, como
estudos de caso, expedições de campo e o uso de tecnologia, com o objetivo de identificar as
práticas mais eficazes e seus impactos no aprendizado dos estudantes de Geomorfologia. O
estudo considera como esses métodos permitem uma compreensão prática dos conceitos
geomorfológicos, proporcionando uma conexão direta entre teoria e aplicação no mundo real.
Além disso, examina o papel de fatores históricos, culturais e econômicos na formação do
currículo, apontando como esses elementos moldam as abordagens pedagógicas específicas e
influenciam a profundidade e a equidade do ensino nos três países aplicados.
Brasil: Sistema Educacional
O sistema educacional brasileiro é caracterizado por sua descentralização e a autonomia
conferida aos estados e municípios na gestão da educação. As universidades, muitas delas
reconhecidas internacionalmente, oferecem cursos de Geomorfologia em níveis avançados,
enquanto os institutos técnicos, tal estrutura, segundo Afonso (2015), reflete a diversidade do
país, permitindo adaptações regionais e consideração das particularidades locais no
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desenvolvimento curricular. Esta descentralização está alinhada com a ideia de federalismo, um
princípio norteador na organização política do Brasil, como destacado por Bobbio (1992).
No tocante ao ensino da geomorfologia no Brasil, ela possui um papel fundamental na
formação dos estudantes, estando presente desde a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
homologada em 2017. A BNCC, em seus diferentes anos, aborda o desenvolvimento de
conceitos estruturantes do meio físico natural, como explicitado na habilidade EF08GE23:
“identificar paisagens da América Latina e associá-las aos diferentes povos da região, com base
em aspectos da geomorfologia”. Essa integração permite que os alunos desenvolvam uma
compreensão mais profunda da relação entre os seres humanos e o meio ambiente.
No âmbito da educação básica, o Brasil adota o princípio de obrigatoriedade, um marco
regulatório estabelecido na Constituição de 1988. Conforme afirma Saviani (2007), a
obrigatoriedade visa garantir a todos os cidadãos brasileiros o acesso à educação básica,
compreendendo a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Essa política
educacional representa um esforço significativo para assegurar a equidade no acesso à educação
em todo o território nacional. A autonomia dos estados, no entanto, gera uma notável variação
na qualidade do ensino entre as diferentes regiões do país. Este fenômeno é enfatizado por
autores como Freitas e Dantas (2010), que argumenta que a autonomia dos estados pode levar
a discrepâncias no currículo, na formação de professores e na infraestrutura escolar. Essas
disparidades são especialmente evidentes quando se consideram fatores socioeconômicos,
contribuindo para um quadro complexo de desigualdades educacionais.
No que se refere ao ensino superior, o Brasil possui um sistema diversificado, composto
por universidades federais e estaduais. De acordo com Ribeiro (2004), as universidades federais
desempenham um papel crucial na pesquisa e no avanço do conhecimento, enquanto as
universidades estaduais, embora também desempenhem um papel importante, podem focar
mais intensamente nas necessidades regionais. Esse modelo de ensino superior reflete a busca
por uma distribuição equitativa do conhecimento e recursos educacionais em todo o país.
A autonomia universitária, como bem demonstra Ferraro (2011), é um pilar
fundamental para a dinâmica e a qualidade do ensino superior brasileiro, conferindo às
instituições a liberdade de moldar seus projetos pedagógicos, selecionar seus docentes e
pesquisadores, e estabelecer parcerias nacionais e internacionais. Contudo, a autonomia
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também demanda responsabilidade, sendo necessário que as instituições atendam aos padrões
de qualidade estabelecidos pelos órgãos reguladores. Vale notar que a descentralização e a
autonomia no sistema educacional brasileiro refletem um constante debate sobre o equilíbrio
entre a diversidade regional e a busca por padrões nacionais de qualidade.
Autores como Paro (2017) discutem as tensões inerentes a esse equilíbrio, apontando
para a necessidade de políticas educacionais que respeitem as diferenças regionais sem
comprometer a qualidade do ensino. Em resumo, o sistema educacional brasileiro é marcado
pela descentralização e autonomia, princípios que visam atender à diversidade geográfica e
cultural do país. A obrigatoriedade da educação básica e a presença de universidades federais e
estaduais evidenciam esforços significativos para promover a equidade no acesso ao
conhecimento.
A descentralização no sistema educacional brasileiro, embora busque contemplar a
diversidade regional, enfrenta desafios significativos. Autores como Frigotto (2001) destacam
que a autonomia dos estados pode resultar em políticas educacionais fragmentadas, afetando
diretamente a coesão nacional. A falta de um padrão mínimo pode levar a discrepâncias na
qualidade do ensino e na formação de professores, aprofundando as desigualdades educacionais
já existentes. No contexto da descentralização, é importante considerar o papel dos municípios
na implementação das políticas educacionais. Arretche (2005) discute a dinâmica entre estados
e municípios, ressaltando a necessidade de uma coordenação eficiente para garantir a eficácia
das ações educacionais em nível local. O fortalecimento da gestão municipal pode ser um
caminho para superar os desafios decorrentes da descentralização, promovendo uma educação
mais alinhada às necessidades específicas de cada comunidade.
A autonomia universitária, elemento crucial no sistema de ensino superior brasileiro,
desempenha um papel vital no estímulo à pesquisa e à produção de conhecimento. Schwartzman
(2004) argumenta que a autonomia é um fator determinante para o florescimento da pesquisa
científica nas universidades brasileiras. Instituições que gozam dessa autonomia têm a liberdade
necessária para explorar áreas inovadoras e desafiar paradigmas estabelecidos. Contudo, é
necessário considerar as implicações da autonomia universitária em um contexto de
desigualdades regionais. Para Barbosa (2015) o desafio é garantir que todas as instituições,
independentemente de sua localização geográfica, tenham recursos adequados para desenvolver
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pesquisas de alta qualidade. A concentração de recursos em algumas regiões pode gerar
disparidades no acesso a oportunidades de pesquisa, prejudicando o desenvolvimento científico
equitativo em todo o país.
No âmbito das políticas públicas, a descentralização do sistema educacional brasileiro
é frequentemente associada à implementação de estratégias para fortalecer o ensino. Autores
como Paro (2017) argumentam que políticas que promovem a descentralização devem ser
acompanhadas por medidas eficazes de supervisão e avaliação, a fim de garantir a qualidade do
ensino em todas as regiões. Além disso, a descentralização exige uma abordagem holística que
considere não apenas as diferenças regionais, mas também as especificidades das comunidades
locais. Autores como Mainardes (2009) defendem a necessidade de políticas educacionais
sensíveis ao contexto cultural e social de cada região, reconhecendo a diversidade como uma
força, e não uma fraqueza, do sistema educacional brasileiro.
Argentina: Ensino Médio com Foco em Prática e Estudos de Caso
O sistema educacional argentino destaca-se por sua abordagem diferenciada no ensino
da Geomorfologia, onde a disciplina é geralmente introduzida no ensino médio. Este enfoque
peculiar busca proporcionar uma compreensão mais aprofundada e especializada das formas de
relevo e processos geológicos, alinhando-se com as características geográficas distintas da
Argentina.
Segundo González (2016), renomado pesquisador em educação na Argentina, a
introdução tardia da Geomorfologia permite que os estudantes desenvolvam habilidades
cognitivas mais avançadas antes de se aprofundarem em uma disciplina que demanda uma
compreensão complexa do ambiente terrestre. Isso também possibilita uma abordagem mais
prática e contextualizada, uma vez que os estudantes possuem uma base sólida em ciências
geográficas. A ênfase em abordagens práticas no ensino da Geomorfologia na Argentina é
notável, sendo uma estratégia pedagógica que favorece a compreensão concreta dos conceitos.
Nesse sentido, Cullen (2012), geógrafo argentino de destaque, destaca a importância de
métodos que conectem teoria e prática, promovendo uma aprendizagem mais significativa. A
Geomorfologia, ao ser apresentada por meio de estudos de caso, permite que os estudantes
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analisem diretamente as características do relevo e os processos envolvidos, aproximando a
teoria da realidade observada.
A utilização de estudos de caso na Geomorfologia argentina é respaldada pela ideia de
aprendizagem baseada em problemas (PBL), conforme abordado por Schwartzman (2015). Esta
metodologia ativa coloca os estudantes no centro do processo de aprendizado, desafiando-os a
resolver problemas reais relacionados à Geomorfologia. Dessa forma, a Geomorfologia deixa
de ser uma disciplina abstrata e passa a ser um campo de estudo com aplicabilidade direta,
preparando os estudantes para enfrentar desafios geográficos do mundo real. Além disso, a
abordagem prática da Geomorfologia na Argentina é enriquecida por atividades de campo.
Viagens de estudo, como ressalta Maldonado et al. (2019), proporcionam uma oportunidade
única para os estudantes aplicarem seus conhecimentos em ambientes reais, desenvolvendo
habilidades de observação, coleta de dados e análise in loco. Essa imersão no terreno contribui
para uma compreensão mais holística dos processos geomorfológicos e das interações entre os
elementos do relevo.
A integração de tecnologias educacionais também desempenha um papel significativo
no ensino da Geomorfologia na Argentina. Autores como García-Hernández et al. (2019)
destacam a importância de ferramentas digitais e geotecnologias para a visualização e análise
de formas de relevo. O uso de sistemas de informação geográfica (SIG) e modelagem
tridimensional contribui para uma aprendizagem mais dinâmica e interativa, aproximando os
estudantes das inovações tecnológicas na área da Geomorfologia. Em síntese, a abordagem
argentina no ensino da Geomorfologia, ao introduzir a disciplina em níveis avançados do ensino
médio, enfatiza uma compreensão mais especializada e contextualizada. A ênfase em
abordagens práticas, com destaque para estudos de caso, respaldada por pesquisadores como
Cullen (2012) proporciona uma experiência de aprendizado enriquecedora, conectando teoria e
prática de maneira eficaz. O uso integrado de atividades de campo e tecnologias educacionais
destaca a busca pela excelência no ensino da Geomorfologia na Argentina, preparando os
estudantes não apenas como espectadores, mas como participantes ativos na compreensão e
transformação do ambiente geográfico.
Chile: Sistema Educacional Misto e a Diversidade no Ensino Superior
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O Chile apresenta um sistema educacional caracterizado por uma mistura de instituições
públicas e privadas, com uma notável participação de escolas particulares. Esta dinâmica, de
acordo com González (2014), reflete uma abordagem mista que busca combinar elementos de
equidade e diversidade no acesso à educação. No contexto das escolas particulares no Chile,
Valenzuela et al. (2015) observam que a participação significativa dessas instituições pode
introduzir desafios relacionados à equidade educacional. Embora ofereçam maior autonomia e
recursos financeiros, as escolas particulares muitas vezes estão concentradas em áreas urbanas
e podem criar disparidades no acesso à educação de qualidade entre diferentes estratos sociais.
A diversidade no ensino superior chileno é evidenciada pela presença de uma variedade
de instituições, incluindo universidades e institutos técnicos. Araya et al. (2018) ressaltam a
importância dessa diversidade, que proporciona opções educacionais adaptadas às diferentes
aspirações e necessidades dos estudantes. As universidades, muitas delas reconhecidas
internacionalmente, oferecem cursos de Geomorfologia em veis avançados, enquanto os
institutos técnicos, como destacado por Maldonado et al. (2019), fornecem uma formação
prática e específica para áreas técnicas relacionadas à Geomorfologia.
No contexto da Geomorfologia, o ensino no Chile busca integrar teoria e prática,
proporcionando uma formação abrangente. Autores como Serey et al. (2017) discutem a
importância de abordagens interdisciplinares no ensino da Geomorfologia, reconhecendo que
os processos geomorfológicos muitas vezes transcendem os limites disciplinares. Essa
interdisciplinaridade é particularmente relevante em um país como o Chile, com sua diversidade
geográfica que abrange desde a Cordilheira dos Andes até regiões desérticas. A presença
significativa de escolas particulares no Chile também influencia o ensino da Geomorfologia.
Autores como Maldonado et al. (2019) analisam como as escolas particulares, ao terem maior
autonomia curricular, podem adaptar o ensino da Geomorfologia para atender às demandas
específicas de seus estudantes. Isso pode resultar em abordagens pedagógicas inovadoras, mas
também destaca a necessidade de garantir que as bases conceituais e práticas da Geomorfologia
sejam preservadas.
No âmbito do ensino superior, as universidades chilenas, conforme observado por Pino
et al. (2020), têm desempenhado um papel crucial na pesquisa geomorfológica. A produção de
conhecimento científico nessas instituições contribui para a compreensão dos processos
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geomorfológicos específicos da região, destacando a importância da pesquisa aplicada ao
ensino. A diversidade no ensino superior chileno também se reflete na oferta de programas
técnicos relacionados à Geomorfologia. Institutos técnicos, como abordado por Flores et al.
(2018), desempenham um papel fundamental na formação de profissionais prontos para atuar
em diversas áreas, como geoprocessamento e análise de riscos naturais.
Em resumo, o sistema educacional chileno, caracterizado por sua mistura de escolas
públicas e privadas, reflete a busca por equidade e diversidade. A presença significativa de
escolas particulares cria um cenário complexo, onde a equidade no acesso à educação ainda é
um desafio a ser enfrentado. A diversidade no ensino superior, abrangendo desde renomadas
universidades até institutos técnicos especializados, destaca a adaptabilidade do sistema
educacional às diferentes necessidades dos estudantes. No ensino da Geomorfologia, a
interdisciplinaridade e a pesquisa aplicada têm um papel central, enriquecendo a formação dos
estudantes e contribuindo para a compreensão dos processos geomorfológicos específicos do
Chile.
Ensino da Geomorfologia
O ensino da Geomorfologia nos países da América do Sul, como Brasil, Argentina e
Chile, reflete uma diversidade de abordagens e métodos pedagógicos, sendo moldado por
características específicas de cada sistema educacional.
Evolução dos Métodos de Ensino no Brasil: Do Ensino Fundamental ao Superior
No Brasil, a Geomorfologia é comumente introduzida de maneira mais geral durante o
ensino fundamental, proporcionando aos estudantes uma visão abrangente dos processos de
formação da superfície terrestre. Autores como Ab’Sáber (2003) ressaltam a importância de
abordagens que destaquem a diversidade geomorfológica do país, promovendo a compreensão
das peculiaridades regionais. O aprofundamento no estudo da Geomorfologia ocorre no ensino
superior, onde disciplinas especializadas são oferecidas nas universidades. Autores como Ross
(1992) discutem a relevância de uma abordagem mais aprofundada, especialmente em um país
de dimensões continentais como o Brasil, onde a diversidade de formas de relevo é vasta.
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A diversidade de métodos pedagógicos no ensino da Geomorfologia no Brasil é notável.
Aulas teóricas, laboratórios e trabalhos de campo são amplamente utilizados. Pereira (2015)
destaca a importância dos trabalhos de campo, que permitem aos estudantes vivenciar in loco
os conceitos teóricos aprendidos em sala, promovendo uma compreensão mais integrada e
aplicada da disciplina.
Argentina: Introdução no Ensino Médio com Ênfase em Abordagens Práticas
Na Argentina, a Geomorfologia assume uma abordagem distinta, sendo introduzida em
níveis avançados do ensino médio. Como discutido por González (2016), essa estratégia
permite uma especialização mais precoce, preparando os estudantes para compreenderem, de
maneira mais aprofundada, as características do relevo e os processos geológicos. A ênfase em
abordagens práticas no ensino da Geomorfologia argentino é notável. Cullen (2012) argumenta
que a Geomorfologia deve ser uma disciplina fortemente ancorada em estudos de caso,
permitindo aos estudantes aplicar os conceitos aprendidos a situações do mundo real. Essa
metodologia prática não apenas enriquece a experiência de aprendizado, mas também prepara
os estudantes para desafios no campo da Geomorfologia.
Chile: Presença no Ensino Médio e em Cursos Universitários
No Chile, a Geomorfologia está presente tanto no ensino médio quanto em cursos
universitários. Essa abordagem, como discutido por Serey et al. (2017), visa proporcionar uma
base sólida durante a educação básica e a oportunidade de especialização no ensino superior,
alinhando-se com as características de um sistema educacional diversificado. Métodos variados
são empregados no ensino da Geomorfologia no Chile. Aulas expositivas são comuns em
ambientes formais de sala de aula, enquanto expedições de campo são utilizadas para
proporcionar experiências práticas e imersivas. A importância dessas expedições é destacada
por Flores et al. (2018), que enfatizam a relevância de conectar a teoria à realidade geográfica
por meio da observação direta.
Introdução da Geomorfologia no Ensino Médio
Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, Gutemberg Gomes. Um Estudo Comparativo do Ensino da Geomorfologia na América do Sul: análise dos sistemas educacionais do
Brasil, Argentina e Chile. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25, e122506, 2025.
Submissão em: 14/05/2024. Aceito em: 19/02/2025.
ISSN: 2316-8544
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A introdução da Geomorfologia no ensino médio é uma semelhança marcante nos três
países. Essa prática é evidente no Brasil, onde a disciplina é introduzida de maneira geral,
preparando os estudantes para o aprofundamento no ensino superior. Na Argentina, a
Geomorfologia é apresentada no ensino médio, enquanto no Chile, ela está presente tanto no
ensino médio quanto em cursos universitários. O destaque dado à Geomorfologia no ensino
médio é relevante para proporcionar aos estudantes uma compreensão básica dos processos de
formação do relevo, preparando o terreno para estudos mais avançados.
A ênfase em métodos práticos, como trabalhos de campo e estudos de caso, é uma
característica compartilhada nos três países. No Brasil, a diversidade de métodos pedagógicos
inclui trabalhos de campo, laboratórios e aulas teóricas, enquanto na Argentina, os estudos de
caso são destacados como uma abordagem prática fundamental. No Chile, expedições de campo
são utilizadas para enriquecer a experiência de aprendizado em Geomorfologia. Essa ênfase em
métodos práticos reflete uma compreensão de que a Geomorfologia não pode ser totalmente
apreendida apenas por meio de teorias, mas exige uma imersão prática para uma compreensão
mais profunda e aplicada.
O Quadro 1, resume as semelhanças na introdução e nos métodos práticos utilizados no
ensino de Geomorfologia nos três países, destacando como a abordagem prática contribui para
a formação completa dos estudantes.
Quadro 1 Ensino de Geomorfologia no Ensino Médio: Estudo Comparado
Aspecto
Brasil
Argentina
Chile
Introdução da
Geomorfologia no
Ensino Médio
Presente, com abordagem
inicial e preparação para o
ensino superior
Presente,
introduzida no
ensino médio
Presente no ensino
médio e continuada em
cursos universitários
Métodos Práticos
Diversidade de métodos,
como trabalhos de campo,
laboratórios e aulas
teóricas
Estudos de caso
como prática
fundamental
Expedições de campo
para enriquecer o
aprendizado
Fonte: Elaborado pelo autor (2024).
O Quadro 2, destaca as diferenças nas abordagens educacionais de Geomorfologia nos
três países, evidenciando como fatores como autonomia regional, estrutura universitária e
presença de escolas particulares influenciam o ensino de forma diferenciada.
Quadro 2 Impacto da Autonomia no Ensino de Geomorfologia: Brasil, Argentina e Chile
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SILVA, Gutemberg Gomes. Um Estudo Comparativo do Ensino da Geomorfologia na América do Sul: análise dos sistemas educacionais do
Brasil, Argentina e Chile. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25, e122506, 2025.
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Aspecto
Argentina
Chile
Autonomia e
Variações
Regionais
Forte presença de
universidades públicas
pode impactar o
conteúdo e acesso ao
ensino
Alta presença de escolas
particulares pode gerar
desigualdades no acesso à
educação de qualidade
Fonte: Elaborado pelo autor (2024).
A educação em Geomorfologia na América do Sul é moldada por uma variedade de
fatores históricos, culturais e econômicos que diferem entre Brasil, Argentina e Chile. Segundo
Ribeiro (2004), esses fatores são essenciais para desenvolver políticas educacionais eficazes,
pois consideram as características do povo e da geografia de cada nação. Além disso, políticas
governamentais e a autonomia regional afetam diretamente a implementação do currículo em
Geomorfologia. Freitas (2010) aponta que a descentralização no Brasil, por exemplo, permite
que cada estado adote políticas educacionais específicas, resultando em variações regionais na
qualidade do ensino.
Outro fator importante é a disponibilidade de recursos e a ênfase na pesquisa, que
influenciam a profundidade do ensino de Geomorfologia. No Brasil, Schwartzman (2015)
afirma que a autonomia universitária permite uma abordagem exploratória e inovadora,
enquanto no Chile, o foco na pesquisa colabora para uma formação mais avançada dos
processos geomorfológicos.
O Quadro 3 enfatiza como fatores históricos, políticas regionais e recursos disponíveis
influenciam a abordagem educacional em Geomorfologia nos três países, revelando as
particularidades que moldam cada contexto nacional.
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Quadro 3 Fatores Influenciadores no Ensino de Geomorfologia: Brasil, Argentina e
Chile
Aspecto
Brasil
Argentina
Chile
Diferenças Históricas,
Culturais e
Econômicas
Influenciam a
formulação de políticas
descentralizadas
Influenciam políticas
de inclusão em
universidades públicas
Moldam a abordagem
educacional com participação
significativa do setor privado
Políticas
Governamentais e
Autonomia Regional
Descentralização leva a
variações regionais no
currículo
Autonomia
universitária em
universidades públicas
Políticas com forte
participação privada
impactam o acesso a recursos
educacionais
Recursos Disponíveis
e Ênfase na Pesquisa
Autonomia universitária
favorece inovações e
pesquisas
Maior acesso a
recursos em
universidades públicas
Ênfase na pesquisa
universitária aprofunda o
conhecimento em
Geomorfologia
Fonte: Elaborado pelo autor (2024).
Considerações Finais
A comparação entre o ensino da Geomorfologia no Brasil, Argentina e Chile evidencia
a complexidade do cenário educacional na América do Sul. Semelhanças indicam uma base
comum de importância atribuída à disciplina, enquanto as diferenças refletem a diversidade nas
abordagens e nos desafios enfrentados por cada país. Os fatores contribuintes, como diferenças
históricas, políticas e econômicas, destacam a necessidade de políticas educacionais adaptadas
à realidade específica de cada nação. Essa compreensão mais profunda é essencial para
promover uma educação equitativa e de qualidade em Geomorfologia em toda a região.
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