Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
DO VALE, Beatriz Carvalhal Berla. s na rua: contrastes e perspectivas. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25, e122514, 2025.
Submissão em: 22/11/2024. Aceito em: 09/05/2025.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons
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SEÇÃO VISUALIDADES
Nós Na rua:
contrastes e perspectivas
Us on the street:
contrasts and perspectives
Nosotros en la calle:
contrastes y perspectivas
Beatriz Carvalhal Berla do Vale
1
Universidade Federal Fluminense (UFF),
Rio de Janeiro, Brasil
e-mail: berladovale@gmail.com
A subjetividade como objeto de estudo
Vivemos em uma realidade marcada pelo excesso de estímulos e informações que
fragmentam nossa percepção e dificultam a compreensão das relações mais profundas entre
sociedade e espaço (Santos, 2021). No contexto urbano, essa fragmentação se intensifica e se
reflete na sobreposição de camadas visíveis e invisíveis da realidade, nas quais coexistem
desigualdades materiais e experiências subjetivas. Aqui, os contrastes são lidos como
expressões do território, este marcado por desigualdades espaciais e dinâmicas de poder,
enquanto as perspectivas remetem à dimensão do lugar que se constrói na relação sensível e
vivida com o espaço (Tuan, 2018).
A fotografia, ao capturar um instante específico, não apenas registra a materialidade do
espaço, mas também instiga a reflexão sobre suas dinâmicas socioespaciais e simbólicas. Essa
abordagem se insere no contexto da Virada Visual da Geografia, movimento que, de acordo
com Hollman e Lois (2015), amplia o uso da imagem para além de seu emprego como recurso
ilustrativo, reconhecendo-a como objeto de estudo que permite questionar as múltiplas formas
de produção do espaço. Essas mesmas autoras propõem uma análise crítica que, além de
1
Bacharel e Licenciada em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Atualmente cursa o mestrado
pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (POSGEO/UFF).
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observar o que está registrado, também considera o contexto e as escolhas do autor, destacando
a importância de se interrogar o processo de obtenção da imagem e os elementos subjetivos que
a constituem (Hollman; Lois, 2015). No espaço público, essas interações se intensificam (Costa
Gomes, 2013), uma vez que cada corpo presente nele, visível ou não, carrega histórias,
exclusões e pertencimentos que moldam sua relação com o espaço.
Justificativa
Se a fotografia pode não apenas registrar, mas também questionar o espaço e as relações
que o moldam, torna-se essencial considerar a subjetividade envolvida tanto na captura quanto
na composição das imagens. Este ensaio adota uma abordagem visual e textual para analisar a
produção do espaço utilizando a fotografia como ferramenta metodológica e objeto de reflexão
crítica. Busca-se contribuir para o debate sobre a produção do espaço ao integrar camadas
subjetivas às discussões sobre materialidade e organização socioespacial. Além da contribuição
teórica, este esforço justifica-se pelo potencial da fotografia como um meio de dar visibilidade
às relações entre corpo e espaço, ampliando a compreensão para além das grandes estruturas e
evidenciando as experiências individuais que compõem o tecido urbano e rural.
Cada fotografia é acompanhada por uma breve descrição e um texto reflexivo curto, nos
quais o enquadramento, o momento e o tom revelam contrastes espaciais e evidenciam tanto a
singularidade das experiências nos espaços retratados quanto a subjetividade do olhar que os
captura. As reflexões transitam entre a poesia e a crítica, sugerindo questionamentos que
entrelaçam desigualdades materiais, vivências individuais e a intencionalidade da autoria.
Assim, o ensaio não pretende apresentar conclusões fechadas, mas convidar o leitor a construir
sua própria interpretação crítica, interrogando o espaço como experiência e conectando as
escalas geográficas às vivências internas de cada corpo.
As imagens, registradas entre 2016 e 2023 em contextos espaciais distintos Estados
Unidos, Brasil e Índia foram inicialmente capturadas fora de um contexto acadêmico. No
entanto, ao revisá-las à luz do pensamento geográfico e de autores como Santos, Tuan e Han,
essas imagens se conectam a um debate mais amplo sobre espaço e subjetividade. As reflexões
que as acompanham combinam referenciais teóricos com considerações pessoais, como no caso
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da Figura 4, da vila Dalit, cujas observações e interações diretas com moradores que falavam
inglês informam a descrição.
A sequência das nove imagens segue um ordenamento pensado para guiar a reflexão. A
primeira problematiza o papel de cada corpo em um mundo saturado de estímulos, enquanto
relembra, em primeira pessoa, a subjetividade da autoria. Em seguida, duas imagens sinalizam
contrastes urbanos, destacando desigualdades visíveis e dinâmicas invisíveis que estruturam a
experiência do espaço. A Figura 4 amplia a análise para o espaço rural, mas sugere que os
distanciamentos podem passar despercebidos por uma mirada superficial. As duas fotografias
subsequentes adentram a relação entre o espaço e a subjetividade de cada corpo, indicando que
o espaço é atravessado por ações individuais e coletivas. As duas últimas tratam de esperanças
que emergem da relação entre território, paisagem e lugar. O ensaio se encerra com uma
perspectiva ampliada sobre as contradições e fragilidades da materialidade, convidando à
reflexão sobre a existência humana. Dessa maneira, retorna-se ao ponto de partida: a
subjetividade, evocando o olhar coletivo para as diferentes dimensões que atravessam e
compõem cada corpo.
Para enriquecer a experiência interpretativa, sugerimos a música Eu na Rua, de Antonio
Pinto, que serviu como inspiração para o título deste ensaio. A canção é trilha sonora do filme
Nine Days (Nove Dias), escrito e dirigido pelo brasileiro Edson Oda, filme este que explora
temas como a visão do mundo através dos olhos de outras pessoas, a escolha de quem terá a
chance de viver e a esperança como alternativa em um cenário de injustiças questões que
ressoam com os temas deste ensaio e acompanham o ordenamento das imagens. A letra da
música acompanha a última fotografia.
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Figura 1. Times Square, Nova York: painéis luminosos dominam a cena, contrastando com silhuetas de
pedestres vestidos de preto. Carros em movimento aparecem desfocados, enquanto os faróis estouram em meio
ao excesso de luz. Nova York, Estados Unidos, 28 nov. 2016. Fonte: autoria própria.
Primeira pessoa.
Realmente sinto a dificuldade de focar. As tantas luzes, imagens e corpos nos painéis
acima de mim chamam a minha atenção. Eles precisam da minha atenção para estarem ali, sem
meu olhar, eles não têm sentido de existir. Dessa maneira, sendo expectador, também sou ator
essencial nesse espetáculo. Assim como as milhares de pessoas que passam ali todos os dias. E
quem são essas pessoas que são tão importantes quanto eu? Não sei. Como poderia notá-las se
é para as telas que direciono o olhar? Se são as luzes que fazem os olhos brilharem? Eu, que
deveria ser até diretor, passo a mero consumidor deste encenar.
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Figura 2: Vista do Morro da Conceição, Rio de Janeiro, abrangendo da Central do Brasil ao Morro da
Providência. No primeiro plano, bananeiras e árvores emolduram a cena discretamente; ao fundo, o maciço da
Tijuca. Entre esses extremos, a paisagem urbana se desenha em construções de diferentes estilos.
Rio de Janeiro, Brasil, 6 jul. 2017. Fonte: autoria própria.
Entre montanhas, mangues, águas doces e salgadas, a cidade foi construindo suas
peculiaridades, contrastando o novo com o antigo, o rico com o pobre, a natureza com o
concreto, o morro com o asfalto. A violência histórica permeia a urbanização, especulando
alguns solos enquanto marginaliza outros, privilegiando certos sujeitos enquanto subalterniza
outros, concretizando-se nas disparidades do espaço e nas tensões sociais. Mas, ao lado da
herança de uma amarga historicidade, também pulsa uma cultura latente, tecendo cotidiano e
resistência entre as fissuras da cidade.
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Figura 3: Ciclovia na Avenida Paulista, São Paulo. Um ciclista, entregador de aplicativo, ocupa a faixa central.
Carros e edifícios altos em tons de cinza margeiam a cena.
São Paulo, Brasil, 3 dez. 2019. Fonte: autoria própria.
A sociedade do cansaço (Han, 2015) transforma a liberdade numa corrida sem fim.
Vende-se a ideia de que tudo é possível, basta empenhar-se e produzir sem parar
mercadorias, informações, necessidades. Enquanto isso, a desigualdade persiste, agora vestida
de autoexploração, enquanto os privilégios são mantidos. A urbanização se inscreve no
contraste: a precarização do trabalho convive com a especulação do solo urbano. Percorre-se a
cidade como se a jornada fosse autônoma, mas o caminho está traçado por um mapa invisível
de expectativas vendidas.
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Figura 4: Estrada de terra cortando a paisagem e separando duas vilas rurais em Pudukkottai, Tamil Nadu.
Pudukkottai, Índia, 11 fev. 2020. Fonte: autoria própria.
Muito mais que uma estrada. Abandona-se o asfalto para pisar na terra seca. À esquerda,
casas muradas, com quintais vastos, onde uma ou duas vacas pastam. À direita, casas pequenas
e sem muros para separar o que se confunde com o próximo. Algumas são coloridas, de pais
cujos filhos partiram para a cidade. Outras, de um único cômodo, abrigam famílias inteiras sem
sequer um banheiro. O espaço conta a história de uma hierarquia antiga, revelando a separação.
À direita se localiza uma vila Dalit, onde o que une as pessoas é a condição comum de
pertencerem a um grupo cujo toque a sociedade rejeita. Os “intocáveis” nem uma casta são
estão abaixo do que o sistema reconhece. Embora esse sistema tenha sido abolido por lei, sua
sombra permanece, especialmente nos recantos mais tradicionais. Nessa estrada, as marcas da
exclusão e desigualdade continuam a delinear limites visíveis e invisíveis, se estendendo do
território à negação do toque e da troca de olhares. É a geografia do corpo, da identidade, e da
perpetuação de um sistema que persiste nos recantos das cidades e das estradas de terra.
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Figura 5: Em primeiro plano, uma mulher vestindo tons frios varre o chão do Patrika Gate, em Jaipur, Rajastão.
Na parte superior, o monumento turístico se destaca com paredes e arcos adornados em artes coloridas.
Jaipur, Índia, 11 de fev. 2021. Fonte: autoria própria.
Quando se iniciou a separação? A separação entre o produto e quem o produz, entre
quem cuida e quem usufrui? Essas divisões, enraizadas em causas históricas e políticas, se
estendem no tempo e encontram no espaço sua mediação e materialização. No entanto, no
campo da subjetividade, questiona-se: qual parte, em cada ser, ainda alimenta esse abismo?
Onde nasce, no íntimo de cada corpo, a aceitação silenciosa de um mundo que dissocia o
trabalho do direito de vivenciar o que ele constrói? O que persiste no mundo existe porque ainda
habita no ser.
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Figura 6: Em um centro comercial em Jaipur, Rajastão, mulheres vestem roupas coloridas, algumas com lenços
na cabeça e máscaras. Jaipur, Índia, 9 de fev. 2021. Fonte: autoria própria.
Mesmo em tempos de pandemia, a atmosfera pode carregar algo até mais letal que um
vírus: a homogeneização da experiência humana. Como único ambiente feito por e para
humanos (Tuan, 1975), a cidade se constrói além da sua materialidade, pulsando significados e
subjetividades. Cada indivíduo, um lugar e um mundo (Santos, 1996). A leitura do território
revela a organização das relações sociais, enquanto a complexidade de cada corpo gera
dinâmicas de interação e pertencimento, constituindo lugares. Para cada um, o espaço urbano é
tanto um reflexo da sua singularidade, ao imprimir ali fragmentos de si, como condição para tal
existir.
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Figura 7: Vista do interior de uma residência. Em primeiro plano, uma grade desfocada; ao fundo, carros e
árvores em tons escuros sob um céu alaranjado e acinzentado de entardecer.
São José dos Campos, Brasil, 21 nov. 2023. Fonte: autoria própria.
prisões visíveis e invisíveis ao redor de cada ser. prisões invisíveis dentro de cada
ser. Se existir coragem e humildade para admitir essas existências, admite-se também a
possibilidade de sua antítese: a beleza das sutilezas e a grandiosidade da esperança no horizonte.
luz mesmo em espaços limitados e. talvez, seja nos pequenos vislumbres de infinito que
reside a maior chance de sobreviver às amarras do passado.
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Figura 8: É domingo. Do interior de um velho ônibus, uma menina segura a barra da janela enquanto olha para
fora. A paisagem além do vidro está desfocada, mas reflete a cor verde do parque que se aproxima.
Mumbai, Índia, 27. jan. 2020. Fonte: autoria própria.
Um olhar que atravessa limites, enxerga um mundo além das barreiras. As pequenas
mãos são contidas pelas grades, simbolizando o presente condicionado, porém ignorado, pois
o olhar se lança ao que está por vir e carrega o que ainda não foi reprimido: a alegria de ansiar
pelo que vem à frente. Ela o que muitos deixaram de perceber: as possibilidades do ordinário.
A infância pode também inspirar: por ainda desconhecer as fronteiras a serem atravessadas,
convida à descoberta, à possibilidade e à pureza da esperança que ainda se expressa.
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Figura 9: Fotografia tirada do convés da balsa para Staten Island. Em primeiro plano, na parte superior, uma
gaivota olha para baixo. Abaixo, o mar se estende até o horizonte, onde a silhueta de Nova York se ergue ao
fundo, com a Estátua da Liberdade no centro. Nova York, Estados Unidos, 1 jan. 2017. Fonte: autoria própria.
Vento frio da travessia, barulho ritmado da água contra a embarcação. No alto, uma
gaivota paira, indiferente ao frenesi urbano que pulsa atrás dela. Para onde se volta seu olhar:
para a cidade que se impõe ou para o vazio que ela tenta preencher?
Olhando de cima, refletimos se grande parte disso não passa de uma expressão de
profunda carência interna. A liberdade é filha da simplicidade; a acumulação, do vazio da
existência.
Eu na Rua (Pinto, 2020):
Como gaivota, estás perdido em alto mar
O silêncio toca e que acaba de chegar
Passa o tempo
E me esqueço onde estou
São as cores minhas dores, que eu quero encontrar
[Refrão]
Eu na rua
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Me despeço com um beijo e te convido a passear
Eu na rua
Me despeço com um beijo e te convido a passear
Como gaivota, estás perdido em alto mar
O silêncio toca e que acaba de chegar
Teu sorriso ilumina a solidão
Me conduz há esperança
Quando penso que não estás
Passa o tempo
E me esqueço onde estou
São as cores minhas dores, que eu quero encontrar
Os sabores que me restam encontrar
Estão brincando em minha mente quando eu penso que não estás
Tuas mãos se despedem ao passar
Tendo a vida que sonhavas nessa terra e nesse mar
[Refrão]
Referências
COSTA GOMES, P. C. da. O lugar do olhar: elementos para uma geografia da visibilidade.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.
HAN, B-C. Sociedade do Cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Editora
Vozes, 2015.
HOLLMAN, V.; LOIS, C. Geo-grafias. Imágenes e instrucción visual en la geografia escolar.
Buenos Aires: Paidós.
PINTO, A. Eu na Rua. Trilha sonora do filme Nine Days. Estados Unidos: Sony Music
Entertainment, 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2oORHRQdUNU.
Acesso em: 19 nov. 2024.
SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. 2. reimp. São
Paulo: Edusp, 2006.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 32.
ed. - Rio de Janeiro: Record, 2021.
TUAN, Y-F. Lugar: uma perspectiva experiencial. Geograficidade, v. 8, n. 1, p. 4-15, 2018.