Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, João Lucas Soares. O espaço do cidadão e os espaços da bola: futebol e Milton Santos. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25,
e122511, 2025.
Submissão em: 19/09/2024. Aceito em: 24/04/2025.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons
1
SEÇÃO ARTIGOS
O espaço do cidadão e os espaços da bola:
futebol e Milton Santos
Citizen space and the ball spaces:
football and Milton Santos
Espacio ciudadano y espacios de la pelota:
el fútbol y Milton Santos
DOI: https://doi.org/10.22409/eg.v12i25.64776
João Lucas Soares Silva
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP),
São Paulo, Brasil
e-mail: joao.lucas010@gmail.com
Resumo
O esporte mais popular do mundo, o futebol, é praticado por diversas camadas sociais nos mais variados locais
sob o território brasileiro, criando identidades, laços e culturas dentro e fora de suas quatro linhas. As práticas
relacionadas a esse esporte coletivo têm importância significativa sobre o espaço urbano, com os times sendo
elementos relevantes sobre o local, bem como de suas torcidas, como demonstrações populares sobre as
arquibancadas de seus estádios. A seguinte pesquisa tem como objetivo analisar a função dos locais utilizados para
a prática do futebol tendo como base a obra e pesquisa do geógrafo brasileiro Milton Santos, tendo como
metodologia a análise do esporte como acesso ao lazer, seja ao jogar ou na prática do torcer, podendo ser um passo
para o desenvolvimento da cidadania e como uma busca de um espaço comum entre indivíduos.
Palavras-chave
Espaço Urbano; Cidadania; Futebol.
1
Graduado em Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e Mestrando
em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP).
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AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, João Lucas Soares. O espaço do cidadão e os espaços da bola: futebol e Milton Santos. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25,
e122511, 2025.
Submissão em: 19/09/2024. Aceito em: 24/04/2025.
ISSN: 2316-8544
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Abstract
The most popular sport in the world, football is played by different social classes in the most varied locations
across Brazilian territory, creating identities, bonds and cultures inside and outside its four lines. The practices
related to this collective sport have a significant importance in urban space, with the teams themselves being
relevant elements in the local area, as well as their fan bases, as popular demonstrations in the stands of their
stadiums. The following research aims to analyze the function of the places used to practice football based on the
work and research of Brazilian geographer Milton Santos, using as a methodology the analysis of sport as access
to leisure, whether playing or cheering, which can be a step towards the development of citizenship and as a search
for a common space between individuals.
Keywords
Urban Space; Citizenship; Football
Resumen
El fútbol, el deporte más popular del mundo, es practicado por diferentes clases sociales en los más variados
lugares del territorio brasileño, creando identidades, vínculos y culturas dentro y fuera de sus cuatro líneas. Las
prácticas relacionadas con este deporte colectivo tienen importancia significativa en el espacio urbano, siendo los
equipos elementos relevantes en el lugar, así como sus aficionados, como manifestaciones populares en las gradas
de sus estadios. La siguiente investigación tiene como objetivo analizar la función de los lugares utilizados para la
práctica del fútbol a partir del trabajo e investigación del geógrafo brasileño Milton Santos, utilizando como
metodología el análisis del deporte como acceso al ocio, ya sea jugar o animar. paso hacia el desarrollo de la
ciudadanía y como búsqueda de un espacio común entre los individuos.
Palabras clave
Espacio Urbano; Ciudadanía; Fútbol.
Introdução
Da prática nas ruas das mais diversas cidades até o futebol profissional realizado em
estádios e arenas, o esporte bretão
2
é parte comum do espaço urbano do Brasil. Tais locais se
moldam sobre culturas coletivas compartilhadas, com suas próprias particularidades advindas
de seus respectivos lugares, dando aos locais onde o jogo é praticado singularidades em relação
a sua união de práticas e costumes.
Tendo em vista a sua popularidade e a facilidade em adaptação do espaço para a sua
prática, o futebol veio a se tornar mais um elemento na produção da paisagem urbana brasileira,
sendo, junto da figura da igreja de matriz católica, uma presença comum em diversas cidades
do Brasil (Mascarenhas, 2012). Sendo assim, é necessário analisar o futebol como um esporte
coletivo que, no contexto brasileiro, caminha com o desenvolvimento da produção, ocupação e
uso do espaço urbano para práticas coletivas, do jogar ao torcer.
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Esporte bretão é o termo dado a esportes de origem britânica, tal qual o futebol.
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SILVA, João Lucas Soares. O espaço do cidadão e os espaços da bola: futebol e Milton Santos. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25,
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Este trabalho tem como objetivo analisar a refuncionalização dos locais utilizados para
a prática do futebol, não pela ótica esportiva, como também cultural. A análise tem como
base a obra e pesquisa do renomado geógrafo brasileiro Milton Santos, e buscou-se
compreender como o esporte pode ser um passo para o desenvolvimento da cidadania, bem
como uma busca de um espaço comum de lazer. Junto das obras de Milton Santos, o texto
também se apoia em referenciais sobre a análise da produção do espaço urbano, como Ana Fani
Carlos, e sobre futebol, como Gilmar Mascarenhas.
Para tal investigação, a pesquisa se divide entre o estudo do futebol junto ao espaço
urbano e sua atuação como um agente no exercício da cidadania. Na primeira parte, é trabalhado
como o futebol se torna um agente de mudança no espaço urbano, enquanto a segunda parte se
pauta no debate sobre a relação do esporte como uma ponte para a compreensão dos conceitos
de cidadania e coletividade.
O futebol e o espaço urbano
O espaço urbano, enquanto conjunto de interações humanas, estruturas físicas e
simbólicas, reflete a complexidade da população que a ocupa. Sua produção é um processo que
envolve uma série de atores e dinâmicas, moldando o ambiente onde se desenvolvem relações
das mais variadas, da afetiva à trabalhista. Carlos (2007, p. 45) argumenta como o processo de
produção do espaço é primordial no ato de se viver em uma cidade:
A cidade enquanto construção humana, produto social, trabalho materializado,
apresenta-se enquanto formas de ocupações. O modo de ocupação de determinado
lugar da cidade se a partir da necessidade de realização de determinada ação, seja
de produzir, consumir, habitar ou viver. [...] O ser humano necessita, para viver,
ocupar um determinado lugar no espaço. Só que o ato em si, não é meramente ocupar
uma parcela do espaço, tal ato envolve o de produzir o lugar. Essa necessidade advém
do fato de se ter que suprir as condições materiais de existência do ser humano, da
produção dos meios de vida (Carlos, 2007, p. 45).
Frequentemente situadas em locais estratégicos, as cidades surgem próximas de
recursos naturais, de rotas comerciais ou em áreas com condições favoráveis para a agricultura.
À medida que as comunidades crescem e se desenvolvem, elas transformam esses espaços
naturais em ambientes construídos, criando infraestrutura, moradia, ruas e praças.
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O processo de produção do espaço urbano é influenciado por uma variedade de fatores,
como políticas nacionais, estaduais e municipais, demandas sociais e culturais, bem como por
questões econômicas e ambientais (Lefebvre, 2001). Além disso, a produção do espaço urbano
muitas vezes produz e reproduz desigualdades sociais e econômicas. Dentre as formas de se
observar a desigualdade urbana, destaca-se o acesso ao lazer, que é mais facilmente alcançado
pelas classes mais altas, como argumenta Mascarenhas (2004):
Os bens e serviços de lazer tornam-se acessíveis apenas para uma minoria,
apresentando-se como um tipo muito específico de propriedade. Somente de posse
desse “direito”, adquirido numa relação de compra e venda efetuada no mercado, nem
sempre de modo direto, que o cidadão-consumidor, como “proprietário”, pode valer-
se do direito ao consumo, usufruindo, desfrutando, fruindo ou gozando de um
determinado complexo de experiências lúdicas proporcionadas por aquilo que
doravante convencionaremos chamar por “mercolazer”, forma contemporânea e
tendencial de manifestação do lazer como mercadoria (Mascarenhas, 2004, p. 8).
Em meio à desigualdade social presente no meio urbano, o lazer em áreas menos ricas
se manifesta de maneiras diversas. Da roda de samba aos encontros em botecos de esquina, o
lazer e exercício da cidadania no contexto periférico são compreendidos como algo além do
“mercolazer” abordado por Mascarenhas (2004), mas como algo que reforça laços. Tendo isso
em vista, a prática de esportes coletivos de fácil acesso, como o futebol e suas diversas formas
de jogar, ganha força.
A relação entre futebol e a produção do espaço urbano brasileiro é profunda, e consegue
abranger as mais variadas escalas, do jogo de rua até o nível profissional. Cada escala necessita
de uma análise própria, bem como uma reflexão sobre sua influência no espaço urbano ao qual
ela se condiciona, como argumenta Vaz (2010):
O ambiente urbano é caracterizável pelo conjunto de práticas exercidas
cotidianamente nos mesmos lugares da cidade, entretanto, os eventos observados nos
espaços públicos assumem sempre um destaque especial pelo seu caráter de espaço
de uso coletivo. Os pesquisadores da história da cidade atestam sua permanência no
tempo. A organização das práticas urbanas no território explica a forma e a estrutura
dessa ocupação, e a organização física da cidade retrata sua função básica como
dispositivo de interação e sociabilidade (Vaz, 2010, p. 29).
Adaptando-se ao espaço, e em certos casos, fazendo com que o espaço se adapte à sua
ocupação, o futebol possui as mais diversas modalidades e modelos de prática. Olhando de uma
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escala menor para uma maior, é necessário abordar por etapas, onde todas se complementam e
se correlacionam, tendo a prática do esporte como algo em comum.
Inicialmente temos o futebol bricolado, popularmente conhecido como “pelada de rua”,
passível de adaptações em seu jogo e regras devido ao seu espaço de prática, como argumenta
Campos:
A matriz bricolada se refere às práticas futebolísticas que admitem grandes variações
e adaptações das regras. Por não seguir as normas e regras oficiais do futebol
institucionalizado, tem caráter livre e informal, entretanto não incompleto. O futebol
bricolado se caracteriza por sua adaptabilidade: do número de jogadores, no campo
no qual é praticado, nos materiais utilizados, etc. [...] Conhecido popularmente com o
nome de pelada, o futebol bricolado não necessita de muitos recursos para se efetivar.
Em geral, a partida é arbitrada pelos próprios jogadores [...]. Além disto, há um ethos
próprio nas peladas, em que são valorizados os valores masculinos, o que Damo
(2007) chama de dramatização de gênero (Campos, 2009, p. 110).
A criatividade e a fácil adesão ao futebol de rua se complementam com outras escalas
de prática, essas que não ignoram a anterior, mas se complementam. Campos (2009) desenvolve
que peladas de rua possuem a capacidade de adaptação ao espaço e às condições (local da
partida, número de jogadores, divisão dos jogadores em times, etc.), tendo em vista que não
precisa de muitos recursos para ocorrer. A escola de futebol, por sua vez, ensina os conceitos
básicos e regras do esporte coletivo, exigindo um espaço mais adaptado à prática e ao
desenvolvimento de fundamentos.
Junto às escolas de futebol, outro elemento comum nos bairros brasileiros é a existência
de times amadores, com elencos compostos normalmente por trabalhadores do bairro onde o
time possui sua sede. Esses times carregam consigo as características locais, visto que são
geridos, organizados e jogados por seus moradores, atuando como agentes transformadores do
espaço, tanto física quanto culturalmente.
Aquino (2023) conclui que o time amador não se torna parte da identidade local,
como também se torna parte do lazer de seus jogadores
Dessa maneira, o Futebol Amador como mecanismo da cultura da comunidade e como
prática de lazer por aqueles que o praticam e o assistem, de fato pode ter uma relação
direta com a perspectiva de lazer definida por Marcellino (2000), no qual o tempo e a
atitude são indissociáveis na medida em que o tempo liberado do trabalho, tem
conjuntamente, uma associação com uma atividade que promova uma satisfação em
estar realizando.
Nesta perspectiva, percebe-se que a prática do Futebol Amador pelos jogadores da
equipe, é uma válvula de escape, em que o indivíduo encontra uma forma de exercer
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o lazer, para o alívio do estresse do cotidiano, sendo de igual modo, uma maneira de
se sentir ativo socialmente. Além disso, pode-se relacionar alguns motivos que
influenciam na tomada de decisão em praticar o Futebol Amador, nos quais destacam-
se: a socialização, manutenção da saúde física e psicológica e a busca da ocupação
do tempo livre (Aquino, 2023, p. 199).
Como dito por Aquino (2023) a prática do futebol amador proporciona um espaço de
sociabilidade, além de ser uma boa válvula de escape para seus jogadores e torcedores. Ao
observar a dinâmica presente em times amadores, é possível notar a existência de torcidas que
apoiam o time, uma prática muitas vezes associada apenas a times de massa, profissionais.
Ainda que em proporções mais locais, mas a presença e existência de apoiadores e torcedores
de times amadores denota a influência que essas equipes têm sobre o bairro.
Parte do processo de transformação da produção do futebol, o futebol profissional vem
da evolução do futebol amador, tendo em vista que muitos times foram fundados como
amadores e foram se profissionalizando ao longo dos anos, possuindo agora aporte financeiro
externo, não apenas interno, tornando-se de fato uma profissão, como argumenta Silva (2009):
O amadorismo e o profissionalismo nos esportes estão relacionados às
intencionalidades subjacentes a estas práticas que são atribuídas pelos indivíduos
durante o processo de esportivização. De forma geral, o primeiro enfatiza a
perspectiva de lazer, tendo no prazer e divertimento seus principais objetivos; o
segundo enfatiza a perspectiva do trabalho, tendo na busca de resultados e num meio
de sobrevivência seus objetivos principais (Silva, 2009, p. 50).
Tanto no amador como no profissional, sobretudo no segundo, aparece outro modelo de
cidadania a ser acompanhado e analisado, o torcer. Seja por times de massa, de dimensões
nacionais e, em certos casos, internacionais, quanto em times de cidades interioranas, o ato de
torcer é parte do que constrói a coletividade no futebol. Esta relação se manifesta em seu tom
mais passional, recheado de identidade sobre seus torcedores e sobre o local em que se
encontram, dentro e fora da arquibancada.
Alves e Silva (2017) relatam que as estruturas e práticas do torcer moldam uma
identidade cultural construídas ao longo do tempo:
Essas estruturas dinâmicas que constituem a identidade via práticas simbólicas de
representação, por meio das quais os significados são produzidos, é que dão sentido à
experiência do torcedor e tornam possíveis as vivências do torcer, seja ele individual
ou coletivo. Essa é uma forma pela qual os torcedores se apropriam de seu time. A
partir daí, se posicionam e constroem o status de relacionamento com os clubes de
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futebol que representam os ideais de seu grupo social, sua cidade, seus anseios,
permeiam seus discursos e seus sentimentos (Alves; Silva, 2017, p. 25).
Além disso, a rica quantidade de estádios espalhados pelo território brasileiro soma-se
às práticas do esporte, configurando-se como um fator que altera o espaço urbano, que
constroem redes de fixos (estádio e sua estrutura) que alteram os fluxos (torcedores, moradores,
etc.) (Santos, 2006). Segundo o Cadastro Nacional de Estádios de Futebol (CNEF), apurado em
2016 pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Brasil conta com 790 estádios
cadastrados, sendo 420 os que suportam até 5 mil torcedores e 11 podem receber mais de 50
mil pessoas, sendo o Maracanã o maior, com cerca de 78.838 lugares (Figura 1).
Figura 1 Final da Copa das Confederações de 2013, Brasil contra Espanha, no Maracanã
Fonte: ESPN Brasil (2013).
Considerando o importante papel que o futebol realiza no contexto brasileiro,
posicionando-se como uma ponte para o lazer e cidadania de muitos, o esporte abre debate para
relações e correlações com obras e pensamentos do espaço urbano, a exemplos de autores como
Milton Santos.
Futebol e o exercício da cidadania
Um dos principais pensadores críticos do espaço geográfico, Milton Santos possui
amplo conhecimento e debate sobre o conceito de cidadania em suas obras, operando como um
dos pilares da geografia brasileira. Tendo em vista a discussão proposta e a popularidade do
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esporte bretão, o pensamento do espaço urbano e futebol, bem como as ações realizadas são
passíveis de análise.
Santos (1996) argumenta que:
Ser cidadão [...] é ser dotado de direitos que lhe permitem não só se defrontar com o
estado, mas afrontar o estado. O indivíduo completo é aquele que tem a capacidade
de entender o mundo, a sua situação no mundo e que, se ainda não é cidadão, sabe o
que poderiam ser os seus direitos (Santos, 1996, p. 133).
O ser cidadão, como apontado por Santos (1996), deve ser dotado de direitos e com sua
autonomia desenvolvida para que saiba utilizá-los e compreender seus limites perante a sua
liberdade. Entretanto, na realidade desigual de países como o Brasil, o acesso a direitos, bem
como o exercício da cidadania, não é semelhante para todos.
Escrito durante os debates acerca da Constituição Brasileira de 1988, Milton Santos se
preocupava com o modelo de cidadania adotado na retomada da democracia sobre o espaço
brasileiro. Ainda que se aborde a ideia de cidadania como um dos cernes de sua formação e
desenvolvimento, esbarra-se nos conflitos estruturais presentes no Brasil desde sua colonização
até os dias atuais.
Com problemáticas urbanas herdadas da escravidão, e da globalização, definida por
Santos (1996, p.139) como perversa, são intensificadas as crises urbanas, ampliando e
aumentando a escassez, a miséria e a violência sobre as camadas mais pobres localizadas em
regiões periféricas de cidades brasileiras. Santos (2007) ainda questiona se a cidadania
brasileira de fato existe, tendo em vista tamanhas as desigualdades socioeconômicas
Cabem, pelo menos, duas perguntas em um país onde a figura do cidadão é tão
esquecida. Quantos habitantes, no Brasil, são cidadãos? Quantos nem sequer sabem
que não o são? O simples nascer investe o indivíduo de uma soma inalienável de
direitos, apenas pelo fato de ingressar na sociedade humana. Viver, tornar-se um ser
no mundo, é assumir, com os demais, uma herança moral, que faz de cada qual um
portador de prerrogativas sociais. Direito a um teto, à comida, à educação, à saúde, à
proteção contra o frio, a chuva, as intempéries; direito ao trabalho, à justiça, à
liberdade e a uma existência digna (Santos, 2007, p. 19).
Tais questões levantadas por Santos (2007), de como é o processo do “aprender a ser
cidadão” são debates que se seguem até os dias de hoje. Reflete-se também as condições
impostas pelo espaço sobre o indivíduo e como isso altera o seu aprendizado no que diz respeito
a se compreender como um cidadão em meio a sua cidade.
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A importância do lugar, então, vem a se destacar sobre o espaço, podendo carregar
consigo as mais diversas culturas, modos de vida e individualidades, tendo em vista as
condições materiais e simbólicas que se moldam ao entorno do indivíduo ao longo do seu
cotidiano. Santos (2006) conclui que:
No lugar - um cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas e
instituições -cooperação e conflito são a base da vida em comum. Porque cada qual
exerce uma ação própria, a vida social se individualiza; e porque a contiguidade é
criadora de comunhão, a política se territorializa, com o confronto entre organização
e espontaneidade. O lugar é o quadro de uma referência pragmática ao mundo, do qual
lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações condicionadas, mas é também o teatro
insubstituível das paixões humanas, responsáveis, através da ação comunicativa, pelas
mais diversas manifestações da espontaneidade e da criatividade (Santos, 2006, p.
218).
Tendo em vista o que é pensado por Santos (2006), pode-se pensar o espaço de exercício
da cidadania que são os campos de futebol, estádios e arquibancadas. Como dito anteriormente,
cada um possui seus modelos e peculiaridades, mas, ainda assim, se foca em uma prática
coletiva, tanto dentro quanto fora do campo onde a partidas acontecem.
Vianna (2004) argumenta que
O processo de construção da cidadania através do futebol se constrói pelo
reconhecimento e o respeito regras [sic], normas, as diferenças individuais, pelo
combate aos preconceitos, às discriminações (econômica, política, sexual, cultural...
etc.), pela participação do processo grupal, pela ampliação da consciência em relação
aos direitos e deveres e pela confiança no potencial de transformação de cada um
(Vianna, 2004, p. 5).
Como trabalhado por Vianna (2004), a cidadania desenvolvida pelo futebol se pauta
pelo respeito à luta comum contra problemáticas sociais que se apresentam, como preconceito,
discriminação, entre outros. Tais demandas coletivas, unidas pelos times pelos quais os
indivíduos torcem, compõem unidades coletivas, nas quais as torcidas organizadas (T.Os) se
encontram, no desenvolvimento da identidade e da cidadania de seus membros (Pinto, 2024).
Agremiações fundadas por torcedores, as torcidas são responsáveis por uma diferente
manifestação no que diz respeito ao ato de torcer e de se sociabilizar, possuindo força
independente ao clube (Cavalcanti; Souza; Capraro, 2013). No Brasil, as T.Os em sua maioria
são formadas e compostas por torcedores de classes mais baixas, sendo de suma importância
na construção da identidade torcedora de muitos de seus membros, da vestimenta aos seus
costumes.
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O conceito de identidade possui elementos concretos e abstratos, carregando consigo
fatores históricos e processuais em sua formação, podendo conter contradições relacionadas ao
espaço que auxiliam na compreensão de determinadas dinâmicas (Souza, 2007). Ao observar a
dinâmica das torcidas organizadas fundadas com o objetivo de dar voz ativa ao torcedor nas
decisões de seu time e reivindicar melhores condições sobre o espaço do torcer , pode-se
observar a criação de sua identidade ao torcer considerando que a torcida organizada se torna
um importante agente no ambiente futebolístico, dentro do estádio, nas arquibancadas, e fora,
em suas respectivas sedes.
Tornando-se um promotor de confraternização torcedora, a Torcida Organizada não se
isenta de contradições, como relatam Cavalcanti, Souza e Capraro (2013)
Apesar da ênfase das diretorias das TO’s no sentido de afirmar que a torcida tem como
função maior promover a sociabilidade torcedora, além do apoio e fiscalização ao
clube, é insofismável o fato de que alguns dos indivíduos que integram esses
grupamentos são promotores de atos de vandalismo e hostilidade em relação a
torcedores rivais e até mesmo contra sua própria equipe (Cavalcanti; Souza; Capraro,
2013, p. 49).
Como é dito por Cavalcanti, Souza e Capraro (2013), o espaço ocupado pela torcida
organizada possui sobre si as contradições internas e externas à sua organização. A organizada
é parte da cidade, portanto, carrega consigo as problemáticas apresentadas pelo urbano
habitado.
O desenvolvimento da identidade e da importância social da torcida organizada se
justamente em meio aos contrastes encontrados sobre a cidade. A falta de acesso a lazer e
segurança a organizada o importante papel de inclusão social sobre o espaço em que a mesma
se situa, construindo não apenas sua identidade, como também sua consciência em relação à
importância do coletivo.
Tendo como exemplo a torcida organizada do Corinthians, Gaviões da Fiel que,
segundo levantamento, se consolida como a maior do Brasil, com mais de 115 mil associados
(CNN, 2023) , é possível observar como o torcer constrói identidade, bem como a noção de
cidadania, ao reivindicar melhorias no time e o no seu espaço do torcer. Maschietto (2020)
argumenta que
Desde a criação, a ideia sempre foi além de alentar e apoiar o time independentemente
do que aconteça, como profere em um dos manifestos da torcida “os Gaviões
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nasceram pra poder reivindicar, o direito da fiel que paga ingresso sem parar”, além
de se autodeclarar a força independente do Corinthians (Maschietto, p. 13, 2020).
Fundada no dia 9 de junho de 1969, em meio ao período da ditadura militar, a Gaviões
da Fiel foi considerada até mesmo de caráter subversivo, devido ao seu interesse não apenas no
torcer, mas também de participar da vida política do clube, à época comandado há 10 anos por
Wadih Helu, deputado estadual pelo ARENA
3
(Maschietto, 2020). Desta forma, o torcer
representa a busca por melhores condições, assim também como uma luta coletiva por um
interesse em comum, sendo o time e o direito a torcer pelo mesmo.
Figura 2 Gaviões da Fiel e outros torcedores do Corinthians pedindo pela anistia de presos
políticos durante a ditadura militar durante partida contra o Santos, em fevereiro de 1979.
Fonte: Gaviões da Fiel.
A organizada, por sua vez, também possui participação em ativismos paralelos à busca
por uma melhor e democrática arquibancada, como pelo direito à cidade e a uma moradia, como
relata Maschietto (2020)
No que diz respeito à participação e à relação com movimentos sociais, tem-se na
macropolítica desde os anos 1990 o apoio da Gaviões a candidatos em pleitos
municipais e estaduais, elegendo vereadores e deputados. Fora isso, também o
envolvimento de lideranças da torcida com movimentos sociais como o MST
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Partido Aliança Renovadora Nacional, criado e ativo durante a ditadura, tendo como objeto dar sustentação
política ao regime.
Ensaios de Geografia
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AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SILVA, João Lucas Soares. O espaço do cidadão e os espaços da bola: futebol e Milton Santos. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25,
e122511, 2025.
Submissão em: 19/09/2024. Aceito em: 24/04/2025.
ISSN: 2316-8544
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(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a CUT (Central Única dos
Trabalhadores) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), aderindo a
manifestações populares, como nas Jornadas de Junho de 2013, à defesa ao direito de
greve de professores, entre outras categorias de profissionais (Maschietto, 2020, p.
20).
As lutas pela cidadania no futebol não se restringem apenas ao espaço destinado aos seus
torcedores. Durante o início da década de 1980, entre 1982 e 1984, o Corinthians veio a
protagonizar dentro das quatro linhas um movimento advindo de seus jogadores, chamado
“Democracia Corinthiana” (Figura 3).
Figura 3 Elenco do Corinthians durante a Democracia Corinthiana, 1982
Fonte: Revista Placar (2011)
Segundo Martins e Reis (2014),
A Democracia Corinthiana pode ser entendida como elemento de questionamento do
autoritarismo e do paternalismo no futebol, na medida em que servia como espaço de
contraponto à hierarquização presente na arena esportiva, que impedia que o jogador
pudesse comandar a própria vida. (Martins; Reis, 2014, p. 431)
A busca pelo direito à autonomia, junto da democratização de decisões internas do clube
é parte do que faz o movimento ser considerado radical em meio a classe atuante, como
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argumenta um dos principais líderes do movimento, Sócrates, em livro junto a Gozzi (2002)
que
Por tradição, o futebol brasileiro é meio retrógrado e paternalista. Apegados ao poder,
os dirigentes dos clubes e federações procuraram alienar os jogadores e tratá-los como
escravos. Desde que Charles Miller introduziu o futebol no Brasil, poucos foram os
momentos nos quais os jogadores lutaram por melhores condições de trabalho. Mais
raras ainda foram as lutas das quais os atletas saíram vitoriosos. Em um país como o
Brasil, dificilmente o jogador de futebol é tratado como profissional e cidadão, com
direitos e deveres, com liberdade e responsabilidade (Sócrates; Gozzi, 2002, p. 18).
Importantes inclusive para o processo de redemocratização do Brasil, os jogadores
daquele elenco (com destaque para Sócrates, Wladimir e Walter Casagrande) foram ícones da
retomada do uso da democracia no vocabulário brasileiro. O time bicampeão paulista (anos de
1982 e 1983) unia um anseio popular demonstrado pelas arquibancadas (como mostrado na
figura 2 anteriormente) com belo futebol, marcando a relação, muitas vezes negada, de que o
que ocorre dentro das quatro linhas se relaciona com o que ocorre fora de campo.
Sendo assim, o futebol é um esporte que se condiciona a ser também uma prática pelo
espaço do cidadão devido a sua popularidade e a sua presença na vida de muitos indivíduos,
tanto no Brasil quanto em outros países. A popularidade e grande abrangência sobre o espaço
brasileiro faz com que o esporte seja uma ponte para debates como a cidadania e os direitos ao
espaço de lazer, como era idealizado por Milton Santos como o ideal para o cidadão brasileiro.
Considerações finais
Na obra de Milton Santos, destaca-se a análise crítica das desigualdades socioespaciais
geradas pelo capitalismo, especialmente em contextos marcados pelo que se convencionou
chamar de “terceiro mundo”. Em O Espaço do Cidadão, o autor propõe uma reflexão sobre a
relação entre o indivíduo e o espaço cotidiano, formulando uma concepção de cidadania que se
expressa nas práticas e na forma como o sujeito se posiciona e atua na cidade.
A perspectiva de Santos sobre a cidadania pode ter os mais diversos recortes perante a
sociedade brasileira, das escolhidas, a prática futebolística veio a ser a preferida dada a sua
popularidade e capacidade de alteração do espaço urbano brasileiro. Em suas mais diversas
práticas, o jogo de futebol, dentro e fora de campo, é responsável por parte considerável do que
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Milton Santos apontaria como não apenas identidade ou lazer, mas exercício da própria
cidadania.
Com padrões que vão do questionamento do espaço de prática como lazer sob o espaço
habitado até o questionamento de dinâmicas sociais perante a questões estruturais como o
racismo e o papel e posicionamento do estado, o futebol ao brasileiro um vislumbre de um
intermediador do acesso à cidadania, que integra e identidade, e, portanto, o espaço ao
questionar e ao viver e conviver coletivamente, dentro e fora de jogo.
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