Discursos sobre emoção entre atletas olímpicos brasileiros
Resumo
Neste artigo me proponho a discutir como a análise dos discursos emotivos que são produzidos e veiculados através da prática esportiva, tanto pelos atletas como pela mídia, constroem ou reforçam relações de poder no interior da sociedade. Para isto estarei utilizando principalmente a análise contextualista das emoções, proposta por Catherine Lutz e Lila Abu-lughod, que procura pensar a emoção como sendo social e contextualmente construída e não como parte da "natureza humana" que poderia ser expressa ou controlada pela cultura. É através deste enfoque, portanto, que centro minhas atenções na cobertura que a imprensa (televisão, jornais e sites da internet) realizou dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, procurando mostrar como os discursos sobre a emoção no esporte, produzidos ou veiculados por esta mídia, atuam no sentido de reforçar relações diferenciais de poder, seja na esfera do que poderíamos chamar de um "ranking" de civilização das nações - fortemente influenciado pela leitura que associa o "autocontrole" das emoções com o processo civilizador, elaborada por Elias - seja no que diz respeito à associação entre uma emotividade "natural" das mulheres e sua maior necessidade de controle externo, ou no que admite um relaxamento deste controle emocional nos atletas paraolímpicos.