Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
JIMÉNEZ-CORRALES, Andrés. Ordenando um discurso “verde” corporativo: usos sociopolíticos da modernização ecológica e o consenso
da sustentabilidade. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25, e1225, 2025.
Submissão em: 25/06/2025. Aceito em: 23/08/2025.
ISSN: 2316-8544
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SEÇÃO ARTIGOS
Ordenando um discurso verde corporativo:
usos sociopolíticos da modernização ecológica e o consenso da sustentabilidade
Ordering a corporate green discourse:
sociopolitical uses of ecological modernization and the sustainability consensus
Ordenando un discurso verde corporativo:
usos sociopolíticos de la modernización ecológica y el consenso de la sostenibilidad
DOI: https://doi.org/10.22409/bhj20021
Andrés Jiménez-Corrales
1
Universidade Federal Fluminense (UFF),
Niterói, Brasil.
e-mail: ajimenez2812@gmail.com
Resumo
A crise ecológica e climática tornou-se um dos maiores desafios contemporâneos. Mas como o mundo empresarial
reage e se adapta às pressões geradas a partir desta crise? Este artigo analisa os componentes que constituem uma
ordem do discurso verde corporativo sob processos de modernização ecológica e o desenvolvimento do consenso
da sustentabilidade, visando legitimar práticas empresariais e neutralizar críticas às suas operações. Com base na
análise do conteúdo das palestras do side event Business & Climate Ambition do Pacto Global-Rede Brasil,
realizado em novembro de 2024 na COP-29, em Baku, revisão de páginas corporativas e literatura acadêmica,
examina-se como esse discurso desvia o foco das causas estruturais da crise, dilui desigualdades e apresenta
mudanças cosméticas que preservam as condições dominantes. Identificam-se quatro componentes centrais que
articulam a ordem do discurso: articulações entre agentes na constituição de espaços de consenso, valorizações
dominantes frente aos problemas ambientais, formas de transformação do governo empresarial frente à crise e
mecanismos de circulação de capital mediante financiamento. Conclui-se que a ordem do discurso verde
corporativo serve como uma estratégia sociopolítica para criar condições adequadas para o desenvolvimento
empresarial em contextos de crise ecológica-climática.
Palavras-chave
Ordem do discurso; Modernização ecológica; Consenso; Empresas; Crise ecológica.
1
Mestre em Geografia pela Universidade da Costa Rica. Atualmente, é doutorando em Sociologia na Universidade
Federal Fluminense (UFF), bolsista da Universidade da Costa Rica e do projeto internacional de pesquisa Turning
Land into Capital: Historical Conjunctures of (Re-)Production of Wealth in Latin America from the 19th to the
21st century, financiado pela Fundação Volkswagen.
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JIMÉNEZ-CORRALES, Andrés. Ordenando um discurso “verde” corporativo: usos sociopolíticos da modernização ecológica e o consenso
da sustentabilidade. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25, e1225, 2025.
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Abstract
The ecological and climate crisis has become one of the greatest contemporary challenges. But how does the
business world react and adapt to the pressures generated by this crisis? This article analyzes the components that
constitute a corporate green discourse order under processes of ecological modernization and the development
of a sustainability consensus, aiming to legitimize business practices and neutralize criticism of their operations.
Based on an analysis of the content of the lectures at the Global Compact Network Brazil's Business & Climate
Ambition side event, held at COP-29 in Baku in November 2024, a review of corporate websites and academic
literature, we examine how this discourse diverts attention from the structural causes of the crisis, dilutes
inequalities, and presents cosmetic changes that preserve the prevailing conditions. Four central components
that articulate the order of discourse are identified: articulations between agents in the constitution of spaces of
consensus, dominant valuations in the face of environmental problems, forms of transformation of corporate
governance in the face of the crisis, and mechanisms of capital circulation through financing. It is concluded that
the order of corporate green discourse order serves as a sociopolitical strategy to create conditions conducive to
business development in contexts of ecological and climate crisis.
Keywords
Order of discourse; Ecological modernization; Consensus; Companies; Ecological crisis.
Resumen
La crisis ecológica y climática se ha convertido en uno de los mayores desafíos contemporáneos. Pero, ¿cómo
reacciona y se adapta el mundo empresarial a las presiones generadas por esta crisis? Este artículo analiza los
componentes que constituyen un orden del discurso «verde» corporativo en el marco de procesos de modernización
ecológica y el desarrollo del consenso sobre la sostenibilidad, con el fin de legitimar las prácticas empresariales y
neutralizar las críticas a sus operaciones. Basándose en el análisis del contenido de las conferencias del side event
Business & Climate Ambition del Pacto Global-Red Brasil, celebrado en la COP-29, en Bakú, en noviembre de
2024, la revisión de páginas corporativas y de organismos internacionales, así como de literatura académica, se
examina cómo este discurso desvía la atención de las causas estructurales de la crisis, diluye las desigualdades y
presenta cambios cosméticos que preservan las condiciones dominantes de producción. Se identifican cuatro
componentes centrales que articulan el orden del discurso: articulaciones entre agentes en la constitución de
espacios de consenso, valoraciones dominantes frente a los problemas ambientales, formas de transformación del
gobierno empresarial frente a la crisis y mecanismos de circulación de capital mediante financiamiento. Se
concluye que el orden del discurso verde corporativo sirve como estrategia sociopolítica para crear condiciones
adecuadas para el desarrollo empresarial en contextos de crisis ecológica y climática.
Palabras clave
Orden del discurso; Modernización ecológica; Consenso; Empresas; Crisis ecológica.
Introdução
Em novembro de 2024, em um painel desenvolvido na 29ª Conferência das Partes
(COP-29) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em
Baku, Azerbaijão, Flávia Martins, gerente de marketing do Pacto Global-Rede Brasil da ONU,
iniciativa voltada à sustentabilidade no mundo empresarial, abriu sua fala com as seguintes
palavras: Hoje, dia 13 de novembro de 2024, nos reunimos para reafirmar o nosso
compromisso com uma agenda climática e ambiental ousada, mas absolutamente necessária
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(Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024). Essa citação nos remete ao lugar que a questão
ambiental tem ocupado como componente essencial no mundo empresarial, além de permitir
refletir sobre a ordem do discurso verde que tem sido construído para posicionar as empresas
como agentes responsáveis ambientalmente.
Desse modo, busca-se neste artigo analisar a constituição de uma ordem do discurso
verde corporativo como um campo que articula agentes, cria consensos e valorizações,
estabelece formas de governo para os problemas ambientais, assim como abre novas
oportunidades para a circulação de capital mediante financiamento. Para isso, tomamos como
estudo de caso o side event
2
intitulado Business & Climate Ambition, organizado pela Rede
Brasil do Pacto Global da ONU, durante a COP-29. Complementarmente, revisamos as páginas
corporativas e de organismos internacionais, junto à literatura acadêmica, visando criar uma
estrutura de análise para compreender alguns dos componentes presentes nessa ordem do
discurso e seus usos sociopolíticos no mundo contemporâneo.
Frente às crescentes externalizações da crise ecológica global e às demandas por ação
por parte de organismos internacionais, academia, movimentos sociais e organizações da
sociedade civil, o mundo empresarial se viu ante a necessidade de criar um discurso que
legitimasse seu papel social e permitisse a reprodução de dinâmicas de acumulação de capital.
Isso criou condições de possibilidade para a emergência de processos de modernização
ecológica nas empresas, representando uma estratégia de poder que busca combater as
externalidades negativas da produção corporativa capitalista. Para isso, incluem ações de gestão
e controle ambiental em sua produção visando diminuir os impactos prejudiciais de suas
operações (Hajer, 1995; Harvey, 2017; Milanez, 2009; Mol; Spaargaren, 2000).
A seguir, apresentam-se algumas orientações teórico-metodológicas articuladas em
torno do discurso corrente sob o contexto do desenvolvimento da modernização ecológica e o
consenso da sustentabilidade. Ademais, serão expostas as categorias de análise construídas em
diálogo com a teoria para o estudo em tela. Posteriormente, sintetizam-se os componentes que
constroem uma ordem do discurso verde corporativo observado nas falas do evento do Pacto
2
Um side event representa uma reunião paralela ou atividade complementaria realizada à margem da programação
oficial, nosso caso, da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
(UNFCCC), realizada em 2024.
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Global-Rede Brasil na COP-29. Nas reflexões finais, constrói-se uma interpretação crítica do
discurso verde empresarial e sua funcionalidade sociopolítica no capitalismo.
Modernização ecológica corporativa: orientações teórico-metodológicas
O capitalismo é um sistema intrinsecamente propenso a crises, dado que suas
contradições internas se baseiam na busca pelo crescimento ilimitado, mesmo quando as
condições de existência natureza, trabalho humano e consumo são finitas (Bookchin,
2010; Harvey, 2014; Moore, 2020; O’Connor, 2000). A história do capitalismo demonstra que
as crises podem se converter em mecanismos estratégicos para criar novas configurações para
sua sobrevivência, uma vez que nesses momentos, tal como na destruição criativa de formas-
conteúdos ou no deslocamento espaço-temporal da produção ou do consumo, criam-se
condições para sua reprodução (González, 2020; Harvey, 2005, 2014, 2017; Smith, 2020). Em
consequência, o capitalismo prospera como um sistema criativo e produtivo, constantemente
reorganizando relações socioecológicas em todas as escalas geográficas e reconfigurando os
vínculos entre trabalho, natureza, energia, reprodução e condições de vida (Moore, 2022).
A crise ecológica representa mais uma variante das crises do capitalismo. O seu
desenvolvimento começou a se concretizar há mais de 500 anos, com a globalização do sistema
capitalista como modelo hegemônico e seus modos intensivos de dominação e exploração da
natureza (Moore, 2020, 2022; Patel; Moore, 2018). A constituição dessa crise esteve
acompanhada da instauração de uma racionalidade e da construção de uma visão de mundo
dirigida desde o Ocidente. Esse procedimento se estabeleceu e espalhou globalmente
mediante a força e apagamento da alteridade humana e mais-que-humana, além de hegemonizar
um modelo civilizatório de organização das relações ecológicas e de ocupação territorial
predatória e violenta para com a natureza, outros povos e outras cosmovisões (Escobar, 2022).
Em seu desenvolvimento, a crise ecológica carrega e reproduz as contradições da
sociedade que a criou. Como exemplo, apesar de as temperaturas da superfície global terem
sido aproximadamente 1,1 °C maiores nas primeiras duas décadas do século XXI, em
comparação às registradas em 18501900 (IPCC, 2023), os efeitos negativos dessa mudança
são experimentados desigualmente pela população global, afetando com maior intensidade as
populações vulneráveis (pessoas em estado de pobreza, racializadas ou excluídas) frente a
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eventos hidrometeorológicos mais intensos. Esse incremento de temperaturas foi
potencializado pela atividade humana, especificamente pela emissão de gases de efeito estufa
(GEE) (IPCC, 2023) contudo, as contribuições para esse efeito se deram de forma desigual.
Entre 1850 e 2019, a América do Norte e a Europa foram responsáveis por aproximadamente
40% do total de emissões de CO₂ globais, em sua maioria pelo uso de combustíveis fósseis e
emissões industriais (IPCC, 2023).
Como consequência, a produção e concreção da crise ecológica parece estar
territorializando novas (des)ordens globais, criando assim novas configurações da existência
condicionada e reprodutora de uma estrutura social desigual e injusta herdada. Por isso, neste
trabalho, interessa construir uma leitura que busque desnaturalizar a crise ecológica, não para
negar o lugar do natural, mas para promover uma visão que inter-relacione o social e o natural
como duas realidades que estão se coproduzindo. Nesse sentido, Mol e Spaargaren (2000)
argumentam que o social não pode ser analisado de forma isolada, separada e externa à natureza
devido ao caráter inteiramente materialista das sociedades modernas, que posiciona o projeto
humano como produção codependente da natureza (Mol; Spaargaren, 2000).
Na geografia histórica do capitalismo, as preocupações ambientais vêm sendo um eixo
central das mudanças constantes do sistema (Mol; Spaargaren, 2000), desenvolvendo
adaptações ou ajustes que permitiram reproduzir as relações entre sociedade, modo de produção
e natureza. Por isso, pode-se afirmar que o capitalismo desenvolve uma práxis-mundo
mediante a qual produz uma realidade que sustenta suas lógicas de acumulação de capital.
Nesse âmbito, destaca-se a capacidade de inovação simbólica e material, que permitiu superar
seus próprios limites intrínsecos (em suas formas de produzir e acumular) e extrínsecos (em sua
apropriação da natureza e trabalho humano) (Moore, 2022).
As crises, incluindo a sua expressão ecológica contemporânea, são tentativamente
superadas mediante o desenvolvimento de ações criativas que reacomodam as estruturas e
condições de produção. Nesse sentido, as crises constituem momentos propícios para a
promoção de mudanças nas instituições, formas de pensamento, ideologias dominantes,
alianças entre agentes, organizações e relações sociais, assim como nas tecnologias (Harvey,
2014). Assim, entre as estratégias empregadas para a superação de crises estão os processos de
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modernização, por meio dos quais os agentes dominantes produzem discursos de legitimação a
fim de coibir contestações e garantir sua sustentação espaço-temporal (Chamayou, 2020).
Diante da crise ecológica contemporânea, a modernização ecológica se posicionou
como uma estratégia corporativa para superar os questionamentos sociais e as demandas do
momento histórico. Esse tipo de modernização começou a se constituir a partir da década de
1970, quando os fluxos ambientais apareceram, novamente, na vida social como um elemento
a ser manejado, governado e otimizado para evitar danos sociais e ambientais irreversíveis
(Mol; Spaargaren, 2005). Com isso, mais uma vez, o capitalismo seria transformado pelas
preocupações ambientais (Mol; Spaargaren, 2000), mas agora posicionando o ambiental como
discurso central de articulação de instituições, políticas públicas, práticas e narrativas
corporativas, além da criação de novas mercadorias com aspecto verde.
A teoria da modernização ecológica, consolidada na década de 1980 (Hajer, 1995; Mol;
Spaargaren, 2000), busca criar uma unidade não conflitiva entre [...] as doutrinas da
eficiência da produção e o funcionamento eficiente e equitativo dos agregados ecológicos
3
(Harvey, 2017, p. 479, tradução nossa). Para isso, prioriza a inovação ambiental como eixo
central da modernização, apostando na implementação de mudanças nos processos de produção
para reduzir as externalidades negativas da produção por meio de novas tecnologias (Milanez,
2009). Essa perspectiva reformista concebe a crise ecológica como um desajuste nas formas de
produção, e não como um problema estrutural dos modos de organização socioecológicos do
sistema capitalista. Essa teoria está baseada em quatro pressupostos básicos:
[] confiança no desenvolvimento científico e tecnológico; preferência por soluções
preventivas para os problemas ambientais; possibilidade de se alcançar,
simultaneamente, objetivos ambientais e econômicos; e envolvimento direto e
cooperativo na tomada de decisão (Milanez, 2009, p. 78).
Na sequência, a materialização da modernização ecológica representou uma mudança
no mundo empresarial que buscava criar, mediante a implementação dos pressupostos
apresentados, novas mercadorias desenvolvidas em escala global (Mol; Spaargaren, 2005). Essa
modernização articulou um novo mercado em torno dos bens mais ecológicos, criando formas
3
No original: las doctrinas de la eficiencia en la producción y del eficiente y equitativo funcionamiento de los
agregados ecológicos.
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de mercantilização, comercialização e financeirização da natureza que constituíam novas
oportunidades de negócios para as empresas (Smith, 2015).
A modernização ecológica é exercida via desenvolvimento de formas-conteúdo
discursivas na sociedade. No livro A ordem do discurso, Michel Foucault coloca o discurso
como produto articulador e mediador de relações de poder que, por isso, não representa uma
coisa trivial, mas sim um campo de desenvolvimento de políticas e desejos. A ordem do
discurso, como situação que envolve a sociedade, está validada por instituições que conferem
poder aos discursos, procurando, mediante a criação de significantes, estabelecer uma vontade
de verdade. Essa vontade, em seu desenvolvimento, gera formas de exclusão apoiadas por
instituições, e exerce sobre outros discursos uma espécie de pressão e um certo poder de
constrangimento
4
(Foucault, 1992, p. 11).
Seguindo o diálogo com Foucault, pode-se acrescentar que toda produção dos discursos,
em sua vontade de verdade, são controlados, selecionados e distribuídos por diversos
procedimentos de instituições e agentes na intenção de dominar os acontecimentos (Foucault,
1992). Em relação à modernização ecológica, interessa destacar que sua ordem do discurso está
sustentada em uma racionalidade ecológica, articulada e sustentada em diversos conceitos
como [] contabilidade e escrituração ambiental, relatórios ambientais anuais, PIB verde,
eficiência ambiental, produtividade ambiental, auditoria ambiental
5
(Mol; Spaargaren, 2000,
p. 2728). Poder-se-ia acrescentar uma multiplicidade de conceitos e palavras surgidas no
decorrer do tempo, mas interessa aqui argumentar que esses elementos constituem a ordem do
discurso verde, baseada em uma doutrina de saber a modernização ecológica que
controla suas formas e seus conteúdos (Foucault, 1992).
A ordem do discurso verde compreendida como um conjunto de discursos
sustentados em saberes criados e exercidos em torno da gestão de problemas ambientais
representa um campo de luta no qual diversos agentes buscam a apropriação e o controle da
arena de discussão, visando com isso concretizar ou reproduzir um sistema de dominação
(Foucault, 1992). Nesse sentido, a modernização ecológica está apoiada e se inscreve em outros
4
No original: “una especie de presión y como un poder de coacción”
5
No original: [...] environmental accounting and bookkeeping, annual environmental reports, green GNP,
environmental efficiency, environmental productivity, environmental auditing.
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discursos, tal como a sustentabilidade, contribuindo para complementar a estruturação dessa
ordem do discurso verde. A emergência do discurso da sustentabilidade foi central para o
desenvolvimento da modernização ecológica no mundo empresarial, uma vez que representou
uma ideia-força que articulou uma vontade de verdade frente à crise ecológica, abrindo
condições de possibilidade para a formulação e execução de práticas ditas ambientais, bem
como a geração de um discurso que delimitou mecanismos de superação da crise.
A sustentabilidade se entronizou no debate internacional após a publicação do Relatório
Brundtland (1987) e do relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, em 1992, no Rio de Janeiro. A partir desse momento, começou a ser
construído um consenso, compreendido, desde uma perspectiva gramsciana, como uma
constituição de alianças entre agentes e setores, assim como um mecanismo de expansão de
uma visão de mundo que articula interesses, demandas ou necessidades em um projeto político
e ideológico (Albarez, 2016). Nesse sentido, Jiménez (2025) argumenta que esses relatórios
foram uma peça-chave na constituição de um consenso moral da sustentabilidade,
funcionando como articulador de ações multiescala em temas ambientais e climáticos. Esse
consenso estaria caracterizado por cinco elementos:
1. Reconhecer a crise climática como um problema e uma preocupação em escala
global, pensada como um fato compartilhado e responsabilidade de toda a sociedade;
2. Posicionar os gases de efeito estufa como inimigo comum que devem ser
combatidos por todas as pessoas, grupos ou Estados, sem reconhecer as
desigualdades em sua produção; 3. Estabelecer a escala nacional (na figura dos
Estados) como recorte idôneo para gerar política para resolver um problema global,
demandando uma atuação obrigatória, coordenada e responsável pelos países; 4.
Posicionar hierarquicamente a técnica, a tecnologia e a economia como variáveis
centrais para viabilizar e justificar toda solução; e 5. Criar um estado de alerta e de
urgência na opinião pública, o que permitiria mobilizar e amparar como necessária
para a humanidade qualquer ação proposta para o clima (Jiménez, 2025, p. 261).
Esse consenso é dinâmico, adaptando-se às condições e demandas conjunturais do
momento, além de comportar projetos de acumulação de capital. Consequentemente, durante a
segunda década do século XXI, foi estabelecido um novo consenso. Bringel e Svampa (2023)
o denominaram como consenso da descarbonização, baseado no acordo pela necessidade de
transicionar de uma matriz energética com predomínio de combustíveis fósseis para outra
baseada em energias renováveis, mas sem executar mudanças nos padrões de consumo
energético e nem nas relações depredadoras da natureza (Bringel; Svampa, 2023). Isso abriu
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novas oportunidades de negócio como a mineração de lítio ou a geração de projetos de
energia eólica , provocando diversas consequências negativas, tais como a destruição de
ecossistemas ou o deslocamento forçado de populações. Em suma, esses dois consensos estão
inseridos no reconhecimento geral, tanto político como científico, da mudança climática como
fato em curso. Mas, apesar dos dados científicos que respaldam a existência dessa mudança e
das políticas multilaterais que desenvolvem ações para sua mitigação, a realidade é pior hoje
do que no início do século XXI (Swyngedouw, 2021), sinalizando um desafio político que leva
ao entendimento da ordem do discurso verde como um mecanismo consensual que cria
condições para sustentar e intensificar as causas da crise, ainda que seja ofertada como solução.
A ordem do discurso verde, fundamentada na modernização ecológica e no consenso
da sustentabilidade, contribuiu para o estabelecimento e delimitação de um horizonte para a
solução dos problemas ambientais, organizando as relações sociais e definindo princípios
para a formulação de políticas (Hajer, 1995). Sua força social hegemônica reside em comunicar
a ideia de que, por meio da execução de ações enquadradas nesse projeto político, seria possível
compreender e resolver a complexidade da crise ecológica (González, 2020).
As grandes corporações formaram parte da constituição da ordem do discurso verde,
que, como objeto do desejo, estabelece um campo de forças e de luta pela sua definição e
apropriação, além de gerar exclusões de sujeitos, visões de mundo e demandas (Foucault,
1992). Além disso, as empresas recorreram esse discurso como uma estratégia de poder de
antecipação (Acselrad, 2010), buscando posicionar-se em uma condição vantajosa no campo
de forças e criar um ambiente propício para prevenir e desarticular críticas sociais, garantido
sua hegemonia e continuidade (Boltanski; Chiapello, 2009; Lopes, 2006).
Em síntese, a modernização ecológica será compreendida como um processo de ajuste
reformista do mundo empresarial que, ao mesmo tempo, é constituinte de uma ordem discursiva
que articula uma vontade de verdade, dirige a construção de consensos sobre valorizações do
problema e suas possíveis saídas adequadas, e desenvolve mudanças na organização
empresarial. Essa forma de atuação representa uma forma de atualização dos modos
dominantes de produção capitalista, que adotam as demandas ambientais, mas recusam uma
transformação profunda das relações sociedade-natureza. Desse modo, interessa destacar que
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esse proceder não é neutro, pelo contrário, está mediado pelos interesses políticos dos agentes
que constroem, praticam e reproduzem essa ordem do discurso.
Diante do apresentado, neste trabalho serão analisadas expressões da ordem do discurso
verde corporativo em relação à modernização ecológica. Como recorte empírico de análise,
selecionou-se o evento da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, realizado durante a COP-29
em Baku, Azerbaijão, em novembro de 2024. Lançada em 2000, a iniciativa funciona como
uma plataforma para reunir empresas em torno do tema da sustentabilidade. Essa rede busca
impulsionar uma adaptação das operações e estratégias empresariais, alinhando-as aos Dez
Princípios do Pacto em áreas como direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção,
além de incentivar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Trata-se de uma iniciativa de adesão voluntária, que oferece às empresas boas práticas, recursos
e eventos de networking para promover o que chamam de crescimento sustentável (Pacto
Global-Rede Brasil, s/d; UN Global Compact, s/d).
Durante a COP-29, a Rede Brasil promoveu um side event intitulado Business &
Climate Ambition, espaço dedicado ao intercâmbio empresarial para fomentar iniciativas e
soluções sustentáveis para o enfrentamento das emergências climáticas (Pacto Global-Rede
Brasil, 2024). Realizado em 13 de novembro de 2024 e transmitido pela plataforma do
YouTube, o evento contou com sete painéis, duas conferências e três reconhecimentos a
empresas, totalizando cerca de sete horas de programação (Pacto Global da ONU-Rede Brasil,
2024). Este evento foi escolhido para análise por representar uma atividade que teve expressão
oficial na COP-29, além de integrar uma rede de cooperação e reunir diversas empresas. Por
isso, representou uma oportunidade para escutar e analisar a ordem do discurso verde que
permeia o mundo empresarial frente à crise ecológica.
As falas do evento estiveram organizadas conforme os seguintes temas: fundos
climáticos, captação e investimentos em projetos sustentáveis, emissão de tulos verdes para
empresas, economia verde, ação climática, além de espaços para expor temas e desafios, assim
como debater a agenda rumo à COP-30, a ser sediada no Brasil em 2025. Metodologicamente,
o conteúdo dos painéis foi transcrito integralmente utilizando a ferramenta online YTScribe,
com posterior edição manual para aprimoramento do resultado. O conteúdo foi então analisado
e categorizado em função da abordagem teórica apresentada, gerando categorias em diálogo e
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da sustentabilidade. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25, e1225, 2025.
Submissão em: 25/06/2025. Aceito em: 23/08/2025.
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adaptadas à informação empírica. Essas categorias foram: 1. Articulação de agentes e
construção de consensos; 2. Valorizações do problema; 3. Formas de governo; e 4. Mecanismos
de financiamento. Nas próximas seções, apresentam-se os resultados obtidos a partir das cinco
categorias acima, visando compreender, desde um caso empírico, alguns dos conteúdos da
ordem do discurso verde corporativo construído em contextos de modernização ecológica.
Articulações entre agentes e construção de consensos
A modernização ecológica tem como eixo central a articulação de agentes via alianças
como estratégia para propor soluções para os problemas ambientais gerados pelo modo de
produção capitalista (Hajer, 1995; Milanez, 2009; Mol; Spaargaren, 2000). Uma das formas
dominantes pelas quais essas alianças são constituídas é a realização de diversas reuniões
globais sobre questões ambientais e climáticas, as quais possibilitam legitimar esse proceder e
validar as ações desenhadas sob o amparo de uma ordem discursiva. Esses espaços permitem
articular agentes e institucionalizar valorizações e soluções aos problemas ambientais,
sustentados na produção de uma ordem do discurso com vontade de verdade (Foucault, 1992).
Simultaneamente, esses eventos, na articulação de agentes, permitem construir consensos que,
constituindo relações de poder, se desenvolvem em campos de saber cuja interação institui
novas relações de poder (Machado, 1984). Por isso, na construção da ordem do discurso, esses
espaços são apresentados como objetivos e despolitizados, assim como o lugar desde onde
surgiram as soluções necessárias para evitar mudanças radicais no sistema global.
Frente a essa realidade, têm-se, por um lado, a Conferência das Partes (COP) e, por
outro, a Rede do Pacto Global como dois espaços institucionalizados que (re)produzem,
legitimam e validam um discurso verde mediante a articulação de diferentes agentes. A COP
se estabeleceu como um espaço político de discussão, tomada de decisões e fiscalização das
ações no mundo, realizando anualmente uma reunião entre os países membros
6
(National
Geographic Brasil, 2023; UNFCCC, s/d). Em seu desenvolvimento, integram-se outros agentes
nas discussões empresas, cientistas, movimentos sociais e ONGs para estabelecer acordos
multilaterais. Partindo de uma perspectiva empresarial, Flávia Martins, gerente de marketing
6
A primeira COP foi realizada em Berlin, Alemanha, em 1994. Até o ano 2024, haviam-se realizado 29 reuniões.
A reunião do ano 2025 se dará no mês de novembro em Belém do Pará, no Brasil.
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da sustentabilidade. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25, e1225, 2025.
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do referido Pacto Global-Rede Brasil, expressou, ao se referir à COP, que ela é [...] um dos
principais palcos para a discussão do futuro de nosso planeta, acrescentando depois que [...]
não é apenas [um lugar para] falar de clima, aqui discutimos o ecossistema ambiental como um
todo (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024). Em suma, a COP se produz como um espaço
consensual e lugar de construção do futuro na ordem do discurso verde.
Na construção desse espaço consensual, o Pacto Global da ONU
7
assumiu o papel de
articular e incorporar o mundo empresarial na COP, assim como na ordem do discurso verde,
mediante sua institucionalização. Rubens Filho, gerente executivo de meio ambiente do Pacto,
sinalizou que essa organização [...] tem um propósito nobre de engajar vocês [empresas] e
trazer vocês para dentro dessa grande jornada, acrescentando que sua funcionalidade é de
unir vocês, empresas a governo, e também sociedade civil, para a gente conseguir juntos trazer
resultados significativos para as nossas ações (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
A Rede Brasil do Pacto Global, instituição que organizou o evento, foi criada em 2003
e se destaca por ser [...] a segunda maior rede local do mundo, com mais de 1900 participantes
[...] (Pacto Global-Rede Brasil, s/d). No palco da COP-29, essa rede é apresentada por Luis
Pires, gerente de sustentabilidade e inovação da AMBIMA
8
, como a [...] casa da
sustentabilidade para as empresas no Brasil (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024). Isso
sinaliza sua abrangência e sua importância na construção de um discurso verde corporativo
que estabelece uma visão do mundo e apaga todo conflito social, baseado no consenso da
sustentabilidade. Nessa construção de consensos, sustentada em uma ordem do discurso
verde, os problemas ambientais e desafios globais são conceitualizados como oportunidades
de ação concreta [...] [para gerar] impacto positivo
9
(Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
A Rede Brasil do Pacto Global, como instituição legitimada na ordem do discurso,
exerce um poder de validação, mas também de exibição das ações empresariais. Por outro lado,
representa uma estratégia para estabelecer e articular a ordem do discurso verde no mundo
7
O Pacto Global é uma iniciativa impulsionada e validada pela ONU que busca impulsionar a sustentabilidade
corporativa (Pacto Global-Rede Brasil, s/d). Essa institucionalização coloca o Pacto em relações de poder,
validando e legitimando seu discurso.
8
Associação Brasileira das Empresas do Mercado Financeiro de Capitais (AMBIMA), é uma organização
brasileira que nasceu em 2009 e tem como missão fortalecer a representação do setor e apoiar a evolução de um
mercado de capitais capaz de financiar o desenvolvimento econômico e social local e influenciar o mercado global
(AMBIMA, s/d).
9
Essa citação é de Flávia Martins, gerente de marketing do Pacto Global-Rede Brasil.
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empresarial. Para isso, são construídas articulações entre o Pacto e as empresas, mediante
iniciativas que engajam as últimas
10
(Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
Finalmente, a realização do evento foi gestada em uma aliança público-privada, patrocinada
pelo Banco do Brasil, pelo Governo Federal e pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul,
além das empresas Aegea, Allos, Ambipar Group e CBA. Entre os palestrantes, estiveram
representantes de instituições públicas brasileiras, empresas, ONGs e consultorias ambientais.
Valorizações do problema
As falas dos representantes empresariais durante o evento em análise na COP-29,
destacaram diversas valorizações sobre a crise ecológica-climática que formam parte das
relações de poder que constroem um discurso verde corporativo e, por sua vez, delimitam seu
escopo. Uma destas valorizações é estabelecer um sentido de urgência, utilizado para justificar
ações empresariais apresentadas como transformadoras das condições atuais de risco, além de
funcionar como ferramenta de modernização ecológica, legitimando operações e produtos das
empresas (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
O sentido de urgência está acompanhado do chamado de ação. Nesse sentido, Henrique
Leite de Vasconcelos, gerente executivo do Banco do Brasil
11
, declarou que [...] temos que
agir, e agir agora, não é depois [...] o tempo já está atrasado, nós já estamos atrasados. Então, a
gente tem que fazer as coisas imediatamente (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024). Essa
percepção é reforçada por declarações como a de António Guterres, que alertou para a
magnitude da crise climática que está colocando em risco nosso futuro e a vida como a
conhecemos (ONU, 2019). Esses chamados ajudam a reforçar a ordem discursiva que coloca
espaços multilaterais, como a COP, como determinantes para resolver o futuro do planeta
12
.
Por outra parte, a urgência da ação tem um uso político, sendo utilizada como estratégia
para criar condições de legitimação para mobilizar capital financeiro. Desse modo, Marcelo
10
Flávia Martins expressou que O Pacto já está engajado ao setor empresarial, oferecendo a possibilidade de que
as empresas se engajem em mais de 10 iniciativas distintas e contribuírem com resultados importantes para serem
expostos durante a COP 30 (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
11
Banco do Brasil é uma instituição financeira brasileira, representando uma sociedade de economia mista com o
Governo Federal como principal acionista. Esse Banco coloca a sustentabilidade como um valor que marca a
diferença em seus negócios comerciais (Banco do Brasil, s/d).
12
Remeter à seção anterior, quando Flávia Martins, da Rede Brasil do Pacto Global, sinalizou que o futuro de
nosso planeta estava sendo determinado em eventos como a COP.
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Furtado, da rede de sustentabilidade de ITAÚSA
13
, justifica a necessidade de mobilizar mais
recursos econômicos para favorecer a transição energética afirmando que:
[...] a gente vai bater um grau e meio este ano. Toda conversa que a gente está falando
sobre o impacto das mudanças climáticas tem um significado ainda mais relevante
porque nós já estamos falando de um processo que a gente chama de overshooting
[ultrapassagem] [...] ou seja, nós vamos ultrapassar onde a gente deveria estar. E se a
gente não trabalha muito duro, a gente vai ultrapassar e não vai voltar para um grau e
meio, a gente vai ultrapassar e vai ficar em dois ou quem sabe até mais que isso (Pacto
Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
O problema dessas abordagens é criar uma vontade de verdade que gera exclusões
diversas de outras realidades (Foucault, 1992), apagando saídas à crise ecológica alternativas
às soluções de mercado. Dessa forma, o sentido de urgência entra em relações empresariais
para modernizar a produção capitalista dominante, contribuindo para sustentar o modo de
produção capitalista e criar novos nichos de mercado (Milanez, 2009). Isso representa um
mecanismo para apagar conflitos sociais produzidos por esse regime de acumulação, como
deslocamentos de pessoas por secas ou enchentes, assim como a privatização de bens comuns
por projetos ditos responsáveis com o ambiente. Por isso, argumentamos que essa urgência é
uma estratégia que responde a interesses de classe, instituindo-os como eixos prioritários de
articulação de ações.
Outra valorização dominante, como parte da modernização ecológica, é o entendimento
da natureza como parte da economia (Harvey, 2017; Mol; Spaargaren, 2000). O mesmo
Marcelo Furtado, da ITAÚSA, expressou que não a economia é 100% dependente da
natureza, mas a realidade é que a economia não paga pela natureza (Pacto Global da ONU-
Rede Brasil, 2024). A questão é que na construção dessa ordem do discurso estão se
desvanecendo as desigualdades na capacidade de exploração e apropriação da natureza,
desviando a atenção de que esse pagamento não é responsabilidade da sociedade como um
todo. Com isso, reafirma-se um dos componentes do consenso da sustentabilidade que coloca
uma responsabilidade compartilhada na produção da crise ecológica, ignorando que a história
do colapso climático é, essencialmente, uma história de desigualdade (OXFAM, 2024, p. 4).
13
ITAÚSA é uma holding de investimento com presença em mais de 50 países. Seu portfólio está composto por
sete empresas: Itaú Unibanco, CCR, Alpargatas, Dexco, Copa Energia e Nova Transportadora do Sudeste (NTS)
e Aegea Saneamento (ITAÚSA, s/d).
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Consequentemente, a ordem do discurso verde corporativo articula-se em torno da
ideia de que a crise é uma realidade desprovida de agentes produtores, ocultando
responsabilidades específicas. Este discurso funciona como mecanismo para separar as causas
das responsabilidades, apresentando um mundo sem conflitos entre classes sociais ou
contradições nas formas de produção dominantes (Rodrigues, 2005, 2012). Isso representa uma
das estratégias da modernização ecológica que, como parte do novo espírito do capitalismo,
procede-se com uma apropriação pensada aqui como uma incorporação da crítica social
para criar novas formas de legitimação e gestão do risco social (Acselrad, 2010; Boltanski;
Chiapello, 2009; Lopes, 2006; Pinto, 2019).
No mundo empresarial, uma das estratégias para evitar assumir responsabilidades
consiste em transferi-las para outros agentes. Mariana Malufe Spignardi, diretora de
sustentabilidade da empresa Nude
14
, por exemplo, afirmou no evento que 99,9% das nossas
emissões [dos produtos da empresa] estão na cadeia de fornecimento, no que a gente chama de
escopo três [...] (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024). Esse discurso desvia a atenção dos
aportes da empresa, transfere responsabilidades para terceiros e justifica a própria pegada de
carbono enquanto posiciona a empresa como um modelo ambiental. Em síntese, as
valorizações do problema como parte estruturante da construção de uma ordem do discurso
verde representam uma estratégia de poder que dita os limites da compreensão e solução do
problema, além de serem utilizadas politicamente para legitimar o modo de produção
dominantes e fomentar oportunidades para o surgimento de novos produtos no mercado.
Construindo formas de governar a crise
Chamayou (2020) analisa a crise de governo na sociedade e no mundo empresarial
presente nos anos 1960 e 1970, estudando os modos como ela foi compreendida pelos agentes
dominantes e as suas estratégias de resolução (Chamayou, 2020). Nesse mesmo contexto
histórico, o discurso ambiental começou a ser posicionado como problema social,
14
Nude é uma empresa brasileira de produtos alimentícios de base vegetal. A empresa se apresenta como uma
instituição com transparência climática, colocando em seus produtos sua pegada de carbono (Nude, s/d). Isso é
promovido como um diferencial que serve como estratégia para valorizar seus produtos aos consumidores. Além
disso, apresenta-se como parte do movimento B, o qual busca medir o sucesso empresarial considerando o eixo
financeiro, social e ambiental (SistemaB-Brasil, s/d).
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principalmente a partir de três frentes: movimentos sociais, comunidade científica e organismos
internacionais, os quais compreenderam a magnitude dos problemas ambientais para a vida na
Terra (Jiménez, 2025). Em consequência disso, nosso argumento é que a modernização
ecológica articulou a incorporação do debate ambiental no mundo empresarial (Harvey, 2017;
Milanez, 2009; Mol; Spaargaren, 2000; Pinto, 2019), abrindo um campo para a criação sob
diversas maneiras de experimentação de novas formas de governo corporativo ambiental
e de projeção social
15
.
Sob os princípios da modernização ecológica, o controle dos problemas ditos
ambientais tornar-se-ia viável por meio da harmonização entre a gestão do ambiente e o lucro
econômico (Milanez, 2009). Essa perspectiva é evidente na fala de Mariana Lisbôa, diretora
global de relações corporativas e licenciamento ambiental de Suzano
16
, que destaca que [...]
não acredito em sustentabilidade sem competitividade [...] (Pacto Global da ONU-Rede Brasil,
2024). Por sua vez, isso se concebe como uma oportunidade para abrir novos campos de
acumulação de capital no mercado capitalista. Nas palavras de Raíssa Saré, líder de
engajamento político e economias emergentes do CDP
17
, as ações para manejar os riscos
associados com a questão climática podem funcionar como [...] uma oportunidade de negócios
muito interessantes (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024). Tal abordagem defende que a
sustentabilidade, desde o olhar empresarial, é viável enquanto puder gerar condições para o
crescimento econômico. Além disso, reforça o argumento de que a ordem do discurso verde
empresarial cria condições para legitimar novas frentes de negócios sob o pretexto de ajudar
a solucionar a crise. Desse modo, o risco da mudança climática é transformado em uma agenda
15
Seguindo a abordagem foucaultiana desenvolvida por Chamayou (2020), governo é aqui entendido em sua
relação com o conceito de governabilidade, que se refere a [...] uma capacidade composta que supõe, por um
lado, no que concerne ao objeto, uma disposição a ser governado, mas igualmente, por outro, no que se refere ao
sujeito, uma aptidão para governar (Chamayou, 2020, p. 22). Empregamos o conceito de governo não só para
compreender as formas pelas quais as empresas criam condições para gerir os problemas ambientais e a crise, mas
também para pensar na criação ou adaptação de sua estrutura organizativa frente a essa situação.
16
Suzano é uma empresa multinacional brasileira fabricante de produtos derivados de celulose. Em seu website,
classifica-se como [...] a maior fabricante de celulose do mundo, uma das maiores produtoras de papéis da
América Latina e líder no segmento de papel higiênico no Brasil (Suzano, s/d).
17
Carbon Disclosure Project (CDP) é uma organização global sem fins lucrativos de gerenciamento de sistemas
de divulgação ambiental para a tomada de decisões. Expressam que sua visão social é que Queremos ver um
mundo em que as pessoas, o planeta e o lucro sejam realmente equilibrados (CDP, s/d). Reforça, assim, a lógica
da harmonização entre a economia e o ambiente no capitalismo.
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de negócios e incorporado como uma agenda estratégica da organização
18
(Pacto Global da
ONU-Rede Brasil, 2024).
A modernização ecológica representou um movimento de reconfiguração da gestão
corporativa tanto interna quanto externamente à empresa. Interessa compreender essa
modernização como um processo dinâmico e aberto a mudanças. Nesse sentido, no século XXI,
a modernização ecológica começou a ser articulada sob critérios ESG (Environmental,
Social, and Corporate Governance). Esse termo foi oficializado em 2004, em parceria entre o
Pacto Global e o Banco Mundial, os quais, por impulso da ONU, desenvolveram o relatório
Who Cares Wins e estabeleceram a necessidade de incorporar práticas ambientais, sociais e de
governança como princípios diretores da organização empresarial (Neder et al., 2023). O uso
político desses critérios funcionou para legitimar o papel social das empresas, além de
naturalizar o discurso empresarial e suas ações como ambientalmente responsáveis. Nesse
sentido, Rafael Tello, diretor de sustentabilidade da Ambipar
19
, afirmou que a empresa [...]
tem a sustentabilidade no nosso DNA (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
Estes critérios representam um recurso utilizado pelas empresas para influenciar e atuar
no mercado para, por exemplo, criar confiança nos credores e acessar crédito ou melhores
condições de financiamento. Luiz da Costa Dalla Martha, diretor de conhecimento e impacto
do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
20
, expressou que a importância de
estabelecer um governo empresarial sustentado em uma estratégia como o ESG permite
[...] criar confiança. E quando a gente fala em criar confiança, a gente tem total relação
com o que o investidor está procurando, ou com o que o credor está procurando no
momento em que ele vai nos conceder crédito ou vai definir taxas para nosso processo
de financiamento (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
18
Nas palavras de Luiz da Costa Dalla Martha, diretor de conhecimento e impacto do Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa (IBGC): [...] do ponto de vista da agenda de mudanças climáticas e da sustentabilidade,
eu acho que é de fato enxergar como uma agenda de riscos e oportunidades e uma agenda de negócios. E aí de fato
colocar isso na agenda estratégica da organização (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
19
Ambipar é uma empresa multinacional brasileira que oferece produtos de gestão ambiental, incluindo serviços
de ESG para que outras empresas se tornem ecológicas, além de trabalhar no gerenciamento e resposta de crises
e emergências, assim como serviços marítimos, ambientais e industriais. Destaca-se que, ao acessar o site da
empresa, aparece o seguinte anúncio: Apenas 0,02% de todas as ações globais são verdes. A Ambipar é uma
delas (Ambipar, s/d).
20
O IBGC é uma organização da sociedade civil brasileira. Seu objetivo é gerar e disseminar conhecimento em
governança corporativa e influenciar os mais diversos agentes na adoção das melhores práticas, contribuindo para
o desempenho sustentável das organizações e, consequentemente, para uma sociedade melhor (IBGC, s/d).
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Outro componente essencial dessa forma de governo ambiental é o uso de
indicadores, como a métrica de carbono, para medir os avanços e consolidar o discurso de
compromisso ambiental. Iniciativas como o Movimento Ambição Net Zero
21
exemplificam
esse esforço. Flávia Martins, gerente de marketing do Pacto Global, afirmou que essa iniciativa
representa uma estratégia [...] que reúne empresas engajadas na meta de zerar suas emissões
de CO₂ [...] (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
Como resultado, a métrica de carbono tornou-se um modo de gestão que, empregada
pelos mais diversos agentes sociais, serve não como meio para avaliar a magnitude do
problema, mas também para promover os compromissos e conquistas dos agentes econômicos
(Moreno; Chassé; Fuhr, 2016). Esse indicador se constitui como um eixo central ao redor do
qual se constrói uma ordem do discurso verde que estabelece a ideia de que a resolução da
crise ecológica-climática depende somente da redução das emissões. Entretanto, o que resulta
é que esse proceder é funcional aos interesses dominantes de acumulação de capital, que não
coloca em questionamento os modos hegemônicos de produção capitalista, além de não permitir
desenvolver uma discussão profunda sobre o regime energético que deveria ser estabelecido.
A constituição da ordem do discurso verde corporativo conduz à corporificação da
questão ambiental pelas empresas, naturalizando práticas chamadas sustentáveis como parte
integrante de sua identidade. A liderança e a tradição ambiental das empresas, como
componente do discurso verde, passaram a ser apresentadas como valores morais que
valorizam econômica e simbolicamente suas atividades. Contudo, essa ordem é funcional aos
interesses empresariais, além de ser adaptada às expectativas ambientais demandadas pelo
presente em crise. Isso foi evidente na fala de Rafael Tello, diretor de sustentabilidade de
AMBIPAR, ao afirmar que as [...] áreas responsáveis pelo relacionamento com stakeholders
[…] precisam entender o que o cliente espera em relação à sustentabilidade (Pacto Global da
ONU-Rede Brasil, 2024). Essa postura política contribui para o entendimento da modernização
ecológica corporativa como uma estratégia reformista que serve para sustentar as verdadeiras
causas da crise ecológica.
21
Mais detalhes sobre essa iniciativa no seguinte link: https://www.pactoglobal.org.br/movimentos/movimento-
ambicao/
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Mobilização de recursos econômicos: o financiamento como condição necessária
No século XXI, frente ao aprofundamento da crise ecológica-climática, o financiamento
posicionou-se em um lugar central na ordem do discurso verde como condição e necessidade
para superar a situação presente. Isso está estreitamente associado à construção do sentido de
urgência para agir. Nabil Moura Kadri, superintendente da área de meio ambiente do BNDES
22
,
afirmou que, devido à maior intensidade dos impactos climáticos nos países em
desenvolvimento, é necessário que os [...] fluxos financeiros aconteçam de maneira ainda mais
rápida e mais dinâmica para depois agregar que, [a] gente tem que reconhecer primeiro que,
para conseguir fazer a transformação que o mundo precisa […] a gente precisa mobilizar muito
mais recursos do que a gente tem mobilizado até hoje (Pacto Global da ONU-Rede Brasil,
2024). Essa estratégia pode reforçar estruturas de endividamento, reproduzir situações de
dependência econômica e adiantar soluções às causas de fundo da crise.
Com o tempo, o financiamento climático global se consolidou como uma estrutura
estratégica de circulação de capital em ascensão. Em 2009, a Cúpula Global sobre Clima
estabeleceu a meta anual de financiamento em 100 bilhões de dólares, quantia revisada na COP-
29, estabelecendo a nova meta de 300 bilhões de dólares anuais para financiar países em
desenvolvimento (Schalatek, 2024; UN Climate Change, 2024). Esse valor de financiamento é
semelhante ao PIB do ano 2023 de países como Finlândia, Portugal e Chile.
Diante disso, foram concebidos mecanismos e instrumentos financeiros para mobilizar
esses recursos, sendo o evento do Pacto Global um dos cenários nos quais as empresas
apresentam seus portfólios. O BNDES, por exemplo, apresentou o Fundo Nacional sobre
Mudança Climática e uma linha de crédito para áreas de floresta nativa denominada BNDES
Florestas (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024). Como parte da ordem do discurso
verde, esses portfólios geram condições para aprofundar a mercantilização da natureza, e
possibilitar o avanço da fronteira financeira como estratégia de acumulação (Smith, 2015).
Nesse cenário, o mundo empresarial apresenta-se como um conjunto de agentes em
rede, criadores de soluções para desafios socioambientais e promotores de normas que regulam
22
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é uma empresa pública federal. O BNDES
representa a instituição que o Governo Federal do Brasil usa para o financiamento de longo prazo e diversos
investimentos da economia (BNDES, s/d).
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20
o comportamento dos outros atores (Boltanski; Chiapello, 2009). Nessa dinâmica, cria-se um
ambiente favorável para o surgimento de agentes articulados em torno da mobilização de
recursos financeiros no mundo. Esse é o caso de duas empresas presentes no evento do Pacto
Global: o Future Climate Group, organização que desenvolve projetos de crédito de carbono,
e a Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), que visa apoiar a mobilização de
mais investimentos em países em desenvolvimento (Pacto Global da ONU-Rede Brasil, 2024).
Reflexões finais
No desenvolvimento deste trabalho, percebe-se a constituição de uma ordem do
discurso verde corporativo que articulou elementos da modernização ecológica e o consenso
da sustentabilidade. Essa ordem insere-se em um movimento mais amplo de transformação do
capitalismo frente às crises cíclicas multidimensionais produzidas em seu âmbito. Além disso,
essa transformação constitui uma resposta do mundo corporativo às demandas sociais e às
críticas relacionadas à sua contribuição para a produção da crise ecológica-climática
contemporânea, respondendo mediante reconfigurações empresariais que incorporaram a
questão ambiental como eixo na construção de uma ordem do discurso baseada em processos
de modernização. De modo geral, interessa destacar que os problemas ambientais foram
integrados no novo espírito do capitalismo (Boltanski; Chiapello, 2009) como estratégia de
poder para abrir oportunidades criativas para o desenvolvimento e reprodução do capitalismo.
A ordem do discurso verde corporativa, baseada em um consenso, sustenta-se em um
esvaziamento político das causas e agentes do problema. Para isso, estruturou-se um argumento
estratégico: de um lado, apresenta-se a crise como uma responsabilidade compartilhada, que
dilui as hierarquias e desigualdades sociais existentes; de outro, propõem-se mudanças que não
desafiam radicalmente as condições dominantes de produção capitalista. No caso analisado,
isso se manifestou no estabelecimento de um sentido de urgência que legitimou uma forma de
agir articulada em ações que não desafiam a realidade de acumulação capitalista, mas, pelo
contrário, criaram oportunidades para o surgimento de novos produtos e formas de circulação
de capital.
Consequentemente, eventos como o Pacto Global-Rede Brasil, organizados e
respaldados por organismos internacionais como a ONU, funcionam como espaços
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AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
JIMÉNEZ-CORRALES, Andrés. Ordenando um discurso “verde” corporativo: usos sociopolíticos da modernização ecológica e o consenso
da sustentabilidade. Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 12, nº 25, e1225, 2025.
Submissão em: 25/06/2025. Aceito em: 23/08/2025.
ISSN: 2316-8544
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articuladores de agentes e boas práticas ambientais para e do mundo empresarial. O Pacto
Global atua como um espaço institucionalizado que valida, apoia e legitima valorações e
soluções frente à crise ecológica, permitindo constituir uma ordem do discurso verde
dominante. Isso ocorre porque essas performances públicas funcionam como espaços
pedagógicos que ensinam, não somente ao mundo empresarial, mas também à sociedade em
geral, a linguagem adequada para abordar o problema, os modos de conceituar e avaliar essa
realidade, bem como as respostas necessárias para enfrentar a crise. Ademais, esses eventos
ajudam a disseminar portfólios para o governo dos problemas ambientais e formas de
financiamento para as mudanças empresariais. Por fim, esses eventos são estrategicamente
apresentados como objetivos e despolitizados, portanto, os espaços encarregados de dirigir
as transformações que o futuro do planeta precisa.
Em síntese, a ordem do discurso verde corporativo configura-se como uma arena a
ser controlada visando definir os limites sociais de ação diante da crise ecológica-climática e a
disseminação de uma visão de mundo que, como projeto político, busca promover mudanças
no mundo empresarial sem transformar as condições de acumulação de capital. Dada sua
relevância, os agentes envolvidos buscam conquistar a construção desse discurso como um
mecanismo para estabelecer uma hegemonia que favoreça a reprodução de suas formas de
produção. Nesse contexto, é imprescindível, como exercício político exigido pela conjuntura
atual, aprofundar a crítica às estruturas discursivas que naturalizam o presente e difundem
visões pretensamente neutras e despolitizadas dos problemas socioecológicos. Esse esforço
crítico é vital para construir outros futuros, em um momento que exige respostas radicais à crise
sistêmica em que estamos imersos.
Agradecimentos
Agradeço às pessoas avaliadoras deste trabalho pelos valiosos comentários e sugestões, de
forma e conteúdo, para aprimorar a análise desenvolvida. Como sempre, o resultado do trabalho
é de minha inteira responsabilidade.
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