Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
LIMA, Fernando da Cruz. Interações entre a Atividade Solar e as Influências Antropogênicas no Clima da Terra. Ensaios de Geografia.
Niterói, vol. 12, nº 25, e122515, 2025.
Submissão em: 09/03/2025. Aceito em: 22/05/2025.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons
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SEÇÃO ARTIGOS
Interações entre a Atividade Solar e as Influências Antropogênicas no Clima da Terra
Interactions Between Solar Activity and Anthropogenic Influences on Earths Climate
Interacciones entre la Actividad Solar y las Influencias Antropogénicas en el Clima de la
Tierra
DOI: https://doi.org/10.22409/eg.v12i25.66877
Fernando da Cruz Lima
1
Universidade de São Paulo (USP),
São Paulo, Brasil
e-mail: fernandocruz.lima@hotmail.com
Resumo
Este artigo analisa a variabilidade climática ao longo dos últimos mil anos, com ênfase na contribuição do Sol para
o aquecimento global nas últimas décadas. Ao explorar questões históricas e práticas relacionadas ao papel do Sol
no clima da Terra, examinando evidências em torno dessa hipótese, argumenta-se que, embora o Sol tenha um
papel significativo na variabilidade climática, outros fatores antropogênicos emergem como os principais
impulsionadores do aquecimento global recente. Diante disso, os objetivos almejados foram: I) Investigar a
contribuição do Sol para a variabilidade climática ao longo do último milênio; II) Avaliar e examinar os principais
impulsionadores do aquecimento global recente. Metodologicamente, o estudo adotou uma abordagem qualitativa
a fim de proporcionar uma análise detalhada e interpretativa dos fenômenos para compreender essas estruturas. O
estudo conclui que, embora o Sol exerça uma influência significativa no clima terrestre por meio de diversos
fatores, as ações humanas, em conjunto com os processos naturais, interagem de forma sinérgica e cumulativa,
contribuindo para as mudanças climáticas no planeta.
Palavras-Chave
Mudanças Climáticas; Variação Climática; Holoceno; Sol.
1
Graduado em Turismo pela UNEB. Mestre em Ciências e Tecnologias Ambientais pela UFSB/IFBA, com
pesquisa financiada pela FAPESB. Integra o grupo de pesquisa Direito, Justiça e Mudanças Normativas.
Doutorando em Sustentabilidade pela Escola de Artes Ciências e Humanidades da USP, com foco em políticas
públicas e conservação ambiental, com pesquisa financiada pela CAPES.
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Abstract
This article examines climate variability over the last thousand years, focusing on the Suns contribution to global
warming in recent decades. Through an exploration of historical and practical issues concerning the Suns
influence on the Earths climate, and an examination of the evidence supporting this theory, the article argues that,
while the Sun undoubtedly plays a significant role in climate variability, anthropogenic factors have emerged as
the primary drivers of recent global warming. The objectives pursued were: 1) to investigate the Suns contribution
to climate variability over the last millennium, and 2) to evaluate the main drivers of recent global warming.
Methodologically, a qualitative approach was adopted to provide a detailed, interpretative analysis of the
phenomena and understand these structures. The study concludes that, while the Sun exerts a significant influence
on the Earths climate through various factors, human actions interact synergistically and cumulatively with natural
processes to contribute to climate change on the planet.
Keywords
Climate Change; Climate Variability; Holocene; Sun.
Resumen
Este artículo examina la variabilidad del clima en los últimos mil años, centrándose en la contribución del Sol al
calentamiento global en las últimas décadas. Mediante una exploración de cuestiones históricas y prácticas
relativas a la influencia del Sol en el clima de la Tierra, y un examen de las pruebas que apoyan esta teoría, el
artículo sostiene que, aunque el Sol desempeña sin duda un papel significativo en la variabilidad climática, los
factores antropogénicos se han erigido en los principales impulsores del reciente calentamiento global. Los
objetivos perseguidos eran: 1) investigar la contribución del Sol a la variabilidad climática durante el último
milenio, y 2) evaluar los principales impulsores del reciente calentamiento global. Metodológicamente, se adoptó
un enfoque cualitativo para proporcionar un análisis detallado e interpretativo de los fenómenos y comprender
estas estructuras. El estudio concluye que, si bien el Sol ejerce una influencia significativa en el clima de la Tierra
a través de diversos factores, las acciones humanas interactúan de forma sinérgica y acumulativa con los procesos
naturales para contribuir al cambio climático del planeta.
Palabras Clave
Cambio Climático; Variabilidad Climática; Holoceno; Sol.
Introdução
Nos últimos mil anos, o planeta experimentou períodos de aquecimento e resfriamento
que afetaram diferentes regiões de maneiras distintas. Essa variabilidade climática tem sido
registrada e documentada por meio de diversas fontes de dados, reconstruções climáticas por
proxies, como registros paleoclimáticos, evidências arqueológicas e documentos históricos, a
fim de mapear o comportamento do clima e seus possíveis efeitos futuros para a humanidade
(Mock; Barkerb, 2013).
Desta maneira, este artigo tece considerações em torno das variabilidades climática,
analisadas aqui dentro do contexto do aquecimento global e das mudanças na dinâmica
climática global. Assim, os objetivos deste estudo são: I) investigar a contribuição do Sol para
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a variabilidade climática ao longo do último milênio; II) avaliar e examinar os principais
impulsionadores do aquecimento global recente.
A metodologia da pesquisa adotou uma abordagem qualitativa a fim de proporcionar
uma análise detalhada e interpretativa dos fenômenos sem que necessariamente sejam utilizados
dados estatísticos. Para compreender essas estruturas, a natureza da pesquisa se configura como
básica, ou seja, sem aplicação direta e imediata para resolver problemas práticos, ganhando um
caráter teórico, tornando os procedimentos técnicos bibliográficos e documentais fundamentais
nesse processo.
Assim, são abordadas diretamente, entre os tópicos, as interações entre o clima, a
atmosfera e o Sol na configuração atual dos elementos climáticos. Além disso, é desenvolvida
uma revisão sobre os efeitos antropogênicos no aquecimento global, explicando de que forma
esses fatores tem afetado o clima.
Ao mesmo tempo, um balanço cronológico das principais movimentações do clima ao
longo dede mil anos foi constituído utilizando diversos autores de referência que abordam a
temática em questão, como Ayoade (1996), Fagan (2002), Ruddiman (2013), Marques (2018).
Esses autores foram escolhidos por traçarem importantes discussões por meio de informações
catalogadas da história das variações climáticas, relacionando essas transformações com os
impactos na vida dos seres vivos.
Influência Solar no Clima e Interações Atmosféricas
O Sol é uma estrela de tamanho médio em comparação com outros corpos celestes de
mesma natureza. Ele é indiscutivelmente um dos elementos mais importantes para a vida
terrestre, emitindo aproximadamente 56x10²⁶ de calorias de energia, das quais o planeta faz uso
de cerca de 2,55x10¹⁸ (Ayoade, 1996; Spiro; Stigliani, 2009; Almeida, 2016) e sendo
caracterizada por sua estabilidade e equilíbrio entre a força da gravidade e a pressão gerada pela
fusão nuclear em seu núcleo.
Por muito tempo, acreditava-se que o Sol era um corpo emissor constante de energia
sem variações em sua estrutura. Contudo, em 1843, o astrônomo Samuel Heinrich Schwabe
descobriu variações nas manchas solares (regiões mais frias na superfície do Sol) que ocorriam
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em ciclos de onze anos, provando que podem existir mudanças no comportamento desse corpo
celeste (Oliveira; Vecchia., 2017). Essa descoberta foi nomeada de Ciclos de Schwabe.
Análises de satélites tornam possível caracterizar períodos nos quais surgem mais ou
menos manchas solares. Quando existem quantidades elevadas de manchas no Sol, -se o
nome de máxima solar, e, quando o inverso ocorre, mínima solar. Pesquisadores como Oliveira
e Vecchia (2017) e Scafetta (2010) discorrem que a atividade solar sofre influências diretas de
outros planetas como Júpiter e Saturno nos seus períodos orbitais, tal qual os ciclos lunares de
9,1 anos, provocando o surgimento das manchas por conta da alta intensidade magnética, que
cria tampões na fotosfera (região observável mais interna das estrelas) interferindo na liberação
de calor.
Diante dos fatos, é relevante inferir que o Sol, por meio dos efeitos causados por outros
corpos celestes, não permanece estático em relação ao centro de massa do Sistema Solar. Nesse
sentido, corroborando o ponto anteriormente mencionado, torna-se perceptível o fenômeno da
inércia solar, no qual, segundo Oliveira e Vecchia, (2017) o campo magnético do Sol resiste às
forças gravitacionais de outros corpos, sempre retornando ao ponto de referência orbital inicial.
Isso significa que, mesmo que o Sol se desloque de seu centro de referência, ele sempre
retornará à posição inicial (Figura 1).
Conhecido como Ciclo de Jose, o movimento do Sol segue um trajeto irregular
(Oliveira; Vecchia, 2017), o qual retorna ao ponto inicial a cada 179 anos. Toda essa dinâmica
convergiu para evidências de que o clima na Terra também sofre mutações impulsionadas por
reações magnéticas e torques gravitacionais, levando às eras glaciais e interglaciais.
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Figura 1 Movimentos do Sol em torno do centro de massa observados entre 1945 e 2010.
Fonte: Oliveira; Vecchia (2017).
No ano de 1930, o cientista Milutin Milankovitch defendeu a premissa de que a
intensidade da insolação está intrinsecamente ligada à latitude. Milankovitch sugeriu que, nas
regiões polares, os raios solares atingem a superfície em um ângulo mais inclinado, resultando
em menor intensidade de insolação, enquanto nas regiões mais próximas ao equador a radiação
solar incide de maneira mais direta, aumentando a intensidade da insolação, o que provoca
extremos sazonais mais pronunciados, com invernos muito escuros e verões muito claros em
regiões próximas aos polos em decorrência da obliquidade. O ciclo de inclinação do eixo da
Terra em relação ao plano de sua órbita ao redor do Sol se daria aproximadamente a cada 41
mil anos.
Partindo dessa teoria, foi possível estabelecer as causas das alternâncias entre os
períodos glaciais. As alterações na insolação e a ocorrência de eras glaciais decorrem
diretamente das variações nos ciclos orbitais da Terra (Silva, 2007). Para alcançar essa
conclusão, utilizou-se uma medição em distintas latitudes de 600 mil anos AC a 1800 DC
(Oliveira; Vecchia, 2017; Steinke, 2012).
É possível que, em função da diminuição da radiação solar, nos meses de verão
atipicamente frios, haja uma redução do derretimento das geleiras nas latitudes mais altas, e,
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posteriormente, quando é inverno, haveria um aumento das camadas de gelo, reduzindo a
absorção de calor nas estações subsequentes (Steinke, 2012).
Tais eventos, segundo a teoria de Milankovitch, ocorrem quando a distância entre o
planeta e o Sol é maior (período de precessão, com ciclos de 22 mil anos). Em períodos de
excentricidade máxima, quando a Terra, assim como o Sol no momento de afélio, excede os
limites normais e a obliquidade é mínima, ocorre uma quase ausência de contraste entre o verão
e o inverno, denotando uma maior discrepância nas zonas climáticas latitudinais.
Diante disso, foi possível compreender de forma geral que os ciclos solares influem
diretamente no comportamento do clima na Terra, por meio de distintos fenômenos descobertos
ao longo do tempo. A partir das considerações realizadas, é fundamental analisar a interação do
ambiente planetário terrestre e o Sol através da radiação emitida.
Atualmente, a ciência considera três processos relacionados à radiação recebida e
emitida. Como exemplo (Oliveira; Vecchia, 2017), estabelece três camadas.
1. Emissão da radiação: fator primário determinado por variações solares, como os
ciclos solares de Schwabe e outros. 2. Recepção da radiação: fator secundário
determinado por variações da posição terrestre em relação ao Sol, conforme
observado nos ciclos diários, ciclos anuais e ciclos de Milankovitch. 3. Reflexão,
absorção, distribuição do calor e reemissão da radiação: fator terciário determinado
por alterações da composição atmosférica (gases de efeito estufa e nuvens), do
modelado da superfície terrestre (uso dos solos) e dos oceanos (circulação oceânica).
Cada um desses elementos será analisado de forma integrada nos tópicos seguintes.
Primeiramente, ainda nesse contexto, é importante salientar que a maioria dessa energia solar
irradiada que atinge a superfície do orbe é reenviada para a atmosfera (Figura 2) através da
propriedade física denominada albedo. Este ciclo constante entre atmosfera e radiação solar
intermediada pelos gases encontrados nas camadas atmosféricas mantém o equilíbrio do clima
(Ayoade, 1996).
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Figura 2 Esquema simplificado da radiação na superfície.
Fonte: Elaboração própria com base em Mynasadata (2024), 2024.
Um fator de extrema importância está relacionado à variação da intensidade da radiação
ao longo do ano em diferentes regiões do planeta. Ela ocorre devido à inclinação do eixo de
rotação da Terra (atualmente em torno de 23,5 graus) em relação ao Sol, conforme mencionado
anteriormente. De tal modo, distintas regiões do globo recebem maior ou menor quantidade de
luz solar em condições que dependem também da latitude, período do dia e ano (Ayoade, 1996;
Steinke, 2012).
Ao examinar esse fenômeno mais detidamente, observa-se que ele resulta em quatro
momentos astronômicos significativos: os solstícios de verão e inverno, juntamente com os
equinócios de outono e primavera. Durante os solstícios, a inclinação do eixo da Terra atinge
seu ponto máximo, fazendo com que o hemisfério norte receba mais luz solar, o que resulta em
dias mais longos e noites mais curtas. Simultaneamente, o hemisfério sul passa pelo solstício
de inverno, com menor incidência de luz solar e dias mais curtos.
Diferentemente do evento citado anteriormente, no equinócio, a Terra está posicionada
de maneira que seu eixo não se inclina em relação ao Sol, fazendo com que a luz solar seja
distribuída igualmente entre os hemisférios norte e sul, como ilustrado na Figura 3. Como
resultado, os dias e as noites têm aproximadamente a mesma duração em todas as regiões do
planeta.
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Figura 3 Esquema simplificado dos Solstícios e Equinócios.
Fonte: Adaptado de Figueiredo (2019), 2024.
O ciclo anual de temperatura reflete diretamente a variação da radiação solar e indica as
mudanças sazonais do clima, como os períodos quentes do verão e os frios do inverno
(Oliveira; Vecchia, 2017; Steinke, 2012). Além dessas variações sazonais, também
mudanças na distribuição da insolação ao longo de escalas de tempo muito maiores, associadas
às alterações na excentricidade da órbita terrestre. Quando ocorrem essas alterações, uma
tendência de que os verões em períodos de menor excentricidade apresentem variações menores
na quantidade de insolação recebida. Essas variações seguem ciclos aproximados de 100.000
anos, nos quais a órbita terrestre alterna entre um formato mais circular (mais próximo do Sol)
e mais elíptico (mais distante do Sol), fenômeno conhecido como excentricidade orbital.
Tabela 1 Descrição geral dos fenômenos relacionados ao Ciclo de Milankovitch.
Fenômeno
Descrição
Ciclos temporais
Obliquidade
Variação na inclinação do eixo da Terra em
relação à sua órbita ao redor do Sol. Afeta a
intensidade da insolação nas diferentes estações.
41.000 anos
Excentricidade
Variação na forma da órbita terrestre de circular
para elíptica. Afeta a quantidade total de
Entre 95 e 125
mil anos
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radiação solar recebida pela Terra ao longo do
ano.
Precessão
Movimento lento e cíclico do eixo de rotação da
Terra, causando uma mudança gradual na
direção do eixo de rotação. Isso afeta a época do
ano em que ocorrem as estações.
23.000 anos
Fonte: Elaboração própria, baseado em Ashkenazy et al., (2010), 2024.
Outra consideração em relação mais detalhada a esse fenômeno, são os movimentos de
rotação e translação do planeta. Esses movimentos influenciam, a longo prazo, na forma como
a radiação solar incide sobre a Terra (Steinke, 2012). A rotação é a forma pela qual o planeta
gira em torno de seu eixo polar, ocorre de oeste a leste em um período aproximado de vinte e
quatro horas, e determina os dias, as noites e o tempo atmosférico (Figura 4 Imagem C).
Figura 4 Visão simplificada da variação orbital terrestre sendo (A) Excentricidade, (B)
Obliquidade, (C) Precessão.
Fonte: Oliveira; Vecchia (2017).
Ao mesmo tempo em que realiza a rotação, a Terra também se move ao redor do Sol,
em um movimento denominado translação, que leva 365 dias, 5 horas e 48 minutos para ser
completado. Esse movimento determina as estações do ano e influencia as características
climáticas. A translação da Terra, combinada com a presença de gases na atmosfera, afeta a
distribuição da radiação solar, desempenhando um papel crucial na regulação da temperatura e
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no clima global, ao manter o calor na atmosfera e regular as interações com a radiação solar
(Mock; Barker, 2013).
A maior parte desses gases está localizada na camada denominada como homosfera,
onde o comportamento destes é mais uniforme, prevalecendo a presença do nitrogênio (N₂) e,
oxigênio (O₂) (Mendonça; Oliveira, 2007; Almeida, 2016; Frota; Vasconcelos, 2019) (Tabela
2). Acrescenta-se que esses gases são incolores e inodoros. Além disso, em uma perspectiva
sistêmica, sua concentração na atmosfera é regulada por ciclos naturais, em interação com
elementos da crosta terrestre, como florestas e oceanos. Esses componentes desempenham um
papel essencial na manutenção do equilíbrio dos gases atmosféricos, evitando acúmulos
excessivos.
Tabela 2 Alguns dos principais gases presentes na atmosfera.
Gás
Porcentagem
Nitrogênio
78,08
Oxigênio
20,95
Argônio
0,93
Dióxido de carbono
0,035
Neônio
0,0018
Hélio
0,00052
Metano
0,00014
Kriptônio
0,00010
Óxido nitroso
0,00005
Hidrogênio
0,00005
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Ozônio
0,000007
Xenônio
0,000009
Fonte: Elaboração Própria, a partir de Ayoade (1996); Stigliani (2009); Almeida (2016), 2024.
Essa camada de gases é denominada atmosfera terrestre (do grego atmos, vapor, e
sphaira, esfera). Quando classificada com base na variação de temperatura, a atmosfera é
dividida em cinco camadas, cada uma com funções específicas. Essas camadas são a troposfera,
estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera (Tabela 3).
Tabela 3 Camadas da atmosfera e alguns dos principais gases
Fonte: Elaboração própria, a partir de Mendonça; Oliveira (2017); Frota; Vasconcelos (2019);
Ruddman (2013), 2024.
Esse processo ocorre devido à absorção e redistribuição de energia na troposfera por
meio de radiação, condução e convecção. A radiação solar aquece a superfície terrestre, que
reemite esse calor na forma de radiação infravermelha. Parte dessa energia é absorvida por
gases atmosféricos, como o vapor d’água e CO₂, aquecendo a troposfera e regulando o clima
do planeta. Uma análise mais ampla do contexto revela que, embora a variabilidade climática
ao longo de escalas geológicas seja influenciada por fatores naturais, como a atividade solar e
as mudanças orbitais da Terra, a partir da Revolução Industrial, no século XVIII, a queima de
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combustíveis fósseis passou a exercer um papel determinante nas alterações atmosféricas. Este
trabalho de revisão discute como as atividades humanas intensificam as mudanças climáticas
recentes, alterando o equilíbrio natural dos ciclos atmosféricos.
Um aspecto que exemplifica esse ponto de vista está nas últimas emissões analisadas no
ano de 2020, no qual o CO₂ alcançou 149% acima do nível pré-industrial, extrapolando os
limites catalogados entre 2011 e 2020 (ONU, 2021). Outro dado mais amplo refere-se às
emissões a partir de 1750, com o CO₂ tendo aumentado em 31% as concentrações de gases
potenciais de aquecimento da atmosfera em 60%, como o CH₄, que aumentaram em 151% com
capacidade de aquecimento de 20% (PROCLIMA, s.d).
O National Oceanic & Atmospheric Administration (NOAA) destacou por meio do
Laboratório Global de Monitoramento (2024) a média global nas emissões de CO₂ em 2023
foram de 419,31 partes por milhão (ppm), contudo, superada na última atualização em abril de
2024, atingindo 422,16 ppm batendo mais um recorde histórico. Esses dados demonstram que
a humanidade extrapolou em menos de mil anos os limites naturais existentes em quatrocentos
mil anos atrás, como visto no Gráfico 1.
Gráfico 1 Quantidade de CO₂ dos últimos 800,000 mil anos
Fonte: Lindsey, 2024.
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Além de tudo, no contexto das mudanças climáticas, essas informações, centralizadas
no CO₂ relacionam-se à capacidade deste em capturar e liberar calor, configurando-se como o
principal agente do aquecimento global antropogênico. Ações como o desmatamento para a
produção agrícola, queimadas e outras atividades para fins econômicos contribuem para a
emissão de CO₂ tanto de forma artificial (pelo uso de poluentes) quanto natural (pela
degradação do ambiente), assim como retiram a capacidade dos ecossistemas de absorver do
carbono atmosférico (Marques, 2018; IPCC, 2020; Artaxo et al., 2022).
Além dessas conclusões preliminares, uma análise complementar da química ambiental
demonstra distintas reações em cadeia dos gases relacionados aos fósseis lançados na
atmosfera. Os hidrocarbonetos são representativos destes, pois na presença da queima de
combustíveis relacionados a elementos como o NO₂, O₃, produzem novos óxidos nitrogenados,
aldeídos e hidrocarbonetos complementares (Frota; Vasconcelos, 2019). Assim, quando os
gasosos CO₂, CH₄, N
2
O estão em quantidades relativamente altas, a retenção de radiação de
calor ocorre na mesma proporção, refletindo todo o excesso de calor de volta para a superfície,
provocando o aquecimento terrestre.
Mudanças Climáticas e Gases Atmosféricos
As mudanças climáticas se referem às alterações climáticas causadas por atividades
humanas que modificam a composição atmosférica global para além da variabilidade climática
natural. As razões pelas quais isso tem acontecido são classificadas em duas grandes categorias
(Oliveira; Vecchia., 2017; Marques, 2018), (i) fatores externos, como variações solares e
orbitais que afetam o balanço energético da Terra; e (ii) fatores internos, ligados às atividades
humanas, como o desmatamento, a urbanização e a emissão contínua de gases de efeito estufa.
Como visto anteriormente, existem diversas partículas moleculares na atmosfera que
interagem entre si. Nesse contexto, segundo Spiro e Stigliani (2009) muitas dessas moléculas
interagem com a radiação infravermelha, mas não a absorvem, pois suas configurações não
atendem aos requisitos de polaridade para tal, tendo em vista que possuem organização
eletrônica estabilizada e modos vibracionais restritos, como no caso do H₂, O₂ e N₂.
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LIMA, Fernando da Cruz. Interações entre a Atividade Solar e as Influências Antropogênicas no Clima da Terra. Ensaios de Geografia.
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Esses gases são chamados moléculas diatômicas por serem compostos por dois átomos.
Esses átomos podem ser do mesmo elemento químico, como no caso do N₂ e O₂, ou de
elementos diferentes. Quando os átomos pertencem ao mesmo elemento, como no caso do O₂
ou N₂, as moléculas são também homonucleares, ou seja, todas as partículas da molécula são
do mesmo tipo de átomo. Sob outra perspectiva, os compostos químicos denominados
poliatômicos, como CO₂, CH₄, H₂O e NH₃ entre outros, são moléculas de gás que contêm três
ou mais átomos cuja estrutura permite a absorção de radiação infravermelha, e todos contribuem
para o aquecimento do planeta, pois absorvem raios infravermelhos que vêm da superfície
reemitindo-os de volta para a baixa atmosfera aumentando calor médio global (Spiro; Stigliani,
2009).
Dessa forma, é possível afirmar que as temperaturas terrestres dependem do equilíbrio
radiativo da Terra, da quantidade de temperatura absorvida e do refletido pelo planeta em
relação à energia incidente (Marques, 2018; Spiro; Stigliani, 2009). É fundamental citar que o
fenômeno do efeito estufa é um processo natural que desempenha um papel fundamental na
regulação das temperaturas, mantendo um equilíbrio térmico estável.
Neste contexto, o modo como o ser humano está interagindo com o planeta, regido pelo
sistema de produção de bens com foco principal no capital, ao longo das décadas, vem
desencadeando a emissão de diversos gases reativos em níveis prejudiciais à atmosfera,
acelerando os processos de aquecimento no planeta. Além disso, o desmatamento e a prática da
queima de combustíveis fósseis para energia e transporte também contribuem para a
concentração desses gases, remodelando os padrões naturais dos ciclos ambientais (Artaxo et
al., 2022).
Trajetória Climática ao Longo dos últimos mil anos
A atmosfera terrestre está em constante alteração, o que se manifesta de formas distintas
em cada região do mundo, assumindo características específicas. Determinados processos
naturais, como o derretimento das calotas polares, emissão de dióxido de carbono e a redução
da cobertura vegetal, promovem eventos de atenuação ou amplificação das mudanças no clima,
sendo denominados mecanismos de feedback (Chao et al., 2024).
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Alguns deles agem de forma positiva, ou seja, amplificam ou reforçam uma
transformação existente no contexto das mudanças climáticas, como, por exemplo, o
derretimento do gelo polar, reduzindo o Albedo da Terra e aumentando a absorção de calor,
acelerando ainda mais esse processo de derretimento (Chao et al., 2024).
Ao longo dos anos, têm-se intensificado as discussões em torno das mudanças
climáticas, assim como possíveis consequências que as variações no clima podem trazer à vida
no planeta. Os acontecimentos datados na escala de eras geológicas estão demonstrando
alterações abruptas provocadas por fenômenos naturais e, mais recentemente, pela
intensificação das influências antropogênicas no aumento da temperatura global do planeta
(Ruddiman, 2013; Marques, 2018).
Nesse contexto, o Holoceno, que se iniciou após o Último Máximo Glacial, terminando
19 mil anos (Wang et al., 2013), faz parte da era Cenozoica e tem relevante papel nos estudos
sobre mudanças climáticas pela sua estabilidade em comparação com outras eras. No entanto,
dentro desse intervalo, ainda ocorreram variações, como temperaturas mais baixas em
determinadas partes do globo terrestre, especialmente em áreas tropicais e subtropicais,
conforme evidenciado por dados das regiões polares. Enquanto isso, em regiões temperadas,
houve variações entre períodos secos e úmidos, de acordo com dados paleobotânicos (Steig,
1999). Este período da história da humanidade também é aquele em que o ser humano
conseguiu constituir civilizações, estruturas sociais, tecnológicas e culturais.
Nos últimos mil anos, o clima global passou por um notável período de resfriamento,
com origem no norte do globo, particularmente na Groenlândia, iniciado por volta de 1300 e
prolongando-se até 1850. No entanto, as origens desse fenômeno remontam a eventos
climáticos ocorridos ao longo de um período de 4.000 anos. Este fenômeno foi categorizado
pelo geógrafo Francois Matthes como A Pequena Idade do Gelo em 1939. Enquanto isso, na
região sul do globo, os territórios experimentavam um clima mais quente e estável (Fagan,
2002; Ruddiman, 2013).
Ayoade (1996) indica que, com base em investigações científicas, o clima da Terra era
mais quente em comparação com o presente, durante o período conhecido como Ótimo
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Climático do Holoceno”, que aconteceu entre 9.000 e 5.000 anos AP. Este período de
aquecimento foi seguido por aproximadamente 2.800 anos de resfriamento gradual.
Com base nos registros dos últimos mil anos AP, os climatologistas observam que o
atual período interglacial, o Holoceno, apresenta duração imprevisível, cujo término ainda é
objeto de estudo e debate devido às questões antropogênicas que influenciam diretamente os
elementos do clima, como a temperatura, umidade e precipitação.
Sobre a Pequena Idade do Gelo, Fagan (2002) considera que não houve uma ruptura
profunda em relação ao clima atual na Europa, por exemplo, mas sim uma grande volatilidade
constante, geradoras de problemas graves como invernos árticos, verões muito quentes, secas
extremas, períodos de chuva torrenciais e frio em excesso. Esses acontecimentos irregulares
tinham duração de décadas, anos ou até estações.
Segundo estudos, (Mann, 2002) entre os anos de 1500 e 1800 houve uma redução em
0,6 °C, tornando esse um período mais frio em comparação aos níveis atuais na Europa. Nesse
intervalo de 300 anos, o clima se caracterizou por se moldar em invernos rigorosos e verões
mais quentes que o normal.
Por meio da coleta de evidências sobre a temperatura no hemisfério norte usando anéis
de árvores que são círculos concêntricos no tronco quando vista transversalmente,
representando o crescimento anual da mesma e registro em núcleos de gelo blocos
cilíndricos retirados de geleiras, calotas polares ou camadas de gelo continentais ,
identificou-se que, por mais de duzentos anos, as geleiras de regiões localizadas nas montanhas
dos Alpes, Alasca, Andes, dentre outros, eram maiores do que as existentes a então,
revalidando atualmente os dados existentes sobre a Pequena Idade do Gelo (Fagan, 2002;
Ruddiman, 2013).
Por volta do século XIX, notou-se que as geleiras estavam num processo contínuo de
perda em tamanho e extensão devido à elevação da temperatura média do planeta. Atualmente,
o ano de 2023 foi marcado como o mais quente desde o período pré-industrial de 1850,
excedendo pela primeira vez 1,5 °C, seguido de 2016, 2017 e 2020 como os mais quentes, com
variação média de ± 0,03 °C entre os anos quando considerada a cronologia anual linear (Rohde,
2024) (Gráfico 2).
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A National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) agência do governo dos
Estados Unidos responsável pelo monitoramento e estudo dos oceanos, atmosfera, clima,
tempo, ecossistemas marinhos e ambientes costeiros, em seu Annual 2023 Global Climate
Report, bem como a Organização Meteorológica Mundial (WMO) por meio do State of the
Global Climate 2023, chegaram na mesma conclusão. No entanto, houve uma pequena variação
quanto aos dados, como, por exemplo, o State of the Global Climate, que considerou 1,45 °C
com margem de incerteza de ± 0,12 °C no aumento da temperatura.
Gráfico 2 Variação da temperatura de 1950 a 2023.
Fonte: Rohde (2024).
É fundamental concluir que ainda é complexo descrever todas as variáveis relacionadas
ao clima e que somente a partir da década de 50 tiveram início estudos mais aprofundado em
relação a esse tema. Além disso, fatores internos e externos do planeta também exercem forças
que influenciam todo o sistema climático global.
Considerações Finais
Esta revisão bibliográfica dos fenômenos climáticos reforça conclusões importantes
sobre os impulsionantes das alterações do clima global, interrelacionando-os com alguns dos
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principais eventos do sol. Ao verificar as transformações numa perspectiva do último milênio,
forças como a gravitacional, associada a variações orbitais presentes no ciclo de Milankovitch,
desempenham um papel significativo, juntamente com as forças radioativas, como a radiação
solar, juntamente com outros elementos naturais (como gases de efeito estufa), nas mudanças
climáticas.
Apesar desses fatos, atualmente nota-se que as emissões atmosféricas de CO₂, atividades
antropogênicas e uso e ocupação do solo são alguns dos principais fatores de aceleração dos
ciclos naturais climáticos, alcançando impactos alarmantes quando comparados a eventos
naturais ocorridos em momentos passados do Holoceno. Isso denota a necessidade urgente de
novas abordagens na relação com os recursos ambientais, visando mitigar os efeitos adversos
das mudanças climáticas.
Ao examinar mais de perto os resultados dessas ações, nota-se que eles estão alinhados
a distintos impactos ambientais negativos, como o aumento da temperatura, a acidificação dos
oceanos, o derretimento das calotas polares e o desequilíbrio nas atividades ecossistêmicas,
dentre outros, colocando em risco a resiliência global a eventos extremos. Por fim, a pesquisa
concluiu que, embora alguns eventos climáticos ocorram naturalmente, a humanidade tem
acelerado esses eventos de distintas maneiras por meio de seus processos produtivos, emergindo
como o principal impulsionador do aquecimento global recente, denotando a necessidade de
novas formas na relação com os recursos ambientais na sua totalidade.
Destaca-se que, enquanto a humanidade buscar apenas o remanejamento e retardamento
quanto aos problemas ambientais e climáticos, mais rápido poderá ser o declínio do planeta
para a gerações futuras. Em outras palavras, o equilíbrio ecológico e as condições favoráveis à
vida humana podem e estão sendo deteriorados gravemente. Dessa forma, o ponto de não
retorno causará perturbações nos sistemas climáticos, os quais, sob contínua pressão dos
impactos humanos negativos, alcançarão um ponto crítico, desencadeando processos que
podem ser irreversíveis e, principalmente, que intensificam os problemas climáticos por meio
de retroalimentação positiva em que os efeitos de uma mudança intensificam a si própria.
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