Maurício Stycer: História do Lance!
Rio de Janeiro: Alameda, 2009.
Resumo
Existe, claramente, na relação entre o campo acadêmico e o campo jornalístico
uma ojeriza mútua, que acaba por proporcionar uma espécie de diálogo de surdos. De
um lado, os jornalistas acusam os intelectuais, com certa razão, da produção de um
conhecimento excessivamente hermético, inacessível a maior parcela da população; de
um outro intelectuais acusam os jornalistas por produzirem um conhecimento
excessivamente superficial porque, embora acessível, acaba por ocultar a natureza
complexa da realidade social. Mais do que determinar quem supostamente teria razão
neste debate, é importante perceber que tal questão liga-se ao fato de que jornalistas e
acadêmicos estão em constante disputa pelo “monopólio da palavra”. No entanto, a
resultante do conflito é quase sempre negativa para ambas as partes: aos acadêmicos
porque na recusa do diálogo com os jornalistas perdem um importante espaço de
atuação junto à sociedade, isolando-se nas torres do academicismo; por outro porque os
jornalistas na recusa de diálogo acabam por perder uma importante oportunidade de
ampliação de seus conhecimentos acerca do mundo social.